– Faltam duas semanas para a competição. – Thais lembrou nervosa.

A dançarina guardou o material escolar no armário e o fechou.

– Eu sei. Eu sei. Você só fala disso. – reclamou Isabelle também guardando seu material.

– E você bem que podia se interessar um pouco... – falou sem paciência.

– Eu não me interesso por competições de canto estúpidas, me desculpe... me prenda por isso. – a loira retrucou com um sorriso de escárnio.

Thais suspirou e balançou a cabeça desistindo daquela inútil discussão. A dupla começou a andar pelos corredores da escola em direção as escadas que levavam ao andar térreo. A alguns passos do primeiro degrau a dançarina olhou para os lados, procurando alguém ou checando algo, e voltou a falar:

– É bem capaz de você ir parar atrás das grades.

Isabelle parou em um tranco. Seus olhos subiram rapidamente para o rosto da amiga, as sobrancelhas juntaram-se em desconfiança e seu sorriso murchou.

– De que droga... você esta falando?

Thais não olhou para a loira, se o fizesse perderia a coragem de completar aquela conversa.

– Do que você e a sua amiga argentina fizeram na festa.

– Primeiro. Não sei do que você esta falando, todas aquelas piruetas devem ter feito o seu cérebro não funcionar corretamente. Segundo, ela é colombiana.

– Não adianta mentir... eu sei que foram vocês.

– Provas?

– Até onde sei foram as únicas a não ficarem bêbadas.

– Temos alta resistência contra álcool.

– Ficaram nervosas quando a professora Yanne relatou que seria aberta uma investigação...

– Tenho problemas com autoridades investigando minha vida... eu assisti O Vizinho, sei como funciona.

– Te conheço há oito anos.

Isabelle ergueu uma sobrancelha, cruzou os braços e por fim suspirou.

– Touché.

Thais finalmente encarou a amiga e disse em um tom sério, porém preocupado.

– Tome cuidado. Se te pegarem eles vão te expulsar... é quase certeza.

O sorriso de escárnio, de deboche voltou.

– Se me pegarem.

E então se adiantou à amiga e desceu as escadas. Quando já estava a muitos degraus de distancia ouviu a outra gritar:

– Se odeia tanto competições de canto por que esta em um Coral?!

E a loira continuou seu caminho sem seu sorriso.

–- --

Ronaldo, um grande amigo de Tiago, tinha sido convidado para ajudar o coral na preparação para as Regionais, assim como outras amigas de Tiago. O rapaz de dezessete anos, com quase dois metros, moreno e de cabelos bagunçados tocava sua guitarra com toda calma do mundo. Atrás dele a banda da escola acompanhava e juntos formavam uma incrível melodia.

[RONALDO]

Every time that I look in the mirror
All these lines on my face getting clearer
The past is gone
It went by like dusk to dawn
Isn't that the way
Everybody's got their dues in life to pay

Yeah, I know nobody knows
Where it comes and where it goes
I know it's everybody's sin
You got to lose to know how to win

Half my life's in books' written pages
Live and learn from fools and from sages
You know it's true
All the things you do come back to you

Sing with me, sing for the years
Sing for the laughter and sing for the tears
Sing with me, if it's just for today
Maybe tomorrow the good Lord will take you away

Dream on, dream on, dream on
Dream until your dream comes true
Dream on, dream on, dream on
And dream until your dream comes true

Dream on! Dream on! Dream on!
Dream on! Dream on! Dream on! Dream on!

Yeahhhh!!!

Os aplausos foram inevitáveis. O rapaz tinha dado um show. Isabelle abanava a si mesma enquanto prendia os fios loiros acima da cabeça.

– Isso foi quente!

Ronaldo riu sem jeito, mas mandou uma piscadela para a loira, que retribuiu com um beijinho. Raisse e Daniele riam disfarçadamente do avanço descarado da garota.

– Então... O que veio nos ensinar hoje? Além, claro, de como ser absolutamente sexy… - Isabelle continuou com seu flerte desenfreado, mas irresistível.

O sorriso de Ronaldo aumentou e ele retirou a guitarra dos ombros.

– Bom... Posso ensinar várias coisas, mas acho melhor em aulas particulares...

– Ok, ok. Vamos parar com esse esculacho publico, por favor. – Thais interrompeu os dois.

Tiago forçou uma tosse para chamar a atenção de todos.

– Eu concordo. – falou o moreno olhando para Ronaldo – O tempo é curto amigo...

– Ah, claro. – ele procurou algo nos bolsos e quando achou jogou para Isabelle – Meu numero... – e deu as costas indo para o centro da sala. Isabelle abriu um largo sorriso.

– Bom, hoje falaremos sobre... Sonhos.

A maioria dos integrantes do grupo, aqueles que não estavam irremediavelmente entediados ou em transe com a beleza de Ronaldo, entreolharam-se tentando entender o significado da lição.

– Eu tive um bem estranho noite passada... Sonhei que estava sonhando e no sonho desse sonho um jacaré me perseguia para roubar minhas amoras... – falou Aline ingenuamente.

Igor abriu um sorriso verdadeiro e acariciou o rosto da namorada. Daniele balançou a cabeça não acreditando no que ouvia.

– Bem... não estamos falando desses sonhos… estamos falando de metas para vida, desejos, algo que vocês almejem ou desejem para um futuro distante ou não.

– E então eu caia por um buraco infinito... – Aline continuava sua narração como se não tivesse entendido o que o rapaz tinha dito.

Ronaldo encarou a menina imaginando se aquilo era uma brincadeira de mal gosto consigo.

