love. escrita por Taengoo


Capítulo 10
Chapter 10: Take a Chance




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♫ Take a chance on me

Gonna do my very best

and it ain't no lie

If you put me to the test,

if you let me try 

"As vezes, precisamos parar de sentir medo e apenas agarrar aquela chance. Pode ser que funcione, ou não. A  vida é assim."

— Mônica. Fev15

[...♥...]

Diferente de antes, a guerra de quem fazia mais ciúmes em quem, não aconteceu de novo por ambas as partes. Mônica finalmente tinha parado de arrastar Do Contra pra cima e pra baixo pra provocar Cebola, e o mesmo fez ele. Discutiram algumas vezes sim, tanto na hora do lanche como na saída, mas o convite para ir ao cinema continuava de pé.

Magali se ocupou de ajudar a amiga a se arrumar. Ela estava mais tensa do que o normal, pois era a primeira vez que os dois saíam desde o término. Ela sentiu um deja-vú, afinal já tinha passado por isso antes quando eles começaram a namorar.

— Boa sorte – disse Magali na porta, prestes a ir embora já que Cebola iria chegar a qualquer momento.

— Obrigada amiga – a dentuça estava realmente linda. Magali era muito boa quando o assunto era arrumar as amigas. Sabia maquiar e escolher as roupas certas como ninguém.

Ao deixar a casa, a comilona resolveu ir até a casa de Marina. Elas tinham combinado de fazerem a tarefa de física juntas, pois Mônica iria estar ocupada com Cebola. No caminho, encontrou Do Contra na praça com seu cachorro.

— Se eu não te conhecesse tão bem, diria que só está passeando com seu cachorro por dinheiro...

Ao ver a comilona, ele sorriu.

— Quase isso. Estou tentando tapear a minha mãe esses dias....

— Por quê? Ela ainda não te deixa andar de skate?

— Pois é... – respondeu suspirando baixo. – Você acredita que ela escondeu quando soube que eu peguei escondido?

— Uau – disse ela colocando as mãos no bolso de trás da bermuda. – Imagina se ela soubesse que você fez coisa pior? Tipo... Fugir de casa pra ir naquele campeonato e se machucar de novo... 

— Nem brinca com isso... acho que ela partiria ele ao meio – disse ele rindo, porém sentindo calafrios só de pensar em seu skate partido em dois. – Mas e você? Que milagre uma hora dessas na rua.

— Eu estava na casa da Mô, ajudando ela a se arrumar.

— Se arrumar pra que?

— O Cebola chamou ela pra sair hoje.

— E ela aceitou? – ele arqueou as sobrancelhas, surpreso.

— Sim, achei ótimo... quem sabe assim eles não se acertam?

— Ah... é... quem sabe... – ele disse dando de ombros.

— Te incomoda? – perguntou ela ao notar que sua expressão tinha mudado.

— A mim? Não... Por quê?

— Bom, não é novidade pra ninguém que você... tinha um certo ciúmes dela com o Cebola.

— É verdade... – ele afirmou com a cabeça, sorrindo. – Tinha mesmo

— E ainda tem?

Do Contra coçou um pouco a cabeça, e olhou pra comilona sem saber o que responder, aquela pergunta era um pouco complicada. Ele não era o tipo de garoto que conseguia decifrar seus próprios sentimentos. Sua paixonite pela Mônica começou a ficar evidente com o passar dos anos. Pois com somente catorze anos, foi o único garoto da turma que teve coragem o bastante para revelar aquela afeição que tinha pela dentuçinha. Mesmo sabendo que ela era completamente apaixonada por outro, que no caso seria um dos seus melhores amigos. Cebola ao ficar sabendo dos sentimentos de Do Contra ficou com um pé atrás, mas ao perceber que ele não iria mais adiante do que apenas dizer o que sentia, se aliviou.

