Um Fio De Esperança. escrita por Pequena Garota


Capítulo 1
Capítulo 1


Notas iniciais do capítulo

Bom, essa é a mina primeira históra aqui, espero que gostem, e boa leitura.



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  ­–– Droga – balbuciei quando a faca escorrega e corta meu dedo.

  –– Está tudo bem? Perguntou Sarah entrando na cozinha.

Fiz que sim com a cabeça e corro em direção a pia, para lavar o sangue. Prendo a respiração e aperto os olhos.

  Aquele sangue estava me deixando enjoada.

  –– Tem certeza de que está bem? Perguntou colocando a mão em meu ombro.

  –– É só um pouco de sangue. – disse mais para mim do que para ela. – Tudo bem, o almoço já está pronto. – disse limpando toda aquela bagunça.

  Sarah pegou dois pratos no armário e me entregou um. Encarei o prato que ela me estendia, e dei um suspiro resignado quando o peguei.

  –– Você precisa se alimentar direito Feh, ou se não, logo vai ficar doente.

Revirei os olhos, minha irmã era 4 anos mais nova que eu, mas tinha muito mais juízo que eu jamais tive. Ela cuidava de mim constantemente. E eu era muito grata a ela.

  –– Você sabe que eu como – disse – É só que estou um pouco preocupada com a Claudia. – virei o rosto para que ela não visse minha expressão de angustia.

  –– Sei que está sendo difícil, mas se você não estiver bem, como vai poder ajuda-la?

Ela me deu passagem para eu poder me servir.

Eu suspirei.

–– Você tem razão. Ela precisa de mim.

 Ela sorriu para mim, o seu sorriso de menina, aquele que tanto me ajudava a ficar em pé.

  –– Ela vai ficar bem logo. – ela pegou dois copos e colocou na mesa. – Que tal irmos fazer uma visita para ela hoje? Perguntou depois de pegar o suco na geladeira.

  Eu fiz que sim, e me sentei para comer.

  Aquela não era a única coisa que estava me incomodando, mas Sarah não sabia dessa outra coisa que também estava me deixando para baixo. Gustavo não retornava minhas ligações, e não respondia meus SMS. O que será que tinha acontecido?  Estava ficando preocupada.

  Depois do almoço fui para o meu quarto, pegar o livro que Claudia havia me dado um pouco antes de ser internada.

Era um livro espírita, e na capa estava escrito a caneta.

“ Para a minha irmã de Alma. Eu te amo, com amor. Claudia.”

Sorri ao ver a pequena declaração que Claudia havia deixado para mim.

Me deitei na cama e comecei a ler, o livro era de Zibia Gasparetto eu já havia escutado algo sobre ela. Mas nunca tinha me interessado no assunto Espiritismo.

  Não sei por quanto tempo permaneci no quarto lendo, mas acordei com Sarah me chamando.

  Ela sorriu  para mim, e me estendeu o livro que provavelmente deixara cair quando adormeci.

    –– Papai disse que nos leva até o hospital, mas não vai poder nos esperar. Ele tem um compromisso, ou algo assim.

  Me sentei ainda sonolenta na cama. Me espreguicei e dei um longo bocejo.

  –– Ou então nós podemos ir manhã. – disse. – Você parece bem cansada.

  –– Não, eu estou bem. – disse me colocando de pé. Não ia abrir mão de ver Claudia por nada. – Quando ele nos leva? Perguntei abrindo meu guarda roupa.

  –– Assim que estivermos prontas. – disse indo até meu lado e pegando um vestido azul de dentro de meu guarda roupa. – Use esse. Fica bem em você.

Dei uma risada baixa.

   –– Tem certeza de que é a irmã mais nova?

  –– Só acho que estou em um corpo trocado – disse rindo. – talvez minha alma seja mais velha que a sua.

Balancei a cabeça negativamente. Fingindo estar impressionado.

  –– Você é inacreditável, sabia?

  –– Já me disseram isso. – disse sorrindo largamente. – Vou te deixar a sós para se trocar. – disse saindo do quarto.

  Revirei os olhos, como se ela já não tivesse me visto sem roupa um milhão de vezes.

  Troquei a calça Jeans e a camiseta rapidamente pelo vestido azul com detalhes brancos. Fiz uma trança no cabelo e corri para a garagem, de onde meu pai tirava o carro.

  –– Eu disse que ficava bem em você. – Sarah disse antes de entrar no banco de trás do carro.

   Meu pai me olhava torto de dentro do carro. Eu não suportava aquele jeito arrogante dele.

  Entrei no banco do carona e coloquei o cinto.

  –– Sarah, não quero que demorem lá. – disse meu pai como se eu não estivesse lá.

  Respirei fundo, ele sabia que Claudia era minha amiga, e não de Sarah, então para que falar isso a ela.

  –– Não vamos. – disse com toda a calma do mundo.

