Capítulo 7:

-Sulli OPV-

Ok, você pode até me achar meio infantil, mas eu realmente não ligo. Dei um jeito e descobri que Taemin – meu homem! – veio na minha casa semana passada sem o meu consentimento pra ficar de conversinha com aquela garota.

Enfim, meus sentimentos estão à flor da pele. Amanheci hoje estressada, irritada, chateada e aborrecida. Pra falar a verdade, eu me sentia meio que traída.

Por favor, não me entendam mal. Imaginem se um dia, uma desconhecida começasse a roubar o amor de sua vida? Como você se sentiria? Agora entende, né?! Pois é, agora imagine ter que conviver com ela durante um bom tempo. Às vezes tenho vontade de matá-la enquanto ela dorme!

Pois é, Taemin e Key chamaram Ana e a amiguinha dela para darem uma passada na casa deles, pois eles queriam conhecer a famosa Sam. O que eu fiz? Eu fui mais esperta e me ofereci parar ir junto com elas. Não vou mais ser feita de idiota. Agora a coisa ficou séria.

Vou fazer da vida dessa vadia um inferno.

-Sam OPV-

WAAAAAH! Não acredito que eu vou conhecer os SHINee oppas! Uma das bandas atuais de k-pop mais conhecidas! Ai... de repente fiquei mole... acho que vou desmaiar... Ai, ai... – minhas pernas bambearam.

-Wow, calma aí, garota! Você não pode conhecer eles se estiver desmaiada, certo?! – disse Ana me dando um tapinha na bochecha.

-Preciso me concentrar! Manter-me acordada, se eu perder isso eu me mato! – eu disse agarrando Ana pelos ombros.

Ela me empurrou e mostrou a língua. Eu sabia que ela estava tão animada e ansiosa quanto eu. Mas eu só conseguia pensar no meu príncipe que estava prestes a me recepcionar em SUA casa!

Pelo menos, depois daquele susto que o maldito do Luka nos deu, merecíamos um descanso. E estava um clima perfeito para se apaixonar! O céu azul com poucas nuvens, vento leve e agradável....

 ...me lembrando do Brasil.

Eu acabei de voltar de lá, passei quase um mês dessa vez. Ana não queria que eu fosse. Ela tinha um olhar misturado de preocupação com um disfarce de alegria quando nos despedimos no aeroporto.

“Não seja morta, ok?!”, ainda me lembro de ela olhar constantemente para Luka, que fizera questão de acompanha-la, com certa urgência. Ela precisava me contar algo naquela tarde. Mas o infeliz a impedia de qualquer coisa. Como eu sempre suspeitei, ela tinha algo a me falar sobre ele. Sobre o que ele fazia com ela. Parecia que ela tinha tomado coragem para isso, apesar de eu sempre saber de tudo. Só um retardado não repara aqueles gigantes olhos castanhos arregalados – sim, é possível os olhos dela ficarem ainda maiores quando ela os arregala – de medo, mas ao mesmo tempo tentando esconder o que sentia, coisa na qual ela era um fracasso.

Não fiquei tranquila enquanto estava no avião, só quando saí para o aeroporto que eu liguei para ela. Sua voz estava alterada e disse que não ia mais ser feita de capacho, depois desligou. Aquilo me deixou louca! Liguei de novo e de novo, nada.

Enfim, minha estadia em Santos, no estado de São Paulo foi muito agradável. Eu tinha ido para visitar meu namorado Caio. Ele era incrível! Alto, pele escura, olhos pretos e um corpo que só vendo pra acreditar! Meu paraíso particular. Lembro-me de sair de um taxi prata com minha mala roxa e subir até o quarto andar de um prédio amarelinho – eu tinha a chave da casa dele, uma das minhas poucas exigências quando começamos a namorar.

Ele estava diferente aquele dia. Não queria me abraçar, nem me beijar. Achei aquilo estranho e perguntou o que estava acontecendo. Nunca chorei tanto quanto naquele dia. Só de lembrar fico triste...