Mônica por outro lado ficou mexida, ela gostava dele, mas não da mesma maneira que gostava de Cebola. Do Contra era um dos que nunca fazia gozação dela na infância, e ganhou pontos com isso, mas não o suficiente para ser reciproco. Aquela foi a primeira e ultima vez que se declarou para uma menina, mesmo sabendo qual seria a resposta dela. Depois disso se conformou e entrou na mesma onda de Titi, que apesar de ter Aninha como namorada, não parecia ligar e ficava com várias. Do Contra começou a ficar com uma e outra, sem nem mesmo saber o nome, principalmente em baladas e festas... Magali foi única que não estava nos seus planos...

— Ei DC! Tá me ouvindo? – Magali o empurrou de leve.

— Sim... Ahm, o que você perguntou mesmo?

Magali abriu a boca para responder, mas foi interrompida pelos latidos de Ringo, quando passou um gato cor meio alaranjado. Começou a se desesperar, pois odiava gatos. Do Contra fez força na cólera para que o animal não saísse correndo atrás do pobre felino.

— Nossa que violência – disse Magali rindo e caminhando até o gato, que por acaso era um dos filhotes de Mingau.

Apanhou ele no colo e começou a fazer carinho em seu pelo macio.

— Por que tanta raiva com o meu Boris? Falar nisso o que você está fazendo na rua, hein seu danado?

— Esse é o seu gato? – perguntou o moreno enquanto tentava acalmar o seu cachorro.

— Ahã, mas não tenho só ele, e sim mais oito.

— Oito?!

— É, mas só três vivem comigo, o resto está na casa da minha vó... Mas por que o espanto? Vai dizer que você também não gosta de gatos como a Mônica?

— Gostar eu gosto – ele disse franzindo a testa. – Mas com certeza, não como você.

Eles riram e começaram a passear pela praça, o cachorro já tinha parado de latir, mas ainda assim olhava feio para o gato de Magali em seus braços, que apenas lhe lançava um olhar de tranquilidade. Os amigos continuaram conversando por algum tempo, fazendo com que Magali esquecesse completamente da sua tarefa na casa de Marina.

[...♥...]

~ Rua / 20:32 ~

Após assistir o filme, Cebola acompanhou ela até em casa. Os dois foram conversando durante o caminho, e felizmente não tinham brigado durante toda a noite.

— Gostou do filme?

— Na verdade... Não muito... – ela disse apertando os lábios um pouco envergonhada.

— Bom, se isso te faz sentir melhor... eu também odiei – disse Cebola rindo.

— Tá brincando? – ela olhou pra ele surpresa, mas feliz de não ter sido a única.

— Não, a verdade é que eu escolhi qualquer um, porque o que eu queria mesmo era passar esse tempo com você. Não importa qual filme estivesse passando.

— Nossa... – Mônica se surpreende ao ouvir aquilo. – É sério?

— Sério... – ele parou quando chegaram em frente ao portão dela. – Mô... Eu queria te pedir desculpas, por tudo que rolou desde que começaram as aulas e bem... Desculpas também pelo que rolou antes delas. – Mônica ouvia atentamente as palavras de Cebola, enquanto seu coração começava a acelerar, ela previa o que viria depois disso. – Eu realmente fui um babaca com você... me desculpa?

— C-claro Cebola... eu te desculpo sim, mas... por quê isso agora? – sorriu ela nervosa.

— Porque... – ele pegou em suas mãos. – Eu quero recomeçar do zero. Sem Do Contra, sem Lucas, sem Denise, sem brigas, sem nada... Começar de novo. Pode ser como amigos, não tem problema... Mas eu quero tentar de novo. Dessa vez pra valer.

Ela não sabia o que dizer. Estava explodindo de felicidade por dentro. Mônica era muito orgulhosa, e depois que terminou com ele, mesmo se arrependendo depois, não quis voltar atrás. Aquele pedido de desculpas era um sinal de que eles poderiam sim voltar em algum momento, e era só o que ela mais queria.

— Você tem certeza que... que dessa vez pode funcionar?

