Making Angels escrita por Caddie


Capítulo 8
Capítulo 8


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura pra vocês, e obrigada pelas reviews.



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Eles haviam passado o resto da noite acordados, encarando a televisão, apoiando os pés no que deviam ser as novas roupas guardadas. E pela manhã, após alguns telefones e um mal sucedido café da manhã – que terminara sendo um pacote de biscoito e café pré-cozido, um apenas não sobrevive sem a dose de cafeína necessária para rodar o motor.

– Ok... Ok.- Sara olhou o relógio, terminando a caneca de café que Wade não aguentara. – Se nós conseguirmos te matricular em uma escola antes do almoço... – encarou o relógio no pulso. – Nós podemos até nos arriscar a ir numa sorveteria ou coisa do tipo.

Wade colocou a mochila vermelha nas costas e encarou Sara com os olhos brilhando.

– Séio? – perguntou esperançoso.

– Bem... Isso depende do tamanho da fila e de quantas pessoas desagradáveis estarão lá. – suspirou. – Então, provavelmente não. Mas se nós colocarmos um pouco de fé nisso, podemos até parar na praça de alimentação do shopping e arriscar depois do almoço. Mas, não, quase certo que não.

Aquele dia havia amanhecido – ou madrugado, particularmente fora do estilo de Vegas. Wade estava impecavelmente arrumado em uma calça jeans preta infantil, vestido com uma blusa social azul e tênis branco com detalhes nas cores anteriores e, entre as roupas de trabalho de reuniões Sara havia encontrado uma blusa branca com gola rolê e uma calça social preta. Lá fora no entanto, haveriam multidões confusas que em sua maioria vestiam roupas mais típicas para o Havaí, ou talvez Miami. Meses depois nesta estrada, Sara iria explicar ao sobrinho que Vegas era de fato localizada em um deserto.

Não naquele dia.

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Entrevistas eram particularmente problemáticas, sempre haviam sido e provavelmente sempre seriam.

Sara Sidle não era o exemplo que se vinha a cabeça com a palavra simpatia, jamais havia sido. No entanto, sentar diante da diretora de uma pré-escola durante uma hora seguida parecia ter despontado no ser moreno uma mostra inacreditável de gentilezas e elogios.

E mesmo que a responsável pela escola parecesse acreditar plenamente no quão bem equilibrados eram tia e sobrinho, e Wade em suas vagas horas de conhecimento da tia, não parecesse notar nada de anormal no comportamento. Sara sentia a cada palavra e gesto o pouco que lhe restava de dignidade ser arrancado para fora do peito, levando consigo parte considerável do orgulho cultivado por anos a fio. Quem afinal tinha de implorar para colocar uma criança na escola?...Todo pai ou responsável, aparentemente.

Aquilo – decidiu – era a verdadeira prova de desprendimento aos maus sentimentos humanos, e, mesmo que a certeza fosse um tanto duvidosa, Sara lembrava disto como a causa do abandono da religião.

Podia se desfazer da luxúria, sim, da gula, com toda certeza , da inveja , apesar das dificuldades. Não era preguiçosa, não era avarenta, a ira apenas lhe servia na medida certa... O orgulho, no entanto, era mais que um pecado ou um mero capricho. O orgulho era parte da essência.

Sara era o exemplo a saltar primeiro a mente quando se falava em orgulho.

Não diante daquela mulher.

“ Filha da...” – A morena praguejou mentalmente, oferecendo a senhora – a diretora – um sorriso afável.

– Bem, senhora Sidle. – a mulher sorriu, olhando entre Sara e Wade. – Eu acho que podemos aceitar o jovem Wade, mas, a senhora teria de pagar uma taxa adicional. Já que não estamos em um mês de inicio letivo e...- Sara revirou os olhos enquanto a senhora falava, mexendo em algo no computador e suspirou. – Então... Se ele for entrar agora, nós estaríamos colocando o Wade na pré-escola. Se a senhora optar por também fazer as programações de verão, este ano ainda podemos tentar a preparação para o Jardim de Infância e em um ou dois anos no máximo, passamos para o currículo escolar de crianças mais velhas...- sorriu para Sara, passando alguns panfletos sobre a escola. - E, então. Acha que vai fazer parte da família?

