Borboletas na Lua escrita por Aluada


Capítulo 1
Aquele acidente


Notas iniciais do capítulo

Não escrevo há mais de seis meses, só me aproveitei do destino gracioso que me ofereceu a Carta Fama para postar aqui. Por favor, sejam gentis! :)

Pra escrever a voz da Hermione, tenho lido bastante o livro do Chico Buarque chamado "Estorvo", e recomendo.



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É como se eu tivesse engolido mil borboletas e elas estivessem aqui, dentro de mim, empurrando minhas bochechas pra saírem voando da minha boca, me deixando vermelha. Calma, eu tento repetir, calma, Hermione; mas elas não me deixam falar. Aliás, sinto como se nunca mais fosse capaz de falar alguma coisa novamente. Minha voz desapareceu e meus lábios estão travados neste risinho nervoso e incontrolável. Ao menos o assento do vaso sanitário é mais confortável do que eu poderia esperar, e não tem ninguém no resto deste banheiro de que fiz esconderijo.

           

Não tem motivo pra ficar assim, eu sei. Acidentes acontecem todos os dias. É natural. Eu estava com pressa, ele estava distraído, o chão estava molhado... Era a perfeita conspiração prum acidente, sem dúvidas; é a maré de azar que me persegue desde a poção Polissuco do gato de Bulstrode (argh!). O que, ainda assim, mantém o acidente consideravelmente normal. Ai, nós caímos em cima um do outro, agora sinto o quadril latejando. E o calcanhar torcido. E ele claramente ficou tão nervoso quanto eu depois da queda, porque repetiu desculpas várias vezes, me ajudou a levantar e desviou o olhar enquanto eu ajeitava a saia. Tudo, Hermione, perfeitamente normal; eu também disse que sentia muito. Por isso, mais uma vez repassado o acontecimento na memória, repito a mim mesma: não tem motivo pra ficar vermelha e com esse risinho estúpido na cara. Não tem. Não tem... Não-tem.

 

            ...

 

 

            OK, OK, você pensa que ele te beijou quando caiu em cima de você, mas isso é absurdo! Você nem se lembra direito, foi rápido demais pra ter certeza. Além do mais, mesmo que tenha acontecido — enfatizando a mim mesma, novamente, que tudo não passa de mera possibilidade —, foi só um tombo. Ele levou a cabeça pra frente na hora da queda e a sua estava na frente, só isso. Um encontrar de lábios acidental, sem significado, sem intenção. Idiota.

 

            Meu primeiro beijo foi idiota.

 

            E foi com um professor!

 

            E agora volto ao assento sanitário frio, há pouco, a cabeça baixa na tentativa de sumir entre as ondas, o odioso risinho meio-contente-meio-nervoso estampado no meu rosto incrédulo nisso.

 

            Segue, depois, um longo momento de contemplação, em que vivo e revivo a mesma cena pela enésima vez até finalmente algo me estalar à cabeça — meu senso de responsabilidade em forma de relógio biológico — e eu disparo do banheiro como se ele estivesse em chamas. Um segundo estalo me traz a consciência do exagero, e um terceiro me lembra de que não posso evitar, de que ajo assim sempre quando lembro do horário de uma aula e de que não acho que possa existir algo mais importante do que uma aula (ou talvez uma prova?)... mesmo que ela seja dada pelo último professor que quero ver na face da Terra.

 

            Subo qualquer escadaria e me esforço pra não deixar a pilha de livros escorregar das minhas mãos. Me arrepio. Não deveria ir. Possivelmente quando chegar na sala vou congelar e não vou conseguir sair do lugar. Todos que passarem por mim vão balançar a cabeça e murmurar que ando estudando demais. Harry vai chegar do nada e Ron vai me cutucar, e vou ser grossa com ele só pra tentar me fazer de forte, mas vou querer morrer quando o professor entrar. Não vou sentir meus pés e, quando der por mim, vou ter levantado o braço numa pergunta em ato reflexo. Se eu estiver com sorte, ele vai evitar meu olhar. Senão, ele vai me fitar por um tempo e amarrar um canto da boca, como se dissesse “coitada, e ela ainda acha que eu lhe dei seu primeiro beijo”. E eu vou ficar vermelha pra sempre e insistir que deu.

 

             Não, não, aquilo nem foi um beijo, você sabe disso, Hermi —

 

            — O que você disse?

 

            Só depois de parar por um instante, o conjunto de sons amorfo tomou significado. E então de repente percebo algo à minha frente, e vejo que Parvati levanta as sobrancelhas, impaciente. Talvez eu esteja demorando um pouco pra responder. Vou falar..

 

            — Ahn... nada, nada. Eu estava só falando sozinha, sabe...

 

            — Sei...

