love. escrita por Taengoo


Capítulo 17
Chapter 17: Everything Changes




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♫ So everything changes

And nothing stays the same

And everything changes

And if you feel ashamed

Maybe you should change this 

“Tudo muda. As coisas mudam. Os desejos mudam. As pessoas mudam. Até os sentimentos mudam. Não podemos ficar presos em nossa rotina por medo da mudança. Faz parte mudar. Faz parte querer mudar. Não tem nada de errado nisso. Errado é insistir na persistência. Errado é querer algo que não volta mais. Devemos aceitar as mudanças, e questionar menos elas.”

— Cascão. Abr17

[...♥...]

Cascão e Cascuda estavam mais afastados do que de costume aquela semana. O sujinho simplesmente parou de procurar pela namorada. Seja na escola ou na rua. Fez pelo menos uma semana que seu namorado não lhe chamava para sair, ou lhe mandava uma mensagem qualquer no celular. Cascuda estava acostumada a depois de uma briga, Cascão sempre procura-la. Era quase rotina. Mas repentinamente ele parou de correr atrás da loira, e isso fez com que ela estranhasse. Mesmo não buscando por ele, Maria sempre o via com Magali conversando pelos corredores, na sala, fora da escola e tudo mais. Isso nunca pareceu ser um problema para ela, pois sabia o quão próximos eles eram dês de crianças. Mas, agora que Cascão não estava mais correndo feito um cachorrinho, aquela situação começou a incomoda-la.

Cascuda até tentou resolver as coisas entre os dois, indo até sua casa e lhe convidando para sair à noite. Mesmo surpreso com a visita, ele recusou, dando a desculpa que teria que fazer outras coisas. Portanto, sua raiva e indignação ficou visível no dia seguinte quando o encontrou com Magali durante o intervalo, rindo e abraçando-a. Normalmente ela não sentiria ciúmes com uma cena dessas, mas alguma coisa lhe dizia que tinha algo de errado com aqueles dois.

Aproveitando que Cascão deixa Magali sozinha por alguns estantes para falar com Cebola no pátio, a loira simula um sorriso e vai até ela.

— Oi Magali, tudo bem?

— Oi Cas... E aí?

— Posso te fazer uma pergunta?

— Claro.

— Você e o Cascão estão próximos assim por que mesmo? – pergunta ela cruzando os braços.

Magali não entende o motivo da pergunta, e faz uma cara de confusa.

— Ué... Por nada. A gente só está resenhando...

— Tem certeza? Porque não parece. Estão o tempo todo grudados, saindo, rindo, se abraçando pelos corredores...

— Cascuda – a morena começa a rir se dando conta que se tratava apenas de ciúmes – não tem nada rolando entre a gente. Somos amigos, você sabe disso. Eu e o Cascão sempre nos tratamos assim. Por que esses ciúmes agora, e logo de mim?

— Não é ciúmes, Magali! Eu vejo como ele anda te tratando. O Cascão deixou de me procurar, está dando desculpas o tempo todo pra ficar com você.

Magali sabia que não poderia abrir a boca para contar o que estava planejando fazer com o sujinho. Eles estavam pensando em armar uma pequena surpresa para ela, na intenção de melhorar o relacionamento dos dois. Aquele “grude” era por uma boa causa. A desconfiança de Cascuda fez a comilona querer entregar tudo, porém não podia dar com a lingua nos dentes.

— Cas, nós não fazemos nada de diferente do que faziamos antes. Sempre fomos próximos desse jeito, e você nunca ligou pra isso. Nossa relação não tem nada a ver com a de vocês, acredite em mim.  

— Eu estou tendo as minhas dúvidas... – a loira começa a se virar para ir embora, mas Magali impede.

— O que você quer que eu faça pra te provar que estou falando a verdade?

— Ficando longe dele, seria uma boa.

— Como?

— Isso mesmo, Magali. Olha só... Eu não tô querendo me meter na amizade de vocês dois. Mas eu preciso saber se é por sua causa que o Cascão está tão frio e distante comigo.

— É claro que não Cascuda! De onde você tirou essa ideia?

— Se você quiser continuar sendo a minha amiga, é melhor se afastar dele. O Cascão é muito importante, e você não vai roubar ele de mim.

