Melanie P.O.V.

Não sabia se havia de rir ou de chorar.

Mas em vez de fazer alguma destas coisas, apenas continuei a andar.
Estava um calor infernal e eu não sabia se estava a percorrer o caminho certo, nunca tinha estado ali antes. Continuei a atravessar a grande avenida que estava á minha frente, não me lembrava da minha tia ter dito que o tinha de fazer.

A maior parte das pessoas passavam demasiadamente apressadas por mim, sem me darem tempo de lhes perguntar nada, e as que não passavam apressadas fugiam de mim como se eu fosse algum fantasma mal eu me começa a dirigir a elas.

Não podia dizer que estava num bom estado. Os meus olhos ainda deviam de estar inchados por ter estado a chorar durante quase toda a viagem de avião. Ainda não acreditava que aquilo fosse verdade, mesmo passado três semanas.

As malas que eu carregava atras de mim deviam de pesar mais do que eu, o que fazia com que parecesse que eu ia cair a qualquer momento, o que se pensassemos bem até podia ser verdade. Mal tinha comido ou dormido durante os últimos dois meses, sentia que seria preciso mais que umas férias longe de todos os problemas para que conseguisse recuperar o minimo de mim.

Porquê que simplesmente as pessoas não podiam viver para sempre e sem problemas? Porque não somos vampiros. Seria quase de certeza a resposta que ele me iria dar. E iria rir-se. Rir-se da resposta que deu. Rir-se de mim. Rir-se de nós.

Nunca pensei que as pessoas tivessem certas em relação aos bons irem primeiro. Mas talvez fosse verdade. Não, eu agora tinha a certeza que era verdade.

Olhei mais uma vez para o céu e sorri. Estaria ele lá em cima a olhar por mim?

Eu queria acreditar que sim.

Soltei um suspiro e decidi ir a um café que tinha lá perto pedir indicações, já que ali no meio não iria conseguir nada.

Quando entrei lá dentro tudo ficou a olhar para mim. Eu podia estar horrivel, mas não era preciso tanto.

Os meus olhos começaram a brilhar quando a vi, mesmo passado tanto tempo e no meio de tanta gente eua reconhecia. Pela primeira vez em tres semanas eu sorri, um sorriso sincero, um sorriso do qual eu me orgulhava.

Não quis saber de onde estava, não quis saber de quem estava á volta, apenas corri para os seus braços assim como ela. As lágrimas já se tinham apoderado dos meus olhos novamente. Não sabia onde o meu corpo ia buscar água para tanto, mas naquele momento também não queria saber.

– O que é que estás aqui a fazer? - perguntou-me ela com um sorriso igual ao que eu tinha antes dela fazer aquela pergunta. Logo ali, o meu sorriso desvaneceu, lembrei-me de tudo novamente. Eu tinha que lhe contar, mas as palavras simplesmente não queriam sair. Comecei a sentir tudo a andar á volta, o meu corpo já não aguentaria muito mais tempo em pé.

–Ele morreu. - foi tudo o que eu consegui dizer antes de cair sem reação nos braços de alguém.