 

            Não acho que a expressão dela seja muito de alguém que saiba quando ela se afasta de mim, puxada pelo braço por Lavender. E não me engano, porque, em certa altura, quando elas acham que seria impossível eu escutar alguma coisa, consigo ler um movimento de lábios de “ela-deve-estar-estudando-demais”. Hunf.

 

            Elas somem na virada da entrada da sala. Isso significa que cheguei. Meus pés até que estão bastante flexíveis. Talvez não fique tão mal quanto pensei, no final das contas. Quero dizer, ninguém viu a cena, e ele obviamente não vai espalhar pelo castelo inteiro. Se eu souber driblar essa sensação horrorosa do meu estômago (psicológico, tudo psicológico), é só não deixar que os meninos percebam e pronto. Em algum tempo, pode até ser que eu esqueça o que aconteceu e tenha um primeiro beijo relatável, com um primeiro namorado da minha idade e num relacionamento efetivo.

 

            Talvez seja exatamente isso o que eu tenho que fazer, ignorar a situação e agir normalmente. Um pequeno teste primeiro, encosto minha cabeça no batente da porta e lentamente, bem lentamente, levanto o olhar pra espiar se ele já — sim, ele já chegou, mal vejo o reflexo do seu cabelo e já sei disso, porque sinto o loop das borboletas dentro do meu estômago. Não, jamais vou conseguir chegar perto dele sem corar, jamais vou conseguir sequer pronunciar o nome da matéria dele sem travar, jamais vou deixar de lembrar como nossos lábios magicamente se tocaram e de seu olhar doce,  de seu sorriso gentil e de sua declaração romântica sobre quão profundo era seu amor por... por mim?

 

            O que foi isso? Onde é que estou com a cabeça? Nada – nada disso aconteceu. Pare de pensar com as borboletas. Pense com o cérebro, Hermione. E trate de mexer suas pernas pra dentro dessa sala.

 

            Sento. Chego até minha carteira de cabeça baixa, mas chego. E não deveria, mas me assusto quando Harry dá oi e Ron me cutuca ao passar por mim.

 

            — Ai! Por que tem que fazer isso?

 

            — Pra ver se você sintoniza com o mundo de novo. — Ron senta ao lado de Harry e vejo que eles trocam olhares pesados. Harry se volta com um ar duvidoso, e constato que não estou com paciência para preocupações descontextualizadas.

 

            — Mione, você tá bem?

 

            — Aham.

 

            — Certeza..?

 

            — Por que, Harry?

 

            — Não acha que está estudando demais?

 

            — Claro que não.

 

            — Você está fazendo todas as aulas.

 

            — O que tem?

 

            — Não tem como alguém freqüentar 10 aulas por dia e estar bem.

 

            — Mas eu estou, OK?

 

            — Como você tá fazendo isso, Mione? Por que não pode nos contar —

 

            — Francamente, será que vocês não conseguem olhar pra mim sem pensar como assisto às minhas aulas só por um minuto? Será que é só isso que significo pra vocês, um horário cheio demais? — Suspiro alto e me viro na carteira com rispidez. Eles se mexem acanhados e não dizem mais nada. Sei que fui dura. Espero que pelo menos sirva para que Ron pare de me atormentar com isso, não posso falar sobre o vira-tempo, oras!

 

            Segundos depois, sinto um pingo de arrependimento. Eles estão em silêncio agora, e tudo o que resta nos meus ouvidos é o som do professor rabiscando algumas últimas anotações no pergaminho A aula vai começar, duas horas de sorrisos e lembranças. Eu preciso me concentrar em alguma coisa. Eu preciso focar na lição. O livro... sim, vou reler o livro da matéria e decorar os nomes das criaturas, eu o trouxe junto com os outros na pilha, deve ser o segundo ou — e que livro é este?

 

            Definitivamente não é meu. Meu Merlim. Devo ter pego por engano quando... quando aconteceu o incidente. Não é meu, é dele. Dele.

 

            E vou ter que devolver.

 

            Como? “Boa tarde, professor, o senhor se lembra de que hoje mais cedo o senhor caiu em cima de mim? Então, vim aqui lhe devolver este livro seu que acidentalmente ficou comigo. Acidentalmente, juro. Por favor, não pense que isto é uma desculpa para conversar a sós com o senhor no final da aula e tentar receber outro beijo”. Lógico que eu nunca falaria uma coisa dessas. Minha língua enrolaria muito antes de pedir licença pra entrar.

 

            Eu também poderia ficar com o livro. Não, claro que não! Ele ia notar a falta, lembrar o que aconteceu, ia deduzir. Ia achar que tenho algum desvio mental por livros. Ou por professores. Ou por ele!