Caio disse que não aguentava mais ficar tanto tempo separado de mim, que a distância era muito para ele. Confessou que era fraco e por isso me traíra com uma vadia qualquer em uma balada, e de novo com uma amiga vagabunda, e de novo com a vizinha e por aí vai...

“SE VOCÊ ME AMASSE DE VERDADE, COMO VIVE DIZENDO, ESPERARIA QUANTO FOSSE POR MIM! EU TE AMAVA, E SEMPRE FUI FIEL!”, gritei e dei-lhe um belo tapa na cara. Ele me olhou minha mão desenhada em seu rosto. Peguei minha mala e saí daquele lugar chorando.

Foi muito difícil para continuar no Brasil, já que meu único motivo de ter ido lá era ficar com meu amor e matar saudades da minha cidade preferida. Mas eu tinha comprado passagem com data, então tive que me hospedar em um hotel qualquer.

Ugh! Só de lembrar...

Mas isso passou, sou uma nova mulher! Já superei aquele ser desprezível e pretendo seguir minha vida como se ele nunca tivesse existido. Foi isso que ele fez comigo, né? Simplesmente decidiu que eu não existia pra poder ficar de pegação com essas... essas... Ah! Eu tenho que pensar em outra coisa! Sim! Outra coisa incrivelmente maravilhosa que estava prestes a acontecer.

Key oppa, prepare-se. Aí vou eu!

-Jonghyun OPV-

-JINKI! Dá pra você calar essa boca? Estamos no meio de uma partida importante! – eu disse irritado. Esse cara não tem noção! Já é a terceira vez, só hoje que ele fica de conversinha com alguém no celular.

-Olha o respeito, Dino! – ele disse tampando o celular e depois foi para o quarto, fechando a porta.

-Ninguém merece... – murmurei.

Voltamos ao jogo. Eu e Minho estávamos jogando Call of Duty Black Ops 2 e ele estava ganhando. Já tinha me vencido em quatro de dez partidas, estávamos na sétima.

-Engole essa, Dino! – ele gritou. Taemin estava só assistindo, torcendo por Minho, eles comemoraram juntos quando Minho me venceu pela quinta vez. Key torcia por mim e deu uma palmadinha no meu ombro de consolo – Só mais uma e eu ganho!

Sempre que tínhamos tempo, fazíamos esses “campeonatos” de Call of Duty. Semana passada foi Taemin contra Onew e o maknae venceu de seis a quatro. Tae comeu um frango inteiro na frente do Onew para provocar e comemorar. O hyung começou a tomar todas as caixinhas de banana milk do maknae e assim foi até que Onew corresse para o banheiro apertado e Tae quase vomitasse de tanto comer.

Duas crianças...

-CHUPAAA! TOMA! DE PRIMEIRA! SEU PERDEDOR, EU SOU O SENHOR DOS JOGOS! – ele disse pulando e esfregando a minha derrota na cara.

Como eu odeio quando ele fica competitivo! Não dá pra fazer nada com esse gigante que ele se acha o superior em tudo! Ninguém merece!

-Cala a boca, poste! – eu falei, cansado daquela infantilidade.

-Oh! Ficou bravinho, foi? O Dino ficou bravo! Que medo... – ele só podia estar tirando uma com a minha cara. O cara tá pedindo!

-Calma, Jong. Pra mim, você foi genial! – disse Key tentando me consolar com um sorriso.

-Tanto faz, é só um jogo. – eu disse sorrindo de volta.

A campainha tocou.

-Deixa que eu atendo! – Taemin saiu correndo pela sala e depois de um tempo estava recepcionando duas garotas bonitas.

Uma delas era alta e magra, cabelos lisos e compridos, olhos bem grandes e usava um vestido vermelho que ficou bonito nela. A outra era um pouco mais baixa, magra, mas não tanto quanto a outra e tinha um sorriso enormemente bobo na cara quando olhou para Tae. Pensei que ela fosse desmaiar! Seu rosto estava mais branco que um lençol. Quase desmaiou, mas a mais alta a cutucou forte.

