Making Angels escrita por Caddie


Capítulo 7
Capítulo 7


Notas iniciais do capítulo

O outro não foi dos melhores, eu sei. Mas como eu não tenho mais nada para fazer, eu já vou postar este cap logo.
Aproveitem.



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“ – Você quer saber algo interessante sobre abelhas?

- Não.

- Você quer saber algo legal sobre abelhas?

- Não.

- Eu TENHO de te falar algo sobre as abelhas!

Ela bateu o pé encarou o irmão, o sorvete derretendo nas mãos e sujado completamente o vestido amarelo de verão.  Fez um bico e franziu a testa.

- Não! – afundou mais os pés descalços na areia da praia.

- Mas... – ele fez um barulho similar a de uma criança birrenta. – Dentinhoooooooooo, deixa eu falar. Deixa!

Ela suspirou e jogou o corpo para trás, sentando na areia e dividindo olhar entre o irmão e a casa mais a frente, apenas do outro lado da pequena rua mais alta que separava praia e cidade.

Não queriam voltar para lá. Nenhum dos dois.

- Fala. – demandou, encarando o irmão. Este também descalço, com uma camisa cinza desbotada e uma bermuda azul. O sorvete há muito devorado.

- Os machos das abelhas – ele começou. – são chamados zangões, ou zangão. Eles não sabem fazer mel, não tem órgãos para fazer isso. Eles também não tem ferrão. – Sara arqueou as sobrancelhas para o irmão. – E só servem para ter filhotes, e depois, eles tem de proteger a colmeia.

Ela balançou um pouco em seu lugar e encarou Aiden mais uma vez.

- Mas se eles não tem ferrão, eles não podem se defender. – chiou com um olhar inquisitivo no mais velho.

Ele sorriu.

- Podem sim!- bradou. – Eles são maiores e tem presas, assim quando alguém que não devia tentar entrar na casa deles, ele ataca. Mas também...- continuou num tom sério. – As abelhas são inteligentes, quando o zangão não faz o trabalho dele...

- O trabalho dele?

- É, o trabalho dele. De ser bom pai e proteger a colmeia. – explicou. – Quando ele não faz isso, aí a rainha ,que é mãe de todo mundo, bate nele até ele ir embora. E ele não pode voltar nunca mais, porque ele não tem mais função.

Os olhos castanhos fixos   no  irmão com admiração e a casa esquecida mais adiante. Ele sorriu para a menor.

- E por que é assim com as abelhas? – perguntou.

- Ah. Isso é porque as abelhas vivem em uma sociedade heterotípica.- ela mordeu o lábio completamente confusa, ele gargalhou. – Que dizer, Teeths, que como as abelhas são diferentes, cada uma delas tem um papel só dela. E então elas fazem o papel delas e não se metem no papel dos outros, e quando os outros percebem que ela é má ou não consegue fazer  o trabalho dela então eles expulsam ela, pra ninguém se ferir. Ou ela mesma vai embora.

Ela arregalou os olhos e encarou a casa de novo.

- Elas são espertas.

- Uhum...- Aiden concordou.

A menina terminou o sorvete e enterrou as mãos na terra, cantarolando qualquer coisa para si mesma.

- Nós somos uma sociedade heterotípica? – perguntou por fim.

- Eu acho... – ele começou. – Que a gente nem é uma sociedade, Teeths. Porque se for, ninguém sabe dizer que tipo é. A gente é só uma bagunça perturbando as sociedades de verdade.

Ela assentiu.

- Como a das abelhas.

- Uhum...E das formigas, e dos pássaros e dos peixes.

Ela parou, o encarou e tornou a olhar a casa.

- Eu acho que a gente é uma sociedade de moscas. – ele encarou a irmã e arqueou as sobrancelhas.

- Por que , Sara?

- Porque umas moscas gostam de coisa ruim. – ela começou. – E outras, gostam de machucar as que gostam de coisa ruim. E aí elas são ruins, e as moscas que gostam de coisas ruins gostam delas e elas de bater nas que gostam delas.

Aiden deu uma risada seca.

- Ah é... – olhou a casa. – Somos todos do mesmo nível que as Brachycera’s.

Ela o encarou com uma interrogação. Ele a olhou de cima e tornou a encarar a casa.

- Nós somos moscas, Sara. – suspirou. – Nós gostamos de coisa podre.

