A Ordem de Drugstrein (Versão antiga) escrita por Kamui Black


Capítulo 47
Capítulo 47 - Albenezir Ruöz Tallon


Notas iniciais do capítulo

Agradecimentos especiais para a Beta Reader Lubea, que revisou este capítulo.



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Arco VII - Povos Bárbaros

 

Capítulo 47 – Albenezir Ruöz Tallon

 

O sol do meio dia estava radiante no céu límpido. Apesar de ser início da primavera o ar estava parado e abafado na região dos pés das montanhas próximas ao planalto de Minorria. Porém, não era apenas este fato que contribuía para que pequenas gotas de suor se formassem nas testas de Kamui e Sarah; o enorme número de inimigos que bloqueava o caminho do casal era o maior determinante para tal situação.

O ogro de pele cinzenta gritava para seus subordinados utilizando seu idioma órquico. Para o casal aquilo não passava de grunhidos ininteligíveis. Por fim, dirigiu-se aos dois na linguagem humana.

Então são vocês dois que desafiaram Kiliker Broch. Devem ser magos poderosos para que ele tenha mandado quarenta de nós para persegui-los.

Quarenta! Não imaginava que seriam tantos!” Kamui pensou, começando a sentir-se acuado.

Ultimate Explosion!

O mago gritou utilizando uma enorme parte de suas energias para tal ato. As chamas seguiram-se, de maneira lenta, contra os seus adversários. A maior parte dos ogros saltou para as valas em meio as rochas da montanha. Sete dos quinze, porém, receberam os danos do ataque.

Um grande tremor de terra teve seu início e, junto a ele, um desmoronamento de enormes proporções. A rocha e a terra desciam a enorme montanha e soterraria a todos. Os ogros saltaram e correram e três deles foram soterrados. Kamui e Sarah criaram uma barreira em conjunto para aguentar o desmoronamento. Por muito pouco ambos não perderam suas vidas.

Nunca mais faça isso! Foi muito perigoso.

O rapaz foi repreendido pela namorada enquanto observava dois dos ogros se regenerando – eles possuíam o sangue de trolls. Ele moveu a cabeça de forma afirmativa e ambos prepararam-se para retornar ao combate.

Oath!

A garota gritou e uma poderosa cúpula luminosa envolveu o casal, protegendo-os do ataque imediato. A enorme energia que era gasta em tal feitiço, porém, não permitia que ela o mantivesse por um tempo prolongado.

Assim que a defesa de Sarah desmoronou, Kamui avançou enquanto gritava: “Giudecca”. A lâmina negra se formou em seu antebraço direito com perfeição e o primeiro de seus alvos foi um dos ogros meio troll. Ele atingiu seu adversário diretamente no braço direito, a regeneração do mesmo não surtiu efeito algum e a criatura de quase três metros recuou, pasma. O mago negro não hesitou e desferiu o derradeiro golpe na altura de sua cintura. A degeneração celular agiu rápido, o inimigo caiu, bastaria trinta segundos para ele estar morto.

Uma lâmina de uma cimitarra de tamanho descomunal desceu em direção as costas do mago. Ele, porém, girou o corpo rapidamente a defendeu-se da investida. A lâmina da arma do ogro atingiu a parte reta da sua própria. O rapaz, então, virou-a de modo a forçar gume contra gume. O metal começou a se deteriorar de maneira veloz devido ao efeito do feitiço. O inimigo recuou.

Quando um terceiro avançou contra Kamui, Sarah disparou um Thundera em sua lateral, lançando-o para trás. O casal estava novamente lado a lado. O número de inimigo havia diminuído de maneira significativa. No entanto, eles puderam perceber que mais deles uniam-se ao grupo aos poucos.

A preocupação tomava conta de ambos. Eles estavam juntos, um de costas para o outro. Não atacariam mais, a ocasião apenas permitia que se defendessem e contra-atacassem.

