Marcada Por Erik Night escrita por Roberta Matzenbacher


Capítulo 6
Capítulo seis


Notas iniciais do capítulo

Aqui está mais um capítulo, espero que gostem.
Boa leitura.



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— Erik, que bom que resolveu finalmente se juntar a nós. – Disse a professora Garmy quando passamos pela porta. Ela estava levemente escorada sobre a sua mesa, com os braços e as pernas cruzados, sua expressão era de pura advertência, mas eu notei que havia alívio também.

— Desculpe, professora Garmy, eu estava distraído e não percebi o sinal tocar. – Pude sentir meu rosto esquentar ao perceber os olhares de todos os meus colegas, que pareciam sentir a mesma coisa que a professora Garmy, ou Drew ao ter me encontrado.

Ninguém fica feliz quando um aluno rejeita a Transformação.

— Claro, só preste mais atenção da próxima vez. – Então ela se voltou para Drew. – Drew, querido, obrigada por encontrar Erik, vocês podem se sentar e fazer as atividades propostas nas páginas 104 e 105 do polígrafo, como os demais colegas de vocês.

— Sim, senhora. – Murmuramos Drew e eu.

Durante toda a aula de espanhol, fiquei pensando no que Drew havia me dito. Realmente, era muito mais fácil falar do que fazer. Ele mesmo não conseguia chegar em Stevie Rae e chamá-la pra sair. Ele não tinha o direito de me dizer nada!

Bem... Também podia ser que ele estava falando essas coisas porque se importa comigo, e não quer que eu fique para baixo. E ele estava totalmente certo, eu estava cheio de sofrer por Afrodite.

— Posso ouvir as engrenagens rodando aí dentro. – Disse Drew ao meu lado. Ele estava cutucando a minha cabeça com o dedo e rindo baixinho. Eu o olhei de cara amarrada.

— Claro, Drew. Estes exercícios são difíceis pra caramba! – Disse. O que era a maior mentira. Claro que, ao pensar nestas coisas (Zoey e Afrodite), não pude fazer os exercícios. Não conseguia me focar neles.

— Aham, sei. – Rebateu Drew, mas ficou quieto e me deixou vagar com os meus pensamentos.

Obviamente levei um susto quando o sinal tocou, anunciando o fim da primeira aula.

Saí com um pouco de pressa da aula de espanhol, tanto que até Drew me olhou com uma cara de dúvida.

— Preciso avisar a professora Anastasia que eu não vou poder assistir à aula dela. – Disse.

— Ah, eu havia esquecido. Tudo bem, a gente se vê no almoço. - Disse Drew.

— OK.

Chegando à porta, logo avistei a bela professora.

— Com licença, professora Anastasia? – Disse.

— Olá, Erik, acho que tenho um palpite do que você irá me dizer. A professora Nolan me pediu para ceder a você uma parte do meu período para que você apresente um monólogo à turma de terceiro-formandos, e você quer pedir permissão, não é mesmo?

— É isso mesmo, espero que não se incomode.

— Claro que não. Boa sorte com a sua apresentação, embora ache que você nem precise dela.

— Obrigado. – Disse e me afastei.

Calmamente, fui andando pelo corredor e revisando o conteúdo do monólogo que havia escolhido, passando de palavra a palavra.

Os monólogos eram aparentemente intimidantes, mas não para mim. Eles eram uma forma de expressar meus sentimentos e esquecer, pelo menos por um tempo, a confusão que era minha vida. Com eles me sentia confiante e forte e com capacidade de enfrentar qualquer coisa.

Porém, quando cheguei à porta da sala, tive um leve choque.

Dentro da sala, sentada em uma das carteiras, estava Zoey Redbird. Esse dia-da-primeira-vez estava sendo uma merda. Estava com medo de ela me olhar estranho e apontar o dedo na minha direção, citando o trágico incidente do corredor.

Para meu completo alívio – e ainda maior admiração –, Nolan fez uma ótima apresentação minha à turma. Calando qualquer dúvida que Zoey pudesse ter sobre mim.

Assim eu esperava.

— Estamos para começar a escolher os monólogos que cada um de vocês apresentará à turma na próxima semana. Mas primeiro, achei que vocês gostariam de uma demonstração de como se faz um monólogo, então pedi a um talentoso aluno do ano mais avançado para dar um pulo aqui e recitar o famoso monólogo de Otelo, de autoria do antigo escritor vampiro Shakespeare. – Ela parou de falar por um instante e olhou na minha direção. – Aqui está ele.