 

            Escondo-o, daqui ele vai vê-lo, sem dúvidas pode vê-lo. Eu o coloco embaixo da carteira, sobre meu colo, enrolado pelo meu braço direito, que acho que está formigando de forma muito estranha até finalmente me tocar que a formiga é Harry: “onde estão suas coisas? Tá tudo bem?”. Olho pra frente, minha carteira está vazia, a aula já começou, algumas pessoas estão virando o pescoço em minha direção. Devo estar me mexendo demais. Não agradeço Harry pelo sussurro, nem me passa pela cabeça enquanto me preocupo em arrumar meu material e parecer concentrada na matéria. Melhor nem agradecer depois; vai ser uma nova chance pro Ron perguntar como é que faço meu horário.

 

            OK, tudo certo, não preciso levantar a cabeça mais do que é necessário pra ler as primeiras linhas do capítulo. Não vou conseguir encará-lo nos olhos, ainda mais quando tenho parte dele comigo. É, gostaria que o livro fosse ele: eu o teria em meus braços agora, perto de mim, sem medo, e poderia perguntar quantas vezes quisesse sobre o beijo; se ele é da minha cabeça, e se ele... quem sabe... pudesse... acontecer de novo... ou de verdade...

 

            Estou ficando vermelha mais uma vez, tenho que parar de ficar vermelha! Ergo os olhos um pouco e, sim, as pessoas estão percebendo. Harry acaba de me olhar de viés pela segunda vez e a resposta vem para meus ouvidos. O que o professor está falando? Não sei, é meio bagunçado, meio junto, meio música. Não importa: a entonação sem dúvida alguma é a de uma pergunta, e o silêncio que a sucede é a espera de todos pela minha mão que nunca se ergue no ar. Sinto mais cabeças se mexendo. A minha é inerte. Meu corpo afunda na cadeira.    

 

            Então surge.

 

            — Então ninguém sabe mesmo qual é o ponto fraco dos kappas? — a pergunta magicamente repetida.

 

            Jamais poderia imaginar, mas dou por mim em posição habitual de luta, a mão direita suspensa, as pontas dos pés me forçando para cima, a mão esquerda apoiando o conjunto para não cair, e os olhos — ah, sim, os olhos, eles estão brilhando. Não os meus.

 

            — Por favor, professor — a voz enrosca a primeiro momento —, o kappa, conhecido também como “filho do rio”, possui uma reentrância em forma de pires no alto de sua cabeça, onde reserva água. Se um humano o cumprimentar curvando-se, o kappa será obrigado a retribuir o gesto e perderá todas as energias com o escorrimento da água — o resto sai automático, do mesmo modo como li no banco traseiro do carro dos meus pais.

 

            Falei.

 

Agora caio. Minha voz volta a ficar presa e meus joelhos cedem até que eu encontre o assento duro da cadeira. Posso sentir o ar entrando e saindo dos pulmões com dor. Meu sangue corre ruidosamente e tento travar as veias do rosto num esforço descomunal. Pisco várias vezes para quebrar o contato visual que não queria ter começado — sim, porque não tive sorte, ele não evitou meu olhar, e agora tudo o que me resta é querer morrer quando ele começar a amarrar o canto da boca.

 

Ele a move. Mas não a amarra.

 

             — Eu sabia que você não nos desapontaria, Srta Granger. São dez pontos merecidos para a Grifinória.

 

            Ele sorri. Sorri!

 

            Sinto minhas bochechas vermelhas de novo, mas de repente é bom. Ufa. Os dedos envoltos ao livro relaxam e deixam no lugar da firmeza um suor quente e ansioso. As borboletas se foram, estou livre! Finalmente tenho uma imagem inteira da sala da sala, e não só da quina da carteira. Um torcicolo que não estava na nuca antes me ataca; ou foi a vergonha ou foram os olhares maldosos.

 

            Do lado do quadro-negro tem um aquário, um aquário enorme, com uma criatura escamosa e nojenta que ocupa quase toda a porção de água — o kappa, reconheço-o da figura 12.7 do capítulo —, e, cruzando a mesa, eu posso vê-lo. Ele, em pé, gesticulando loucamente com uma varinha invisível. Ninguém está lhe dando atenção, estão todos mais ocupados com o demônio japonês de expressão tediosa, claro. Eu, pelo contrário, não estou preocupada com ele, embora esteja passando alguns bons minutos me obrigando a olhar para as escamas do bicho, e não para os olhos do professor.