— Roubar? Do que você está falando?

A comilona já não sabia em que rumo aquela conversa estava tomando. Os ciúmes de Cascuda eram até aceitáveis, já que era verdade o fato de Cascão está passando mais tempo com ela do que com a namorada. Mas esse papo de roubar, estava começando a ficar estranho.

— Roubar sim! Pensa que eu não vejo o jeito que você olha pra ele? O jeito que vocês dois se abraçam? Eu não sou cega, Magali.

— Cascuda, você está falando muita besteira! Eu não tenho nada com o Cascão, eu já disse!

— Enfim, a escolha é sua. Ou você fica longe dele, ou fica longe de mim!

Magali não queria aceitar aquela proposta. Os dois eram seus amigos. Ela só estava querendo ajudar, e mesmo não podendo contar nada ainda, estava prestes a despejar toda a verdade, quando o próprio Cascão aparece atrás da morena.

— Ei, por que vocês estão brigando? De longe dá pra escutar.

— Pergunta pra sua amiguinha aí – diz Cascuda, bastante séria.

— Amiguinha? – ele franze o cenho sem entender e se vira para a comilona. – Magali, o que tá rolando?

Ela não responde. Permanece quieta, e incrédula. Como ela não diz nada, ele olha pra Cascuda novamente.

— Dá pra alguém me explicar, ou tá difícil?

— Não tem nada pra explicar, Cascão. Eu já disse tudo que eu tinha pra dizer pra sua amiga.

— É, Cas... Não se preocupa. Não aconteceu nada – diz ela, finalmente.

— Como não? Magali, me fala... A Cascuda te ofendeu?

— Ah claro! – diz a loira. – Sempre eu tenho que ser a culpada de tudo, não é mesmo? Por que não pensou por um momento que talvez ela tenha me ofendido?

Cascão e Magali olham para Cascuda sem reação, não entendendo o motivo daquela cena.

— Sempre defendendo a Magali. Dês de criança! Parece até que é o anjo da guarda dela!

— Para com isso Maria! – diz ele, olhando para os lados vendo o quanto ela estava chamando a atenção. – Não é hora nem lugar pra isso.

— Ah não? E quando é? Por que você simplesmente parou de ir na minha casa, e se recusa a sair comigo! Provavelmente pra ir atrás dela! – aponta para Magali, que morria de vergonha do escândalo que ela estava fazendo na escola.

De longe, viu se aproximarem Mônica e Do Contra. Eles assistiam o “show” que Cascuda dava no meio do corredor. Queria se livrar dessa situação, mas a loira não tirava os olhos furiosos dela.

— Por que eu nunca desconfiei antes, meu deus? Por quê?! É claro que tanta aproximidade como a de vocês não podia dar em outra coisa! Agora que terminou o namoro, acha normal ficar se jogando pra cima do namorado dos outros é?! Quem sabe até não foi por isso que ele terminou com você?

Chega Maria!— grita Cascão bem alto, fazendo todos ali presentes se assustarem. Inclusive ela mesma. 

O sujinho tinha perdido a paciência por completo quando a loira começou a insultar Magali na sua frente. Estava passando dos limites e ele tinha que para-la de alguma forma. Era nítido a fúria que ele estava sentindo.

— Acabou o show! Chega! – ele diz, e se vira para a morena que estava com as lágrimas presas nos olhos e segura nas suas mãos. – Vai pra sala... Preciso conversar com ela.

Magali faz que sim com a cabeça e passa por Cascuda, que lança seu olhar sinistro para ela. A comilona caminha para sala, e os alunos começam a se retirar lentamente quando o sinal bate.

— Você vem comigo! – diz ele, agarrando o braço da garota.

— Cascão, o sinal já bateu!

— Caguei pro sinal, Maria! Você vai me ouvir, e é agora!

Ao dizer isso, o sujinho arrasta a namorada com pressa para um lugar afastado da escola.

[...♥...]

Encontrando Magali em seu lugar, Mônica abandona Do Contra que vai se sentar, e corre até ela.

— Amiga, o que foi isso?!

— Também não sei...

— Por que a Cascuda estava daquele jeito? O que aconteceu?

— Ciúmes Mô, ciúmes...

— De você com o Cascão? Mas por que?