Quando alguns dos ogros decidiram investir contra o casal, um som alto de vento se movimentando foi ouvido. Uma enorme aura fez com que os dois jovens desviassem a atenção para o céu por um breve instante. A maior parte dos seus inimigos imitou o ato.

Na imensidão azul, algo esplêndido pôde ser visto por ambas as raças: Uma enorme criatura negra planava com as fracas torrentes de ar. De quando em quando batia suas enormes asas para se estabilizar em seu voo. Ela desceu devagar e, estonteados por esta visão, os combatentes fizeram uma involuntária trégua na batalha.

Ele pousou ao lado do casal de humanos. Suas enormes patas traseiras tocaram o solo com tal leveza que, ao contrário do esperado, nenhum tremor ocorreu. Enormes pegadas foram deixadas no solo úmido devido a chuva da noite anterior. Sua cauda bateu contra o solo, fazendo com que rochas fossem lançadas ao ar. As asas se fecharam enquanto a cabeça coberta em escamas negras inclinava-se para o alto, como se estivesse farejando o ar. Seus três chifres na cor marfim curvavam-se longamente para cima e, em seguida, em direção a sua nuca. Era um dragão. Um dragão bípede de mais de seis metros de altura.

Ele virou seu olhar em direção aos ogros. Em seguida, olhou para os humanos logo abaixo. Os orcs tremiam com a imponente criatura, o único a manter a compostura era Burbagaur, o comandante daquele batalhão. Kamui e Sarah fitavam o recém chegado com uma pontada de medo – por causa de sua enorme aura – e curiosidade, pois apenas conheciam os draconianos pelos livros.

O dragão deixou uma pequena labareda de fogo sair por suas narinas. Em seguida, começou a diminuir de tamanho enquanto seu corpo tornava-se humanoide. Ao mesmo tempo, graças a sua magia, roupas surgiram do nada e o cobriram.

Ele usava uma calça branca de um tecido fino e muito larga em comparação com suas pernas enquanto seus pés estavam protegidos por sapatos simples da mesma cor. Uma faixa dourada servia-lhe de cinto e um colete azul, que era mantido aberto na parte frontal e delineada por barras brancas, cobria-lhe o torço. Uma espécie de cachecol estava enrolado em seu pescoço. Deste, que era do mesmo tom do cinto, um sedoso tecido se estendia por suas costas até o meio das pernas.

Era alto, se comparado aos dois adolescentes, mas baixo se comparado aos orcs. Deveria ter cerca de um metro e oitenta centímetros de altura. Ele era visivelmente do sexo masculino, possuindo um corpo esguio, porém, com a musculatura definida. Sua pele era totalmente negra e lisa, aparentando grande resistência. Não possuía nariz, apenas duas narinas estreitas enquanto seus olhos eram de um verde intenso e com pupilas de um formato elíptico. Os chifres mantinham a mesma forma anterior, apenas em versão reduzida.

Saudações humanos. Sou Albenezir Ruöz Tallon, ancião regente dos draconianos do arquipélago de Mandrakory. Gostaria de saber se viram algum outro semelhante meu de pele dourada por esta região.

A atitude do draconiano foi, no mínimo, inusitada. Kamui e Sarah permaneceram a encará-lo, estupefatos. Não sabiam como reagir, ou, tampouco responder. A batalha que ocorria há pouco parecia encerrada, pelo menos até que aquele misterioso ser fosse embora.

Na... Não – o mago negro disse, por fim.

Entendo. Acho que terei de continuar procurando.

Albenezir olhou novamente para o céu, sua serenidade era incrível. Depois disso, olhou em volta para verificar todos os ogros que estavam no ambiente. As criaturas tremiam, haviam aprendido com seus ancestrais a temer os que consideravam como semi-deuses, no caso, os draconianos.

Até onde eu sei, os humanos não se tornaram aliados dos orcs, estou certo, mago?

Na verdade, estávamos lutando até que o senhor apareceu – Sarah respondeu com cortesia, porém, não mais com medo.