-Annyeeonghaseyo, Taemin! Que bom vê-lo de novo! – ela disse, formalmente se curvando, sem conseguir conter um sorriso tímido.

-Annyeong, Ana! E essa é sua amiga Sam, certo?!

-A... A... A... – depois ela começou a murmurar umas coisas em outra língua enquanto a outra, também falando estranho, a repreendia.

-Desculpe, é que ela está muito nervosa. – a mais alta falou. Ela era bem fofa. Eu a vira naquele primeiro dia, depois do show, mas ainda não sabia seu nome. Reparei que sobre o vestido ela tinha um curativo, logo no joelho. Deve ter sido daquele dia. Preciso falar com ela mais tarde...

Um par de olhinhos apareceu entre os ombros das duas meninas. Era Sulli, tão baixinha quanto eu... Coitada, eu a entendo bem como é ter que olhar para cima para falar com as pessoas.

-Annyeong, Taemin oppa! – ela disse empurrando as duas e fazendo aegyo, meio desnecessário, eu achei.

-Annyeong, Sulli. Veio mais alguém? – pôs a cabeça para fora da porta.

-Somos só nós três. – ela disse entrando no apartamento. – Annyeong, meninos! Todos bem? Que cara é essa Jonghyun oppa? Parece que perdeu alguma coisa...

-Nem me lembre! O poste aí me venceu e do nada decidiu que eu sou mais novo que ele para me tratar daquele jeito, seu sem respeito maldito! – eu disse emburrado.

As duas meninas entraram tímidas, a mais baixa ficava mais pálida a cada passo que dava dentro do apartamento, se é que isso era possível. Que fofa!

-Annyeong! Sou Jonghyun, se você não sabe. – me levantei para cumprimenta-las.

-A... Annyeonghaseyo, eu sou Ana e essa é minha... – ela deu uma cotovelada na barriga da outra, que estava de queixo caído – minha amiga Sam.

-Não precisa ser tão formal aqui, ok?! Pode relaxar. – eu dei um sorriso às duas.

-Annyeong! – Sam finalmente conseguiu dizer, saiu quase como um soluço.

Eu ri e ela corou.

Fofa.

-Key OPV-

-Elas já chegaram? – eu perguntei saindo do banheiro.

-Key oppa! – celebrou Ana.

-Annyeong, Ana e Sulli! Você deve ser Sam, estou certo?! – perguntei a menina fofuxa que tremia como um coelhinho assustado.

-So... sou! Key oppa! – ela começou a chorar.

Senti-me mal por vê-la chorar. É sempre meio desconfortável quando as minhas fãs começam a chorar. Eu simplesmente não sei o que fazer. Toquei em seu ombro para tentar reconforta-la, mas acho que só piorou a situação. Ela só chorou mais ainda! Omo! O que eu faço? Tirei a mão de seu ombro rápido, antes que ela piorasse.

Ana a advertiu em sua língua. Devia estar mandando ela se recompor. Sam logo esfregou os olhos e respirou fundo. Olhou bem para os meus olhos. Isso me deu um arrepio. Foi um olhar tão profundo e intenso que era quase hipnotizante. Aqueles olhos cor de mel me obrigavam a manter o olhar. Isso até a pirralha da Sulli quebrar esse feitiço ao se meter entre nós dois.

-Não a olhe desse jeito. É quase indecente. – tagarelou Sulli.

Desviamos rápido o olhar e ela corou violentamente. Juro que um dia eu estrangulo aquela pirralha!

-Ahn... Onde estão os outros? – perguntou Ana.

-Annyeonghaseyo, meninas! – disse Onew hyung formalmente saindo do quarto. Elas os cumprimentaram com a mesma formalidade. – Você parece estar bem melhor, como se sente? – perguntou ele, preocupado.

