Marcada Por Erik Night escrita por Roberta Matzenbacher


Capítulo 18
Capítulo dezoito


Notas iniciais do capítulo

Olá de novo!
Estou um tantinho mais animada hoje, já que eu descobri que ainda tenho alguns leitores. Bem, nem tantos, já que somente um comentou (Calíope, eu te amo, sério! asuushhsuahsuh), mas isso foi o suficiente para mim, já que as tuas palavras me fizeram sentir muito melhor. E, como te disse, resolvi terminar a história de uma vez por todas! Cansei de enrolar, de esperar, não posso mais deixar essa fanfic às moscas como fazia antes. Um, porque ela já está no ar há quase dois anos. EU DISSE DOIS! Dois, porque eu quero acabar mesmo, hahaha, já estamos chegando ao fim do livro e eu não aguento mais me sentir culpada. Fora que eu tenho tantas fanfics em mente, que o fato de eu ainda ter outras inacabadas atrapalha meu trabalho.
Não que minha escrita mudará, não! Eu manterei o padrão como sempre, mas com um ritmo acelerado. Como quando, nas férias de inverno do ano passado, eu bati meu recorde e postei quatro capítulos em duas semanas. É, tipo, algo inédito!
Enfim, chega de enrolar. Espero que gostem do capítulo, pois tem cena Zerik (isso inclui o primeiro beijo, nanana :p)...
Boa leitura!



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Revirei-me na cama pelo que se pareceram horas.

Eu já não aguentava mais aquela agonia insuportável de olhar para o teto e me sentir completamente desperto. Tudo bem, eu sabia que havia feito muitas coisas para ficar naquele estado, mas pensei que somente a seção Star Wars não seria o suficiente para me manter tão lúcido, na verdade, eu cogitei até que o contrário aconteceria: eu ficaria tão cansado que dormiria como um anjinho a noite toda. É, tá certo. Pelo visto, eu me enganei, para variar...

Depois de mais um tempo tentando convencer meu cérebro a apagar – o que ele se negou a fazer, para minha frustração –, finalmente constatei que dormir seria impossível. Porém, o que estava acontecendo comigo de fato, eu não entendia, aliás, decidi parar de tentar compreender a minha atual esquisitice e simplesmente seguir sem rumo por aí, como se assim pudesse, pelo menos, manter algo do antigo Erik despojado e sem complicações. Além do mais, eu sabia que tinha coisas pendentes a fazer e que poderiam me ajudar nessa insônia dos infernos, como o enorme dever de Sociologia Vampírica, que deveria conter mais ou menos dez páginas de coisas entediantes sobre as quais eu não tinha o mais vago desejo de saber. Por sorte, eu estava com uma vontade fenomenal de me manter ativo àquela noite e, com um suspiro exasperado, levantei da cama em um impulso corajoso.

Peguei todo o material necessário para a pesquisa e caminhei até minha pequena mesa no canto do quarto; em cima dela, meu computador começou a iniciar assim que apertei alguns botões. Eu já me preparava psicologicamente para a longa pesquisa sobre o Imprint, tentando arduamente não lembrar muito desse fato. Suspirei alto ao abrir o índice do livro e, em seguida, folheei suas páginas lentamente, até encontrar as indicadas – que não eram muitas. Caramba, como Neferet esperava um trabalho de dez páginas quando nem ao menos cinco delas eram preenchidas no livro? Sintetizei tudo aquilo que considerei de maior importância, enrolando muito para preencher cada linha. Eu rezava apenas para que a Internet pudesse resolver meus problemas.

O que não aconteceu, é claro.

Lendas urbanas irreais, mirabolantes e nada parecidas com as criaturas da noite que realmente existiam no mundo eram o que eu mais encontrava. O lado bom de tudo era que, assim, eu pude descobrir as razões pelas quais vampiros vinham ganhando tamanha popularidade entre os humanos: as mulheres retratadas eram tão fodidamente gostosas que, se eu fosse um deles, certamente acreditaria em qualquer coisa que me dissessem. Claro, eu sabia que as vampiras eram de fato muito mais gostosas do que as humanas – ou nem tanto, pois algumas garotas humanas eram umas maravilhas aos olhos –, porém, o que eu via ali era um pouco exagerado.