— Não sei, sério. Tipo, ele te contou que nós estamos pensando em algo pra eles voltarem a se entender, não é?

— Sim, ele me falou.

— Então, é por isso que estamos passando a maior parte do tempo juntos. É claro que não falamos disso o tempo todo... Mas eu e o Cascão sempre fomos muito unidos, então não tinha porque ela reagir daquele jeito.

— Claro que não. Eu estou muito surpresa com essa atitude dela.

— Eu também... Só espero que eles se resolvam e ela tire essa ideia maluca que eu quero roubar o namorado dela.

— Ela disse isso?

— Disse.

— A Cascuda é louca... Achar que você e o Cascão tem alguma coisa... Meu deus.

A professora de português entra na sala, interrompendo a conversa das duas. Mônica se vira para frente e Magali começa a refletir sobre tudo que aconteceu ali.

No começo da discussão, suas emoções estavam até então controladas, a única coisa que conseguia sentir era confusão na sua cabeça, pois nunca tinha visto Cascuda assim. Mas quando ela tocou no assunto sobre Quinzinho, seu coração apertou. Aquilo que a loira disse mexeu com ela. Mexeu muito. Pois mesmo sem querer... Ela realmente se envolveu com um namorado de outra. E o pior que essa outra... Era Mônica.

No fundo da sala, Do Contra a observava. Não tinha entendido muito bem o motivo da briga, mas se tratando de Cascuda, provavelmente era por ciúmes. A garota nunca havia sentido nada em relação a eles serem amigos. Melhores amigos, na verdade. Porém se ela chegou aquele ponto de escandalizar na frente de todos, e justo com a comilona... Alguma coisa estava errada.

Cascão não voltou pra sala nas ultimas duas aulas. Quando bateu o sinal para irem embora, Cebola pegou a mochila do sujinho e ficou esperando por ele no portão da escola. Junto dele estavam Mônica, Magali e Do Contra, que também ficaram preocupados com o seu sumiço.

Ele apareceu cabisbaixa, e conforme se aproximava dos amigos, tentou disfarçar seus olhos vermelhos. Pegou a mochila na mão de Cebola sem dizer nenhuma palavra. Foi aí que tiveram a confirmação. Cascão havia chorado. O que os deixou ainda mais preocupados, principalmente Cebola e Magali. Eles nunca viram Cascão chorar naquela idade. Sempre mostrou pra todos que era forte, mesmo em situações tristes. Então se ele tinha chorado... Algo sério aconteceu.

— Cascão... – diz a comilona quando toca em seu ombro.

— Terminei com a Cascuda – diz ele se virando para ir embora, deixando os amigos paralisados.

[...♥...]

Após acompanhar Cascão até em casa, Cebola segue rumo até a sua. Achou que talvez o amigo precisasse desabafar sobre o que tinha acontecido, mas ele preferiu ficar calado e não dar muitas informações. Não estava preparado ainda para contar o que aconteceu de verdade.

No caminho, o garoto é surpreendido por alguém que tapa seus olhos. As mãos eram macias, então deduziu que só poderia ser femininas.

— Advinha quem é... – com aquela voz ele teve certeza.

— Denise.

Ela tira suas mãos do rosto dele, rindo. O careca então volta a andar sem demonstrar nenhum tipo de humor na presença da garota de maria-chiquinhas.

— E aí gatinho? Você tá sabendo do que rolou hoje na escola?

— Sei. O Cascão terminou com a Cascuda.

— Sério?! – pergunta assustada –  Eles terminaram?

— Por que a supresa? Ela não te contou?

— Não... Estava triste demais pra falar qualquer coisa. Até fui com ela pra casa, e tentei conversar... Mas ela quer ficar sozinha.

— A mesma coisa com o Cascão. Ele tá muito mal...

— Eu imagino. Mas e você?

— O que tem eu?

— Ainda está mal pela Mônica?

— Talvez fique pra sempre...

— Oh poor you!— diz fazendo bico. – Relaxa, gato. Uma hora ela vai se dar conta do que perdeu

— Você tem grande culpa no cartório, Denise. Nem sei porque ainda te dou assunto.

— Talvez seja porque você ainda queira a minha presença.