Todos estes ogros contra duas crianças? É vergonhosa a covardia destes seres inferiores.

Uma longa pausa de alguns segundos foi feita pelo draconiano. A seguir, ele olhou para aquele que ele julgava ser o líder dos orcs. Disse-lhes palavra que nem Kamui nem Sarah compreenderam. Elas foram ditas em órquico.

A expressão de Burbagaur mudou de ódio para medo, a seguir, para ódio novamente. Ele bradou uma espécie de grito de guerra tão alto que fez com que o solo vibrasse. A seguir, ele e a maior parte dos ogros que estavam em seu lado do campo de batalha, assim como outros que se mantinham na retaguarda do draconiano avançaram contra o mesmo.

Albenezir fechou os olhos e mexeu levemente a cabeça em uma negativa. Em seguida, estendeu o braço direito contra o ofensor. Sem que ele pronunciasse qualquer palavra, um imponente dragão elétrico surgia da palma de sua mão e, em questão de menos de um segundo, cobriu todos seus atacantes com um raio de energia mortal. O feitiço circulou a volta do seu conjurador, poupando apenas os dois humanos e os ogros que não ousaram atacá-lo.

Quando a energia sumiu, tudo o que podia ser visto eram os cadáveres escuros e carbonizados do que, antes, eram imponentes ogros. Sarah abraçou com força o braço direito de Kamui. A garota, assim como o rapaz, percebeu que, se aquela criatura se voltasse contra os dois, não haveria qualquer chance de sobrevivência.

Os últimos sobreviventes da raça órquica fugiram, desesperados, antes que suas vidas também fossem tomadas. Albenezir não os atacaria sem motivo; o que havia ocorrido há pouco fora provocado e ele tirou as vidas a sua frente com um grande pesar.

Lamento que tenham presenciado uma cena destas com o primeiro draconiano que veem. Espero que isto não os deixe com a impressão de que apoiamos a barbárie e a violência.

Em nossos livros está escrito que vocês são uma das espécies mais culturais de Algos, superando até mesmo os elfos – Sarah disse, tentando alguma aproximação, apesar de assustada com a aura impressionante que emanava de Albenezir.

Fico lisonjeado com tal comparação. Mas vocês não deveriam esquecer de si mesmos, humanos. Particularmente os acho mais interessantes que os elfos. Vocês são tão... Diferentes uns dos outros. São mais espontâneos. Uma espécie fascinante, devo admitir.

Os dois magos se entreolharam, intrigados com o que o draconiano dizia-lhes. Eles é que achavam aquela raça impressionante. Quantos humanos tiveram, em suas curtas vidas, a oportunidade de ver um dragão com seus próprios olhos?

Há séculos não tenho contato algum com vocês, humanos. Adoraria poder conversar, mas tenho algo a procurar. Adeus.

Ao contrário do que o casal imaginava, o draconiano gostava de falar, e gostava muito. Porém, ele realmente deveria ter pressa, pois sua forma humanoide lentamente deu lugar para a de um dragão imponente de escamas negras. Ele bateu as asas de maneira agitada, o vento fez com que os cabelos dos dois jovens se esvoaçassem em um ritmo bagunçado. Logo o dragão ganhava o céu.

Albenezir Ruöz Tallon!

Kamui gritou para o dragão, que parou em pleno ar e o encarou. Sarah tapou a boca com as duas mãos enquanto olhava, incrédula, para a audácia que o namorado teve em fazer tal coisa.

Eu sou Kamui Atreius. Guarde o meu nome, pois certamente nos veremos de novo.

Não era possível ter certeza, mas o rapaz jurou ter visto o dragão “sorrir” pouco antes de voar ainda mais alto e sumir entre as montanhas. Ele também sorriu com isso. Quando o rapaz virou-se e olhou para a namorada, deparou-se com uma Sarah nada feliz.

Idiota!