-Acho que bem, melhor agora. A dor é suportável agora. – ela deu um sorriso murcho.

-Sinto muito pelo que aconteceu com você. O Taemin me contou que o seu namorado...

-Onew hyung! – Tae o olhou com repreensão. Acho que Tae não nos deveria ter contado absolutamente tudo depois que ele voltou daquela visita a sós com Ana.

-Annyeonghaseyo, Flaming Charisma passando! – Minho se curvou para as duas, sorrindo todo galante.

-A... Annyeonghaseyo, Minho oppa! – gaguejou Ana, Sam voltou a abrir a boca, mas sem fazer nenhum som. – Vocês chegaram cedo, nem é hora do almoço ainda...

-Por isso nós viemos! Vamos preparar o almoço de vocês, hoje! – Sam disse contente, o que foi uma surpresa ouvir sua voz.

Sulli fez cara feia, como se não estivesse a fim de cozinhar para ninguém. Reparei que havia um ar pesado entre ela e Ana, mas só pela parte de Sulli, como se a amaldiçoa-se nos pensamentos.

-Wah! Isso é demais! O que vocês pretendem fazer? – perguntou Onew hyung. Aposto que ele estava pensando “que seja frango, que seja frango!”.

-Vamos preparar um prato mineiro, não é bem do nosso estado, mas a comida mineira é ótima, espero que gostem. – Ana disse tímida, pois todos a olhavam.

-Eu sou voluntário para ajudar! – Key estendeu o braço, animado. – Acho interessante aprender a cozinhar coisas diferentes!

-Pode ser, obrigada oppa! Nós já compramos tudo que vai ser necessário para fazer a feijoada. – Sam disse, toda fofa.

-Feijoada? Como é isso? – perguntei curioso.

-Só vai saber quando ficar pronto, oppa!

-Ok, só não ajudo porque sou um terror na cozinha, é até mais seguro que eu fique bem longe! –eu ri.

-Sem problemas! Vamos começar, quando vocês ficarem com fome, me avisem que eu acelero na cozinha, ok?! – ela disse educadamente.

-Siiim! – dissemos todos juntos, sorrindo para elas. Suas pernas falharam por um momento de fraqueza.

-Key OPV-

Fomos para a cozinha, eu, Sam e Ana enquanto Sulli ficou assistindo Taemin jogar vídeo game com Minho. Onew voltou ao celular e se enfiou no quarto novamente.

Voltei-me para as duas.

-Estou ao seu dispor, chef Ana!

Ela sorriu, os dentes brancos e lindos!

Começamos a cozinhar. Ela fez um arroz completamente diferente do que estamos acostumados a comer. Parecia mais soltinho, mas ela não me deixara provar quando pedi permissão. Ana começou a preparar o feijão preto enquanto Sam fazia a tal da couve mineira e farofa. Pareceu-me uma comida bem calórica, mas me mantive quieto. Elas pareciam tão empolgadas que não quis estragar a felicidade delas.

Ana acrescentou linguiça, bacon e um pouco de carne seca no feijão. Fiquei meio enjoado só de olhar para aquela gororoba, para ser sincero. Realmente parecia muito pesado. Quando ficou pronto, as meninas chamaram os outros para se juntarem a mesa.

-Nós preparamos, com a ajuda do Key oppa, feijoada, arroz, couve mineira e farofa ao estilo mineiro! Espero que gostem! Sirvam-se.

Cada um pegou pouco de cada coisa. Olhei para meu prato e não sabia como começar. Observei Ana misturar a feijoada com o arroz e com um pouco da farofa. Fiz o mesmo e levei o garfo a boca. Seja o que Deus quiser!

Olha, pode até ser bem pesado, mas que era delicioso, era! E muito! Repeti generosamente. Reparei que os outros tiveram a mesma reação que eu menos Sulli, que separava a linguiça e o bacon no prato.