– Relaxa. – falou Manuella – Ela entrou no modo “Aline” de ser... – fez aspas com os dedos – Só continue a explicação.

– Ok... – falou um pouco inseguro – A importância de saber qual seu sonho e se conectar com ele é muito importante para uma performance por que...

– Te deixa focado. – respondeu Raisse.

– Isso...

– Te deixa motivado... – falou Daniele.

– Também...

– E o gigante disse “Eu vou comer suas berinjelas...”.

– Claro... O que?!

– Não eram amoras? – perguntou Bianca gentilmente.

– Eram amoras berinjelas. – respondeu Aline com um olhar vago e levemente desinteressada.

Isabelle rolou os olhos.

– Ignore e continue. – pediu a loira.

Ronaldo continuou a explicação mesmo hesitante.

– Bom. A união desses fatores faz com que você traga uma veracidade para suas apresentações. Então não estamos falando somente de Sonhos, mas de dedicação, motivação, foco, determinação, veracidade... Os sonhos de uma pessoa são aqueles “algo mais” de uma performance. Elas alimentam a alma de um artista e uma alma bem alimentada cria maravilhas.

– A tarefa da semana é cantar sobre sonhos então? – perguntou Caio.

– Sim e não... Cantem sobre seus sonhos, mas não sobre qualquer um. Tragam seus verdadeiros desejos a tona e façam uma maravilhosa performance.

A maioria da turma ficou animada com a tarefa.

– E o Chuck Norris apareceu e explodiu o mundo do Mario...

Ronaldo encarou a garota já sem paciência.

– Que Mario?!

– Sério que você quer brincar disso? – ela perguntou com uma cara surpresa.

O sinal tocou e o rapaz foi o primeiro a sair, soltando fumaça pelas orelhas e pisando forte.

–- --

Raisse ajeitou a partitura e a entregou para o pianista que rapidamente começou a tocar e o restante da banda o acompanhou. Caio se afastou do piano e foi para o centro do palco.

[CAIO]

Right from the start
You were a thief, you stole my heart
And I, your willing victim
I let you see the parts of me
That weren't all that pretty
And with every touch
You fixed them

Raisse aproximou-se de Caio e segurou sua mão em um pedindo mudo. Os dois trocaram olhares.

[RAISSE]

Now you've been talking in your sleep oh oh
Things you never say to me oh oh
Tell me that you've had enough
Of our love
Our love

[CAIO]

Just give me a reason
Just a little bit's enough
Just a second we're not broken just bent
And we can learn to love again

[RAISSE]

It's in the stars
It's been written in the scars on our hearts
We're not broken just bent
And we can learn to love again

Oh tear ducts and rust

[CAIO]

I'll fix it for us

[RAISSE]

We're collecting dust
But our love's enough

[CAIO]

You're holding it in

[RAISSE]

You're pouring a drink

[CAIO]

No nothing is as bad as it seems

[RAISSE]

We'll come clean

[CAIO e RAISSE]

Just give me a reason
Just a little bit's enough
Just a second we're not broken just bent
And we can learn to love again
It's in the stars
It's been written in the scars on our hearts
We're not broken just bent
And we can learn to love again

[RAISSE]

Oh, we can learn to love again

[CAIO]

Oh, we can learn to love again
Oh, that we're not broken just bent

[CAIO e RAISSE]

And we can learn to love again

Caio terminou a música sem soltar mão de Raisse. A banda deixou o palco.

– Foi... ótimo.

O comentário fez a garota sorrir.

– Sim. Um ótimo ensaio.

– Mas...

Raisse ergueu uma sobrancelha, soltou a mão do loiro e afastou-se rapidamente.

– Qual o problema? Eu achei... acho que essa música retrata bem os nossos desejos não é... você... você quer voltar para mim...

Caio olhou para os pés e seu rosto ficou vermelho de vergonha.

– N-não quer? – a pergunta foi feita em um tom acusatório.

– E-eu... eu gosto de você Raisse. Desde da primeira vez que te vi eu gostei. – e finalmente tomou coragem para encarar Raisse. O rosto da garota estava lívido, sua expressão estava dura, não chorava, mas estava próxima a isso. – Você é linda, linda.

– Fala logo...

O loiro engoliu a seco.

– Eu... não quero mais ficar com você.

– Por que? – a voz quase não saiu para fazer essa pergunta.

– Eu...

– Sou difícil! Eu sei. Não sou a pessoa mais agradável, simples, amigável, gentil do mundo, mas… Eu posso melhorar.

– Você não precisa melhorar. – falou Caio em um tom de consolo – Só precisa de alguém que ame você por inteiro, que aguente você apesar de tudo.

– E por que não pode ser você?!

– Eu não sei! – gritou o loiro.

O grito assustou a garota. Mas ainda assim a postura dura não se perdeu.

– E-eu... só queria ser amada uma vez na vida...

– Rai...

– Sai. – pediu.

– Rai… me…

– Sai!! – a voz saiu muito mais aguda com o grito.

Foi à vez do loiro se assustar. E diferente da outra, ele não sabia o que fazer. Pensou em se aproximar e tentar consola-la, mas decidiu acatar o pedido e saiu o mais rápido possível do Auditório.

E as lágrimas rolaram.

–- --

Na sala do coral, Aline, Igor, Manuella e Bruno se preparavam para se apresentar. Tiago e Bianca conversavam animados com Daniele. Isabelle, Thais e Raisse estavam sentadas juntas, próximas a porta, nenhuma delas com uma cara feliz. Caio e Ronaldo também conversavam quando a música começou.

