Vampire Heart escrita por Nessan C


Capítulo 23
Capítulo 22


Notas iniciais do capítulo

Cap. com lutinha e tudo! Sem falar que a partir daqui, as coisas mudam um pouco...



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         Estávamos no parque da cidade caminhando antes de partirmos. Eu disse a ele que precisava disso para me relaxar. Era para ser um lugar calmo àquela hora da noite. Mas Ben insistia em atrapalhar.

         -Onde pensam que vão? – gritava Mogli.

         -Para longe de você! – gritei de volta.

         Jessy... Não tente fazer nada. Não tente argumentar. Ele está em processo de transformação e não irá te ouvir. É a mim que ele quer. – Disse-me Ville por pensamento.

         -Ela escolheu vir comigo, Ben. Não há motivos para um duelo.

         Mas Mogli não parecia escutar nada do que dizíamos. Ele apenas ardia em fúria enquanto o Sol continuava a se pôr. Eu estava nervosa, pois nunca o vira daquela forma. Ville também estava mudado: queria me proteger e ao mesmo tempo atacar. No fundo ele sabia, assim como eu, que aquele confronto era inevitável.

         -Melhor você se afastar, Jessy.

         Ele gentilmente empurrou-me para trás e eu não mais pude ver o seu rosto. O que pude ver foram suas unhas transformando-se em poderosas garras afiadas em demasia.

         -Você não vai querer brincar comigo, Mogli.

         Aquela não era a voz que eu conhecia. Era rouca... sombria... negra! Era como se eu não mais o conhecesse. Isso me deu medo, pois aquela voz era lindíssima, no entanto era diferente do meu Ville... Será que ele ainda era o mesmo?

         É claro que sou eu! Não seja boba!

         Senti um alívio imediato ao ouvir sua resposta, mas ainda um pouco de receio, pois a voz que me respondeu ainda era a obscura.

         Repentinamente, caí no chão de susto. Mogli estava gritando e gemendo. Pelos saiam de suas costas enquanto ele aumentava três vezes de tamanho. Ville rosnava para ele enquanto seu rosto começava a assemelhar-se ao de um lobo. Os dentes, as garras, o focinho... Estava tudo ali naquele monstro colossal. Não acredito que já dormi com esse cara! – Esse pensamento fez Ville (com a voz assustadora e sexy) rir. Eu avisei o quanto ele era podre.

         Mogli estava lá. Havia assumido sua forma mais assustadora. Daquilo eu tinha mais medo que da nova voz de Ville.

         -Não vou deixar que você encoste nela, Ben. – disse-lhe Ville.

         Ele rugiu algo que não compreendi em retorno e colocou-se em posição de ataque. O que eles iriam fazer? Se matar ali e agora?

         -Não! Ela vem comigo! – gritou Ville enfurecido.

         Eles estavam conversando?

         -Ah! Seu desgraçado! – gritou Ville. E depois pulou em cima dele.

         Ambos rosnavam um para o outro e se empurravam cada um com sua força descomunal. Já estava tão escuro que eu mal via seus rostos. O meu medo era por Ville agora; Ben o arranhara no estômago e ele parecia sangrar.

         Minha vontade foi de estrangular o infeliz do Mogli por tentar ferir o MEU vampiro.

         Só que Ville foi mais rápido e mesmo após um arranhão, puxou Ben por um de seus braços e o arremessou contra uma árvore.

         -Estou só esquentando, cachorrinho!

         Ville ria diabolicamente e enquanto isso corria até a árvore. Ele e Ben começaram mais uma vez a pancadaria. Tudo acontecia tão rápido que eu mal podia assistir. Uma das cenas mais assustadoras de minha vida foi quando vi que Ville enfiava suas garras perto do ombro esquerdo de Ben. O lobo uivou e quase caiu. Eles prosseguiram com sua carnificina. Ville gritou. Ben acabara de mordê-lo. QUE DESGRAÇADO!