— Se nós dois quisemos, claro que pode. Mônica, eu não posso ficar sem você... Sem sua amizade, sem sua companhia... Essas férias foram horríveis sem você do meu lado.

— Mas você disse que foram maravilhosas... 

— Eu só estava querendo te provocar, assim como eu sei que você estava fazendo o mesmo... Ou vai dizer que suas férias foram tão legais assim sem mim?

— É... – ela colocou uma mexa atrás da orelha. – Não tão legais...

— Tá vendo? Vamos dar essa chance pra nós dois.

— Não sei se estou preparada pra voltar...

— Não estou falando em voltar, pelo menos não agora. Vamos ser aqueles amigos de sempre, aqueles amigos que eramos antes de namorar.

Mônica soltou um longo suspiro, mas sorriu logo em seguida. Ele percebeu que aquilo era um sim, e a abraçou.

— Eu aceito...  – ela disse ao se afastarem. – Mas se você me provocar de novo com aquela enjoada da Denise eu...

Cebola não deixou a dentuçinha terminar, arrancando dela um beijo... Um beijo apaixonado... Um beijo cheio de saudades.

Apesar do papel de durona, e de julgar-se ‘a superada’, só ela sabia o quanto precisava daquele garoto, e o quanto ele lhe fazia falta. Seu namoro durou apenas seis meses, mas não era necessário mais tempo pra perceber que o amava. O amava muito, com toda intensidade, com cada centímetro da sua pele. Sentia falta daquele cheiro, daqueles lábios, do seu sorriso, do seu abraço. E a mesma coisa se passava com ele. Os ciúmes que ambos provocaram neles mesmos só serviu pra aumentar mais ainda aquela vontade que eles tinham de se ter de novo. Os ciúmes foi à prova que tiveram de que eles ainda se gostavam, e muito.  

[...♥...]

~ Um mês depois ~

Ao saber que Mônica e Cebola se beijaram, Magali pulou de alegria quando pensou que aquilo poderia ser um sinal de reconciliação entre os dois. Mesmo a dentuça dizendo que não, pois era cedo demais pra tentar algo novamente, a comilona sabia que era questão de tempo até eles voltarem.

Passou algumas semanas e tudo parecia estar indo incrivelmente bem entre os dois, mas não houve mais nenhum beijo. Os quatro amigos estavam sempre saindo pra curtir, principalmente nos fins de semana e a cada dia que passava Mônica ficava ainda mais ansiosa pro seu aniversário que estava chegando. Depois de muitos planos ela finalmente chegou a decisão, juntamente com Magali, de que seria à fantasia. A turma toda estava sabendo, por isso começaram a se ocupar de encontrar a sua.

Magali e Do Contra continuavam amigos, não como antes, pelo fato da comilona estar sempre com Mônica em todo lugar. Eles sentiam falta daquela proximidade que tiveram nas férias, mas ela achava melhor que fosse dessa forma. Suas emoções em relação a ele estavam controladas, mas não podia evitar de sentir alguma coisa no peito quando o via, pois sempre que o encontrava a lembrança do beijo vinha na sua mente. Do Contra parecia conformado com a pequena distancia que eles tomaram, mas se dissesse que não sentia falta dela, principalmente quando ia praticar com seu skate, estaria mentindo. Sua mãe finalmente o liberou do “castigo”, mas por incrível que pareça, eram poucas as vezes que ele se sentia animado para praticar.

Cascão começou a andar muito mais com Magali durante essas semanas. Sua relação com Cascuda estava por um fio, brigas constantes, desentendimentos quase todos os dias... saída de casal, eles não faziam mais. O sujinho de vez em quando tentava pegar leve, pedindo desculpas até do que não fazia, mas Cascuda dificultava as coisas, deixando-o sem paciência. O estresse todo que a namorada lhe causava, acabava levando o garoto para um bar, que mesmo sendo menor de idade, não aparentava tanto assim. Começou comprando algumas cervejas, mas quando viu já estava tomando coisas muito mais fortes. Seus amigos até então, não sabiam desse novo “hobby” que Cascão possuía, nem mesmo a namorada.