[ALINE]

Sweet dreams are made of this
Who am I to disagree?
I travel the world
And the seven seas
Everybody's looking for something

[IGOR e ALINE]

Some of them want to use you
Some of them want to get used by you
Some of them want to abuse you
Some of them want to be abused

[MANUELLA]

Sweet dreams are made of this
Who am I to disagree?
I travel the world
And the seven seas
Everybody's looking for something

[ALINE]

Hold your head up
Keep your head up

[BRUNO e IGOR]

Movin' on

[ALINE]

Hold your head up

[BRUNO e IGOR]

Movin' on

[ALINE]

Keep your head up

[BRUNO e IGOR]

Movin' on

[ALINE]

Hold your head up

[BRUNO e IGOR]

Movin' on

[ALINE]

Keep your head up

[BRUNO e IGOR]

Movin' on

[ALINE]

Hold your head up

[BRUNO e IGOR]

Movin' on

[ALINE]

Keep your head up

[MANUELLA]

Some of them want to use you
Some of them want to get used by you
Some of them want to abuse you
Some of them want to be abused

[IGOR, BRUNO e ALINE]

Sweet Dreams are made of this
Who am I to disagree?
I travel the world
And the seven seas

[IGOR, BRUNO, ALINE e MANUELLA]

Everybody's looking for something

Com o fim da apresentação os alunos que estavam assistindo bateram palmas. Ronaldo encarava confuso o grupo em pé no centro da sala.

– Boa música, mas eu não entendi onde ela se encaixa na tarefa.

– A tarefa não era cantar sobre sonhos? – Alice perguntou com inocência – Então...

Ronaldo massageou as têmporas e respirou fundo contando até dez.

– A tarefa é cantar sobre seus sonhos, suas intenções e seus desejos! Não cantar literalmente sobre sonhos.

– Ah... – Alice coçou a cabeça sem graça e então se virou para seus amigos – Por que não me avisaram?

– Sinceramente? – começou Manuella – Eu nem estava prestando atenção ao que ele falava.

– Dois. – respondeu Bruno dando de ombros.

– Eu vou dar outra chance para vocês... – falou Ronaldo pausadamente – Agora, por favor, sentem-se e prestem atenção as próximas apresentações.

– Eu sou a próxima. – declarou Raisse e levantou-se sem esperar por protestos.

Assim que Raisse posicionou-se no centro da sala, uma melodia suave começou a tocar.

[RAISSE]

A simple choice, nothing more
This or that, either or
Marry well, social whirl, business man, clever girl
Or pin my future on the boy I love
What kind of life am I dreaming of?

I say gimme, gimme ... gimme, gimme
Gimme, gimme that thing called love
I want it
Gimme, gimme that thing called love
I need it
Highs and lows, tears and laughter
Gimme happy ever after
Gimme, gimme that thing called love…

Gimme, gimme that thing called love
I crave it
Gimme, gimme that thing called love
I'll brave it
Thick 'n thin, rich or poor time
Gimme years and I'll want more time
Gimme, gimme that thing called love

Gimme, gimme that thing called love
I'm free now
Gimme, gimme that thing called love
I see now
Fly, dove
Sing, sparrow
Gimme Cupid's famous arrow
Gimme, gimme that thing called love

I don't care if he's a nobody
In my heart he'll be a somebody
Somebody to love me!!!!!

Aquela era uma performance visceral. A dor, o apelo, a necessidade, o desespero, tudo podia ser sentido pelos que escutavam. A apresentação arrepiava Tiago. Não só ele. Todos os presentes estavam hipnotizados. E os aplausos vieram antes do fim da música.

I need it!
Gimme, gimme that thing called love
I want it

Here I am, St. Valentine
My bags are packed, I'm first in line
Aphrodite, don't forget me
Romeo and Juliet me
Fly, dove! Sing, sparrow!
Gimme fat boy's famous arrow
Gimme, gimme that thing called love!

–- --

– Uau! Há tempos eu não tenho uma aula de ballet clássico! – comentou Thais depois de jogar-se esgotada no chão.

– E o meu amor sabe dar uma boa aula. – Tiago sorriu e beijou Bianca ternamente. A garota ficou vermelha de vergonha, mas sorriu.

– Você esta me bajulando demais. – ela falou sem graça.

– Você merece.

O moreno a abraçou e começou a fazer carinhos em sua cabeça. Thais pigarreou alto chamando a atenção dos dois.

– Eu ainda estou aqui... só lembrando. – falou envergonhada.

Os três começaram a rir. Tiago sentou-se no chão e puxou a namorada para o seu colo.

– Há quanto tempo você dança? – Thais perguntou.

– Bastante tempo. – respondeu Bianca sorrindo – Ballet clássico sempre é o sonho de toma menina.

– Há, isso é verdade. – Thais sorriu – E você Titi?

– Titi?!

Bianca gargalhou ao ouvir o apelido do namorado, Tiago fingiu estar bravo, mas um sorriso brotou em seus lábios.

– Comecei com aulas de dança livre, depois fui para o ballet, quando estava maior. – o moreno respondeu – Meu pai nos deixou quando eu tinha cinco anos... Minha mãe trabalhou por três pessoas e eu não podia ficar em casa sozinho, nem com meus irmãos na creche... então fazia aulas de canto, dança, diferentes esportes... – ele deu de ombros – No fim, foi tudo bem... eu amo dançar e cantar.

Thais ficou sem graça com a história e se apressou em desculpar-se:

– Desculpe... eu não queria...

– Esta tudo bem. – ele a tranquilizou.

Um silêncio constrangedor atingiu a sala de dança.