  Eu não conseguia entender como Sarah conseguia ter tanta paciência com meu pai. Sempre que ele gritava, ou dava uma ordem, ela nunca levantava a voz, e sempre mantinha a calma. Eu invejava isso nela. Sempre que eu e meu pai nos falávamos, eram jorros de palavras ofensivas.

   –– Eu não acho certo sua irmã ir no hospital com você. – disse. – Não acha que é uma coisa muito forte para ela ver? Ela é muito nova para ver esse tipo de coisa.

–– Pai, ela tem 14 anos, e já está bem grandinha. Acho que sabe se deve ou não ver. Afinal de contas, nunca se é nova de mais para se enfrentar coisas assim.

 –– Acha que...

  –– Vocês dois, será que podem parar de brigar como se eu não estivesse aqui. – pediu.

  Eu me calei, Sara não era obrigada a ouvir minhas discussões com meu pai. Meu pai também se calou.

  Ele nos deixou na porta do hospital. Balbuciou algumas palavras para mim, e disse um tchau para Sarah, antes de sair com o carro.

  Fui até o balcão de atendimento, e perguntei por Claudia. Ela estava no segundo andar, em observação. Ainda estava dentro do horário de visita, então a moça nos deixou subir.

  –– Sarah, tem certeza de que quer entrar? Perguntei para ela do lado de fora do quarto.

  –– Qual é. Você mesmo disse, sou eu quem tem que escolher se quero ou não entrar. E eu gosto muito da Claudia. – disse.

  Eu não me movi, não disse uma só palavra. Talvez meu pai tivesse razão.

  –– Ela está tão mal assim? Perguntou, seu rosto ficando preocupado.

  Claudia estava em um quadro muito avançado de anorexia nervosa. Estava com 35k, muito abaixo de seu peso. Seu caso era grave, não era a toa que ela estava internada a base de soro.

  Meus olhos encheram de lagrimas ao lembrar a imagem de Claudia. Seu corpo mórbido na cama de um hospital, ela mal se mexia, e mesmo assim ela sorriu para mim e disse um “eu estou bem” quase inaudível.

Fiz que sim com a cabeça limpando as lagrimas do canto de meus olhos. Claudia não podia me ver chorando, eu precisava ser forte para ajudá-la a melhorar. Por que ela ia melhorar, ela iria sair dessa, e ia ficar boa logo.

  Bati de leve na porta. Mas ninguém respondeu. Esperei mais alguns segundos, então abri a porta do quarto, não sabendo coo iria encontra-la do outro lado.

 Claudia estava sentada na cama, com um prato de comida em sua frente.

  –– Oi. – disse depois que entramos no quarto.

  Ela sorriu largamente para mim.

  Claudia estava com olheiras fundas, seu corpo ainda estava muito magro. Mas ela parecia estar um pouco melhor. Ela estava consciente.

  –– Você parece melhor. – disse andando até a beira da cama.

  –– Oi Claudia – minha irmã disse.

  –– Oi Sarah. Como você está?

  –– Eu estou bem. – ela mexeu inquieta numa mecha de cabelo. – Er... eu acho que vocês querem conversar não é? Eu vou pegar alguma coisa para eu beber, você quer alguma coisa Nanda?

  Fiz que não com a cabeça. E esperei que ela saísse do quarto.

 –– Você deveria comer. – disse me sentando numa cadeira ao seu lado.

  Ela fez uma careta.

  –– Não estou com fome. – disse empurrando a bandeja.

  –– Você tem que comer.

  Peguei o prato e enchi a colher da sopa com pedaços de legumes.

  –– Abra a boquinha. – disse fazendo aviãozinho como se estivesse dando comida a um bebe.

  –– Nan...

  Coloquei a colher em sua boca antes que ela terminasse de falar.

  –– Isso mesmo. Mais um agora. – disse quando vi que ela não iria cuspis em mim.

  Claudia não comeu toda a sopa, mas não ia força-la.

   Fiquei até o fim do horário de visita com Claudia. Sara também ficou no quarto, mas não conversou muito.

Chamei um taxi para nos levar para casa.

  –– Ela parecia mais feliz. – disse para Sarah. – Você viu como ela ficou feliz em receber visitas?

  –– Sim, e você também parece mais feliz. – disse com meio sorriso no rosto.

  A cena seguinte aconteceu tão rápido que mal tive tempo de processar. Em um segundo, eu estava vendo o rosto alegre de minha irmã e no minuto seguinte tudo estava girando, repleto de sangue. Sarah estava inconsciente, presa entre as ferragens do carro.

  –– Sarah? Chamei tentando me mover.

  Outra coisa nos atingiu, o carro rodopiou no asfalto e tudo o que eu vi foi o motorista sendo esmagado contra o poste e um Kadett vermelho.

 Foi de mais para mim.


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Notas finais do capítulo

Aqui está o primeiro capitulo, espero que tenham gostado. ^^