— O que você quer dizer com isso? – pergunta ele parando de andar.

— O que eu quero dizer é que... – ela se aproxima do careca e coloca suas mãos em torno de seu ombro. – Enquanto você a Mônica não voltam... A gente poderia se divertir um pouco, não acha?

— Se divertir?

— É. Se divertir. Eu não sou ciumenta como a Mônica... Então nossa relação pode ser aberta.

— Relação? Do que você está falando, garota?

— Eu tô falando que eu quero ficar com você, Cebola. Entendeu agora?

O careca olha para a ruiva como se ela fosse alguma louca e começa a rir.

— Você bebeu? Eu não vou ficar com você, tá maluca?

— E por quê não?

— Porque eu gosto da Mônica. Gosto não... Amo. O que rolou entre a gente foi apenas um beijo, e nada mais do que isso.

— Cebola... A Mônica está com o Do Contra agora. Ela não pensou em você quando começou a namorar com ele. Vai parar de viver a sua vida por causa dela?

— Não vou parar de viver... Mas ficar com você de novo está fora de cogitação.

— Mas ninguém precisa ficar sabendo fofinho... Vai ser nosso segredo – insiste ela.

— Segredo?

— É, oras. Se você não quiser que a Mônica saiba... Ela não precisa saber.

Cebola não responde dessa vez. Fica parado, olhando para ela.

Quem sabe talvez Denise estivesse certa? Não estaria fazendo nada de errado em ficar com ela outra vez. E agora Mônica estava com Do Contra... Presenciava os seus beijos todos os dias na sala, mesmo que fossem apenas selinhos. Sua vida tinha que continuar. Com ou sem ela. Porém, justo com Denise não sabia se era uma boa ideia.

— Não sei Denise...

— Deixa de medo gato – ela sussurra beijando o seu pescoço. – Vai ser legal... Eu vou me divertir, você vai se divertir... Ninguém vai ficar sabendo. E outra... É bem mais interessante quando o negocio é proibido.

— Tudo bem – ele cede, deixando a ruiva contente. – A gente pode ficar de novo... Mas se eu souber que você contou pra alguém eu...

— Eu posso ser fofoqueira, menos mentirosa. Se eu disse que não vou contar, é porque não vou.

— Beleza... Agora desgruda um pouco antes que alguém veja a gente assim – diz ele se afastando dela.

— Ok. A gente se vê mais tarde?

— Na minha casa às sete.

Denise abre um sorriso satisfeito e Cebola volta a seguir seu caminho, enquanto ela comemora. 

 [...♥...]

O sábado passou depressa. Diferente das segundas que demoravam a passar, os fins de semana pareciam voar.

Denise realmente virou ficante de Cebola, mas continuava tudo em segredo. Eles não haviam nenhum tipo de compromisso, mas ela não ligava. Estava adorando se encontrar com ele as escondias, e ficarem se agarrando por horas no escuro. Cebola também não estava achando nem um pouco ruim aquela situação, embora seus sentimentos por Mônica continuassem os mesmos. 

Era domingo de tarde. Estava quase escurecendo. Cascão tinha passado seu sábado inteiro dentro do quarto. Mesmo com a insistência de Cebola para que o garoto saísse, pra pelo menos jogarem uma bola, ele se recusou todas as vezes e preferiu ficar em casa.

O término com Cascuda tinha sido doloroso demais para Cascão.. Mesmo que eles tivessem terminado algumas vezes, por decisão dela, sempre voltavam em menos de dois dias. Pois não aguentavam ficar muito tempo separados. Só que dessa vez era diferente... Ele que tinha tomado a iniciativa de terminar. Sabia que dessa vez ia ser definitivo.

Lembrou da promessa que tinha feito a comilona de não afogar suas tristezas na bebida, porém aquele fim de namoro estava sendo custoso, e tudo que ele mais queria era esquecer por algumas horas o que tinha acontecido.

Sem esperar mais, o garoto se levantou da cama e deu uma olhada de quanto tinha na carteira. Pelas contas que fez, dava pra pelo menos duas garrafas de vokda mais ou menos. Sua consciência estava pesada, mas prometeu pra si mesmo que aquela sim, seria a ultima vez.

Abrindo a porta de casa, foi surpreendido pela comilona que por pouco não tocava a campainha.

