To Your Heart escrita por cuzineedya


Capítulo 4
Shou Out!


Notas iniciais do capítulo

Annyeong pessoal! Desculpem a demora, mas acho que vai valer a pena. Esse capítulo é um tanto revelador, podem esperar por mais explicações sobre a vida de Ana nesse capítulo e novos sentimentos em Taemin. Para quem gosta de Taelli, já vou avisando que definitivamente não vai acontecer nessa fic. Espero que gostem desse capítulo. Boa leitura! :]



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-Taemin OPV-

                Acho, acho que nunca a descrevi. Nunca reparei muito nos detalhes.

                Ela estava sentada ao meu lado enquanto eu a admirava. Sua pele clara e lisa como a de um pêssego, seus lábios carnudos e desenhados de cereja, seus olhos castanhos como chocolate, o fino rosto envolto pelo cabelo liso e acastanhado.

                O que mais me impressionavam eram seus olhos. Eram tão grandes como os de uma criança inocente, os cílios longos e curvados, expressavam alegria no momento. Eu podia sentir.

                Ela era magra e bem alta. Nunca havia reparado como ela era alta, pois sempre que eu a visitava no hospital, ela estava encolhida na cama, coberta. Agora ela usava um vestido creme florido delicado e uma sandália azulada. Em seu peito pendia um colar, o pequeno pingente era um raio vermelho.

                Ela ria. Seu sorriso me arrancou um baixo suspiro. Virou para mim e olhou em meus olhos sorrindo. Sentia-me completamente desprotegido com aqueles olhos me encarando, como se ela pudesse ver minh’alma.

                Senti um arrepio na nuca.

                Porque eu estava sentindo aquilo com ela? Que sentimento estranho era esse?

                Quando saí do transe, reparei que Sulli me fuzilava com os olhos.

                Assustador.

-Sulli OPV-

                Eu realmente estava vendo aquilo? Ou era tudo fruto da minha imaginação?

                O amor da minha vida olhava com tremenda admiração uma completa estranha. Ambos conversavam e riam. Ela estava mais amigável e todos gostavam dela. Eu deveria ser essa pessoa. Não é esse meu papel?

                Olhava indignada para todos, como poderiam se impressionar com uma insignificante como ela?  Principalmente Taemin. Diga-me porque ele a olha assim! Não aguento tal dor. Meu peito doía. Meus sentimentos se contorciam de ciúmes e ódio. Poderia ela roubar um antigo amor? Arruiná-lo?

                Sempre tive esperanças para nós. Sentia que Taemin retribuía meus sentimentos, mas bem sutilmente. Não suportava a ideia de essa esperança ser arrancada do coração pelas mãos frias de uma desconhecida, tão rapidamente.

                Não aguentei mais ficar lá. Levantei e fui para meu quarto dormir – ou chorar desconsoladamente como uma criança birrenta.

                -Key OPV-

                Vic tinha nos servido mais uma rodada de sopa depois que Sulli, estranhamente, se retirou.  Estávamos nos divertindo bastante. Ana consegue ser bem divertida quando quer. Ela nos contou tantas coisas! As perguntas nunca paravam, assim como as gargalhadas e os deboches.

                A próxima pergunta foi minha.

                -Ana, como as pessoas se cumprimentam e interagem no Brasil?

                -Ah! Bem diferente daqui. Os brasileiros, bem, somos assim: uma hora podemos ser muito tato, sabe. Ter muito contato físico, como abraçar, beijar, fazer carinho, cócegas; independente se você é menino ou menina. Isso não quer dizer que você está apaixonada pela pessoa nem nada! É super normal você ver um garota e uma garota se relacionarem super intimamente sendo apenas amigos. Mas tem outras horas que podemos ser muito distantes e frios.  Tipo, quando você não conhece a pessoa ou quando ela não parece estar a fim de ser incomodada, respeitamos os direito de isolamento. É bem estranho! – ela riu.

                -Verdade! Imagina você encontrar duas pessoas se agarrando e elas nem estão namorando! Bizarro... – comentou Kai.

                Tive que concordar com ele.