Ela se aproximou do irmão apoiou a cabeça no ombro dele e tapou os ouvidos. Como se os gritos dentro da casa ainda a pudessem alcançar. E podiam, mesmo quando não estavam perto, ainda chegavam aos ouvidos. Partindo de dentro da própria cabeça, arranhando tudo por dentro. Se não os gritos amedrontadores dos pais, então os pedidos de socorro presos na garganta esmagando tudo o que alcançavam. Mais mortais que a própria dor.

- Eu queria, Sara. Que nós fossemos abelhas.

Ela assentiu sem se mover. Talvez fosse tudo que eles precisavam, um par de asas e uma função. Uma desculpa para nunca pensar e nunca sentir, para que todos os fantasmas fossem um mero nada.

Aiden balançou os ombros quando viu o portão da casa abrir, e a figura mirrada sair, um pouco encolhida, com uma blusa cobrindo tudo que devia doer. Sinal de que o quer que fosse havia acabado. E que sua rainha havia defendido a colônia.

Se ao menos a rainha daquele grupo fosse forte o suficiente.

Mas era uma mosca

Todos eram.”

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Wade balançou as pernas no sofá e relanceou a tia, o encarando por trás do balcão da cozinha como se esperasse um ataque a qualquer momento. O telefone sem fio em mãos e um olhar de choque tatuado no rosto.

Ficou quieto, ainda que estranhamente desconfortável dentro da roupa, uma bermuda jeans preta e uma camisa cinza com um enorme Darth Vader estampado em preto e uma frase qualquer. Presa nos braços a mochila vermelha,  qualquer coisa parecida com um porto seguro diante daquela nova pessoa. Quando o levaria para o pai afinal?

Mas a morena parecia perder mais tempo lamentando qualquer coisa.

- Ok. – Sara iniciou, voltando a sala com o telefone e uma pequena agenda em mãos. -  Hoje é o último dia que eu vou ficar em casa com você. – declarou num tom vitorioso. – Amanhã, Jack...

- Wade.

- Tanto faz. Amanhã, nós vamos sair e encontrar uma babá. E então, vamos encontrar uma escola para você. – Mordeu os  lábios e analisou o garoto. – Em que série você está?

Wade encarou a tia em dúvida.

- Eu não sei. – respondeu desconcertado.

Sara franziu o cenho.

- Você já foi a escola? – ele assentiu e estendeu para a mulher três dedos, cheio de orgulho.

- Eu fui isso de tempo. Até o papai ficar dodói.

Sara apenas silenciou. Três o que? Dias, semanas, meses? Encarou de novo o garoto.

- Quantos anos você tem?

- Cuatlo.

Arqueou uma das sobrancelhas e voltou ao balcão da cozinha, procurando a certidão de nascimento do menino. Relanceou os olhos por ela e soltou uma gargalhada seca.

- Tem três! – murmurou quase em repúdio.

- Papai disse cuatlo! – Wade rebateu do seu canto no sofá.

- VAI fazer quatro.-  olhou o calendário pendurado na parede. – Daqui a dois meses... – e encarou o menino de novo. – Ok, ok. Nós resolvemos isso, amanhã.

Wade assentiu e virou emburrado.

- O que foi, moleque? – Sara questionou, se jogando no sofá ao lado de Wade.

- Nada...

- Ok...- encarou o menino e revirou os olhos. – Quer assistir televisão?

- Não.

- Nem desenho?

- Não.

- Ok, você que sabe. – jogou as mãos para trás. – Não sou eu a chata aqui , de qualquer jeito.

O menino se afastou um pouco e segurou com mais força a mochila. Sara encarou o sobrinho.

-Quer ouvir uma coisa legal sobre abelhas?

- Não.

- Não é como se você tivesse uma escolha de qualquer modo.

...

Talvez aquela casa, pudesse ter abelhas e não moscas.


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Notas finais do capítulo

E aí, alguém para tentar adivinhar quem ferrou o pé hoje subindo ladeira e pegando ônibus. Para ter uma emocionante aula de Taxionomia volta para a classe Insecta...Eu tô dando balinha pra quem acertar esta...
Sério, professores, sério? Eu pensei que nós tivéssemos parado com a porra ( foi mal, gente, só faz parte do vocabulário...) da taxionomia no segundo ano. Vai trollar deste jeito na casa da vó chinesa, viu.