[...♥...]

Marina, Magali e Aninha se ocuparam de ajudar Mônica na sua festa. Os seus pais haviam alugado um espaço para comemorar, bancaram as comidas, bebidas, mesas, inclusive o bolo que foi feito especialmente pela tia de Magali, Dona Nena. Já estava tudo preparado, só faltava os convidados chegarem. As meninas decidiram se arrumar na casa de Mônica mesmo, pois assim iriam todas juntas.

— E aí meninas... O que acharam? – perguntou Mônica entrando no quarto. Ela era a única que estava faltando, as outras já tinham terminado de se trocar.

— Uau Mô! Você tá linda! – elogiou Aninha.

— Arrasou! – disse Marina.

— O Cebola com certeza vai adorar te ver vestida assim – riu a comilona.

— Falar nisso, como será que ele vai?

— Ué, você não sabe? – perguntou Marina se olhando novamente no espelho.

— Não, ele disse que era surpresa... – sorriu ela.

— E vem cá, vocês dois vão ou não voltar?

— Não sei – Mônica suspirou ao se lembrar. – Já tem um mês que nós não falamos nisso.

— Mas você quer voltar, não quer? – perguntou Aninha.

— Bem, eu... Quero sim. Mas não sei se ele quer também.

— Engano seu... – disse Magali. – É claro que ele quer... O Cascão até me disse um dia desses que o Cebola estava pensando em te pedir em namoro de novo, mas tinha medo que você rejeitasse.

— É sério? – perguntou ela surpresa.

— Sim... Eu acho que você deve aproveitar hoje, e dar o primeiro passo. – As meninas afirmaram com a cabeça, concordando com a comilona. Mônica mordeu o lábio inferior sorrindo, pensando se realmente aquilo poderia acontecer. O melhor presente que poderia ganhar no seu aniversário seria voltar com ele.

— Crianças – Dona Luíza entrou no quarto –  está na hora! Vamos?

Magali se levantou rapidamente da cama, ajeitando o seu vestido azul, e o mesmo fez Aninha. As três sairam do quarto, deixando Mônica com sua mãe, enquanto consertava o seu cabelo.

— Você está linda, meu amor.

— Obrigada mãe... – sorriu de lado.

— Nem acredito que você já está esse moça... Parece que foi ontem que você era apenas um bebezinho – Luíza estava prestes a chorar, e Mônica riu com aquela cena exagerada, abraçando a mãe forte.

— Calma mamãe... Não é pra tanto.

— É... Vamos logo antes que eu borre minha maquiagem.

— Vai descendo eu já vou indo.

Luíza saiu do quarto da filha, e novamente Mônica voltou a se olhar no espelho. Ela respirou fundo, pois estava meio nervosa e ansiosa ao mesmo tempo. Estava esperando muito por esse dia, e alguma coisa lhe dizia que seria um aniversário inesquecível.

[...♥...]

A maior parte da turma já estava na festa, e não demorou muito para a dentuçinha chegar com seus pais ao local. Quando chegaram, os amigos foram recebe-la com abraços e presentes, e em menos de alguns minutos a música começou a tocar e já estava cheio. Mônica olhou em volta mas parecia que Cebola ainda não tinha chegado, por isso decidiu dar atenção a outros convidados

Magali como em toda festa, estava ao lado da mesa de docinhos e salgados. Marina que estava até então lhe fazendo companhia sumiu rapidamente quando viu que Franja, disfarçado de Freddy Krueger, havia chegado. A comilona não ligou de ficar sozinha, pois estava se divertindo bastante enquanto comia.

— Achei que a Alice fosse loira e não morena... – disse um garoto com um penteado bastante parecido ao de Danny Zuko.

Magali quase se engasgou com o brigadeiro ao se deparar com Do Contra. Ele estava muito bonito, e era a primeira vez que o via com penteado diferente.