Sem esperar por isso, o rapaz recebeu um tapa no braço. Não foi um golpe forte, mas o suficiente para lhe causar alguma dor.

O que eu fiz? – Perguntou, sem entender o motivo da irritação da garota.

Foi irresponsável, como sempre. Tinha que gritar para um dragão? E se ele se irritasse e nos atacasse?

Ah! Sarah, deixa de ser medrosa. Ele não ia fazer isso, gostou de nós.

Medrosa?! Eu não sou medrosa, Kamui Atreius!

Ca... Calma Sarah... – Ele pode ver uma pequena veia saltando no pescoço da garota. – Cadê os ogros, prefiro lutar contra eles de novo que te enfrentar brava.

Esquece isso e vamos sair daqui.

Emburrada, a garota virou-se na direção para onde seguiam antes de serem interrompidos pelos orcs. Kamui a seguiu, ainda tentando acalmá-la.

 

 

Os primeiros raios solares da manhã ainda não haviam superado as montanhas quando Spaak acordou e recolheu o acampamento previamente encantado para ser compactado em um pequeno embrulho. O mestre caminhou durante as três primeiras horas em uma velocidade acelerada. Ele sabia que não estava sozinho e sabia que mesmo ele teria dificuldade em enfrentar a quantidade de inimigos que o perseguia.

O terreno árido e acidentado não era um empecilho para sua velocidade. As rochas, a terra e até mesmo os poucos vegetais e seres vivos passavam como se fossem apenas um vulto por sua visão periférica.

No entanto, depois de algum tempo, o mestre resolveu que seria melhor reduzir o passo. Se não o fizesse, correria o risco de ficar com muito pouca energia reservada para um eventual combate.

Fez uma pausa muito breve para o almoço e, após comer pão, queijo e um pouco de carne seca, prosseguiu com seu percurso.

Pouco antes do crepúsculo ele pôde sentir uma aura vindo em sua direção. Analisou direito a situação e percebeu que eram, na realidade, duas presenças. Parou e escondeu-se em meio as rochas. A seguir, ocultou sua própria aura e esperou para ver quem passaria por aquele lugar.

 

 

Kamui e Sarah caminhavam, utilizando um ritmo acelerado, em meio à região montanhosa e inóspita. Como era esperado, a garota não manteve suas hostilidades para com o namorado mais do que meia hora. Sendo assim, eles puderam fazer uma pausa para o almoço, apesar da comida ser muito escassa na região.

O casal conseguiu encontrar um coelho perdido em meio às pedras. Provavelmente o pequeno animal procurava o mesmo que eles: alimento. Sarah sentiu-se mal por ter de tirar a vida de uma criatura que ela considerava tão bonita. Para Kamui, no entanto, a fome falou mais alto e ele o fez sem qualquer remorso. Certamente que a garota não recusou a refeição após ela estar devidamente preparada.

A primeira situação mais complicada começou a surgir pouco antes do fim do horário vespertino. Sarah sentiu uma forte aura sendo emanada de algum ser há alguns quilômetros a frente do caminho para o qual eles deviam seguir.

Kamui! Espere! – Ela pediu enquanto parava bruscamente o movimento e fechava os olhos. – Consegue sentir essa aura?

Não. Ela é forte?

Sim, muito, e deve estar a menos de uma hora a nossa frente.

Será que é um gnoll?

Acho que não, é forte demais para ser um – respondeu em meio a uma expressão preocupada.

Talvez seja um tauren shaman.

O que vamos fazer?

Kamui parou e pensou um pouco. Por fim, tomou sua decisão:

Seguir em frente. Não há outra escolha.

Certo, mas vamos com cautela.

Eles permaneceram se movendo na mesma velocidade, porém, com a atenção ao seu redor redobrada. A maga branca monitorava o local frequentemente e não levou muito tempo para que o rapaz percebesse o mesmo que ela.

A tensão apenas tornou-se maior quando a poderosa aura sumiu misteriosamente.

