Lucca possuía uma bola de futebol debaixo do braço e sua camisa estava suja de lama. Confesso que eu não senti nenhuma vontade de lhe dar um abraço, mas ele era meu filho e fazia muito tempo que eu não o via. Larguei a blusa que segurava e peguei o meu filho no colo. Ele não protestou e apenas apertou forte o braço ao redor do meu pescoço.

-Senti sua falta mamãe!

-Eu também meu anjo. -Sussurrei colocando-o no chão. –Lucca, aquela é a Nareesha. Ela veio conhecer o Brasil e você.

Ele olhou timidamente para a menina e depois saiu correndo do quarto. Nareesha gargalhou alto e voltou a arrumar as suas roupas dentro do pequeno guarda roupa.

-Não sei de quem ele puxou essa timidez por que nem você e nem o Tom são assim!

Fuzilei-a com os olhos e ela riu mais ainda.

-Peço que não toque nesse nome enquanto estivermos aqui. O Lucca só o conhece pela banda e vai estranhar nós ficarmos falando direto dele e minha mãe... Bem minha mãe, diz que ele foi o melhor genro que já teve na vida, então é melhor não tocar no assunto.

Ela não respondeu nada já que estava ocupada olhando uma pequena mancha em sua roupa. Peguei a blusa que havia largado e dobrei-a colocando em uma das gavetas do armário. Foi assim que passamos a maior parte do dia: arrumando as roupas.

[...]

-Eu nunca imaginei que o brigadeiro era tão bom! Meu Deus precisamos levar um pouco para os meninos, eles vão pirar! -Nareesha falava enquanto atacava a panela de brigadeiro que minha mãe havia feito.

Depois de arrumarmos as roupas, descemos para a cozinha e minha querida mãe estava fazendo todos os tipos de sobremesas brasileiras para a minha amiga. Quem mais gostou foi o Lucca, que comeu tanto que acabou adormecendo no meu colo.

Who's that chick?

Who's that chick?

Too cold for you to keep her

Too hot for you to leave her

Meu telefone tocou no meu bolso e eu atendi rapidamente.

-Alô?

-Oi Natalie, eu estou ligando do celular do Jay, o meu acabou a bateria. Está muito tarde? Liguei numa hora inoportuna?

-Não Nath, ainda está cedo. Achei que você só fosse ligar amanhã!

-Você está falando com aquele seu novo namorado? Pergunta a ele como o Thomas está! Por que aquele sim era um bom genro!- Minha mãe falou e como não sabia se o Nathan havia escutando sai da sala por via das duvidas.

-Sobre hoje mais cedo, eu não respondi por que eu não tenho certeza se realmente lhe amo. Não entenda mal, mas não quero dizer uma coisa e depois não ser capaz de poder demonstrar ou provar.

-Natalie, eu entendo você! Eu só disse por que eu estava com medo de lhe perder. Eu não sei quem você vai reencontrar ai no Brasil e se achasse alguém melhor do que eu? Eu posso ter varias garotas aos meus pés só porque sou cantor, mas nenhuma delas vai chegar aos seus pés, você é única e eu irei fazer o que for possível pra nunca lhe perder.

-Nathan você está bêbado?

-Não! Eu só bebi um pouco, mas eu não estou bêbado. Olha vou ter que desligar porque o Jay está gritando aqui que uma ligação pro Brasil custa muito caro. Eu te amo!

Não lhe respondi e apenas desliguei o telefone voltando para a sala em seguida. Passei o resto da noite em claro já que não conseguia dormir pelo fato de que muitas coisas passavam pela minha cabeça. Todo aquele papo de que “varias garotas aos meus pés, mas nenhuma delas vai chegar aos seus pés” não me convencia. Nathan era homem e junto com os outros garotos eram capazes de fazer loucuras.

Nareesha dormia feito um anjo e ela sim que tinha sorte. Já estava há quatro anos com o Siva e com certeza ele a pediria em casamento. Nareesha não precisaria mentir para quem sabe ter um pouco de felicidade, pensei. E com aqueles pensamentos, acabei adormecendo.