Nem Todo Mundo Odeia O Chris - 1ª Temporada escrita por LivyBennet


Capítulo 21
Todo Mundo Odeia Playboy


Notas iniciais do capítulo

Eu sei que vocês tão querendo me matar pela demora e provavelmente querem me estrangular por que ficaram pensando que eu ia abandonar a fanfic... OK! Eu entendo. Se eu pudesse eu adicionava o botão 'dar tapas' pra ajudar vocês...
Mas minha única forma de pedir desculpas é colocando mais um cap pra vocês....
Enjoy! :-) = cara de pau.... kkkkkkkkkk



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POV. CHRIS (Brooklin – 1983)

                Quando eu virei adolescente, os brinquedos perderam a graça e eu comecei a olhar pras meninas. Nenhuma me dava chance, então eu me contentava só em olhar. Essa foi uma das épocas em que mais descobri coisas. Uma das mais inesperadas coisas que descobri foi que uma mesa quebrada pode mudar a sua vida.

                “Chris, vai pegar a cola do seu pai. A mesa tá balançando.” Realmente, é bem desagradável cortar o bife se a mesa acompanhar o movimento da faca.

                “Onde tá?”

                “Na caixa de ferramentas embaixo da minha cama.”

                Pra qualquer um era só uma caixa de ferramentas, mas lá meu pai escondia um de seus maiores segredos: uma revista Playboy. Naquela época eu não sabia muito sobre mulheres, mas eu sabia que queria uma daquelas. Das garotas que eu achava bonitas, nenhuma chegava nem perto da coelhinha de junho.

                Pensei em contar pra Lizzy a minha descoberta, mas imaginei como seria estúpido. Era óbvio que nós dois íamos ficar com vergonha e eu não queria que ela pensasse que eu era um pervertido. Então decidi contar só pro Greg. Levei a revista escondida pra escola no dia seguinte e mostrei pro Greg quando a Lizzy se afastou da gente.

                “Cara, seu pai sabe que você pegou?” Não sabia AINDA.

                “Não. Peguei na caixa de ferramentas dele.”

                “Que legal!”

Aí passou um garoto e viu a gente com a revista e pediu pra ver. Mandei ele dar o fora, mas ele disse que me dava 1 dólar pra ver. Cogitei o assunto e deixei ele com a revista por 1 minuto. Quem diria que se pode ganhar dinheiro com mulher! Depois desse vieram outros querendo ver a revista e eu acabei ganhando dinheiro pra caramba. Tava dando graças a Deus minha sorte da Lizzy não ter aparecido quando o Caruzo chega e pega a revista.

“É minha vez agora, pixain.” Se eu perdesse a revista, meu pai ia me matar.

“Devolve, Caruzo. É minha!” Meu pesadelo ficou pior quando eu escutei a última voz que eu queria ouvir.

“O que é que tá acontecendo aqui?” Lizzy. To ferrado!

O Caruzo me devolveu a revista na velocidade da luz enquanto a Lizzy passava pela pequena multidão que tava ao meu redor. Ninguém tinha respondido a pergunta dela.

“Ok, eu repito. O que é que tá acontecendo aqui?” Ela virou pro Caruzo. “Por acaso você tava querendo brigar, Caruzo?” Ele abaixou a cabeça e fez que não. “Então sai daqui.” Esquisito como ele fica mansinho perto dela.

Aproveitei a distração de todo mundo e a sorte da Lizzy não ter visto a revista ainda e corri parecendo um desesperado. É claro que com o meu azar, todo mundo correu atrás. Consegui correr dois corredores e dobrar em outro, mas acabei esbarrando... na vice-diretora. Eu caí e a revista caiu da minha mão exatamente no pé dela. Ela pegou a revista e olhou pra todo mundo que tinha corrido atrás de mim.

“De quem é essa Playboy?” Silêncio total. Ninguém sequer me dedurou. “Muito bem. Pois ela vai ficar comigo até que o dono apareça.” Droga! Ela entrou na sala e todo mundo saiu fora, menos uma garota que tava encostada na parede olhando tudo. Lizzy.

“De quem será que era a Playboy?” Ela falou com aquele tom de ‘eu sei que foi você, mas quero ouvir você falar’. Desisti.

“Era minha.” Ela veio e me ajudou a levantar. Olhei pra ela sem entender. “Não tá brava?” Ela fez cara de raiva.

“Claro que eu to!” Notei que ela tava um pouco vermelha, mas não parecia de raiva. Eu conhecia a Lizzy com raiva, e ela não era assim tão pacífica.

“Não parece.” Ela revirou os olhos.

“Tá vendo a confusão que você se meteu por causa daquilo?”

“É, mas eu ganhei uns trocados.” Tirei do bolso um rolinho de 30 dólares que eu tinha ganhado. Vi que ela tinha ficado mais vermelha, mas sabia que daquela vez era de raiva. Ela tomou o dinheiro da minha mão.

