Amy sorriu ao ver a cena naquele momento.

Não sabia se tinha mais pena de Dan, Natalie ou do pequeno James.

Sabia que o irmão não fazia aquilo por mal, e sim por falta de noção do que fazer com aquele boneco.

Olhou para os lados.

Depois da cena que ocorrerá no dia anterior, Ian estava incrivelmente quieto.

Não que Amy estivesse se esforçando muito para falar com ele.

Durante uma das aulas, cogitou olhar para ele, que retribuiu com um sorriso travesso.

Ela desviou o olhar.

As amigas a olharam com um olhar de interrogação.

-Amy,- disse Emily.- Esta tudo bem?

Amy confirmou com a cabeça.

- Sério?- disse Charlote.- Você esta balançando a cabeça em sinal afirmativo desde que chegamos.

- Eu o que?

- Hey, não nos olhe assim.- diz Larissa.- Não somos nós que ficamos balançando a cabeça como um daqueles bonequinhos esquisitinhos.

Amy virou os olhos.

- Só estou com a cabeça longe, só isso.

Larissa sorriu.

- Defina longe.

- Boston, Estados Unidos.- disse ela sem jeito.- Estou com saudade de casa.

Mentiras e mais mentiras.

- Bom,- disse Charlote.- Não era a resposta que eu esperava.

- Desculpa, mas acho que nem todas nós passam o dia inteiro pensando em Ian Kabra.

Emily sorriu.

- Quem falou nele, dona Amy?

Ela ficou séria.

-Sério, parem com isso seus monstros. Estão igual ao Dan.

Charlote e Larissa acharam engraçado.

-Muahaha, Amy nos de seu cérebro.

- O cérebro né? Já que o coração já tem dono.

Mais risadas.

Depois de algum tempo, o sinal tocou e elas se levantaram.

A próxima aula era de música.

Dizem que todos os artistas são um pouco malucos. Agora, no Instituto Buckingham estavam neuróticos. Todos correndo de um lado para o outro acabando telas, afinando seus violões ou ensaiando suas peças nos campos por aí (o que certamente não aguardava as equipes esportivas.).

Tudo isso para a Semana de Talentos.

A Semana de Talentos era uma espécie de feira em que todos os alunos expunham algo que tenha haver com seu “talento”. Todos estavam em êxtase para o evento, só havia um problema: Charlote era uma das organizadoras desse ano.

Foram escolhidos quatro alunos principais para selecionar aqueles que teriam destaque maior em cada categoria.

E aí que mora o perigo. Charlote pode ser um amor de pessoa, mas quando dizem á ela: “ Não fale nada até o dia determinado”, ela não fala nada até o dia determinado. Acredite, Larissa já havia tentado de tudo.

-Então,- diz Larissa como quem não quer nada.- Que bom que temos aulas de musica agora, assim podemos nos preparar bem para as apresentações, que por sinal serão ...

- Larissa, se eu fosse a Charlote,  já teria riscado a sua ficha cinco vez  jogado no lixo.]- diz Emily.

Todas olharam para ela.

- Emily, esta tudo bem? – diz Amy.- Quer dizer, nunca vi você com uma cara dessa.

-Claro que eu não estou bem!- ela acelerou o passo.- Além de ter que arrumar as audições esportivas, eu tenho que aguentar o Lucas que esta expressamente irritante, tenho que estudar para as provas, aprender a conjugar verbos em francês e, ainda, considerar a hipótese de passar na Semana de Talentos para o programa acadêmico.

- Oh, me desculpa senhorita Sou Perfeita de Mais e Não Tempo para a Minha Perfeição. – Larissa brinca.

- Não sabia que não lidava bem com a pressão. – diz Amy brincando com o seu cachecol. Estava incrivelmente frio para essa época, mesmo em Londrês.

- Eu lido super bem com a pressão.- diz Emily apresando ainda mais o passo.- Por que você acha que eu não lido bem com a pressão.

- Pode ser porque você esta quase correndo?- diz a loira.

- Não estou correndo, estou andando rápido. Porque, andando rápido, chegamos mais rápido a sala de musica, onde esperamos a aula começar, enquanto isso, eu faço a minha tarefa de história.

A sala de musica, para Amy, era um dos melhores lugares do colégio. Ela gostava dali. Em alguns dias quando não tinha o que fazer, ela aparecia ali, somente para tocar. Seu irmão poderia zoar dela o quanto quiser, mas ela melhorou desde que chegou ao Buckingham.

Elas entraram no bloco de musica e cruzaram aquele tão conhecido corredor.

Elas sempre eram as primeiras a chegar. Não por mérito ou algo do tipo, mas sim pelo professor ser desligado demais para se lembrar de abrir a sala cedo, de maneira que lhes deu a chave contanto que não façam uma festa e esqueçam de convida-lo.

Viu só?

Esse é o tipo de professores que só se encontravam no Instituto Buckingham.

Charlote, animada, pegou a chave e abriu a porta.

-Amy, compus uma musica nova para você ontem.- disse ela virando a maçaneta.- Você adorou, é super a sua cara e...

Ela parou em frente da porta.

-Quer saber, por que não damos uma volta?

As amigas estranharam.

- Claro que não,- disse Emily.- Viemos andando rápido até aqui por nada?

Charlote não teve alternativa senão deixa-la entrar.

Então Amy viu.

Sozinha, em cima do piano.

Amy foi até o instrumento e a pegou. Uma rosa vermelha.

Tocou as pétalas e na hora soube de quem era.

- Tem um cartão.- disse Larissa, esticando a mão e pegando um papel dobrado. Em uma caligrafia caprichada, lia-se: Amy.

A ruiva pegou cuidadosamente, como se fosse algum tipo de granada.

Ela o abriu.

“Encontre-me hoje, as 22:00 da noite, em frente ao arco da entrada.”

Só isso.

- O que esta escrito?- Larissa ficou na ponta dos pés para enxergar. Querendo ou não, ela era mais baixa que Amy.

Ela dobrou o papel e colocou no bolso.

- Propaganda da Tim.

Larissa levantou as sobrancelhas.

- Sua operadora te mandou uma rosa?

- Sou pagadora fiel.- ela se virou para Charlote.- Uma musica, você dizia...

E assim, o assunto muda de foco novamente.