– O meu pai... batia na minha mãe... – explicou Thais - Ele... bebia demais e... as aulas de ballet eram noturnas, minha mãe me matriculou para que eu não ficasse muito tempo em casa... nem ela.

Bianca se aproximou da garota e massageou seu ombro.

– Esta tudo bem.

Thais sorriu.

– Agora sim... ela se separou dele há alguns anos. – a garota parou por alguns segundos olhando para a janela e então sorriu – Eu... Eu quero criar um lugar onde outras crianças possam se sentir seguras... como eu me senti quando saia de casa para ir aprender dança. Como eu me sinto quando danço.

Bianca e Tiago trocaram olhares rápidos e então sorriram.

– Eu também me sinto ótima dançando. Cantando. – respondeu Bianca – É o que eu quero fazer pelo resto.

O moreno concordou.

– Eu acho que encontramos nossos sonhos. – ele falou calmamente – E nossa música.

Então se levantou, caminhando até o som e conectou o celular. Escolheu uma música e apertou o play. A suave música rapidamente tomou conta do ambiente.

[THAIS]

Daddy always thought that he married beneath him
That's what he said, that's what he said
When he proposed he informed my mother
It was probably her very last chance
And though she was twenty-two
Though she was twenty-two
Though she was twenty-two
She married him

Enquanto cantava a garota levantava e ia para o centro da sala.

Life with my dad wasn't ever a picnic
More like a "Come as you are,"
When I was five I remember my mother
Dug earrings out of the car
I knew that they weren't hers
But it wasn't something you'd wanna discuss
He wasn't warm
Well, not to her…
Well, not to us

Tiago ajudou a namorada a levantar e os dois se aproximaram de Thais.

But everything was beautiful at the ballet
Graceful men lift lovely girls in white
Yes, everything was beautiful at the ballet
I was happy... at the ballet

That's when I started ballet class

[BIANCA, THAIS e TIAGO]

Up a steep and very narrow stairway

[TIAGO]

To the voice like a metronome

[BIANCA, THAIS e TIAGO]

Up a steep and very narrow stairway

[THAIS]

It wasn't paradise

[BIANCA]

It wasn't paradise

[THAIS e TIAGO]

It wasn't paradise

[BIANCA]

But it was home

O trio estava em pé em cima do palco do Auditório, as garotas vestiam vestidos pretos diferentes um do outro, o de Thais era um tomara que caia longo, enquanto o de Bianca possuía alças finas e terminava um pouco antes dos joelhos. Tiago estava com calça e camisa sociais totalmente pretas.

[BIANCA]

Mother always said I'd be very attractive
When I grew up, when I grew up
"Different," she said, "With a special something
And a very, very personal flair."
And though I was eight or nine
Though I was eight or nine
Though I was eight or nine
I hated her

Now, "Different" is nice, but it sure isn't pretty
"Pretty" is what it's about
I never met anyone who was "different"
Who couldn't figure that out
So beautiful I'd never lived to see
But it was clear
If not to her
Well, then to me

That…

[BIANCA, THAIS e TIAGO]

Everyone is beautiful at the ballet

[TIAGO]

Every prince has got to have his swan

[BIANCA, THAIS e TIAGO]

Yes, everyone is beautiful at the ballet
I was pretty
At the ballet

[TIAGO]

I was born to save their marriage
but when my father came to pick my mother up
at the hospital
he said, "Well, I thought this was going to help
but I guess not..."
A few years later he left and he never came back
Anyway, I had this fantastic fantasy life
I used to dance around the living room
with my arms up like this
And in my fantasy, there was an Indian Chief
And he would say to me
"Tiago, do you wanna dance?"
And I would say, "Daddy, I would love to dance!"

Alguns alunos do clube de dança saíram das coxias trajando roupas de ballet clássico e dançavam ao redor dos três.

[BIANCA]

But it was clear…

[THAIS]

When he proposed…

[TIAGO]

That I was born to help their marriage and when…

[BIANCA]

That's what she said

[THAIS]

That's what he said

[TIAGO]

I used to dance around the living room

[THAIS]

He wasn't warm
Not to her

[TIAGO]

It was an Indian chief and he'd say
"Tiago, do you wanna dance?"
And I'd say, "Daddy, I would love to..."

[BIANCA, THAIS e TIAGO]

Everything was beautiful at the ballet
Raise your arms and someone's always there

[BIANCA e THAIS]

Yes, everything was beautiful at the ballet
The ballet
The ballet!!!!

[BIANCA, THAIS e TIAGO]

Yes, everything was beautiful at the ballet (Tiago: Hey!)

[BIANCA]

I was pretty

[THAIS]

I was happy

[TIAGO]

I would love to...

[BIANCA, THAIS e TIAGO]

At...the...ballet

Ronaldo levantou-se da poltrona do Auditório e puxou as palmas.

– Muito bem.... um pouco lento demais pro meu gosto, mas foi bom...

Os três sorriram e agradeceram.

– Eu adorei esse exercício. – falou Thais – Finalmente sinto que... sabendo o que quero e por que quero... estou sendo verdadeira comigo. – ela sorriu.

Raisse encarava a colega um pouco envergonhada.

– Ser verdadeiro com seus desejos é o primeiro passo para descobrir seus sonhos. – falou Ronaldo displicente – Muito bem Thais.

–- --

– Ótima apresentação...

– Obrigada. Eu sei que não estava no mesmo nível do Tiago e da Bianca, mas...

– Estava linda. Cantou muito bem.

Thais terminou de arrumar suas coisas na mochila e virou-se para Raisse. Sua expressão não era das melhores.

– Me elogiando... você não costuma fazer isso.