“Você não vai ficar com isso! Até você me dizer o que eu quero ouvir de você, isso fica comigo!” Passou por mim e foi embora.

Ela foi o caminho pra casa inteiro emburrada comigo. Colocou o headphone e nem aí pra mim. Tentei puxar assunto e ela não respondia. Eu não sabia o que ela queria que eu dissesse.

Em casa, descobri que meu pai tinha se dado conta do sumiço da Playboy.

 “Chris, você mexeu na minha caixa de ferramentas?” Meu sangue gelou.

“Não. Por quê?” Ele ficou todo errado.

“Por nada.” Eu tinha que recuperar a revista o mais rápido possível.

De manhã fiquei surpreso em escutar três assobios me chamando. Era sempre eu que me arrumava primeiro. Desci e ela tava me esperando. Será que ainda tava com raiva?

“Oi.” Ela sorriu sem graça.

“Oi. Desculpa por ontem. Eu exagerei. Se você não queria me contar era uma escolha sua.” Se virou e ia descendo a calçada.

“Lizzy, espera.” Ela virou, mas não olhou pra mim. Andei até ela. “Então você ficou brava por que eu não te contei?” Ela fez que sim.

“Esquece. Foi besteira minha.” Ela tava muito sem graça e eu tava começando a ficar também. “Não é uma coisa que uma garota deva saber.” Acertei. Ela tava com vergonha. Começamos a andar em direção à parada de ônibus.

Momentos constrangedores de silêncio até eu criar coragem de falar.

“Lizzy, só pra você saber. A Playboy não é exatamente minha.” Ela me olhou sem entender. “É do meu pai.” Ela fez cara de espanto. Acabei contando pra ela como eu tinha encontrado a revista.

“Uau. Nunca imaginaria que seu pai tinha uma dessas.” Embora ela falasse com calma, ela tava vermelha e eu notei que eu tava com vergonha também.

“Pois é.” Falei sem jeito. “Mas eu preciso pegar a revista de volta. Ele vai acabar descobrindo.” Ela sorriu.

“Vou pensar num jeito.” Sorri de volta.

“Valeu.”

Quando chegamos na escola o Greg tava lá esperando a gente nos armários. Aparentemente ele queria falar comigo sozinho, mas a Lizzy não saía de perto da gente. Então, ele arrumou uma desculpa.

“Chris, eu preciso te perguntar uma coisa.”

“O quê?” Ele olhou pra Lizzy, que continuava lá no armário dela e eu saquei qual era a dele. “Greg, é sobre a revista?” Ele me olhou assustado. “Tudo bem, ela já sabe.”

“Você contou?”

“E dava pra manter segredo depois de ontem?” Ele deu de ombros. De repente a Lizzy fechou o armário com força.

“Tive uma ideia pra pegar a revista.”

“Qual?” Ela me olhou séria.

“Mas você vai ter que me prometer que quando a gente pegar a revista, você vai colocar no mesmo lugar que você tirou.” Revirei os olhos.

“Tudo bem. Qual é o plano?” Ela chegou mais perto e contou.

Era bem simples. A vice-diretora tinha os horários fixos dela entre uma atividade e outra, e no intervalo ela passava 12 minutos fora da sala dela. Nesses 12 minutos, eu e a Lizzy íamos entrar na sala dela, pegar a revista e dar o fora.

Assim que a vice-diretora saiu da sala dela, a gente colocou o plano em prática. O Greg ia ficar só de vigia e ia avisar a gente se ela tivesse voltando.

Reviramos a sala inteira, mas nada de encontrar a revista. Eu tava procurando nos armários quando a Lizzy, que tava na mesa da vice-diretora, levantou a revista. Eu sorri e fiz o sinal pra gente cair fora. E foi aí que a vice-diretora entrou. Foi lindo... a minha cara de tacho.

“Então, acho que descobrimos de quem é a Playboy afinal.” Eu já tava me achando lascado quando aconteceu o mais improvável dos improváveis.

“A senhora entendeu errado. A revista é minha.” O Greg tinha entrado na sala, na cara limpa, e tava dizendo uma mentira na cara de pau. Todo mundo ficou pasmo com essa. E ele continuou. “Eu pedi pra eles virem pegar pra mim. São meus melhores amigos, então vieram.”

A vice-diretora tava tão pasma quanto a gente.

“Gregory, eu não consigo acreditar, mas suponho que faça sentido. Garotos e suas fases de crescimento.” Aí ela olhou pra Lizzy. “E você, mocinha? O que faz aqui?”

“Ele é meu amigo.” A vice-diretora respirou, contrariada.

“Vocês dois, me deem a revista e podem ir. Se aprontarem outra dessas, serão suspensos.” Entregamos a revista e eu pensei em falar alguma coisa. Abri a boca, mas o Greg me fez um sinal de ‘cala a boca e sai’.

Lá fora, eu virei pra Lizzy sem acreditar.