— Oi DC – respondeu ela quando conseguiu engolir e sorriu. – É, digamos que eu quis contrariar um pouquinho.

— Então é das minhas – disse ele pegando um doce da bandeja.

— Você tá... digo, você ficou legal nessa fantasia....

— Obra da minha mãe. Eu queria vim sem... mas ela não deixou.

Magali continuou sorrindo, pensando em como seria engraçado se ele realmente não tivesse aparecido sem nenhuma fantasia, só pra continuar fazendo o papel de ‘do contra’.

— Já encontrou a Mônica?

— Sim, nesse instante. Ela está bem gatinha hoje... - ele disse enquanto mastigava um salgado.

Magali abriu a boca pra responder, mas foi surpreendida por Cascuda e Cascão que se aproximaram deles.

—Oi - dizem os dois.

— Gostei da fantasia – comentou Do Contra querendo rir. O sujinho não parecia muito feliz por algum motivo.

— Obrigada – respondeu Cascuda. – Foi ideia minha!

— Bem criativo – o moreno se virou de costas, pois estava achando engraçado demais aquela fantasia dos dois. Magali percebeu e bateu de leve no braço do amigo. 

Mônica apareceu perto da turma, deixando todos alegres. Cada um deu o seu abraço e o seu parabéns, apesar de já terem se visto de manhã na escola.

— Amor, vou procurar a Denise, já volto - avisou Cascuda dando um beijo na bochecha do namorado.

Cascão assentiu com a cabeça sorrindo, mas quando a loira sumiu de sua vistas, ele bufou alguma coisa e se encostou na mesa de doces, entre Magali e Do Contra.

— Que foi? – perguntou Mônica não entendendo o desânimo.

— A Cascuda me obrigou a vim fantasiado assim, disse que por sermos um casal tínhamos que ser do mesmo desenho... tem lógica isso?

Sem dar tempo dos amigos responderem alguma coisa, Cebola apareceu no mesmo momento. Sua fantasia deixou todos surpresos, principalmente Mônica, pois eles também estavam combinando.

— Esquece o que eu disse – disse Cascão revirando os olhos.

— Ué, o que foi? – perguntou Cebola.

— Cascão, isso foi só uma coincidência, tá? – disse Mônica apontando pros dois.

— Ahã, sei...

— Nossa Mô... você...  tá linda... - disse Cebola, com os olhos brilhando.

— Eu digo o mesmo – ela sorriu envergonhada. – Vem, vamos dançar.

[...♥...]

A festa continuou rolando, dessa vez muito mais animada, já que começaram a chegar muito mais gente. Mônica dançava feliz com Cebola no meio de todos, esquecendo-se completamente que um convidado em particular iria aparecer na festa a qualquer minuto.

Algum tempo depois, Cebola aproveitou que a dentuçinha parou pra tirar fotos com as amigas e foi no banheiro. Ao sair, deu de cara com seu novo rival, Lucas. Ele estava na entrada fantasiado de Thor, olhando em volta, provavelmente procurando por Mônica. Cebola teve vontade ir até lá e expulsa-lo da festa, mas sabia que não podia fazer isso. Era aniversário dela, e nada podia dar errado naquela noite, pois seria o dia em que ele iria propor para eles voltarem a ser namorados outra vez. Estava confiante que ela ia aceitar, então se arrumasse briga com algum de seus convidados, perderia a oportunidade. 

Decidiu então respirar fundo, e saiu  em busca da garota.

— Ei... pra onde vai ratinho? – parou-lhe uma Arlequina sorridente.

— Ah... oi Denise... legal a fantasia.

— Não sei se posso dizer o mesmo, pois acho que você combina mais vestido de gato... – disse ela. – Pra onde vai com tanta pressa?

— Procurando a Mônica, você viu ela?

— Vi. Não faz nem dez segundos... ela estava com aquele loirinho mega charmoso.