-Isso está... excelente! Onde você aprendeu a cozinha tão bem? – perguntou Tae.

-Eu morava com a minha avó e eu sempre a observava cozinhar. Eu nunca tinha feito esse prato antes. Fiquei nervosa de não dar certo, mas até que não ficou ruim. Mas o da minha avó é insuperável!

-Me passa o endereço dela então! – brincou Minho.

Quando todos já estavam satisfeitos, arrumamos a mesa e foi a vez de Taemin e Jonghyun lavarem a louça. Eu e os outros nos reunimos na sala para conversar.

-As membros do F(x) estão sendo muito boas comigo! Eu não poderia ficar num lugar melhor, elas me tratam tão bem. Sou muito grata por me acolherem assim! – ela disse sorrindo.

-Gratidão é uma coisa muito bonita que poucas pessoas admitem. – Minho disse a admirando.

-Então, Sam. Quando você se mudou para cá? – perguntei.

No começo ela ficou sem reação por eu ter lhe dirigido a palavra.

-Já fazem uns dois ou três anos se não me engano. Gosto muito da Coréia do Sul, mas sinceramente, eu sinto falta do Brasil sempre que me lembro.

-É que a Samantha é carioca, quer dizer que ela nasceu no Rio de Janeiro. Os cariocas são muito apaixonados pela terra deles. Orgulho, para dizer a verdade. – Ana disse observando a amiga.

-Uau! Você é do Rio? Eu sempre quis conhecer lá! Dizem que é um lugar paradisíaco. –disse Onew entusiasmado.

Sam sorriu, senti que ela se sentia orgulhosa quando elogiavam a sua terra.

Sulli mantinha-se em silencio, fazendo questão de expressar indiferença com relação a conversa.

Veio um barulho de estilhaçar de vidro da cozinha e um gemido, que parecia Taemin. Corri para a cozinha e vi a mão de Taemin sangrando muito e uma jarra partida na pia banhada em sangue. Jonghyun o olhava assustado.

-Taemin OPV-

Eu estava lavando a louça normalmente enquanto conversava baixinho com Jjong hyung sobre as meninas.

-Você acha que a mais nova tem namorado? – perguntou Jjong.

-Me parece que não, porque? Se interessou nela, foi? – perguntei achando graça quando Jjong virou a cara, envergonhado.

-Não pensa que eu também não reparei como você olha pra Ana, viu?! Eu vi você secando ela de baixo pra cima quando ela chegou, pareceu que você ia surtar! – ele zombou.

-Não sei do que você está falando! – foi minha vez de virar a cara.

Eu virei muito rápido e a jarra de suco que eu estava lavando bateu forte no canto da pia e estourou na minha mão, senti o vidro penetrando minha pele e uma dor forte tomou conta. Arranquei o pedaço de vidro da minha mão com um gemido de dor.

Key hyung vei correndo, todo preocupado e dei um grito quando viu minha mão.

-Omo! Taemin, meu bebê, você tem que tomar mais cuidado, olha só sua mão! Aigoo, alguém chama uma ambulância! – ele disse cobrindo a boca enquanto se contorcia de aflição ao ver meu corte.

-Relaxa, hyung. Foi só um cortezinho de na... – gemi quando o detergente entrou na ferida.

Ana veio do meio dos outros, me olhando preocupada e pegou a bolsa. Tirou um band-aid grande e segurou minha mão delicadamente.

-Me deem água oxigenada, por favor! – pediu, Key lhe entregou o frasco.

Ela virou a ferida para cima e abriu minha mão. Levou-me até a pia e lavou minha mão para tirar o detergente. Aquilo ardeu bastante, mas não tanto quanto a água oxigenada que ela despejou sobre a minha mão. Bolhinhas se formaram sobre o corte e com uma toalha, secou minha mão. Abriu e aplicou o band-aid no meu machucado e mandou-me abrir e fechar a mão devagar.

