Eu abri cuidadosamente a carta. Minhas mãos tremiam e meu estômago revirava.

Dakota perguntou impaciente – Então, é dele?!

– Não – disse sorrindo.

– E você está feliz? – perguntou espantada.

– Talvez mais feliz do que se fosse dele.

– Então quem escreveu a carta?

– O Zac – suspirei – A verdade é que eu queria que fosse do Josh, mas todos nós sabemos que eu não leria se ele tivesse escrito.

– Sim, todos sabem, inclusive o Josh. Mas então, o que está escrito?

Eu respirei e fundo e comecei:

Hayley, minha baixinha!

Ainda posso te chamar assim? Espero que sim (:

Eu tenho sentido muita falta de vocês, eu sei que faz um longo tempo que não nos falamos e talvez vocês ainda estejam magoados, mas nós fizemos o que achávamos melhor, e mesmo que estivéssemos errados todo esse tempo me fez perceber o quanto era bom ter vocês ao meu lado. Bem, o Josh também sente falta, especialmente a sua, mas ele não gosta muito de demonstrar isso. Ele anda muito ansioso ultimamente, pelo que eu sei ele está esperando a resposta de um email, você sabe algo sobre isso Hay? Rs

Eu queria estar aí nesse momento pra te ver vermelha. Mas falando sério, eu acho que você deveria respondê-lo (conselho de amigo).

E o motivo pelo qual escrevi a carta? Então... Estava pensando em nos reunirmos para tocar, sem compromisso, mas se vocês não concordarem vamos entender. Ainda não falei com Josh, mas eu dou um jeito de convencê-lo se for preciso. Estou aguardando por uma resposta.

Um abraço,

do seu irmão Zac.

– É isso.

– Uau! O que vai dizer a ele?

– Não vou responder, ele vai entender que não estamos prontos para nos ver de novo agora.

– Você não vai mostrar isso aos meninos, não é?

– Não mesmo! Eles vão dizer que vai ser legal e que devemos tentar. Eles não precisam saber dessa carta. – disse quase irritada.

– É você que decide, mas saiba que arrependimento não apaga o que foi feito.

Dakota se levantou e abriu a porta indo em direção a sala. Ao fundo eu pude escutar sua voz dizendo “Hey Jeremy!” e por um momento imaginei os dois juntos, isto é, como um casal e quase dei risada, se eu não estivesse tão preocupada talvez isso fosse possível. Mas até que eles formam um casal bonitinho.

Dobrei a carta e pus no bolso do short, dei uma olhada no que tinha escrito ontem à noite, e hoje parecia um pouco forte demais, mas eu gostei. Eu ainda estava decidindo se mostraria aos meninos, e de repente percebi que não estava contando tudo o que devia pra eles ultimamente, e isso era estranho, porque eles sempre souberam de cada parte da minha vida, mas agora eu não podia contar, aquilo era algo só meu, e eu precisava aceitar isso.

Jeremy bateu na porta.

– Ei Hayley, Dakota e eu estávamos pensando em ir ao cinema, quer ir?

– Não, tudo bem, vocês podem ir sem mim, eu fico em casa com o Tay.

– O Taylor saiu faz um tempo, ele foi pra casa do Justin. Tem certeza que não quer ir?

– Não, obrigada, eu tenho algumas coisas pra fazer. Divirtam-se!

Eu ouvi os passos até a porta e logo em seguida a porta se fechando. Pensei por um segundo e sabia que precisava cantar, não uma música qualquer, mas o que eu tinha escrito ontem a noite. Então me levantei e peguei meus rascunhos e fui até a sala, me sentei e puxei um violão. Olhei para as letras no papel e comecei a tocar, um ritmo lento e triste que se encaixava perfeitamente com a letra, então cantei junto os poucos versos que eu havia escrito:

In the mourning I'll rise

In the mourning I'll let you die

In the mourning

All my worry

And it takes all my strength

Not to dig you up from the ground in which you lay

The biggest part of me

You were the greatest thing

And now you're just a memory to let go of

Passei um bom tempo aprimorando a música, e percebi que aquela era mais uma das coisas que pertenciam só a mim. Então guardei as coisas e fiquei esperando o tempo passar, pensando no Josh, na música, na carta, no Zac, no email, no email, no email... De repente eu tive um surto de adrenalina, eu tinha que ler o email. Liguei meu computador, e tremendo, abri minha caixa de entrada e logo em seguida o email de Josh, que dizia:

Nós tivemos os melhores anos das nossas vidas, mas às vezes acho que você e eu nunca mais seremos os mesmos. Dezembro foi difícil para todos nós e agora tudo está calmo demais sem você. Todo o dia é como um ano para mim. Às vezes eu gostaria de poder seguir em frente e fazer todas as memórias desaparecerem. Tantas coisas que eu deveria ter dito quando tive a chance, tantas vezes fizemos tudo dar certo e eu nunca pensei que nós teríamos um fim, nunca pensei que eu iria perder minha melhor amiga. Tudo é diferente agora. Nunca pensei que eu iria ter que te deixar, nunca pensei que eu fosse me sentir tão para baixo. Eu queria poder voltar atrás e fazer o mundo parar de girar. Eu me lembro de quando nós éramos jovens, nós achávamos que sabíamos de tudo e agora isso me parece tão distante. Me pergunto se eu fui bom o bastante. Os dias em que juramos que nunca iríamos nos separar estão tão longe e agora estou aqui sozinho e a culpa é toda minha. Eu sinto a sua falta.

Lágrimas caíam do meu rosto e eu queria ligar para Josh e dizer o quanto eu também sentia sua falta, mas eu não podia. Eu não sabia o que fazer. Abracei meus joelhos com força e abaixei a cabeça me encolhendo, eu não podia perdoá-lo agora, mas ele parecia tão sincero e isso me fez lembrar nossa juventude, do nosso amor puro, sem mentiras e sem complicações.

– Hayley, cheguei! – exclamou Taylor abrindo a porta de meu quarto.

– Hay? O que aconteceu?

Ele me abraçou forte e aquilo me deu forças, então eu o abracei mais forte sem dizer uma palavra, porque eu não podia explicar a ele, mas eu precisava de ajuda.