A morena se aproximou, olhando firmemente nos olhos da bailarina.

– Eu mudei.

– Isso é verdade. Há alguns meses você me escorraçou e agora conversa comigo sem problemas.

– Pensei que tivesse me perdoado.

– Perdoei. Perdoei a Raisse que eu conheço... não essa bagunça que você é agora.

– O que quer dizer?

– A música que você cantou essa semana... apesar de ser um clássico da Broadway, você não a cantaria para uma tarefa e...

– E?

– Parecia que... você realmente estava sentindo isso.

– Talvez eu estivesse.

– Você não é assim.

Raisse se aproximou mais de Thais.

– Talvez eu finalmente esteja abrindo meu coração... Eu... eu realmente acho que preciso de um amor...

Finalmente a bailarina deixou um pequeno sorriso escapar de seus lábios.

– Não. Você não acha isso.

A morena ergueu uma sobrancelha, surpresa.

– Esta duvidando de mim. – a pergunta soou mais como uma afirmação.

– Duvidando dos seus sentimentos, talvez... Você esta carente e quer alguém pra te tirar dessa fossa. – ela olhou severa para Raisse – Não sou muleta emocional.

– Eu não disse que era. – Raisse pareceu nervosa.

Thais suspirou sofregamente.

– O Tiago não é um joguete para um plano diabólico, o Caio não é uma distração para o seu divertimento e eu não sou muleta...

Raisse estava espantada com o que foi dito pela amiga, principalmente pelo tom ressentido e determinado que sua voz tomou.

– Você não precisa de ninguém para juntar seus cacos e se reerguer, só precisa de coragem.

– E-eu...

– Eu te amo. – a morena arregalou os olhos com a declaração inusitada – Eu só queria que ouvisse da minha boca. Eu te amo. Mas só podemos ficar juntas quando essa afirmação sair da sua boca. – a bailarina pegou a mochila e foi embora.

–- --

Tiago ensaiava alguma música no piano da sala do coral.

– Dó, Ré... não... o tom esta muito alto.

– Esta perfeito para mim.

A voz de Caio assustou o moreno. O loiro estava parado na porta e encarava o colega com um sorriso. Tiago voltou sua atenção para o piano e tornou a dedilhar as teclas de marfim.

– Entendi... tratamento de gelo. – falou Caio dando de ombros. Ele se aproximou de Tiago, o suficiente para entrar na visão periférica do rapaz – Vou ficar aqui até você ir embora ou falar comigo.

O moreno respirou fundo e fechou o piano.

– Por que fez aquilo? – perguntou sem ainda encarar o loiro – E não me diga que foi a bebida ou...

– Não. Não foi. – a resposta de Caio fez com que o outro o encarasse. O loiro estava vermelho – E-eu não sei o que foi, mas... – inspirou profundamente, segurou o ar dentro de si e o soltou lentamente – O Ronaldo disse que devemos ser verdadeiros com nós mesmos... bem, eu não sei o que foi, mas eu senti uma imensa vontade de te beijar e... não, não me arrependo.

Tiago estava perplexo com a resposta do garoto.

– Eu gosto de você. – Caio completou após alguns segundos de pausa.

– Não tem como você ter certeza...

– Eu tenho! – o loiro cortou com convicção.

O moreno encarou as próprias mãos, de repente suas unhas pareciam muito atrativas.

– E-eu... Me desculpe Caio, mas eu não posso corresponder o que você sente...

Embora constrangido com a revelação do colega, Tiago afastou-se para garantir um espaço no banco do piano. Caio hesitou alguns segundos antes de sentar-se e encarar o piano com uma expressão nada boa.

– Me desculpe se deixei você...

– Esta tudo bem. – falou Tiago rapidamente – Eu... nunca imaginei que você...

– Eu também nunca imaginei que pudesse sentir isso por um cara, mas...

Tiago finalmente encarou o rapaz.

– Quando isso começou? – perguntou com receio, mas a curiosidade era palpável em sua voz.

Caio esperou um pouco antes de responder. Seu rosto adquiriu um tom escarlate muito forte.

– Há alguns meses, quando você adoeceu...

– Lembro que você me visitou...

– Isso. E depois de cantarmos com seus irmãos...

– Eu passei mal.

– E te ajudei a tomar banho pra... sabe – pigarreou – Ajudar a baixar a febre.

– Não lembro disso.

– É... então provavelmente não lembra que me beijou.

O moreno arregalou os olhos enquanto sua boca tomava o formato perfeito de um “O” e seu rosto ficava vermelho.

– Eu o que?!

– Bom... eu não acho que tenha sido intencional e nem que você sequer tenha percebido... certeza que você achou que eu era a Bianca, ou algo assim.

Caio percebeu o rapaz distanciar-se alguns centímetros, seu rosto expressava choque.

– Desde então... eu comecei a ter... – ele respirou fundo para continuar – Desejos. Acho que é... Desejos sobre como seria beijar você novamente.

Tiago continuava calado.

– Por isso... na festa… acho que o álcool ajudou, não sei, mas tomei coragem para te beijar. – o loiro falou envergonhado – Eu sei que você tem uma namorada e... eu juro, não quero atrapalhar nossa amizade... mais do que já atrapalhei.

O silêncio do moreno perdurou por longos segundos, tempo suficiente para Caio arrepender-se de tudo que tinha dito e se levantar pedindo desculpas.

– Espera. – pediu Tiago.

Ele respirou profundamente, seus olhos percorreram todas as teclas do piano e então subiram para se encontrarem com os globos azuis de Caio.

