Era para ser uma semana “normal” de provas e aulas.

Bem, normal na medida do possível, para alguém como eu.

Eu ia para a escola, ia ficar encarando a prova, sem entender porcaria nenhuma (Maldita dislexia, as palavras voam da página, não dá pra viver assim!), eu ia prestar atenção em tudo, menos na prova, me remexendo na cadeira, até o tempo acabar (Raio de TDAH, eu não paro quieta!), depois, eu ia ficar conversando com meus dois melhores amigos, Nico Di Angelo e Loius Henley.

O Nico era um carinha meio estranho. Só vestia preto, e era pálido pra caramba. Uma vez eu perguntei “Nico, porque você é tão pálido?” “Eu tenho pressão baixa.” Ele disse. Eu disse algo como “Ok…”, ou coisa do tipo. Mas ele deve ter se esquecido, que minha mãe é enfermeira e eu vou fazer faculdade de Medicina, se a palidez dele fosse culpa da pressão baixa, ele já estaria desmaiado. Ele tem dislexia e TDAH, assim como eu, e tem cabelos pretos e olhos da mesma cor. Tá, vou admitir, ele é lindo, fazer o que? Não sou cega, sou míope, é quase isso, mas tem diferença. Ele é bem legal, depois que você se acostuma.

Louis é engraçado, mas é meio medroso, e tem uma risada estranha, parece um bode balindo, é estranho. Ele vive mancando, ele me disse que é porque ele sofreu um acidente quando era pequeno, mas ele é gente fina.

Os dois tem um sotaque americano muito forte, oque acho que é normal, já que os dois são de Nova York.

Mas, bem, naquele dia ia ter a prova de História, aula do professor Schimidt, um senhor alemão e judeu, que lutou com os ingleses na Segunda Guerra Mundial, porque, bem, o cara é judeu, né, ou ele ficava na Alemanha e era preso e muito provavelmente morto, ou ele ia pra Inglaterra. Eu adorava ele! Se bem que eu adoro tudo quanto é coisa da Segunda Guerra, então, não é de se espantar que eu vá gostar de um vovô camarada ex-soldado, né? Fora que ele sempre me dá 10…

Mas, bem, voltando ao assunto, eu fui pra escola, mas na hora de entrar na classe, o Senhor Schimidt não estava lá. Estava uma mulher com um turbante e óculos de sol. Ô tia feia aquela, vixe maria, era tão, mas tão feia, que eu nem vou tentar descrever.

Todos sentamos e ela disse:

- Olá classe.Meu nome é Medd Gorgon. Eu vim substituir o professor Schimidt.

- O que aconteceu com ele? - Nico perguntou

- Ele não estava se sentindo muito bem, senhor Di Angelo. 

- Como a senhora sabe? - Perguntei

- Sabendo, senhorita Furtado.

Quando ela virou as costas, Nico se virou pra mim e sussurrou:

- Thay, tenha cuidado com ela, eu não acho que ela deva ser de confiança.

- Porque?

- Senhor e senhora Adams, dá pra vocês calarem a boca? A professora que dar a prova! - Falou André, um garoto riquinho e metido.

- Cala a boca você André.

- Damas na frente, Mortícia.

Argh, aquele moleque vivia me chamando de Mortícia e ao Nico de Senhor Adams, eu odiava aquilo, só porque o Nico é mais dark, e eu vivia andando com ele, o moleque insistia em nos chamar de senhor e senhora Adams.

-Agora, ele vai apanhar. - eu murmurei pro Nico, mas quando eu ia me levantar, ele empurrou meu ombro pra baixo, me fazendo sentar de volta na cadeira e disse:

- Não coloque as mão no Lixo, Thay, não temos gel antisséptico.

Entendam, eu tenho um pouquinho de neura com germe e bactérias. Mas eu disse:

- Não ligo. - e quase levantei, mas Nico puxou meu braço denovo.

-Não vale a pe… - Ele começou a dizer quando a professora nova chegou perto das nossas fileiras de cadeiras e disse:

- Senhor Di Angelo, senhorita Furtado, senhor Lopes, parem de brigar, e façam a prova.

Ela entregou a prova e nós fizemos.

Na aula seguinte era a prova de Geografia, da professora Miranda. Ela era meio morta, só dava a lição. Mas não era a professora Miranda que estava lá. Era um cara enorme, parecia um armário! E era feio de doer. O nome dele era Mino, pelo que eu entendi do grunhido dele. Ele também, só dava lição.

A semana passou bem, fizemos as provas, minhas notas foram o limite pra passar como sempre, quase soquei o André de novo, enfim uma semana normal, exceto pelas substituições dos professores de História e Geografia. Medd e Mino ficaram super amiguinhos

Mas no último dia de aula, eu estava conversando normalmente como Nico e com o Louis, quando Medd e Mino apareceram, dizendo:

- Senhorita Furtado, precisamos falar com você.

- Sobre o que? - Perguntei.

- Apenas venha.

- Vou com vocês. - Disse Nico.

- Não não vai. - Mino Grunhiu.

- Sim, eu vou. - Disse Nico

- Deixe-o vir, Minota… Mino. - Disse Medd

-Ahn, vamos lá, Nico, não deve ser tão ruim assim, não é? O máximo que pode ser, é uma recuperação, né?

- Recuperação? Ahan…. - Disse Nico. - Professores, porque vocês não vão na frente?

- Claro. - Disse Medd

Quando os professores se viraram para andar, Nico virou rapidamente para Louis e disse:

- Espere um pouco e nos siga, fique escondido. Se necessário, chame ajuda.

Eu não entendi nada, mas Louis assentiu, e nós andamos rapidamente, pois quase perdemos os professores de vista.

Eles entraram em um galpão da escola, abandonado.

Quem me dera ter perdido os professores de vista enquanto eu podia.

Eu mal sabia o pesadelo que me aguardava.