                -Sabe de uma coisa curiosa, pelo menos para mim. Uma coisa que diferencia muito os asiáticos em geral com os brasileiros é que vocês tem um respeito tremendo pelos mais velhos! Isso não é tão comum lá. Sério, vocês iam estranhar. Não tem esse negócio de noona, unnie, oppa e tal. Na maioria das vezes, tentamos nos tratar de igual para igual. Pelo menos na minha geração. Não nos curvamos para os mais velhos e em nenhum momento. Quando você que demonstrar respeito por uma pessoa mais velha, você a chama de senhora ou senhor. Não tem nenhum tipo de... como posso dizer? Vocês tem MUITO isso aqui, tipo regrinhas de respeito, sabe? Tem uma coisa chamada ética e cidadania, mas essas regrinhas não existem. Como que não pode beber bebida alcoólica olhando diretamente para uma pessoa mais velha. Isso é insignificante lá. – ela respirou e esperou nossa reação.

                Muitos queixos caíram. Incluindo o meu.

                -Como vocês podem ser tão... sem querer ofender, despeitosos? – perguntou Amber.

                -Não ofendeu. Bem, é que para nós, não estamos sendo desrespeitosos. Seria muito estranho eu me curvar para uma senhora e trata-la como se fosse superior a mim. Cada um demonstra respeito se quiser. Eu respeito muito os mais velhos. Lá no Brasil, eu sempre fui educada com os mais experientes, mas não é por isso que eles podem mandar em mim. Cada um por si. – ela fez uma pausa – Esse é meu pensamento. Não quero generalizar nada.

                -Interessante... Ah! Outra perguntinha, como os jovens se divertem lá? – questionou Luna.

                -Hum... Na minha cidade, que não fica muito longe de São Paulo, os adolescentes saem muito para a praia, pro shopping, balada. Gostamos muito de ficar juntos, meninos e meninas, saindo para ver um filme, ou simplesmente para andar por ai. Parece que quando estamos juntos nunca falta assunto para conversar, besteira pra rir. É sempre assim. – ela sorriu como se relembrasse de algum momento no passado.

                -Você tem muitos amigos lá? – perguntou Taemin.

                -Bem, para mim sempre foi mais qualidade do que quantidade. Os poucos amigos que eu tinha, sabia que podia contar com eles para tudo. Costumávamos sair para tomar froozen yogurt e andar na praia. Sinto falta deles... – ela foi diminuindo a voz e ficou calada. Abaixou a cabeça e senti uma pressão se formar no ar.

                -Ana... Porque... Você veio para a Coreia? – perguntou Vic do jeito mais sutil que pode.

                -É uma longa história, entende? É complicado. – ela não queria falar sobre aquilo. Vic tinha tocado num ponto que não devia. Houve certo desconforto depois daquilo.

                Tentei dissolver o ar.

                -Ana, porque você não me ajuda a recolher as cumbucas de sopa para a cozinha, hein?! – perguntei sorrindo.

                -Boa ideia, Key! – ela agradeceu com os olhos, aliviada.

                Levantamo-nos e fizemos montinhos de cumbucas e as levamos para a cozinha. Ela insistiu em lavar a louça. Não entendi o porquê.

                -É uma forma de ser educada e prestativa no meu país. Agora vê se me deixa lavar essa louça, sério, não é nada de mais!

                Acho que nunca vou entender a cultura brasileira. Era confusa e estranha demais para ser compreendida.

                -Omo! Já são 21:45! Acho que está na hora de irmos embora, não acham? – disse Taemin.

                -Ah, não. Fiquem mais um pouco, não nos incomodamos. – disse Krystal.

                --Temos ensaio amanhã cedo, esqueceu que vamos debutar semana que vem?! - exclamou Chan repentinamente agitado.

                -Tenho que ir também? – eu perguntei.

                -Claro que tem! Nem vem, Key. Não vai fazer como mês passado hein? – insistiu Tae.

                Eu ri ao me lembrar daquele dia. Bons tempos...

                Nós seis nos despedimos das garotas e fomos embora. No caminho para casa Taemin me olhou curioso.

                -O que será que Ana está escondendo?

                -Ela tem todo direito de não nos contar essas coisas. Só não está pronta ainda. Mais pra frente ela amolece, talvez ela nos conte. Mas até lá, não quero que você insista sobre esses assuntos, se você não percebeu, ela ficou bem mal depois da pergunta da Vic.

                -Certo, então...

                Eu estava cheio de sopa até o topo. Era bem capaz de eu vomitar sopa se alguém tocasse em minha barriga.

                Preciso descansar...

                -Ana OPV-

                Senti-me sobrecarregada. Suspirei. Preparava-me para dormir.