         Mas Ville não deixou isso barato. Apenas sorriu malignamente agarrando a cabeça do lobo e a bateu numa árvore por diversas vezes. Ben sangrava pelo nariz quando começou a gemer a se contorcer. Lutou para soltar as mãos de Ville e tentou se afastar. Gritou ainda mais e começou a se transformar em humano outra vez. O que estava havendo? Olhei para os céus e uma nuvem enorme encobria a lua por inteiro.

         Ben caiu exausto na grama e começou a tossir e a cuspir sangue enquanto Ville andava vagarosamente até seu encontro. Chegou perto de Mogli, enquanto este cuspia mais sangue e contorcia-se de dor, e disse-lhe em tom de voz superior:

         -Você é o lobisomem mais patético que eu já vi em minha existência.

         Após dizer isso, pisou no tórax exposto de Ben e gargalhou.

         -Vou te matar agora. Estou louco para fazer isso há muito tempo. Quais são suas últimas palavras?

         Mogli tentou dizer algo, porém tudo que saiu de sua boca foi sangue. Ville divertiu-se com isso.

         -Como eu disse antes, patético.

         Pisou ainda mais fundo no tórax de Ben e mexeu em seu casaco. Pegou uma pequena lâmina que brilhava em suas mãos e abaixou-se. Sussurrou algo que só entendi, pois era o mesmo que ele pensava:

         -Adeus cachorrinho. Te vejo no inferno!

         Ele iria matá-lo? Eu não podia deixar isso! Ele não... Quer dizer... Ben era um idiota, mas... Impedi-lo ou... ou... ou o quê??? Nada?

         Ville olhava para mim quando enfiou a pequena lâmina em alguma área perto do pescoço de Ben. E eu gritava de pavor. Ben gritava junto comigo. Tentei me arrastar para mais perto dele, pois não consegui levantar. Eu ainda estava chocada.

         Quando desviei meus olhos de Ben (aparentemente morto), percebi que Ville mirava o céu, que estava repleto de nuvens carregadas. Reparei que eu não havia visto seu rosto por inteiro ainda. Apenas partes de sorrisos e um pouco de seu olhar.

         -Você quer me ver, é isso? – perguntou-me ele falando impaciente e daquele jeito.

         Refleti por alguns segundos e respondi, por incrível que pareça, com calma e sem medo:

         -Quero.

         Ele se virou e aproximou-se.

         -Satisfeita agora?

         -Ainda não.

         Aproximei-me também. Encostei em seu rosto e limpei o canto de seu lábio, que estava sujo de sangue. Seus olhos jaó não eram mais verdes, mas sim de um vermelho bem escuro. Os caninos, claro, estavam pontudos como agulhas.

         -E agora? – ele perguntou mais calmo.

         Só que não respondi. Continuei maravilhada com seu rosto. Era lindo e obscuro ao mesmo tempo.

         -Encontrou algo que gostou?

         -Encontrei. – disse-lhe.

         -O que é?

         -Tudo.

         Ele sorriu relaxado pela primeira vez.

         -Estou começando a detestar isso. – ele disse.

         -Por quê?

         -Você me surpreende demais. Fico até encabulado...

         E o beijei. Ele era um assassino. Era um monstro. Não era humano. Bebia sangue. Mas ele era exatamente o que eu precisava. Eu amava aquele vampiro.

         Ele agarrou minha cintura ao ouvir o que eu acabara de pensar. Permanecemos assim durante um tempo, até o momento em que tive de parar para respirar. E mesmo assim ele não soltou minha cintura, apenas esperou que eu recuperasse o fôlego para me beijar outra vez... E outra vez... E outra vez... E beijou meu pescoço... E parou por aí.

         -A gente tem que ir.

         -Eu sei... – disse-lhe – Mas e o Ben? O corpo vai ficar aí e...

         -Ele não está morto. Eu cheguei muito perto de matá-lo. Mas muito perto mesmo. Foi você que me impediu.

         -Acha que ele sobrevive?

         -Com certeza sim.

         -Então vamos?

         -Vamos. – respondeu-me daquele jeito negro e obscuro que eu estava começando a gostar.

         Ville escondeu as manchas de sangue em sua camisa com a jaqueta e depois disso saímos juntos do parque deixando para trás o corpo quase morto de Mogli e algumas árvores fora do lugar.


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