E seguindo a mesma linha, eu com certeza tirei muitas lições sobre como vampiras eram deusas inegáveis do sexo e tudo o mais, mas, para o meu azar, não consegui encontrar nada além de belos peitos e algumas boas gargalhadas – devido a tamanhas histórias ridículas que eu encontrava. Porém, nada daquilo serviria para o meu trabalho, o que me irritou. Tudo bem, a maioria das páginas tinha um fundo de verdade, afinal, nós, de fato, bebemos sangue e “seduzimos” humanos com nossa beleza avantajada. Entretanto, muitas lendas diziam que nós somos seres imortais e malignos, queimamos ao sol e não chegamos perto de... Alhos? Mas que merda era aquela? Era tão hilário e nada real que eu cheguei a me perguntar de onde eles tiravam essas conclusões.

Por um momento, lembrei-me do que Neferet dissera em sua aula, sobre como os vampiros viraram um clichê e não passavam de divertimento a pessoas desocupadas e ignorantes, e a maneira pela qual pensavam a nosso respeito. Aquilo era um pouco injusto, considerando o fato de que nós nunca fizemos nada demais contra eles, apenas tentávamos viver nossas longas e brilhantes vidas em paz. Tudo bem, talvez aí estivesse o motivo de tamanho ódio, provavelmente, eles quisessem ser como nós, de alguma forma.

Eu me lembrava vagamente de que também acreditava em todas essas crendices estúpidas quando era humano, mais por influência das pessoas ao meu redor, admito, mas ainda assim pensava. E é óbvio que acabei quebrando a cara ao chegar nessa House of Night e encontrar algo completamente diferente do que eu achava, além de mil vezes melhor, claro. Tudo era estranho ao mesmo tempo em que certo: as aulas, as pessoas, a rotina... No começo, eu me sentia um pouco confuso, mas, agora, não conseguia ver minha vida de outra forma. E ficava imaginando que, se os humanos nos vissem como realmente somos, também mudariam esses pensamentos errados.

Levei um tremendo susto ao encarar o relógio e constatar que quase duas horas haviam se passado e meu trabalho não estava nem na terceira página. Suspirei novamente, colocando ambas as mãos sobre os cabelos e os bagunçando com raiva. Eu queria jogar aquele maldito computador contra a parede e... Não, espere! Eu queria jogar ele em Neferet e mandá-la para o inferno por passar algo tão...

Meus pensamentos pararam.

Bem, não pararam de fato, mas algo inesperado aconteceu de repente, o que interrompeu minha linha de raciocínio. Era como se uma forte energia fluísse em mim em uma torrente extremamente poderosa. Eu encarei a parede do meu quarto, mas ela estava tomada por um misto de luzes coloridas e estranhas. Fechei os olhos com força para espantar a sensação e, quando os abri novamente, tudo havia sumido, porém não aquela energia que me tomara. Ela permaneceu comigo como se tivesse se fixado em algum lugar profundo de minha alma e, ao mesmo tempo, estivesse purificando todas as sensações ruins que eu sentira minutos atrás.

Que diabos acabara de acontecer?

Eu tinha duas opções óbvias: ou eu estava muito estressado e todo aquele drama provocou uma miragem completamente sem sentido, ou eu estava simplesmente louco de vez. Bem, a segunda opção me parecia a mais provável. Eu jamais vira algo tão magnífico e místico em toda minha vida, e isso já era algo, pode acreditar, já que é um vampiro aqui falando! Entretanto, por mais que eu tentasse desvendar aquele mistério, nada de óbvio me vinha à mente. Luzes coloridas? Soava como uma coisa de malucos, mas eu não podia negar o que vi. Não assim, tão drasticamente.

Olhei para meu trabalho de Sociologia Vampírica e peguei a caneta para escrever, mas eu não conseguia lembrar do que eu estava pensando minutos antes. Encarei o papel com maior firmeza, porém, nada além daquelas luzes aparecia em minha visão quando eu piscava os olhos, justamente, para tentar afastá-las. Bati com força em meu rosto, com a intenção de me fazer voltar ao mundo real.

– Argh! Por que eu não consigo parar de pensar nessa merda? – Gritei a ninguém em particular, enquanto levantava irritado e dava uma braçada em tudo que estava sobre a mesa. As folhas caíram calmamente até atingir o chão, mas eu não as vi pousar, pois já estava fora do quarto em um segundo, fechando a porta com força atrás de mim e urrando balbucios desconexos.