Kamui!

Eu percebi. Vamos continuar.

Mas...

Não temos outra escolha – ele encarou a namorada, que trazia uma dose excessiva de preocupação no rosto. – Vamos ficar bem, não se preocupe – beijou-a na testa, o que fez com que um fraco sorriso despontasse em seus lábios finos e rosados.

Quando o casal chegou ao ponto próximo ao que a misteriosa aura havia desaparecido, eles diminuíram a velocidade do caminhar e redobraram a cautela, assim como esconderam sua presença o melhor que puderam, visto que apenas os mestres mais habilidosos eram capazes de oculta-la completamente.

Sarah levou sua mão direita junto a esquerda de Kamui. O rapaz segurou a mão da namorada com firmeza, entrelaçando os dedos. Ele sentia-se tenso. Ela, além disso, estava acuada e com certo receio.

Um barulho – mínimo, porém perceptível pelos dois que se mantinham concentrados – alertou-os de que havia algo na encosta da montanha. O mago negro virou-se no mesmo instante para tal direção. A palma de sua mão direita envolveu-se completamente em uma chama proveniente de um Dark Fira.

 

 

Durante quase meia hora Spaak permaneceu escondido em meio às rochas e saliências da montanha. Ele percebeu quando as duas auras diminuíram e chegou à conclusão que os dois haviam percebido sua presença ali e tentaram esconder a sua própria o melhor possível. Bastou alguns segundos para que uma teoria fosse montada em sua cabeça. Porém, o mestre decidiu não se arriscar e permanecer onde estava até ter absoluta certeza de que o que estava pensando estava correto.

Apesar do tédio e da leve cãibra em sua perna direita, o ruivo não saiu da posição ou fez qualquer movimento até que os dois entraram em seu campo de visão. Assim que sua teoria mostrou-se correta, ele se levantou de onde estava agachado e saltou em direção ao casal.

Seu movimento foi brusco e rápido demais a ponto de sobressaltar os dois. Kamui chegou a preparar um Dark Fira e ficar pronto para dispará-lo no mestre caso este fosse um inimigo.

Calma lá. Não sou nenhum orc.

Spaak! – Sarah gritou, entusiasmada em rever o mestre.

Sim, eu.

Você deu um susto na gente – o mago negro disse, por fim, enquanto desfazia o feitiço que havia preparado.

Foi então que o mestre reparou que os dois estavam de mãos dadas de uma maneira muito peculiar. Suspeitou que algo havia acontecido entre os dois. Algo que os teria aproximado muito. Entretanto, resolveu não arriscar nenhum palpite, perguntaria para Kamui assim que houvesse uma oportunidade.

Vocês dois estão bem?

Estamos. Não deveria se preocupar. A batalha em Naubasec será muito pior – o rapaz respondeu ao mestre.

É justamente por isso que devemos nos apressar em voltar para junto da comitiva principal. Espero que possamos nos unir a eles antes da batalha ter se iniciado – o mestre retrucou.

Durante o percurso, nenhum deles falou muito a respeito do que havia ocorrido enquanto estavam separados. No entanto, durante a noite, quando Spaak acendeu uma fogueira e dividiu com eles o alimento que havia trazido, Kamui despejou sobre ele as perguntas que tinha em mente. Elas eram basicamente o resultado da batalha e se alguém havia se ferido.

Assim que o mestre contou ao casal o que conhecia dos fatos, foi a vez dos dois revelarem o que havia ocorrido com eles. Kamui narrou com fidelidade tudo o que tinha observado sobre Kiliker. Sarah tratou de descrever os acontecimentos envolvendo o draconiano Albenezir.

Um draconiano? – O mestre perguntou apenas para confirmar.

Sim. Ele era incrível – a garota complementou.

E muito poderoso também. Acabou com mais de vinte ogros em um único feitiço. Acho que ele superaria o Imperador Negro facilmente – Kamui expôs sua opinião.