-Por enquanto isso deve bastar. Você está se sentindo melhor? – ela perguntou com os olhos ainda preocupados e nervosos.

-Estou sim, obrigado. – a dor realmente tinha aliviado.

Ela ainda segurava minha mão. Houve um silêncio. Estávamos num tipo de transe. Nossos olhos se encontraram e a única coisa que eu queria fazer era...

-Nossa! Você é muito boa nisso, Ana! – Onew disse, livrando-nos do silêncio. Ela imediatamente soltou minha mão e ficou vermelha.

 -É que eu fiz curso de enfermagem na escola. – ela disse tímida.

Olhei para minha mão, um band-aid do Bob Esponja tampava meu corte. Sorri.

Involuntariamente eu estendi a mão ferida e toquei em sua mão de leve, acariciei seus dedos finos ternamente. Eu queria muito que todos a minha volta estivessem em qualquer outro lugar, menos nos encarando. Soltei sua mão e levantei bruscamente, fui até meu quarto e me fechei lá.

Sei lá o que me deu.

Talvez eu estivesse frustrado por não poder tê-la.

É, talvez seja isso...

-Ana OPV-

Taemin marchou para o quarto e se trancou lá.

Olhei para minha mão. Ainda podia sentir sua pele em contato com a minha, meu coração estava acelerado, mesmo com apenas um leve tocar de dedos. Senti um calor percorrer meu corpo, minhas bochechas foram ficando vermelhas.

Todos me olhavam confusos, como se eu tivesse causado aquilo tudo.

-Vou ver o que deu nele. – Key oppa parou a porta do quarto de Tae e insistiu até o outro deixa-lo entrar.

Observei Key entrar no quarto e encarei os cacos de vidro no chão.

-Melhor eu limpar isso antes que alguém se machuque. – andei em direção a uma vassoura e uma pá. Aproximei-me cuidadosamente dos cacos e os recolhi. Joguei-os no lixo e sequei o chão.

Quando olhei para a sala, Jonghyun e Onew conversavam com Sam enquanto Minho e Sulli discutiam alguma coisa sobre o drama que estavam filmando. Para falar a verdade, quando eu vi a cena do beijo, eu surtei! Apesar de Taemin sempre ter sido meu bias, eu os considerava todos meus e não pude deixar de sentir ciúmes dele. Ainda mais agora que eu o conhecera e morava com a “beijada”.

Aquele corte de cabelo da Sulli não combina muito com ela...

-Key OPV-

-O que te deu, criança? – eu perguntei intrigado ao fechar a porta.

-Não sei, hyung! – Taemin disse fazendo uma cara fofa e tristonha.

-Você não sabe, mas eu sei o que você tem. Você gosta dela! – eu sorri maliciosamente.

Tae arregalou os olhos surpreso.

-Não gosto! Eu... eu não gosto dela. E além do mais eu nem posso namorar mesmo então não faz diferença se gosto ou não... – ele choramingou.

-Haha! Você até pensou em namorar ela, tá vendo! Tá tão na cara, que só um cego não percebe! – eu disse rindo! Aigoo! Meu bebê, apaixonado!

-Nããããão! Eu não to... – quando ele parou para escutar a si próprio, sacudiu a cabeça e a colocou entre os joelhos. – Como isso...?

-Ah, Tae! Quando a gente se apaixona, não importa quem seja ou há quanto tempo se conheçam, quando acontece, apenas acontece! Não tem explicação. – eu disse me sentando na cama ao seu lado. – O quê você está sentindo agora?

-Me sinto estranho. Quando ela tocou minha mão eu me senti leve e feliz, eu acho. Ah, sei lá! Não posso estar apaixonado! Não! De jeito nenhum. Isso é ridículo! – ele sacudiu a cabeça.

-Porque essa dificuldade de aceitar que gosta da Ana? Ela é uma garota tão legal e bonita! – fiquei curioso.

Ele abaixou a cabeça e fez biquinho.