Desci as escadas rapidamente, chegando no Hall em segundos graças a minhas pernas longas. Eu não comandava meus pensamentos, tampouco meus pés, que pareciam apenas me levar a algum lugar em particular. Também, eu já nem me importava de para onde iria, a única coisa que eu queria era tentar entender o que aquelas imagens significavam e o motivo de tê-las visto justo naquele momento.

Depois do que se pareceram horas caminhando por entre as árvores e jardins bem cuidados da House of Night, apenas admirando a vista do pré-amanhecer sem pressa e com muito júbilo, finalmente entendi o que meu inconsciente pareceu querer me dizer durante todo este tempo. Pois, sentada na mesma árvore de duas noites atrás, estava Zoey Redbird.

E eu mal podia acreditar na minha sorte.

– Veja só como ela apoia o rosto em sua mão. – As palavras saíram sem que eu pudesse controlá-las. – Ah, se eu fosse uma luva nesse momento, poderia tocar aquele rosto.

Zoey pulou no local em que estava sentada, tamanho susto que levou, e apenas me encarou sem dizer uma palavra. E embora eu tivesse de admitir que, se eu estivesse em sua situação, faria o mesmo – ou pior –, não pude deixar de me decepcionar com a sua atitude fria.

Segundos depois, Nala soltou um miado raivoso e encarou sua dona com uma expressão zangada. Urgh, gatos, nunca consigo me decidir entre amá-los ou odiá-los.

– Parece que eu sempre te encontro debaixo dessa árvore. – Murmurei sem interesse. Meu sorriso era forçado, talvez porque eu, de fato, não estivesse muito feliz. Eu ainda estava um pouco chateado com sua recusa em sair comigo (querendo ou não, meu ego ferido era inegável), e mais ainda, por ela não responder a nenhuma de minhas investidas durante todo o tempo em que eu fiquei parado ali.

– O que você está fazendo aqui, Erik? – Foram suas únicas palavras.

Ouch! Essa realmente doeu.

Eu não era obrigado a ficar ali, eu sabia disso. Eu poderia tê-la mandado se danar com o resquício de dignidade que me sobrara, e ter ido embora dali sem lhe dar uma resposta; ou mesmo tentado saber quais eram os seus verdadeiros sentimentos em relação a mim para que, assim, eu parasse de tentar algo com uma garota que nunca seria minha. Porém, eu não fiz nada disso, pelo contrário:

– Oi, prazer em vê-la também. – Eu disse, enquanto me sentava ao seu lado. – E sim, eu gostaria de me sentar, muito obrigado.

Zoey se levantou mais do que depressa.

– Na verdade, eu já estava voltando para o dormitório.

Eu me sentia infeliz, talvez por ter entendido a mensagem de: "se afaste" bem até demais. Eu não queria parecer um cara intrometido, que estava apenas seguindo seus passos como um lunático, mas algo me dizia que era exatamente assim que Zoey me via. Diabos.

– Ei, eu não queria me intrometer nem nada. – Tentei me defender, mas eu me sentia um idiota. – Só não consegui me concentrar em meu dever de casa e saí para dar uma caminhada. Acho que meus pés me trouxeram para este lado sem que eu os mandasse vir, porque depois disso só me lembro de estar aqui e de você estar também. Eu realmente não estou te seguindo. Juro.

Enfiei as mãos nos bolsos da minha calça, em um gesto que eu sempre fazia quando me sentia um pouco envergonhado. Mas, bem, eu não estava mentindo, ao menos não em tudo, e não havia muitas razões para meu constrangimento – se você não contar, é claro, o evidente toco que eu estava levando. Eu realmente não tive a intenção de segui-la, muito menos atrapalhar sua noite tão maravilhosa (note meu sarcasmo escorrer), mas eu jamais diria a ela qualquer coisa sobre minhas miragens malucas. Ela me acharia ainda mais retardado do que provavelmente já pensava.

Fiquei tão distraído com o sentimento ruim de rejeição, que suas seguintes palavras me pegaram completamente desprevenido.

– Então, que tal caminhar comigo até o dormitório outra vez?

Ela estava mesmo querendo a minha companhia? Aquilo era sério? Então, eu não estava sendo rejeitado? Segurei, com muito esforço, o sorriso idiotamente feliz que meu inconsciente queria expressar, contendo-me com o sorriso-careta que ainda conseguiu desenhar meus lábios.

