Tear Flower escrita por Daijo


Capítulo 5
Capítulo 5 - Você se Tornou meu Coração


Notas iniciais do capítulo

Atualizando mais um capítulo.
Gostaria de me desculpar pelo atraso, mas infelizmente isso será cada vez mais comum de agora até o final do ano.
TCC + Processo seletivo de pós-graduação = menos tempo.

Quanto ao capítulo, em uma parte dele, Sakura cantarola uma canção para Syaoran. Deixo um link da música em que me inspirei para escrever a cena:

http://www.youtube.com/watch?v=kDpEvM-VwsY&list=PL1eCC_9GkhKPcBZ2-qrHJe4mN6hGTKiye&index=24

Boa leitura!



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Era quente. A mão dele em torno da sua, era quente. Sakura olhou para o gesto que os unia, fazendo a estranha sensação em seu peito aumentar. Ela não soube calcular o tempo em que permaneceu correndo junto ao guerreiro. Deu-se conta apenas dos segundos que demoraram até que percebesse que já haviam parado.

Syaoran guiara-os até a orla da floresta, depois de percorrer um caminho cheio de zigue-zagues. O homem escolhera um caminho tortuoso de propósito, para confundir e despistar a sombra que o perseguira pela tarde toda.

Ambos recuperavam o fôlego, quando a mulher notou que o chinês ainda segurava sua mão. Com o rosto afogueado, Sakura desvencilhou-se sutilmente do toque do homem. Li então percebeu seu gesto descortês. Com um falso pigarro, desculpou-se constrangido.

A gueixa virou as costas para o acompanhante, embaraçada demais para mirá-lo. Olhando para a barra de seu kimono, agora tingido pela terra vermelha, arriscou-se em quebrar o silêncio.

- O-o que foi isso? – indagou, temendo que o som do seu coração fosse mais forte que a voz. – Correr pelo mercado como loucos...

- Você não gostou? Eu achei divertido... – ele disfarçou, preferindo não preocupar a japonesa com suas suspeitas.

- Você está realmente louco...? – Sakura virou-se em um impulso para encará-lo, mordendo o lábio inferior pela frustração. – Se alguém do Okiya me visse... Oh, Akemi-chan!

- Quem? Ah, aquela garota que anda sempre ao seu lado...

- Minha minarai. – a gueixa franziu o cenho, preocupada. – Ela deve estar me procurando... Oh, o que fazer? Akemi ficou com meu shamisen.

- Nós não vamos precisar dele. – Syaoran sorriu, começando a caminhar.

A gueixa indagou-se internamente o que ele queria dizer com aquilo. No entanto, evitou colocar suas dúvidas em palavras, apressando-se em segui-lo.

***

O samurai desferiu um golpe certeiro contra o oponente, desarmando-o. Enquanto o perdedor fazia imediatamente uma mesura em respeito, Tsukishiro Yue guardou sua espada, um pouco mal humorado. Com um sinal, dispensou seu subordinado, desejando ficar sozinho.

Assim que o samurai de nível mais baixo saiu, Yue também deixou a sala de treinamento. Decidiu caminhar pelo jardim da propriedade, no intuito de colocar seus pensamentos em ordem.

Ainda estava chateado por ter falhado mais uma vez com Sakura. A gueixa continuava a rejeitá-lo, tornando-o cada vez mais amargurado. Ele lhe demonstrara tantas vezes afeto e devoção, mas nenhum de seus gestos fora suficiente para convencê-la.

Presenteou-a com kimonos e adereços caros, levou-a em passeios fora do Okiya, sempre lhe fora gentil. Mas nada do que lhe dera ou falara fez com que Sakura o aceitasse.

O tempo passava rápido demais e ele precisava de uma esposa. Seu pai, o poderoso senhor daquelas terras, queria ver seu herdeiro casado e com filhos, para ter certeza que sua linhagem se manteria viva. Por isso Yue precisava se casar em breve, fosse com a gueixa ou outra mulher.

Mesmo com as repreensões do pai, ele desejava apenas sua flor. E o samurai não mediria esforços para tê-la.  