-Sabe, hyung. É que eu nunca me apaixonei antes. Nunca! Nunca me interessei assim por garotas. Sempre me foquei tanto nos estudos e depois na carreira, que nunca pensei em garotas além de como amigas. Por isso eu acho que não estou apaixonado. Devo estar doente ou algo do tipo... SEI LÁ! – ele disse já irritado.

-Aish, calma ai! – criança mais arisca, eu hein!

-Desculpa, é que eu estou confuso.  Mas eu me conheço. Não gosto dela como você pensa. Eu tenho coisas mais importantes com que me preocupar. Não posso assim por causa de uma garota! Eu tenho que me focar! Foco, Taemin, foco! – ele disse determinado, se levantando.

-Hey, não é bem assim! Você tem que se permitir amar um pouco. Não seja tão duro consigo mesmo. Não há nada de mal amar ou gostar de alguém. – toquei em seu ombro tentando acalmá-lo.

Ele bufou e voltou a se jogar na cama.

Levantei-me e deixei-o refletir um pouco.

Quando fechei a porta dei de cara com Onew, que estava no celular (conta uma novidade!). Ele se assustou e de modo um tanto suspeito, foi até o seu quarto e se trancou lá.

Isso já está me irritanto! É assim todo santo dia. o que será que esse frango anda escondendo de mim?

-Taemin OPV-

Bem no fundo, eu sabia que não era bem assim.

Sabia o que sentia.

Sabia que isso era diferente de tudo que eu já sentira e sabia que era ela quem eu queria ao meu lado para me fazer sorrir todos os dias. Esses sentimentos eram mais poderosos que eu. Não conseguia mais pensar direito. Talvez... talvez eu sentisse alguma coisa além por ela.

Talvez eu gostasse dela.

AISH! Porque é tão difícil?!

Afundei a cara no travesseiro sem saber o que pensar ou fazer.

-Onew OPV-

-Ufa! Quase que o Key me ouviu agora! – eu disse a outra pessoa no celular.

-Você tem que ser mais cuidadoso, seu franguinho! Quer que alguém descubra? Eu realmente acho que não seria uma boa ideia se alguém soubesse. Siga meu exemplo, seja mais discreto! – a pessoa disse um pouco irritada.

-Aish! Tudo bem! – fiz biquinho. – Estou com saudades! Quando a gente vai poder se ver de novo? – perguntei manhoso.

-Espero que o mais cedo possível! Também sinto sua falta. Mas não se preocupe, talvez mais pra frente nós possamos contar pra alguém, se você preferir, claro!

-Vamos esperar mais um pouco, tenho um pressentimento quanto a esperar mais tempo. Quando tivermos certeza, aí sim! Vamos contar para o mundo inteiro ouvir o quanto eu te amo! – percebi que a outra pessoa prendeu a respiração. Acho que foi por que era a primeira vez que eu falei que amava aquela pessoa.

-Você nunca disse isso antes... Eu... eu também te amo! – disse, surpreendendo-se com as próprias palavras.

-Eu também te amo, linda! – escutei Jessica dizendo ao fundo, ela deveria ter pensado que a pessoa disse que a amava, mas estava falando comigo. Ela ficou em silencio por um momento e depois escutei uma porta batendo. – Desculpe, a Sica entrou aqui sem eu perceber!

Ela disse eu te amo para mim! Ela me ama também! Meu coração pulou de alegria e um sorriso bobo brotou em meus lábios. É, o amor nos deixa meio estranho. Isso é tão surreal! Não consigo creditar que meus sentimentos por ela eram retribuídos!

Escutei Jong e Minho discutirem na sala e eu decidi que era hora de desligar.

-Preciso desligar, depois eu te ligo de novo. – suspirei levemente, contente por poder dizer as seguintes palavras: -  Eu te amo muito, Taeyeon! Até mais, minha princesa.

-Mas eu te amo mais! – ela disse toda fofa.

-Impossível! – depois disse, desliguei ainda sorrindo.