– Boa ideia. – Eu respondi, já me levantando.

Zoey me acompanhou, passando a mão na calça para se livrar da sujeira ao mesmo tempo em que segurava sua gata no colo. Nala reclamou o tempo todo, então, Zoey a colocou no chão para que ela pudesse caminhar ao nosso lado. Como da primeira vez, não falamos nada até chegar à escadaria do seu dormitório. Isso poderia ser incômodo a alguns, mas não para mim; tinha algo de reconfortante apenas com sua presença, que me deixava mais quente.

Quando chegamos ao nosso destino, eu senti um aperto estranho no peito, como se eu não quisesse deixá-la ir. Por isso, disse a primeira coisa que me veio a mente, apenas para prolongar nosso momento juntos:

– Então, o que você estava fazendo lá desta vez?

– Pensando. – Ela respondeu.

– Ah. – Respondi, franzindo o cenho em confusão. Pensar poderia significar várias coisas. Zoey poderia estar preocupada com alguma prova ou trabalho, com sua família, com alguma discussão com os amigos, com as Filhas das Trevas (ou, mais precisamente, com Afrodite), e muitas outras coisas. Porém, algo me dizia que não era nada disso. – Você está preocupada com aquele garoto, o Heath? – Eu tinha quase certeza que era isso, e quando ela simplesmente deu de ombros, concordando de forma cabisbaixa, senti um estranho incômodo no estômago. Ela deveria mesmo gostar desse garoto se pensava nele tanto assim. – Deve ser duro romper com alguém só porque você foi Marcado.

– Eu não rompi com ele por estar Marcada. – Ela disse. – Ele e eu já havíamos praticamente terminado antes disso. A Marca só acabou de terminar. – Ela parou um pouco, respirando fundo. Parecia considerar as próximas palavras. – E você e Afrodite?

Senti meu rosto se contorcer em confusão.

– Como assim?

– Hoje, ela veio me dizer que você nunca será ex dela e que será sempre dela.

Ah, não, fala sério! Afrodite sempre acaba estragando tudo com as suas lorotas odiosas. Só que, infelizmente, eu já ouvira aquilo antes, até demais. Ela já me dissera que éramos um do outro e jamais nos separaríamos, e que eu seria seu cachorrinho (claro, não nessas palavras, mas assim eu me sentia) até o dia em que ela enjoasse de mim. Senti a raiva se intensificar ao perceber que, talvez, o motivo por trás da esquiva de Zoey fosse ninguém menos que minha ex namorada.

– Afrodite tem sérios problemas em dizer a verdade. – Eu disse entre dentes, contendo os espasmos e a vontade de esganá-la.

– Bem, isso não é da minha conta, mas...

– É da sua conta, sim! – Eu praticamente gritei as palavras, desesperado para que ela entendesse que entre eu e Afrodite não havia mais nada. Zoey me olhou com espanto, arregalando os olhos e me encarando em silêncio. Peguei uma de suas mãos e, aproveitando a sensação boa de sua pele contra a minha, tentei baixar meu tom de voz, dizendo com convicção: – Ao menos... Eu gostaria que fosse da sua conta.

– Ah. Ora, bem, está certo...

Ela parecia nervosa, o que me fez sorrir.

– Então, você não estava só me evitando esta noite, você realmente estava precisando pensar? – Perguntei lentamente, testando suas reações. Eu precisava saber dos seus sentimentos em relação a mim, e a hora exata era aquela.

– Eu não estava evitando você. É só que... – Zoey hesitou por alguns instantes. Minha aflição crescia a cada segundo. – Tem muita coisa acontecendo comigo no momento. Toda essa história de Transformação me deixa bem confusa às vezes.

O alívio foi instantâneo. Então, ela não estava me evitando por pensar que eu fosse um perseguidor, muito menos por causa de Afrodite. Zoey apenas estava com medo da transformação, medo por ser tão diferente dos outros e não saber lidar com isso. Às vezes, eu esquecia que ela fora Marcada há poucos dias, afinal, sua aparência transpassava alguém já muito acostumado com esse mundo. Aliás, todos pareciam se esquecer disso, mas era algo natural, pois a transição de humano para vampiro, ao menos aqui na House of Night, não era uma novidade. Ao contrário de para quem entrasse, é claro.