***

Sakura olhou para o horizonte, sentido a brisa fresca tocar seu rosto. O sol desaparecia aos poucos, pintando o céu em um tom cada vez mais alaranjado. À sua frente, o guerreiro chinês abria um caminho por entre a grama do vasto campo.

Syaoran deteve-se apenas ao chegar à beira daquela colina. O homem olhou para a paisagem diante de si, sentido-se revigorado. Puxou o ar com vontade, enchendo os pulmões com aquela sensação agradável.

- É realmente bonito. – Sakura havia parado ao seu lado, admirada com a imagem que vislumbrava. Li olho-a, reconhecendo a admiração em sua expressão. – É a minha primeira vez vendo isso.

- Você nunca...?

- Eu já vim outras vezes a esse campo, mas nunca em um momento como esse.

A gueixa sentou-se na grama, sem desviar os olhos da paisagem. Um sorriso estampou os lábios dela, provocando um sentimento de conforto no guerreiro. Ele, então, sentou-se ao lado da gueixa, desejando compartilhar a mesma sensação que envolvera a japonesa.

- É muito bom poder sair do Okiya e ver coisas como essa. – Ela comentara minutos depois. – Embora tenham sido poucas vezes, fiquei feliz em viver como uma pessoa normal por algumas horas.

 - Deve ser difícil... Viver presa a suas obrigações.

Syaoran desviou seu olhar do horizonte, para mirar a gueixa. Sakura ainda mantinha o sorriso em seus lábios. Ela virou para encará-lo também, mostrando-lhe seu rosto iluminado pela admiração.

- Lamento não ter trazido meu shamisen para agradecê-lo pela noite passada. – desculpou-se, inclinando levemente o rosto. – Mas pelo presente de hoje, espero que aceite esse pequeno gesto...

A gueixa cerrou os olhos, começando a cantarolar uma melodia agradável. Sua voz suave serpenteou até os ouvidos de Li, chegando até seu coração. E o homem percebeu que Sakura não precisava de seu instrumento para cativá-lo.

Ele não conseguiu desgrudar seus olhos dela. Encantado em como os últimos raios de sol pintavam seu rosto claro, brilhando em seus fios de cabelo bem presos. Sua expressão de enlevo enquanto compartilhava aquela melodia consigo. Era como uma pintura.

E quando Sakura terminou sua canção, Li sentiu-se leve. Como se a melodia tivesse levado suas preocupações. Era como se a voz da gueixa tivesse lavado sua alma.

- E quero viver isso com você... – Syaoran levou a mão até as próprias vestes, tirando de seu interior um lenço negro.

Sakura olhou curiosa para o objeto, quando ele lhe estendeu. A mulher aceitou o lenço dobrado, abrindo-o. Ao ver o que era guardado, tão protegido, a gueixa não pôde evitar surpreender-se.

- ... Sua liberdade – Sakura sentiu seu coração vacilar com aquelas palavras, enquanto ainda observava a flor amarela que fora conservada junto ao lenço do guerreiro.

***

A Okami-san serviu o ban-chá para o convidado, tentando distraí-lo enquanto a pequena flor não voltava para Okiya. Tsukishiro Yue estava um pouco impaciente com a ausência de Sakura e isso não era um bom sinal.

- Eu não sei por que Sakura-chan está tão atrasada. – Fuyuki-sama comentou, enquanto ocupava o seu lado do tatame. – Será que ela ainda não encontrou um kimono de seu agrado...?

- Eu vou buscá-la, Fuyuki-san. – o samurai ergue-se em um impulso, sem mesmo tocar no chá - Vou trazer Sakura de volta, em segurança.

Ele não podia esperar um minuto a mais. Era aquele sentimento de possessão que guiava seus passos para fora do Okiya, em direção ao mercado. Ele não gostava que sua Sakura andasse sozinha pelo mercado ou qualquer lugar que fosse.

Por que só ele podia admirá-la.


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Notas finais do capítulo

Ban-chá - chá verde feito de folhas colhidas entre verão e outono, de sabor forte e refrescante.