— Loirinho?

— É, eu não conheço, mas ela sim parecia conhecer, e muito bem.

— Ah,... valeu Denise – Cebola abandonou a ruiva e apressou os passos, procurando por Mônica em todo lugar.

[...♥...]

Em algum canto da festa, Magali saboreava um delicioso brigadeiro no pote. Além do bolo, sua tia Nena tinha feito também alguns doces pra festa de Mônica, e ela agradeceu mentalmente por isso, pois se sentia nos céus cada vez que comia alguma coisa feita pela mulher. 

A comilona tinha fugido de Mônica depois de tirarem quase um milhão de fotos, e agora se escondia no meio das comidas, lugar onde ela passara quase todos os aniversários da turma. 

— Magali? – perguntou Danny Zuko do outro lado da mesa. – O que você tá fazendo ai no canto?

A garota nem teve tempo de sair de onde estava, pois Do Contra já tinha atravessado para ir até ela.

— Comendo escondido é? – ele riu ao ver os doces na mão dela. – Você nunca vai perder essa mania?

— Que mania? – perguntou ela limpando os dedos com a boca. 

— Essa de fugir da festa pra ficar comendo em algum lugar.

— Não imaginava que alguém soubesse disso – ela sorriu envergonhada.

Do Contra se sentou ao lado dela no chão, e começaram a comer juntos.

— Essa festa tá bem animada, não? – comentou ele.

— Bastante – disse ela. – As vezes penso como será a festa dela de dezoito.

— Vamos acordar em outro lugar. 

Eles riram por um momento até Do Contra ficar sério, mas Magali não notou.

— Já sai do castigo.

— Sério? – ela disse surpresa. – Que bom! Deve estar matando as saudades, eu imagino.

— Nem tanto.

— Por quê?

— Não sei... é como se tivesse perdido a graça... me acostumei com você indo comigo todas os dias.

Magali desviou o olhar dele imediatamente e apertou de leve os lábios.

— Ah DC, que é isso? Eu só ia pra te assistir... 

— Não só me assistir, a gente se divertia... e eu te ensinei a andar de skate, lembra?

— Lembro – ela disse abrindo um sorriso.

— Por que não voltamos a fazer aquelas coisas de antes? – perguntou ele, olhando para ela. 

— Bem...

— Eu... sinto sua falta. 

Magali engoliu em seco, sentindo novamente as borboletas no estômago de sempre. Do Contra passou a ter um poder inacreditável de deixa-la sem jeito, e sem palavras. Não era assim antes... antes daquele beijo.

Por sorte, algumas vozes começaram a se aproximar da mesa de doces, e ela tomou a iniciativa para levantar. Se fosse pra escolher entre tirar mais um milhão de fotos ou permanecer ali com Do Contra, falando aquelas coisas, ela preferia sem dúvidas as fotos. 

O moreno se levantou também.

— E então?

— Eu... e-eu também sinto falta, DC... das nossas saídas, e das nossas conversas. Mas... você me entende né? A Mônica não gosta muito de dividir os amigos...

— Sim, eu sei... – ele disse baixando o olhar, colocando as mãos no bolso da calça. – É, você tem razão. 

— Ia ser um pouco estranho, não acha? Eu subitamente começar a sair com você ao invés de sair com ela... a Mônica não ia achar... normal.

— É... não ia.

— Então... tudo bem se continuarmos como estamos agora?

— Tudo bem – ele sorriu, afirmando com a cabeça. 

Magali fez o mesmo em resposta.

Quando achou que ele fosse se afastar, o moreno apenas levantou o polegar da mão esquerda, limpando o doce que tinha no canto da boca da comilona, e levou o dedo até a própria boca.

Ela congelou onde estava, e viu Do Contra sorrir e finalmente se afastar dela.   

[...♥...]