– Depois melhora. – Tentei tranquilizá-la, apertando suas mãos para lhe passar toda a segurança que eu poderia naquele momento.

– Por alguma razão, no meu caso, eu duvido.

Ri de sua ingenuidade, passando o dedo pela Marca já preenchida em sua testa. Por alguma razão desconhecida, Nyx a escolheu mesmo antes de ela sequer se acostumar com esse mundo desconhecido.

– Você só está à frente do resto de nós. – Eu disse. – No começo é duro, mas, pode acreditar em mim, vai ficar mais fácil; até para você.

Ela suspirou.

– Espero que sim.

Paramos em frente à porta do seu dormitório. Eu teria de deixá-la ali agora, mas eu não queria, ao menos não sem antes tirar todas as dúvidas que ela pudesse ter sobre Afrodite e eu.

– Z., não acredite nas merdas que Afrodite diz. Ela e eu não temos nada há meses.

– Mas tinham.

Ela precisava me lembrar disso toda vez?

– Ela não é uma pessoa muito legal, Erik. – Zoey disse com gentileza.

– Eu sei disso.

Estava pronto para entregar os pontos e me despedir, desistindo de vez, quando suas próximas palavras me fizeram parar:

– Não gosto do fato de você se prestar a ficar com alguém tão mesquinho. Fico me sentindo estranha de querer ficar com você. – Abri a boca para me defender, dizendo que ela não precisava se preocupar com isso, mas ela me interrompeu. – Obrigada por me acompanhar até aqui. Gostei de você ter me encontrado outra vez.

– Eu também gostei de te encontrar. – Eu disse com sinceridade. – Gostaria de revê-la, Z. E não só por acaso.

Ela hesitou por um momento, e automaticamente fiquei tenso. Será que depois de tudo ela ainda iria me dispensar? Confesso que eu não me sentia preparado para levar outro fora, ainda mais tão definitivo como esse. Porém, ela me surpreendeu:

– Ok, que tal assistirmos àqueles DVD’s de nerd no sábado?

Sorri como um idiota. Ela queria sair comigo! Há, Cole e TJ não iria acreditar se eu contasse.

– Combinado. – Respondi.

Subitamente, meus olhos escorregaram até seus lábios entreabertos, reascendendo aquela vontade insana de beijá-la. Eu queria aquilo, e muito, mas não sabia se ela estava pronta para fazer ou reagir da mesma forma que eu, por isso, inclinei-me devagar, dando qualquer espaço para que ela se afastasse. A espera era torturante ao mesmo tempo em que excitante, mas quando finalmente selei seus lábios nos meus, tudo pareceu sumir da minha mente.

Aquilo era mil vezes melhor do que meu sonho maluco, e me senti um idiota por sequer compará-lo com a realidade. Os lábios grossos de Zoey eram macios contra os meus, quentes. Seu cheiro doce me inebriava, alterando meus sentidos como louco. Eu tinha certeza de que jamais havia sentido nada como isso antes.

– Que bom que você me convidou outra vez. – Eu disse assim que nos separamos. Senti suas mãos em meu peito.

– Que bom que você finalmente aceitou. – Ela respondeu com um sorriso.

Então, eu a beijei novamente, desta vez sem hesitação. Eu apenas seguia meus instintos esfomeados, desejosos. Seu beijo me deixava viciado, era intenso e muito bom. Escorreguei minhas mãos até sua cintura, sentindo ela fazer o mesmo envolta de meu pescoço, o que nos aproximou ainda mais. Senti seus seios encostando em meu peito, e gemi com a sensação arrepiante que isso me causou.

Estava tão concentrado em nosso momento que me surpreendi quando, repentinamente, ela começou a se desvencilhar de meu aperto. Segurei-a no lugar, sem querer que ela se afastasse.

– O que foi? – Perguntei preocupado. Será que eu tinha feito algo de errado? – Por que, de repente, você pareceu ficar diferente?

– Erik, eu não sou como Afrodite. – Ela respondeu, fazendo força para se desvencilhar de mim. Com um suspiro, eu a soltei.

– Eu sei que não é. – Eu disse. – Se fosse, eu não gostaria de você.

– Não estou falando só de personalidade. Estou dizendo que ficar dando bandeira com você aqui fora não é um comportamento normal para mim.