“Aquele era o Greg mesmo?”

“Também to sem entender, mas suponho que faça sentido.”

“Nada faz sentido. Ele se ferrou pela gente.”

“Exatamente. Desde que a gente se conheceu, o Greg nunca fez nada assim. Já nós dois fizemos isso um pelo outro inúmeras vezes. Isso mais o fato de que a gente mora vizinho, deixa o Greg se sentindo excluído, às vezes. Como hoje, quando você disse pra ele que eu já sabia da história. Então ele resolveu fazer alguma coisa pela gente. Fora que ele é o único de nós três que não foi fichado por nada na escola.”

“Uau.” Ficamos esperando o Greg até ele sair da sala da diretora.

“E aí, cara?” Ele deu de ombros.

“Vão chamar meu pai.” Me senti culpado.

“Foi mal.”

“Não precisa, Chris. Tava na hora de eu fazer alguma coisa.” A Lizzy me olhou com a cara de ‘eu disse’.

“Mesmo assim, cara. Você se ferrou pela gente.” Ele sorriu sem graça.

“É pra isso que servem os amigos.” A Lizzy sorriu e abraçou o Greg e eu abracei eles dois.

Na volta pra casa a única coisa que eu lamentava era que meu pai ia me matar quando descobrisse que fui eu que peguei a Playboy dele. Mas valeu a pena. Não pela revista. Ok... a revista valeu a pena sim, não vou ser hipócrita. Mas por descobrir que meus amigos ficariam comigo mesmo se eu tivesse errado.

No outro dia a gente chegou cedo e esperamos o Greg nos armários. Pra minha surpresa geral ele chegou com a revista e me entregou.

“Como conseguiu?”

“Meu pai não vai sentir falta de uma coisa que ele nunca teve. Agora leva e não traz mais pra cá.”

“Valeu, cara.” A Lizzy suspirou.

“O que foi?”

“Nada. No final sempre termina tudo bem.” Pensando assim até que era verdade.

“É. A gente sempre se resolve.”

“Verdade.” Greg.

Depois que a gente já tava na frente de casa foi que a Lizzy lembrou o que ela tava tentando lembrar a viagem inteira. Ela tirou o rolinho de 30 dólares do bolso e me devolveu.

“Não vou ficar com isso. É seu.”

“Valeu.” Guardei.

“No final das contas, até que elas são bonitas.” Ela falou, indiferente.

“Quem?” Ela apontou pra revista.

“Elas.” Naquele momento minha boca ganhou vida própria e eu me escutei dizendo...

“Não mais que você.”

Ela corou violentamente e ficou completamente sem graça. Não preciso nem dizer que eu fiquei sem ação. Momentos de silêncio e então ela chegou mais perto, sussurrou um ‘obrigada’ no meu ouvido, me deu um beijo no rosto e subiu correndo sem olhar pra trás. O local onde ela tinha beijado tava formigando como sempre ficava. Respirei fundo pra me acalmar – hábito que eu tinha adquirido pra quando ela fazia essas coisas – e entrei em casa.

POV. LIZZY

                Subi correndo, disse ‘oi’ pros meus pais e me fechei no meu quarto. Ok, respira. MAS ELE PRATICAMENTE DISSE QUE EU SOU LINDA! Ok, ele já tinha falado uma vez, mas foi quando eu tava arrumada, com vestido de festa e tudo. Agora não. Eu to vestida do jeito que eu sempre fico e ele disse isso! De repente eu tive um pensamento meio insano: ele gosta de mim.

                Me achei ridícula pensando isso. Ele não pensava em mim daquele jeito, éramos só amigos. Só amigos. Senti uma súbita tristeza ao pensar assim, mas deixei pra lá. Aaaaaahhhhhhh!!!! Eu preciso falar com alguém! Cibele! Corri pro telefone e disquei o número dela. A gente sempre se falava por cartas, mas dessa vez eu não podia esperar.

                Demorou um pouco, mas ela atendeu.

                “Alô?”

                “Cibele?”

                “Oi, Liz. Tudo bem?” A voz dela estava alegre.

                “Não sei dizer.” 3 segundos de silêncio.

                “Aconteceu alguma coisa? Você tá bem?”

                “Não foi nada de horrível, mas eu preciso conversar com alguém.”

                “Fala.” Acabei contando pra ela o que o Chris tinha dito.

                “Hummmm. Ele gosta de você.”

                “Não fala besteira!”

                “Não to falando. Sabe quem me elogia desse jeito?”

                “Quem?”

                “O David.” David era o namorado-noivo dela.

                “Para, Cibele!”

                “Ok. Se você não quer acreditar... tudo bem.”

                “Valeu por me escutar.”

                “De nada. Se cuida. Beijo. Amo você.”

                “Também te amo. Tchau.”

Por: LivyBennet


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Notas finais do capítulo

Se ainda estiverem aí, podem me esculachar nos reviews....
Eu mereço... kkkkkkkk