OK, diga adeus ao monólogo que escolheu. Pelo menos era um legal, na verdade eu o havia apresentado nas finais em Londres do ano passado.

Abri a porta lentamente e, como sempre, recebi a saudação calorosa da minha professora favorita:

— Entre, Erik. Como sempre, seu senso te timing está perfeito. Estamos prontos para seu monólogo. – Ela se virou para a turma. – A maioria de vocês já conhece o quintanista Erik Night e sabem que ele venceu o concurso de monólogos da House of Night do ano passado, cuja final foi em Londres. Ele também já está gerando especulações em Hollywood e na Broadway por causa do seu desempenho como Tony em nossa produção de 'West Side Story' no ano passado. A turma é toda sua. – Disse a professora Nolan, que parecia que ia explodir a qualquer momento de tanta felicidade e orgulho.

A turma de terceiranistas aplaudiu enquanto eu subia no pequeno palco na frente da sala com um sorriso bobo nos lábios. Virando com cuidado para a pequena plateia de alunos também sorridentes. Eu não podia deixar essa bela oportunidade passar.

— Oi, pessoal. Tudo bem? – Para qualquer um que visse de longe, eu poderia estar falando com todos da sala, mas as minhas palavras foram dirigidas diretamente à Zoey, cujos olhos ficaram um pouco esbugalhados de surpresa. – Monólogos aparentemente intimidam, mas o segredo é ter o texto decorado e imaginar que está contracenando com um elenco de vários atores. Finja que não está aqui em cima sozinho, assim...

A surpresa inicial por ter visto Zoey foi totalmente sucumbida pela minha emoção ao interpretar Otelo, concentrando-me devagar, fui seguindo meu próprio conselho e me imaginando no corpo de Otelo, na paixão que sentia por Desdemona... Claro, foi muito mais fácil imaginar que Zoey era Desdemona, com seus grandes olhos esverdeados e lábios cheios; detalhes que eu não consegui ver direito naquele corredor escuro, mesmo com meus olhos sensíveis, mas que agora, olhando diretamente para ela, pude perceber de imediato. Sua Marca já preenchida realçava todos os traços de seu rosto.

Me convenci de que a amava. Que faria tudo por ela.

... Ela me amou pelos perigos que passei.

E eu a amei por ter se revelado compassiva.

Foi fácil demais recitar as últimas frases olhando nos olhos dela. Queria que ela sentisse meu amor e esquecesse o mal entendido do corredor. Que eu era mais do que aquele cara idiota que fazia coisas estúpidas.

E ainda como no corredor, assim que nossos olhares se encontraram, senti aquela estranha conexão novamente, como se estivéssemos somente eu e ela naquela sala, naquele mundo. Minha alegria foi maior ao perceber que ela retornou o mesmo olhar. Será que sentia algo por mim?

Sorri para ela, levando dois dedos aos lábios e mandando-lhe um beijo silencioso. Em seguida, curvei-me para agradecer à turma, que aplaudiu fervorosamente, incluindo Zoey, que estava com as bochechas um pouco coradas.

— Bem, é assim que se faz. – Disse a professora Nolan. – Então, temos cópias dos monólogos nas prateleiras vermelhas no fundo da sala. Peguem vários livros e comecem a procurar. Vocês vão precisar achar uma cena que signifique algo para vocês – que toque alguma parte de sua alma. Vou ficar circulando e posso responder a qualquer pergunta sobre os monólogos. Quando tiverem escolhido seus textos, faremos tudo passo a passo para que cada um prepare sua apresentação. – Com um sorriso e um aceno, ela mandou que os alunos fossem à caça de seus textos.

Todos se levantaram e foram para o fundo da sala. Fiquei admirando Zoey se afastar enquanto Nolan me agradecia pela minha apresentação:

— Erik, como sempre você me comove com sua bela atuação. Obrigada por vir até aqui, acho que meus alunos adoraram tanto quanto eu.

— Eu é que agradeço, professora. Estou à disposição, quando precisar. Mas acho que preciso ir andando, com licença.

— Claro, Erik.

Me virei e fui andando na direção da porta da sala, mas algo puxou meus olhos de volta à Zoey, como se eles quisessem dar uma última olhada nela. E para minha surpresa, quando virei a cabeça em sua direção, nossos olhos se encontraram novamente (ela estava olhando para mim, também). Acabei por me surpreender pelo fato de como ela ficou vermelha ao me ver pegando-a no flagra.

Não pude deixar de sorrir para ela, e ela corou ainda mais, se é que fosse possível. Desviei o rosto e, com um pouco de relutância, saí da sala.


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