— Magali?

— Oi Cascão – diz ela sorrindo. – Estava de saída?

— Er... E-eu ia na casa do Cebola...

— Sinto lhe informar, mas você tem outros planos.

— Tenho é? – franze a testa.

— Tem. Comigo. – Magali mostra seus patins em uma das mãos e o encara. – Cadê os seus?

— Patins... – diz ele, sem o minimo de ânimo.

— Sim senhor. Você vai andar comigo.

— Não pode ser amanhã? É que eu tô um pouco cansado...

— Estava cansado e ia na casa do Cebolinha? Essa desculpa não vai colar comigo, Cascão. Pode ir pegar os seus patins. Não vou deixar você ficar aqui preso como ontem.

— Mas Magali...

— Não vou pedir de novo.

Cascão solta um suspiro de cansaço, mas obedece a morena. Vai até o quarto e pega debaixo da cama seu par de patins pretos. Do lado de fora, eles calçam, e começam a deslizar pelo bairro. O sujinho faz tudo muito devagar, pois preferia mil vezes está em outro lugar, do que ali.

— Vamos Cascão! Está parecendo uma lesma!

— Eu disse que estava cansado.

— Deixa de bobagem, vem aqui... – ela segura em sua mão e começa a correr com o patins.

Ele não faz o menor esforço para acompanha-la e por causa disso, resulta em uma queda fatal no chão. Magali começa a rir alto do acontecido, arrancando um sorriso do garoto.

— Olha só... Consegui te fazer sorrir... – diz ela, indo até ele.

— Parabéns... – responde sem humor.

— Levanta daí, vai – ela estende a mão, mas ele continua sentado.

— Não tô mais afim de continuar, Magá.

— Por que não? Você sempre gostou de andar comigo...

— E gosto. Mas hoje... Hoje não tô muito legal.

Magali suspira, e se abaixa para olhar em seus olhos.

— Eu sei que você está mal... E é por isso que eu tô aqui. Mas você precisa me ajudar...

— Eu queria poder fingir que está tudo bem... Mas não consigo.

— Não precisa fingir. Só anda de patins comigo... É a única coisa que eu quero que você faça. Depois se quiser, você volta pra casa. Tudo bem?

— Tudo bem... – ele abre um sorriso fraco, e é puxado pela garota para se levantar.

— Eu estava pensando em fazer como nos velhos tempos...

— Como assim?

— Que tal um corrida? Quem chegar primeiro na praça, paga um sorvete.

Magali toca no ponto fraco de Cascão. Ele adorava uma corrida, e principalmente uma aposta.

— Fechou.

— Ótimo – diz ela. – No três, hein? Um... Dois... – a comilona começa a correr em disparada, deixando Cascão pra trás. Ele fica indignado com o roubo da garota e vai atrás o mais rápido que podia. Finalmente... Rindo.

[...♥...]

Os dois amigos fizeram diversas voltas pela praça, depois da corrida. A vitória ‘injusta’ foi para Magali que chegou primeiro.

Perto dali, Do Contra e Mônica aparecem de mãos dadas. Sentam-se no banco e não demoram muito até perceberem a presença de Magali e Cascão.

— Uau... A Magali estava certa quando disse que sabia como animar o Cascão. Olha como ele já parece melhor – diz a dentuça, sorrindo.

— É... – responde ele olhando fixo para os dois.

— Eles andavam de patins quase todos os dias no ano passado... Fico feliz de vê-los assim novamente. O Cas tá precisando.

— Verdade... – diz ele sem interesse.

O moreno volta a encarar a comilona que parece estar se divertindo bastante com seu amigo de infância.  

Aquela cena começou a ficar meio perturbadora para ele de alguma forma. Quando se deu conta do que sentia por Magali, se deu conta também que sentia ciúmes quando outros garotos se aproximavam dela. Fazia tanto tempo que não sentia esse tipo de sentimento que nem se lembrava o quão desconfortável era.  

Magali e o sujinho brincavam de pega-pega pela praça, ainda sem notar a presença dos outros dois ali, assistindo-os. Mônica já havia desviado sua atenção para Do Contra e fazia carinho em seu rosto, enquanto ele continuava a observar a garota de cabelos longos.