– Não estou chateado. Só... preciso de um tempo para digerir isso… eu já disse, eu não posso corresponder seus sentimentos, mas isso... – ele apontou para Caio e depois para o próprio peito – Não vai mudar nossa amizade. Por mais estranha e inconstante que ela seja.

Caio sorriu aliviado.

– Obrigado.

– Somos amigos, apesar de você ter me desprezado no começo por que eu era do Coral, de você ter me traído com minha ex-namorada, de ter desenvolvido sentimentos nem um pouco puros sobre minha pessoa...

– Você realmente não liga pra isso? – o loiro perguntou surpreso e com receio.

– Não sou preconceituoso, amor é amor, paixão é paixão, não importa por quem você sinta... Eu diria que a traição foi bem pior do que isso.

– Certo. Me desculpe por aquilo, novamente. – falou com um sorriso tímido brotando em seus lábios – E pelo beijo também.

– E não te culpo, eu sei que meu corpo é realmente irresistível... – falou Tiago com um sorriso sacana e recebeu um soco no ombro em resposta.

– Idiota.

O moreno mostrou a língua displicente.

– E... você vai contar a Bianca?

– Já contei. – respondeu simplesmente – Não tenho segredos com ela.

– Ah, isso explica porque ela não tem falado comigo.

– Nah, acho que é outra coisa. Ela entendeu a situação bem rápido e foi compreensível como sempre. Até me aconselhou a conversar com você.

Caio assentiu não muito convencido.

– Então... só pra confirmar. Nós...

– Somos amigos, estamos de boa. Só.

– E o beijo?

– Não vai se repetir.

– Mas... foi bom?

Tiago corou violentamente.

– P-por que quer saber?

Caio soltou uma risada forte.

– Desculpe.

O moreno rolou os olhos e bufou chateado. O loiro pediu desculpas, mas o amigo continuou bravo, tentou de tudo, piadas, cócegas, ameaças, mas nada mudou o humor do garoto. Por fim, se deu por derrotado e caminhou pela sala até um violão que estava encostado no canto perto do armário de partituras.

– E que tal uma música? Pra firmar nossa recém-renovada-novamente-amizade? Afinal nunca cantamos um dueto.

– Cantamos sim.

– Claro que não. Me liste um.

Tiago bufou, mas não negou a proposta. Caio começou a dedilhar uma canção para pegar o tom e logo estava tocando.

[CAIO]

White lips, pale face
Breathing in snowflakes
Burnt lungs, sour taste
Light's gone, day's end
Struggling to pay rent
Long nights, strange men

Tiago se deu por vencido e começou a tocar o piano.

[TIAGO]

And they say
She's in the Class A Team
Stuck in her daydream
Been this way since eighteen
But lately her face seems
Slowly sinking, wasting
Crumbling like pastries
And they scream
The worst things in life come free to us

[CAIO e TIAGO]

Cos we're just under the upperhand
And go mad for a couple of grams

[CAIO]

And she don't want to go outside tonight

[CAIO e TIAGO]

And in a pipe she flies to the Motherland
Or sells love to another man

[TIAGO]

It's too cold outside
For angels to fly
Angels to fly

Ripped gloves, raincoat
Tried to swim and stay afloat
Dry house, wet clothes
Loose change, bank notes
Weary-eyed, dry throat
Call girl, no phone

[CAIO]

And they say
She's in the Class A Team
Stuck in her daydream
Been this way since eighteen
But lately her face seems
Slowly sinking, wasting
Crumbling like pastries
And they scream
The worst things in life come free to us

[CAIO e TIAGO]

Cos we're just under the upperhand
And go mad for a couple of grams
But she don't want to go outside tonight

[TIAGO]

And in a pipe she flies to the Motherland

[CAIO]

Or sells love to another man

[CAIO e TIAGO]

It's too cold outside
For angels to fly

[TIAGO]

An angel will die
Covered in white

[CAIO]

Closed eye
And hoping for a better life

[TIAGO]

This time, we'll fade out tonight
Straight down the line

[CAIO]

And we're all under the upperhand
Go mad for a couple of grams

[TIAGO]

And we don't want to go outside tonight

[CAIO e TIAGO]

And in a pipe we fly to the Motherland
Or sell love to another man
It's too cold outside

For angels to fly

[CAIO]

Angels to fly

[TIAGO]

To fly, fly
Angels to fly, to fly, to fly

[CAIO e TIAGO]

Angels to die

– Uma música apropriada para um time nota A. – falou Caio devolvendo o violão para o canto.

Tiago riu.

– A música não fala sobre isso.

– Não?! E sobre o que fala então?

O riso do moreno aumento e Caio sorriu. Logo os dois estavam gargalhando na sala.

–- --

No instante que Isabelle terminou de guardar seu material Thais aproximou-se. Tinha os braços cruzados a frente do corpo e um sorriso superior.

– Soube que você se deu mal.

Isabelle ainda conferiu sua imagem no espelho do armário antes de erguer uma sobrancelha e encarar a amiga.

– E de quem você ouviu essa informação imprecisa.

– Nem adianta se fazer de tonta. – falou Thais perdendo a postura de deboche e encarnando em um papel mais preocupado.

– Qual é... a situação com a Rai esta assim tão ruim que você não tem mais nada pra fazer além de ficar xeretando minha vida?

A dançarina realmente perdeu a paciência e fechou armário da amiga com força, assustando a loira.

– Para. Não adianta mais fazer joguinho. Eu te avisei que eles iam descobrir o culpado na história da bebida.

– Ah, eles pegaram o culpado? – Isabelle perguntou com falsa curiosidade – Eu já disse que estou adorando essa sua nova confiança?