 

            Aparentemente já passou bastante tempo, porque agora não é somente ele que abana as mãos, mas toda a sala o segue num passo ritmado. Corro pra pegar a varinha entre as vestes, o livro escorrega do meu colo, uma mão o segura pela contracapa enquanto o joelho direito o sustenta no ar, e meu nariz coça com a metade varinha que pula do decote. Com esforço, me ajeito, mas já perdi os movimentos da azaração contra kappas. Droga! Como se tivesse tempo sobrando esse ano!     Talvez seja até melhor conversar com o professor no final da aula ou —

 

            Onde estou com a cabeça? Definitivamente vou conversar com ele, mas não pra isso! Pra morrer de vergonha quando devolver um livro que peguei quando achei que ele tivesse me beijado! (oh, como queria só me preocupar com minhas quinze disciplinas)

 

            Então chega. A palavra de permissão. A saída. Enquanto me encolho, automaticamente todos se levantam de suas carteiras; alguns param para ajeitar os pertences nas mochilas, outras a atiram pelas costas; Harry lança um olhar apreensivo para Ron e Ron dá de ombros com uma impaciência típica de problema-é-dela. Torço com o canto dos olhos para que seja assim mesmo, não me esperem, e vibro ao espiar suas sombras dando as costas. Então, silêncio. Decido que é hora de voltar a erguer a cabeça e encarar as malditas borboletas que me restam. Seguro forte o livro, tão forte que dói.

 

            E... lá está ele, novamente rabiscando no pergaminho. Provavelmente disfarçando minha presença. Ai, não, eu não deveria estar fazendo isso. Eu deveria, sim, segurar minhas pernas enquanto ainda é tempo e voltar para a porta, ir para minha próxima aula, fingir que o livro é meu; fingir que nunca o vi na vida. Qualquer coisa, ah, qualquer palavra melhor que “devolver”, porque não posso encará-lo sozinha, simplesmente não posso! Ele mentiu com aquele sorriso, é certo, senão agora estaria sorrindo de novo- é lógico- e não tentando me ignorar. Ele está tentando evitar o embaraço, Hermione. Ele está sendo educado e gentil, e você uma boba, forçando a situação e achando que um acidente absolutamente normal foi seu primeiro bei —

 

            — Quer falar comigo, Srta Granger? — Ele me olha e sorri, e eu não respiro e mal posso acreditar.

 

            Gaguejo, pois.

 

            — S-sim, professor. Acontece que... ahn... hoje, mais cedo, antes da aula, quando... n-nós... ca-caííí — eu acidentalmente fiquei com um livro seu, professor — vomitei tudo, ah, mais uma vez, e não sei como não atirei o livro na mesa ao invés de estendê-lo até suas mãos — Aqui está, sinto muito.

 

            — Muito obrigado, obrigado mesmo — e não é que é verdade que ele está mesmo grato? — Esse livro aqui foi um presente de um amigo meu, há muito tempo... Meu Merlim, tanto tempo...

 

            Ele folheou o livro, e me escapou.

 

            — É lindo — tarde demais.

 

            — Desculpe, o quê..?

 

            — O livro, o livro. — Uma borboleta fica presa na garganta — Eu gosto muito de livros. — Sorriso amarelo.

 

            — Ah, eu também. Este aqui, em especial, é muito interessante. Um relato quase ficcional, já devo ter lido umas boas cinco vezes...

 

            — Ah, nossa...

 

            Silêncio.

 

            Esfrego o sapato contra o piso, a borracha faz barulho.

 

            Depois, silêncio de novo.

 

Não sei o que ainda faço parada aqui. Obviamente ele nem se lembra mais de mim, está afundado nas páginas. Não, Hermione, vá embora, você definitivamente não vai ganhar outro beijo.

 

Não peço licença, tomo a liberdade de me dá-la logo. Vou em direção à porta, rápido, bem rápido, ainda que ruidosamente e rezando fervorosamente para ouvir um pedido de regresso.

 

— Srta Granger? — o quê, poderia repetir?

 

Paro.

 

— Srta Granger — ele repetiu, meu Merlim, ele repetiu; sou a menina mais sortuda do mundo. — Visto que você gosta tanto de livros quanto eu, acho que você ia gostar muito desse aqui. Pode levar ele com você, eu te empresto, o que acha?

 

— E-eu adoraria! — Agora estou ao pé da mesa, não sei como.

 

— Acha que consegue ler em... digamos, um mês?

 

— Sim, sim, claro!

 

— Então está feito, pode pegar. — Sinto-o nas mãos de novo, ainda está quente — Te espero dia 23 na minha sala, lá pelas sete, ok?

 

— Estarei lá, professor, muito obrigada!

 

Acho que agradeço mais algumas mil vezes, até enfim agarrar o livro como se fosse meu segundo coração e correr para fora da sala (ou esta era minha vontade, quando dei por mim; o que pude fazer foi controlar meus passos até virar a maçaneta do lado de fora e refrear minha preparação para despejar meus pensamentos conturbados — Harry e Ron estão me esperando).

 

— O que vocês estão fazendo aqui? — porque nunca estão quando preciso de vocês, não é?

 

— O que você ainda está fazendo aqui?

 

— Só tirando uma dúvida com o professor Lupin. — Apresso meus pés de novo e saio bufando, ainda em tempo de ouvir o comentário de Ron:

 

— Você viu? Ela arranjou outro livro pra ler! Ela é louca!

 

 


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