Cebola finalmente encontrou Mônica perto de uma das caixas de som, e era verdade, ela estava com Lucas. Eles conversavam animados, da mesma forma como estavam da ultima vez que ele esteve no bairro. Mônica não parava de sorrir, o que deixava Cebola ainda mais enciumado.

— Quem vê nem diz que eles são só amigos, não é mesmo?

— Tá me seguindo é? – perguntou Cebola sem tirar os olhos da dentuça.

— Eu sei que você tá louco de ciúmes... – disse a ruiva acariciando a sua orelha de Mickey. – E tem motivo pra isso.

— Tenho? – ele franziu as sobrancelhas, olhando pra ela.

— Claro... olha só como eles são próximos.

— Eles são amigos, Denise. Com um pouco de aproximação demais, mas amigos.

— Foi isso que ela te disse?

— Ela não tem motivo pra mentir pra mim.

— Ah não? Ela te contou por exemplo que eles ficaram durante ás férias?

— Como é?! – exclamou o careca aumentando o volume da voz.

— Pois é. Isso ela não quis te contar, né... claro.

— Perai Denise! Você tem certeza disso?

— Obvio meu amor... Eu ia mentir pra que? Ouvi muito bem com esses ouvidinhos quando ela e a Magali estavam falando dele no banheiro da escola outro dia. Não quis te contar porque... bom... você meio que parou de falar comigo de repente.

— Eu... eu não acredito nisso... – Cebola voltou a olhar para Mônica que ainda estava feliz conversando com o loiro. – A Mônica ela... ela disse que nunca tinha ficado com esse cara...

— Claro que disse.

— Eu... preciso ficar sozinho, Denise...

— Como assim? Não vai querer dar o troco? – a ruiva o impediu de passar.

— Troco?

— Of course! Aproveita que eles estão ali e... sei lá... se vinga.

— O que você quer que eu faça? Vá lá e dê um soco na cara dele?

— Não... eu tenho uma ideia melhor... – ela sorriu maliciosa.

Denise puxou Cebola pela nuca lhe tascando um beijo. Sem pensar duas vezes, o careca agarrou a cintura da ruivinha, retribuindo com todo prazer.

[...♥...]

— E aí? Vai ou não?

— Ai não sei, Lucas – Mônica suspirou nervosa. – E se ele disser que não tá pronto ainda?

— Mônica, você mesmo disse que foi o Cebola propôs para vocês voltarem a serem amigos como antes.

— Sim, mas sei lá... eu tenho medo que ele pense que está cedo.

— Arrisca! Você não tem nada a perder. E outra, se ele disser que não, vai ser um grande idiota, afinal você é uma menina incrível, tá cheio de garotos atrás de você que eu sei.

— Não exagera – ela riu envergonhada. – E o seu namoro com o Gabriel?

— Está melhor a cada dia... – suspirou o loiro, apaixonado. – Ele queria muito vim, só que não deu por causa da faculdade, mas mandou parabéns e um beijo.

— Puxa, que pena...

— Agora deixa de enrolação, e vai falar com o Cebola.

— Agora?

— É, agora – apareceu Magali atrás deles, entrando na conversa. – Vai amiga, daqui a pouco é hora de cortar o bolo!

— Tá bom, eu vou... – Mônica respirou fundo e se virou para trás.

Não só o seu sorriso sumiu completamente, como o de Lucas e o de Magali também.

A música ainda estava tocando, mas poucos continuaram dançando depois do que viram. Denise e Cebola estavam se agarrando no meio da pista, se beijando como dois atores de novela. Mônica que assistia tudo aquilo não sabia como reagir. Sua boca estava meio aberta, seus olhos arregalados e seu coração prestes a sair pela boca. Ela não conseguia encontrar nenhuma explicação para estar acontecendo tudo aquilo.

Sentindo que fosse desmaiar, a dentuça correu em alta velocidade até o banheiro mais próximo. Magali e Lucas que também estavam tão pasmos quanto ela, foram atrás.

— Isso só pode ser um pesadelo – pensou Mônica, antes de desabar em lágrimas.


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