– A culpada. – corrigiu Thais corando levemente – Não mude de assunto.

– Ah... e o que vai acontecer com ela.

– Eles vão te suspender.

– Hum… Não. – respondeu Isabelle – Eles vão suspender à culpada.

Thais arregalou os olhos.

– Você quer dizer que... não te pegaram?

– Não.

– Então foi a Ma...

– Também não foi ela. – cortou Isabelle rapidamente.

– Mas... eu sei que foram vocês.

– Não. – respondeu Isabelle – Você sabe que nós estamos envolvidas. O que não significa que batizamos o ponche. – a loira voltou a abrir o armário e pegou seu kit de maquiagem da bolsa.

Thais estava boquiaberta, incrédula, assustada e bem... curiosa.

– Então... Quem?!

– Duas palavras… - terminou de passar o batom - Margo Stevens.

– A nerd do primeiro ano?! – agora sim, Thais estava confusa, incrédula e assustada – Mas como?! Por que?! – ela tomou um tempo para respirar e processar a noticia – Não é verdade.

– Claro que é. – afirmou Isabelle enquanto passava rímel – Pode perguntar para seu informante de meia tigela, ele vai confirmar para você.

– M-mas eu tinha certeza que...

– Admito que o dinheiro para as bebidas saiu da minha conta e que elas foram arranjadas em um bar colombiano, mas... eu repito, nem eu nem minha amiga trouxemos essas bebidas para a escola ou as colocamos no ponche.

– Eu não tenho uma escuta. Para de assistir os filmes do Hitchcock, por favor.

Isabelle deu de ombros e terminou sua maquiagem.

– Mas... por que a Margo fez isso?

– Por que tem ótimas notas, cem por cento de presença na escola, vários prêmios no nome da escola por coisas que ninguém liga, uma família que a apoia, uma vida chata e provavelmente não seria expulsa por algo assim. – a loira falou sem emoção.

– E talvez tenha sido subornada e ameaçada por uma dupla vindo diretamente do inferno? – supôs Thais com raiva.

– Talvez. O fato é... ela é a culpada.

– Não a verdadeira.

– A que eles pegaram. E vai ficar de bico calado a menos que queira parar em um beco colombiano na parte ruim da cidade.

Thais rolou os olhos e foi embora.

– Ei espera. – chamou Isabelle – Eu quero te pedir uma coisa.

– Esquece. Não quero fazer parte das suas armações.

A loira pôs-se no caminho da amiga.

– Não é armação... pelo menos não no nível do ponche. Bom... eu disse que eles não me pegariam...

– E estava certa. Parabéns... agora sai.

– Calma. Eu não fui suspensa pelo lance do ponche…

– Certo.

– Mas não significa que não vou ser suspensa.

Thais ergueu uma sobrancelha desconfiada.

– O que?

– Você estava certa, ok? – falou sinceramente – Eu posso odiar as pessoas naquele coral, mas não odeio a música, nem as competições...

– Embora não tenha participado de nenhuma até agora...

– Tanto faz... O fato é. Eu gosto de cantar e provavelmente é o que vou fazer pelo resto da vida porque sou rica e posso ir com tudo em uma profissão instável como essa sem problemas.

Thais rolou os olhos outra vez. Não estava impressionada com a cara de pau da amiga, já estava acostumada, porém não se sentia bem com isso.

– E?

– Bem... esta na hora de outras pessoas verem isso também. – sorriu de maneira marota e deu de ombros antes de continuar – E como eu disse posso ser suspensa por isso, vai perder mesmo a chance de me ajudar?

Thais cruzou os braços e encarou a amiga com curiosidade.

– Qual a proposta exatamente?

– Você, Raisse e eu, um palco, rapazes babando e... Nicki Minaj.

A bailarina sorriu e assentiu.

–- --

O palco estava montado novamente no pátio da escola. Desta vez decorado, com uma gaiola rosa, onde era possível entrar três pessoas.

– O que é isso? – Daniele perguntou a Tiago e Ronaldo – Faz parte da tarefa dessa semana?

– Não. – respondeu Ronaldo.

– A professora Yanne disse que não podíamos mais montar um palco assim no pátio da escola. – falou Tiago confuso.

– Quem montou esse palco então? – perguntou Bianca entrando na conversa.

Uma pequena multidão se formou em frente ao palco, mas rapidamente o numero de alunos crescia. Alguns professores também se aproximaram, curiosos.

– É o que eu quero saber. Quem montou isso? – falou Yanne se aproximando do pequeno grupo. Ao seu lado o diretor caminhava, estava vermelho e suava muito – Não autorizamos isso.

– O m-meu Deus... A secretaria de Educação já esta querendo meu pescoço por causa das bebidas na festa... agora isso. – choramingou o Diretor.

– Calado! – bradou Yanne – Já encontramos a culpada pelo ocorrido na festa e ela esta suspensa, agora só precisamos encontrar o culpado por isso e suspende-lo também. Tenha bolas homem.

O Diretor encolheu-se mais com os gritos da professora.

– Ele era tão frouxo assim? – Daniele sussurrou para Tiago.

O som inconfundível de um microfone sendo ligado foi ouvido em alto em bom som por todos que se encontravam no pátio.

– Oi... testando...

A voz feminina ecoou por toda a escola, pois as caixas de som nos corredores e salas de aula da escola estavam sincronizadas com aquele microfone.

– Meu nome é Isabelle...

– Bem... temos uma culpada… - falou Tiago surpreso. Yanne estreitou os olhos e seu olhar varreu o palco a procura da garota.