                Sentia-me muito agradecida a elas. Estavam sendo muito agradáveis e simpáticas comigo, isso era muito bom. Fui ao banheiro escovar os dentes. Krystal me dissera que elas tinham quatro banheiros, pois a única condição que elas exigiram a SM foi que cada uma tivesse seu próprio banheiro, mas Amber não fazia tanta questão.

                Aquele era o banheiro da Vic, todo rosa e com o assento da Hello Kitty. Perturbadoramente fofo.

                Abri a caixinha da escova que Key comprara para mim. Enquanto colocava a pasta na escova a conversa de hoje mais cedo me veio à cabeça. Passamos bons momentos aquela tarde. Um sorriso brotou em meus lábios.

Mas também me veio àquela pergunta da Vic. Porque eu havia saído do Brasil para a Coreia. Aquilo tinha me deixado meio perturbada, sim.

                Comecei a me lembrar dos motivos.

Nunca tive uma vida fácil. Desde pequena tive muitos problemas na família. Eu era a filha única e meu pai abandonara minha mãe quando ficou sabendo que ela estava grávida de mim. Ele se achava muito novo para ser pai. Eles tinham apenas dezesseis anos.

                Minha mãe teve que se virar sozinha e esperar o apoio da família. Meu avô, severíssimo, a expulsara de casa por tamanha vergonha, mas minha avó sendo quem é, alugou um apartamento pequeno perto da casa deles para poder ajuda-la na gravidez.  Minha mãe não aguentou, depois que eu nasci, com toda a pressão de cuidar de uma criança, de trabalhar e ser rejeitada pelo pai, se envolveu profundamente com drogas.

                Parei no Instituto Tutelar e acabei morando com meus avós aos quatro anos, enquanto mamãe estava em uma clínica de reabilitação. Minha querida avó sempre me contava de como sua filha era travessa quando pequena e que eu era o oposto dela em todos os sentido.       Uma vez por mês eu podia ir vê-la na clínica. Temos os mesmos olhos, mas da ultima vez que eu a vira, estavam com profundas olheiras, pele pálida e muito magra. Ela sempre tentava ser o mais amorosa possível, mas eu sabia que ela não me via como sua filha.

                Eu era carente de uma mãe.

                Aqueles pensamentos me atordoaram por um momento e fiquei meio tonta. Apoiei-me na pia e deixei a escova cair da boca. Arfei pesadamente. As lembranças haviam me acertado em cheio no estômago. Minhas pernas cederam e caí no chão, chorando inconsciente e desconsoladamente. Penteei os cabelos com os dedos enquanto tentava parar meu choro.

                Senti que meus lábios tremiam. Eu estava descontrolada, de novo. Isso acontecia com certa frequência, os psicólogos me aconselharam a pensar em coisas boas e que me deixassem feliz e calma nesses momentos. Ou seja, se eu não conseguisse, logo eu entraria num estado mais preocupante.

                Pensar numa coisa que me deixe feliz. Eu geralmente usava as lembranças que eu tinha com minha coelha no Brasil. Mas dessa vez eu precisava de uma coisa melhor. Taemin surgiu nos meus pensamentos. Percebi que parara de tremer. Pensei em seus lábios recheados, seus olhos redondinhos e escuros, em como seria passar a mão em seus cabelos macios, como suas mãos seriam tocando meu rosto enquanto minha nuca arrepiava e sorriamos.

                Quando dei por mim, estava sentada no banheiro respirando profundamente, mas colapso havia passado. Nunca funcionara tão rápido antes, teve uma vez que eu fiquei uns dez minutos tremendo como se estivesse tendo uma convulsão até meu avô me achar jogada no chão. Sei que parece horrivelmente perturbador. E era mesmo. Era assustador.

Por isso eu evitava penar sobre meu passado. Tentava apaga-lo.

                Não consegui parar de pensar em Taemin, até ir para a cama. As meninas providenciaram uma cama no quarto de Luna e Krystal, enquanto Amber, Vic e Sulli ficavam no quarto do outro lado do corredor. As duas estavam se preparando para dormir, parecia que iam demorar. Fui logo me deitando, depois de me despedir das outras três e agradecê-las mais uma vez. Eu usava um pijama de conjunto azul claro bem quentinho. Deitei e me cobri com as cobertas roxas e grossas até o nariz.