– Tudo bem. – Eu estava desesperado para tocá-la novamente e encerrar nossa pequena discussão com um beijo, pois não queria falar sobre Afrodite, não agora que eu a tinha finalmente em meus braços. Porém, seu olhar sério me fez parar. Ela tinha razão quando dizia não ser como aquela cobra venenosa. – Zoey, você me faz sentir algo bem diferente de tudo que já senti antes.

Seu rosto enrubesceu até o alto das bochechas. Aquilo era tão atraente. Eu não me cansava de olhá-la.

– Não seja condescendente comigo, Erik. – Ela falou. – Eu vi você no corredor com Afrodite. Está na cara que você já sentiu esse tipo de coisa antes, e mais ainda.

Suas palavras me magoaram.

Eu sabia que tudo aquilo era verdade, que eu realmente fora louco por Afrodite e me arrastava aos seus pés como um pau mandado, que eu adorava nossas horas de sexo mais loucas e todas as vezes em que escapávamos das vistas dos vampiros adultos para das uns amassos naquele maldito corredor. Porém, eu acabei percebendo – talvez tarde demais – que nada daquilo que fazíamos era suficiente. Eu queria mais. Eu não queria apenas sentir usando meu lado físico, eu queria sentimentos.

Irritei-me um pouco por Zoey ter tocado no assunto logo agora, afinal, eu achava que já tínhamos esclarecido as coisas e as colocado em ordem, e que ela houvesse entendido a diferença. Pelo visto, eu me enganei.

– O que Afrodite me fazia sentir era só físico. – Respondi com uma pontada de dor na minha voz. – O que você me faz sentir tem a ver com tocar meu coração. Eu conheço a diferença, Zoey, e pensei que você conhecesse também.

Depois de ouvir minhas palavras, Zoey pareceu surpresa. Acho que ela não esperava uma reação tão sincera de minha parte e, para falar a verdade, eu surpreendi até mesmo a mim revelando tudo o que sentia de maneira tão branda. Havia arrependimento em seus olhos quando se prenderam aos meus, o mesmo tom esverdeado que se fixou tanto em meus pensamentos nos últimos dias. Levou cerca de vários segundos até que ela sussurrasse as próximas palavras.

– Desculpe, foi maldade minha. Eu conheço a diferença. – Ela pareceu sincera.

– Prometa que você não vai deixar Afrodite se intrometer entre nós dois. – Eu pedi.

– Prometo. – Respondeu sem piscar.

– Ótimo. – Eu estava feliz demais. Tão feliz, que nem ao menos me importei quando Nala roçou as pernas de sua dona e a distraiu momentaneamente de mim.

– Acho melhor entrar e colocá-la para dormir. – Ela anunciou.

– Tudo bem. – Eu disse a ela. Sorrindo como um bobo, eu me abaixei até alcançar seus lábios em um beijo rápido. – Até sábado, então, Z.

Observei Zoey se afastar com um enorme sorriso nos lábios.

A vida era tão engraçada: mais cedo, eu estava completamente triste e sem esperanças de conseguir algo com ela, tentando dormir ou fazer meu trabalho para esquecê-la. Porém, agora, eu estava aqui, depois de acertar nossas contas de uma maneira completamente favorável, sonhando com o momento em que nos encontrássemos mais uma vez.

Quando eu iria imaginar que, de um começo de noite desastroso, ela acabaria tão empolgante e renovadora?


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Notas finais do capítulo

Bem, espero que tenham gostado do capítulo.
Ele me deu um pouquinho mais de trabalho, já que recebi um puxão de orelha bem conveniente. Me disseram que eu estava deixando minhas emoções atrapalharem a vida do Erik um pouquinho demais, e eu acabei relendo o capítulo 17 à procura dos meus equívocos. Deu que essa pessoa estava com total razão, por isso, foquei-me duplamente em não deixar nada fora dos eixos. Desculpem se, mesmo assim, eu fiz coisa errada, mas posso afirmar que tentei.
Mas, mudando de assunto, estamos mais do que nunca em reta final, sabiam? Pois é, faltam apenas dois capítulos para o fim da fanfic. Já não era sem tempo, né? asuhhsushusuhuhuh. Com sorte, se um dos que eu estou pensando for grande demais, MPEN ainda terá mais um, ou seja, mais três, mas eu não pretendo fazer isso. Então, aproveitem o final dessa novela mexicana, ok?
Nos vemos mais tarde!
Beijos,

Roberta Matzenbacher.