Mais um sorriso falso.

– Claro.

– Ah, ótimo! – e sorriu. – E então, gostaria de dar uma olhada pelas instalações da escola?

Sara assentiu e se levantou, sendo seguida por Wade.

A escola era enorme, parecia por fora uma espécie de mansão/igreja, por dentro no entanto era agradável: os corredores eram abertos e davam para o pátio, onde se encontrava uma imensa área verde, uma espécie de campo de beisebol , um espaço mais separado com rede de vôlei e cesta de basquete e por fim um parque infantil. A maioria das salas encarava os corredores, sem vizinhas a frente, e as paredes brancas pareciam jamais ter visto crianças durante sua existência. Fato que apenas era despistado pelos armários com algumas figurinhas que ocupavam a área mais fechada da escola, próxima as escadas e a coordenação. Estes no entanto eram ocupados apenas por estudantes mais velhos.

Era totalmente diferente de qualquer outra escola em que Sara havia estudado, e apenas aquilo era um ponto decisivo em sua escolha.

E afora o cheque exorbitante para pagar taxas, matrícula, mensalidade, livros e fardamento – este último mais extravagante do que deveria ser – Sara havia saído razoavelmente satisfeita.

E mais cedo do que esperara.

– Bem. Então seja bem vindo a Challenger School, Wade. Nos vemos amanhã, certo?

– Elto. – Wade assentiu agarrando a mão da tia e espiando curiosamente as roupas e livros presos no outro braço.

Caminharam de volta até o carro, onde o garoto teve oportunidade de espiar o material suspeito e Sara de respirar livremente. Lhe restavam apenas dois desafios agora.

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A procura por uma babá fora mais fácil do que o esperado, apenas uma visita a agência de empregos e havia conseguido uma senhora de seus sessenta e poucos anos, bem humorada, latina, e sem uma limitação de horário. Quase havia simpatizado com a mulher, o que era qualquer coisa similar a um milagre.

E então, aproveitara que já estava dentro do shopping para levar o menino a praça de alimentação. Saltitando agarrado a mão da tia e oferecendo um sorriso a todo ser vivo no lugar, Wade provara ser um alvo fácil para artistas de corredor. O que os levara aquele momento.

Sentados em um ambiente montado próximo as mesas do parque de alimentação posando para uma foto qualquer que prometia ser revelada na hora.

Mas, afinal, quando as coisas saíam bem para Sara Sidle? Provavelmente em uma parcela mínima de vezes, aquela não era uma delas, o menino havia conseguido dar um basta aos cachos com as mãos e deliberadamente havia se jogado no colo da tia, com um sorriso imenso. Em contraste com o rosto perplexo da morena.

A tão esperada foto no entanto havia saído estragada, parte das cabeças cortadas, tomada por um tom avermelhado no lugar das cores normais, e mais importante que isso. Ao contrário.

Wade desgostoso saiu marchando, seguido da tia totalmente sem graça, e a promessa de uma nova fotografia fora deixada de lado. Assim como seus bons vinte dólares.

Nas mãos apenas a foto ruim.

– Joga isso foia!- reclamou, uma vez dentro do carro.

Sara apenas suspirou. Ah, sim. Aceitar aquela criança havia sido um de seus momentos menos brilhantes.

– Custou vinte dólares. – retrucou, guardando a foto dentro da bolsa.

– Tá errada!

Não argumentou novamente, apenas deu a partida no carro e encarou o menino pelo retrovisor.

– Eu gosto assim.

Dias mais tarde, ela descobriria que realmente gostava.


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Notas finais do capítulo

Taxonomia é a divisão da ciência responsável pela classificação dos seres vivos. Em suma, é aquela perda de tempo que nunca irá ser de nenhuma serventia, a menos que você esteja na minha área...E neste caso você sabe tão bem quanto eu, que luvas impermeáveis são mais necessárias e apreciadas que qualquer outra invenção humana.
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Toda e qualquer informação colocada na fic é previamente pesquisada, e portanto baseada em alguma coisa da realidade. Meu jeito especial de dizer que os lugares citados realmente existem, como a escola citada hoje.
Comentem ^^