                Fiquei olhando pela janela vasculhando meus pensamentos, quando um pontinho branco caia dela. Nevava. Bem fraquinho, mas sim, estava nevando. Fiquei feliz. Adormeci tranquila, esperando ter sonhos de Tae e eu nos beijando sobre os flocos de neve.

                *sonho da Ana*

                Eu me encontrava em um quarto escuro. Pela janela uma iluminação fraca da rua iluminava o suficiente para eu não tropeçar numa caixa. Estendi meus braços para tentar sair dali o mais rápido possível.

Nunca gostei de escuro, tinha medo de algo sair da sombra e me atacar.

                Aparentemente, o quarto estava repleto de caixas pesadas no chão, pois na segunda vez que eu tropecei, caí pesadamente no chão machucando a mão, minhas costas bateram numa das caixas, arranhando-me.

                Gemi de dor e esfreguei as mãos.

                -Ana?! – disse uma voz conhecida que gelou meu sangue.

                Arregalei os olhos, procurando desesperadamente uma saída. Ouvi passos se aproximando, chegando a poucos metros de mim.

                -Não posso te ver. Onde você está? Sei que está aí! – ele disse um tanto alto.

                Não ousei nem respirar. Ele poderia me escutar. Esperava que ele deduzisse que não havia ninguém ali e fosse embora. Pude ver sua silhueta se aproximar. Eu suava frio.

                -APAREÇA! SEI QUE ESTÁ AQUI! NÃO OUSE FUGIR DE MIM DE NOVO! EU VOU TE ACHAR E VAI VOLTAR COMIGO PARA CASA! – ele berrou, estendeu os braços para me tocar.

                Consegui me arrastar um pouco para trás, encostando-me a parede. Não pude evitar, suspirei uma vez e ele parou.

                -VOLTE! VOLTE AGORA! OU EU VOU TE ACHAR! – ele pegou uma das caixas e a lançou na parede perto de mim. O conteúdo espalhou pelo chão, mas a caixa acertou meu braço. Era uma caixa bem pesada e me senti uma dor tremenda. Mais tarde ficaria um belo de um hematoma.

                Não me permiti fazer um som. Ele lançou outra caixa, raivoso e enlouquecido. Esta me acertada em cheio. Joguei-me no chão enquanto sentia um gosto horrível de ferro na boca. Deixei escapar um gemido. Ele seguiu o som e estendeu a mão. Tocou meu braço. Agarrou-o com tremenda força e me arrastou para longe das caixas.

                -Ana! Sua vadia desgraçada! VOU MATAR VOCÊ, JÁ QUE TE DEIXEI VIVA NAQUELE DIA. – ele gritou enquanto me socava e chutava.

                Sentia que meu crânio fosse explodir. A cada chute, a cada soco me corpo apenas queria que aquilo terminasse logo. A dor era insuportável, eu gritava de dor.

                Ele me sentou e me segurou pela gola da blusa.

                -Você vai se arrepender de ter feito aquilo. Eu vou te achar e vou matar aqueles que você conhece na sua frente e depois, só depois, eu vou te matar. Que tal? Parece-me divertido, o tipo de jogo que eu gosto. – ele disse como um psicopata.

                Ele me deu um último e mais forte soco e eu apaguei.

                -Luna OPV-

                Eu tinha acabado de me deitar quando Ana começou a gemer e se mexer na cama. Eu fiquei preocupada. Ela deveria estar tendo um pesadelo. Não sabia se deveria acordá-la ou não, então esperei um tempo. Krystal ainda estava tomando banho.

                Ana parara de se mexer e fiquei mais tranquila. Olhei uma ultima vez para a linda neve na janela e fechei os olhos. Quando eu estava quase dormindo escutei berros ao meu lado. Levantei assustada e vi que Ana se debatia e berrava em outra língua.

                Ela apertava os olhos, lágrimas escorriam deles. Seu rosto estava todo suado e ela socava a cama. Pulei até ela e tentei acordá-la. Sabe, é meio difícil tentar acordar alguém que está quase te espancando enquanto dorme.

                Sacudi seu ombro com mais força até que ela abriu os olhos vermelhos, apavorada. Me assustei quando ela se sentou e me abraçou enquanto chorava desconsoladamente.  Eu a abracei de volta e a consolei, ela gemia alguma coisa em português.

                Quando ela se acalmou, me soltou e secou as lágrimas.

                -Me desculpe! Eu não deveria ter... Eu ...

                -Ana! Você teve um pesadelo, não precisa ficar assim. Você só precisa se acalmar. Vem comigo. – ela levantou meio tonta.