– Não é exagero dizer que todos nessa escola decadente me conhece. – ela riu – Afinal, sou linda, inteligente, bem humorada e rica, mas... Não é por isso que montei esse show.

Finalmente os refletores do palco foram acessos revelando uma garota loira, vestida apenas com um top de couro preto, minishorts de couro de mesma cor e botas de cano longo de mesmo material e cor.

– Eu preparei isso para mostrar meu inegável talento. Muitas pessoas tiveram a chance de cantar aqui nessa joça e agora é minha vez... Então sentem-se, relaxem e aproveitem.

Raisse e Thais saíram das coxias improvisadas do palco e colocaram-se ao lado de Isabelle. Estavam idênticas à loira. A música começou a tocar.

[ISABELLE]

Just met a boy, just met a boy when
He could come inside of my paypen
'Cuz he look like a superstar in the making
So, I think that I'm going in for the taking
Hear through the grapevine that he cakin'
We-we-we can shoot a movie he can do the tapin'
Boom boom pow this thing be shakin'
I ain't even try to find out who he datin'

[ISABELLE, RAISSE e THAIS]

'Cuz I know he got a wife at home
But I need just one night alone
If you keep playing them good damn games,
Imma runaway-ay, Imma runaway-ay-ay

[ISABELLE]

I-I-I wanna give you one last option
I-I-I wanna give you one last chance
If-if you're looking for the main attraction
Just hold on tight and let me do my dance

Várias garotas, vestidas como o trio saíram das coxias e acompanharam as três em uma coreografia muito bem elaborada e sexy.

[ISABELLE, RAISSE e THAIS]

If you want it, I'm gonna be
Va va voom, voom
If you got it, you got it,
You got that boom, boom
If you want it, I'm gonna be
Va va voom, voom
If you got it, you got it,
You got that boom, boom

[ISABELLE]

Just met a boy, just met a boy when
He can become my little problem
'Cuz he look like he modeling clothes in Dublin
So, I think that he getting that Green at Goblin

Hear through the grapevine that he hang low
We-we-we could shoot a movie, we could bang like Rambo
Boom boom pow, this thing's so bingo
Wonderin' if he can understand my lingo

[ISABELLE, RAISSE e THAIS]

'Cuz I know he got a wife at home
But I need just one night alone
If you keep playing them good damn games,
Imma runaway-ay, Imma runaway-ay-ay

[ISABELLE]

I-I-I wanna give you one last option
I-I-I wanna give you one last chance
If-if you're looking for the main attraction
Just hold on tight and let me do my dance

[ISABELLE, RAISSE e THAIS]

If you want it, I'm gonna be
Va va voom, voom
If you got it, you got it,
You got that boom, boom
If you want it, I'm gonna be
Va va voom, voom
If you got it, you got it,
You got that boom, boom

A bailarinas ajoelharam-se no palco e vários bailarinos entraram, vestidos com apenas com calças de couro pretas e botas de mesma cor, alguns ainda tinha coleiras com espinhos de ferro no pescoço. Isabelle, Thais e Raisse entraram na gaiola e começaram a fazer movimentos extremamente sensuais. Os rapazes dançavam ao redor delas.

A multidão ia à loucura e gritava, aplaudia e pulava em estase. Os professores tentavam em vão controlar a situação e o Diretor parecia à beira de um ataque de nervos.

[ISABELLE]

Boy, I'm in this club slow mo
Don't mind if I do
And I can tell you feelin' me from the jump
I wanna ride too

A multidão ia à loucura e gritava, aplaudia e pulava em êxtase. Os professores tentavam em vão controlar a situação e o Diretor parecia à beira de um ataque de nervos. O trio acariciava os rapazes por entre as barras das gaiolas e não paravam de rebolar e fazer gestos obsenos.

You got that hot shit, boy you blessed
Lemme feel up on ya chest
Flexin', you the man
You the man one hundred grand

Same roll, game go, guess I play it very well
Come baby lay it down lemme stare it down
Lemme show you how I run things in my playground
Come and get this va va voom, voooooooom… (Raisse: Uhh!)

Elas então saíram da gaiola e todos os bailarinos começaram a dançar juntos.

[ISABELLE]

I-I-I wanna give you one last option
I-I-I wanna give you one last chance
If-if you're looking for the main attraction
Just hold on tight and let me do my dance

[ISABELLE, RAISSE e THAIS]

If you want it, I'm gonna be
Va va voom, voom
If you got it, you got it,
You got that boom, boom
If you want it, I'm gonna be
Va va voom, voom
If you got it, you got it,
You got that boom, boom

A apresentação terminou e todos os bailarinos já tinham saído do palco, inclusive Thais e Raisse, apenas Isabelle ficou parada no centro do palco, enquanto a multidão enlouquecida gritava e aplaudia.

– Isabelle Morgenstern! – a voz de Yanne conseguiu sobressair-se sobre as da multidão – Você esta suspensa da escola por uma semana! Algo a declarar antes de ir para a forca?

A loira sorriu e acenou para a multidão.

– Só que a minha apresentação foi a melhor coisa que essa escola já viu. – e mandou beijos para os alunos.

Yanne sorriu e deu de ombros.

– Bem... essa juventude é realmente cheia de energia. – falou enquanto dava meia volta e retornava para o prédio da escola.

– E-espere... Yanne... – chamou o Diretor – O-oque eu vou fazer? N-não me deixe aqui sozinho... Alguém me ajude por favor...

A professora ignorou o apelo e continuou a andar com um sorriso no rosto. Pela primeira vez, talvez aquele Coral fosse capaz de ganhar a competição.