Não tenho certeza. Albenezir Ruöz Tallon é o regente dos draconianos que dizem ser mais antigo até mesmo que o mais antigo dos elfos...

Como assim?! – Sarah interrompeu. – Os draconianos, mesmo os de pele negra ou dourada, não deveriam viver mais que dois mil anos. O mais antigo dos elfos devem ter uns doze mil anos, talvez mais.

Como isso é possível eu não sei, mas foi o que eu ouvi – Spaak retomou seu relato. – O que queria dizer era que, apesar dele ser o mais poderoso dos draconianos, o GranMestre Kamus Atreius o derrotou em um duelo.

Ao ouvir o nome de seu pai, Kamui levantou-se de repente e encarou Spaak.

O que disse?! Meu pai...

Sim, Kamui, seu pai esteve no arquipélago de Mandrakory junto de sua mãe, Sellenya. Eles treinaram com os draconianos durante seis meses. Isso foi um ano antes de você nascer e seu pai se tornar um GranMestre. Ele retornou de lá muito mais poderoso e sua mãe fez questão de dizer para todos que Kamus havia derrotado Albenezir em um duelo.

Meu pai e minha mãe... – ainda atordoado pelas descobertas, Kamui sentou-se ao lado da namorada e tateou o chão a procura de sua mão. Assim que a encontrou, a segurou firme entre a sua própria e encarou a garota diretamente nos olhos. – Sarah... Um dia eu quero ir para este lugar com você...

A garota corou levemente ao ouvir as palavras do mago negro. Ele aproximou seu rosto ao dela na intenção de beijá-la. Ela cedeu e também se aproximou um pouco mais a ele.

Aham.

Spaak, um pouco incomodado com a situação, acabou, em um ato quase involuntário, por cortar o clima que havia se estabelecido. O casal se separou e desviou os olhares no ato, um tanto quanto constrangidos por se deixarem ser flagrados em um momento tão íntimo.

Mas, Spaak, por que você ou o Sakuro nunca me contaram isto sobre ele? Quero saber mais detalhes sobre esse treinamento.

Bom, que ele derrotou Albenezir e os dois treinaram em Mandrakory não é segredo nenhum. Sinceramente, achei que você já tivesse ouvido em algum lugar. De qualquer maneira, o treinamento que eles tiveram lá foi secreto. Eu não faço a menor ideia do que poderia ser.

Entendo – apesar de não estar satisfeito com a resposta, Kamui teve que se contentar com o que descobriu. Quando voltasse a Drugstrein, certamente pediria a Sakuro mais detalhes sobre isso.

Agora me contem, como vocês começaram a namorar? – O ruivo perguntou por fim.

Sarah corou novamente com a pergunta. Kamui limitou-se a deixar um sorriso presunçoso escapar por seus lábios. Eles contaram a história, omitindo os detalhes mais íntimos. Após isso, os três decidiram dormir. Spaak cedeu sua barraca para a garota e os dois rapazes acabaram dormindo ao relento. O mestre fez o primeiro turno de vigília e o mago negro o segundo.

Logo de manhã, a equipe, novamente reunida, colocou-se em movimento de maneira rápida e eficiente. Spaak avisou-lhes que provavelmente encontrariam alguns trolls no território por onde passassem.

A metade do dia chegou rápida e eles tiveram de procurar comida, pois o alimento que Spaak trouxera já havia se esgotado. Sarah conseguiu encontrar algumas frutas pouco acima da encosta da montanha. Não foi uma refeição muito saborosa ou diferenciada, mas foi suficiente para acabar com a fome.

O meio da tarde chegou e, junto a ela, um pouco de agitação. Já fazia mais de uma hora que o mestre havia detectado o movimento de criaturas pesadas na região. Assim como ele previu, um grupo contendo oito trolls os interceptou.

As criaturas rugiram na intenção de intimidar os adversários. Tal ato mostrou-se infrutífero, pois até Sarah estava confiante na vitória de sua equipe.