                Levei-a até a cozinha e preparei um chá de maçã. Coloquei a caneca perto dela e me sentei na cadeira ao lado. Ela agradeceu e bebeu um golinho.  Eu esperava que ela fosse me contar sobre o pesadelo.

                -Desculpa por ter te acordado, tive um pesadelo meio assustador. – ela deu de ombros.

                -Você não quer conversar sobre isso? Não é bom guardar essas coisas. – eu disse preocupada.

                Ela pensou um pouco e bebeu mais um gole do chá. Seu rosto ainda suava depois de ter acordado. Percebi que não ia conseguir tirar nada dela. Ela pediu desculpas com os olhos como se não quisesse nem ouvir a própria voz.

                -Tudo bem, vai tomar um banho pelo menos. Você está ensopada. – ela olhou para si e torceu o nariz.

                -Verdade.

                Ela terminou o chá e foi tomar um banho.

                Eu só queria que ela confiasse em mim o suficiente para me contar o que acontecera com ela. Mas por hora, não queria forçar nada. Voltei para a cama. Krystal já estava deitada, virada para a parede. Senti-me mais tranquila e depois de um tempinho caí no sono.

                -Eun Hee OPV-

                Acordei de madrugada com o meu maldito celular tocando. Atendi de mal humor e vi que ainda era duas da manhã.

                -Annyeong? – eu disse com a voz arrastada.

                -Unnie! Desculpe-me, mas eu preciso da sua ajuda. – reconhecia a voz de Ana, ela estava chorando.

                -Tudo bem, o que aconteceu Ana? É seu namorado? Ele está ai?! – eu comecei a ficar preocupada.

                Ela negou e me contou sobre o sonho. Eu era a única pessoa que sabia da história toda daquele dia, ou seja, era a única pessoa em quem ela podia confiar. Senti que ela estava apavorada. Tentei acalmá-la.

                -Ana, foi só um sonho. Ele nem sabe onde você está. Eu posso até mandar uma viatura ficar rondando ai até você se sentir mais tranquila, pode ser?

                -Pode sim. Não quero que ninguém se machuque. – ela fez uma pausa. – É que pareceu tão real... Soava parecido àquele dia. O jeito que ele gritava comigo, como me batia. Parecia... – ela soluçou – que ele ia me matar! Ah, unnie! Ele vai vir atrás de mim  uma hora ou outra. Estou com medo.

                -Se ele vier atrás de você, vamos estar preparados e esse maldito vai direto pra cadeia, me ouviu? Não vou permitir que ele chegue perto de você de novo. Agora, pare de chorar e vai dormir. Amanhã a gente se fala melhor, tente não pensar sobre isso.

                -Certo. Obrigada, você é a única com quem eu posso contar. Boa noite, unnie. – ela fungou.

                -Boa noite, Ana. Tenha bons sonhos. – desliguei.

                Senti um aperto no coração de deixa-la daquele jeito. Queria ir até lá e acalmá-la, ela não podia ficar sozinha daquele jeito. Desde que nos conhecemos, percebi que essa garota tinha um tipo de desequilíbrio psicológico. Deve ter passado por muitos traumas.

                Ela me lembrava a filha que eu nunca tive. Por isso gostava tanto dela, poderia amá-la como minha filha e poderia suprir a carência de uma mãe da garota.

                Todos saiam felizes!

                -Luka OPV-

                Abri a geladeira e peguei uma garrafa de soju. Já fazia mais de uma semana desde que ela se fora. Desde que ela me abandonara. Desde que eu a matara.

                Nunca tive certeza se a matara ou não. Eu esperava que não.

                Mas eu esperava que ela já tivesse voltado. Nem sinal dela.

                Sentia sua falta.

                Talvez ela estivesse com medo?! Mas, medo de que? Ou então perdida. Ela precisava voltar.

                Enchi o copo e virei-o de uma vez. A bebida desceu queimando. Enchi novamente.

                Se ela estava perdida, eu deveria achar minha princesinha, não acha?


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Notas finais do capítulo

Tan tan tan!!! Personagem novo, sim, ele é o namorado da Ana (óbvio, né?!)Não vou revelar mais nada, para deixar curiosidade. Espero que tenham gostado!
Se gostaram, por favor comentem! Aceito crítica negativas e positivas.
Esperem pelo próximo! Prometo que vão gostar.
Um beijão!