— Brincar de pega-pega... Quem ainda faz isso?

— Ué, o que tem? – pergunta achando graça no comentário.

— Nada. Só acho meio... Infantil.

— Aposto que não acharia tão infantil se começarmos a brincar também.

— Claro que ia...

Ela lança seu olhar provocativo e se levanta do banco.

— Te desafio a vim aqui e me dar um beijo.

Do Contra olha confuso para a namorada e solta uma risadinha.

— Não vou brincar de pega-pega com você, Mônica. Ainda mais no meio da rua...

— Ué, quem disse que vamos brincar disso?

— Eu disse – diz ele, se levantando e caminhando até ela. – Se quiser, a gente faz isso lá em casa. Aposto que vai ser mais divertido...

 - Te desafiei a me dar um beijo... Não vai fazer isso?

O moreno se aproxima da garota, mas ela dá um passo pra trás.

— Para Mônica... – diz ele sorrindo.

— De que?

Ele tenta novamente se aproximar dela, quando a dentuça sai correndo.

Ele nega com a cabeça se recusando a levar aquela brincadeira adiante. Mônica apenas ria dele. Do Contra sabia que ela não ia desistir, então resolve tentar segui-la, inicialmente sem correr. Porém, ela era tão rápida devido as coelhadas que tinha que dar indo atrás de Cebola e Cascão, que Do Contra foi obrigado a começar a correr também para tentar alcança-la.

No meio de uma correria, os dois se distraem. Sem perceber que tinham chegado perto de Magali e Cascão. O moreno de costas, se esbarra na comilona, que por conta dos patins se desequilibra e agarra a camisa do garoto fazendo assim os dois caírem no chão. Dessa vez, ele em cima dela.

Os dois sentiram o mundo parar por alguns segundos. Eles estavam a poucos centímetros um do outro. Assim... De repente.

Magali não entendeu como aquilo aconteceu tão rápido. Até pouco estava com Cascão, rindo e se divertindo... Agora, com Do Contra em cima dela, também com a mesma expressão. Pensou que estivesse sonhando, ou tendo um pesadelo, que a qualquer momento Mônica iria aparecer e...

— Ei vocês dois! – ouviram a voz da dentuçinha. – Vão ficar ai no chão até quando?

Magali e Do Contra olharam para cima e novamente para si. O moreno não conseguia reagir, então ela foi obrigada a empurra-lo para que saisse de cima. Ele segurou a sua mão para ajuda-la a levantar e já em pé, viram Mônica e Cascão que também não entendiam nada.

— O... O que vocês estão... Fazendo aqui?

— O DC me chamou pra vim passear – responde Mônica indo até o namorado.

— Que bela queda, hein? – brinca o sujinho.

— Realmente – diz ela. – Não olha pra onde anda você?

— Foi mal, eu não te vi ai... A Mônica que inventou de...

— Desafiei o DC a brincar de pega-pega também – diz ela sorrindo. – Ele viu vocês dois e disse que era uma brincadeira infantil

— Mas é mesmo – dá de ombros.

— E você, Cas? Está melhor?

— Até que sim... – suspira. – A Magali me obrigou a sair e bem... Está dando certo.

— Que bom – diz ela, abraçando-o de lado. – Não quero ver você triste pelos cantos por causa da Cascuda. Ela não merece que você fique em casa, chorando e...

— Mônica... – diz a comilona, na intenção dela calar a boca.

— Ai... Desculpa Cas.

— Tudo bem, Mônica... No fundo é verdade.

— Bom, vamos deixar vocês namorarem – diz Magali empurrando o sujinho de leve. – Eu e o Cascão temos muita corrida pra apostar hoje.

— E muito pega-pega imagino... – diz Do Contra baixinho, mas alto o suficiente para Mônica ouvir.

— Até amanhã galera – diz Cascão acenando, e Magali faz o mesmo.

— Até.

Quando eles somem, a dentuça se vira para o namorado.

— E aí? Vamos continuar essa brincadeira na sua casa?

— Hoje não, Mônica... Perdi o clima – Do Contra começa a caminhar de volta para o banco que estava sentado, e a dentuça o encara com desconfiança.

Tinha alguma coisa de errado com ele... Mas não sabia ainda o que.


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