É, Spaak, parece que teremos um aquecimento antes da verdadeira batalha – Kamui disse enquanto encarava, de esguelha, o mestre.

É o que parece. Lembrem-se, sempre juntos.

Certo – o casal disse em uníssono.

 

 

Para qualquer direção que se olhasse no planalto de Minorria era possível se ver as montanhas. Isto ocorria pelo fato de que ele não era muito vasto e todos os seus lados eram cercados pelas elevações no terreno. Ao centro da região isso ainda era verdade, mesmo que as montanhas fossem apenas um tênue vislumbre de sua verdadeira imensidão.

De todos os mestres presentes, os de Drugstrein eram os que permaneciam mais calmos. Carlos e os irmãos ainda permaneciam isolados do restante do grupo. Gorgar apenas mantinha-se próximo por insistência de Márcio. Aghata e Jonathan faziam planos para não permitir que nenhum outro mago da Ordem caísse em combate.

O campo gelado, semi-árido e cheio de declives e desníveis de solo estava prestes a se transformar em um campo de batalha. De um lado os anões e magos preparavam-se para o combate. Do outro, gigantes e ogros mestiços com gigantes eram comandados por um dos subordinados de Kiliker Broch, Durunhoguer.

Pouco antes do confronto ter início, em meio aos gritos e urros ensurdecedores dos povos bárbaros, Gongar aproximou-se de Aghata e a chamou para um espaço reservado, mesmo recebendo um olhar irritado por parte de Jonathan.

Pode falar – a moça disse em um tom agressivo.

Eu... É meio difícil para mim, mas eu queria pedir desculpas pelas coisas que disse a você em Garyjan.

A baixinha olhou para o outro mestre estupefata. Nunca em sua vida ela poderia imaginar uma pessoa como ele engolindo seu orgulho e pedindo desculpas para alguém.

Certo. O que você disse foi realmente ofensivo, mas eu não guardo mágoas, Gorgar.

Nem da época em que estávamos juntos?

A questão a pegou de surpresa novamente.

Foi um relacionamento rápido, durou apenas três meses, não houve tempo para mágoas.

O olhar do mestre se desviou por um momento.

Nunca esperava um dia ver algum lado sensível em você, Gorgar – ela continuou. – Talvez tenha sido por isso que nosso envolvimento não teve futuro.

Era verdade que o mago negro costumava ser frio e arrogante com todos a sua volta. Para ele ter feito uma exceção a alguém queria dizer que essa pessoa significava muito para ele. Chegando nesta conclusão, Aghata começou a preocupar-se com o rumo que aquela conversa poderia tomar.

No entanto, suas preocupações mostraram-se infundadas, pois, no instante seguinte, os gigantes e ogros avançaram pelo campo seco com uma velocidade aterradora. A terra começou a tremer e um estrondo incrivelmente forte começou a se propagar. Os anões e magos também avançaram em direção aos inimigos.

O combate teve início.

 

 

 

 

 

 

N.A - Eu não poderia deixar de dedicar este capítulo para a minha amiga e leitora Yasmim.

Acabamos de ver a primeira aparição de um draconiano na história, e já vimos que foi nada mais nada menos que o regente da raça em pessoa a salvar o casal de magos humanos. Espero que tenham gostado da aparencia dele, procurei detalhar bem a descrição dele para que possam imaginar exatamente do mesmo jeito que eu o imagino.

Além disso, descobrimos coisas interessantes sobre os pais de Kamui. Também tivemos o reencontro da equipe de Spaak e o anuncio de duas novas batalhas, que ocorrerão no capítulo que vem. Espero anciosamente a opinião de vocês.


Aproveitando a oportunidade, gostaria de divulgar meu blog:

http://kamuiblack.blogspot.com/

Nele estarei postando não só minhas fics, como também algumas coisas interessantes sobre elas. Convido a todos os meus leitores a participarem ^^

 


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