Nem Todo Mundo Odeia O Chris - 1ª Temporada escrita por LivyBennet


Capítulo 20
Todo Mundo Odeia o Drew


Notas iniciais do capítulo

Desculpem a demora mais que absurda!!!!!!!!!!!
Eu imploro, não me deixem.
To com uma montanha de provas e trabalhos pra fazer......
mas aí está mais um cap pra vocês.....



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POV. CHRIS (Brooklin – 1983)

Todo mundo espera que o irmão mais velho seja melhor em tudo. A maioria das vezes era assim, mas comigo não. Apesar de ser mais velho do que o Drew, ele sempre fazia as coisas melhor que eu. Ele era mais alto, tinha sorte, as meninas gostavam dele, ele era melhor em esportes e nunca se dava mal. Era o meu completo oposto. Mas a pior parte é que ele era um irmão mais velho melhor que eu. Sempre que a Tonya se metia em confusão na rua, ela chamava o Drew. Os garotos da vizinhança corriam quando escutavam o nome dele.

“Cara, eu sou zoado, sempre apanho, todo mundo sabe que eu não sou bom de briga e sou defendido por uma garota.” Tava falando isso pro Greg nos armários quando escuto a voz da Lizzy atrás de mim.

“Qual o problema de ser defendido por uma garota?” Virei pra ela.

“Sou zoado ainda mais.” Ela revirou os olhos.

“Pensei que não se importasse com isso.”

“É, mas eu me importo.”

“Então aprende a lutar.” Greg.

“Como se isso fosse fácil. Onde eu vou arrumar dinheiro pra isso?”

“Nem precisa. A Lizzy luta boxe e karatê. Ela ensina.” Ele virou pra ela. “Ensina?” A Lizzy pegou uns livros no armário e virou pra gente.

“Chris, me dá um motivo por que eu deveria te ensinar. Um motivo convincente.” Pensei um pouco, mas não me veio nenhuma ideia. Resolvi falar a verdade.

“Eu não aguento mais me sentir menor que o meu irmão mais novo.” Ela ficou me olhando por uns segundos.

“Ok. Eu ensino.”

“O quê? Mas esse motivo não foi convincente nem de longe.” Senti vontade de matar o Greg.

“Não foi pelo motivo. Foi por ele dizer a verdade.” Respirei mais calmo.

“Peraí. Desde quando o Greg sabe que você luta? Pensei que só tivesse contado pra mim.”

“Contei pra ele faz tempo, mas você nunca perguntou.”

Cheguei em casa e até pensei em falar com a minha mãe sobre aprender karatê, mas ela ia armar um escândalo, então resolvi deixar quieto. Afinal, era a Lizzy que ia me ensinar. Por outro lado, era melhor falar com o meu pai.

“Pai, posso aprender karatê?”

“Pra quê? Vai te arrumar um emprego?” Meu pai não via necessidade de aprender nada que não te arranjasse um emprego.

“Quero poder tomar uma atitude se alguém se meter com o Drew ou a Tonya.”

“Por que não aprende com o Drew?”

“Ele só vê o que faz nos filmes. Quero algo mais avançado.” Ele me olhou.

“Quanto vai custar?”

“Nada. A Lizzy vai me ensinar.”

“Qual é a diferença entre o Drew e a Lizzy?” Revirei os olhos.

“Ela é faixa preta.” Ele arregalou os olhos.

“Mas tão nova.”

“Ela começou cedo.” Sem saber por que eu senti orgulho de falar aquilo. Me senti orgulhoso por ela e por que ela ia me ensinar.

“Ok então. Sem problemas, mas não machuca ninguém.” É sério que ele me falou isso? Se eu não quisesse machucar ninguém jogaria xadrez.

Corri lá pra cima, fechei a porta e me joguei na cama.

“Lizzy! Tá aí?” Ouvi um barulho e a voz dela.

“To. E aí?”

“Falei com o meu pai. Ele disse que tava tudo bem.”

“Ótimo.”

“Quando a gente pode começar?”

“São 16:00h. Se você quiser eu te explico umas coisas hoje.”

“Claro.”

“Pode vir aqui?” Estranhei.

“Seus pais tão em casa.”

“E daí? Você é meu amigo e vão ter que te aceitar mais cedo ou mais tarde.”

“Se é assim, eu vou.”

“Ok.”

Me levantei e desci as escadas até a cozinha.

“Mãe, to indo na Lizzy estudar.” Ela me olhou.

“E cadê os livros?”

“Tão na casa dela.” Resposta rápida que eu nem sei da onde saiu.

“Tudo bem, mas cuidado com os pais dela.” Senti vontade de rir. O tom dela parecia que ela mandava eu ter cuidado com assaltantes.

“Tá bom. Volto às 18:00h.”

Desci as outras escadas e saí pra rua; ela tava me esperando.

“Anda, sobe.” A gente subiu e passamos pela sala.

A casa era decorada totalmente diferente da minha. Tinha pinturas, algumas esculturas e um lustre no teto da sala. Depois de babar pela casa, notei os pais dela sentados no sofá.

“Mãe, pai, esse é o meu amigo, Chris.” Eles me olharam de cima a baixo. Me senti sendo radiografado. Olhando pra mãe dela de perto, eu finalmente entendi o que a Lizzy queria dizer quando falava que ela era fria. Dava até pra sentir que não gostava de mim.

“Venha cá, garoto.” O pai dela até que foi gentil. Andei e fiquei de frente pra ele.

“Como vai, Sr. Jackson?” Ele me olhou bem e eu até vi um sorriso.

“Eu vou bem. Quer dizer que é amigo da Lizzy?” Eu tava um pouco nervoso.

“Sou sim, senhor.”

“Se conheceram na escola?” Gelei e vi que a Lizzy olhou pra mãe dela. Eu não tinha como mentir.

“Sim.” Ele sorriu de novo e eu tentei sorrir de volta, mas acho que não funcionou.

“Vocês vão estudar agora?”

“É.” Ele me olhou mais um pouco.

“Muito bem. Podem subir.” Me afastei devagar e subimos as escadas pro quarto dela em silêncio. Entramos, ela fechou a porta e sentou na cama.

“Droga. Isso não é nada bom.”

“Não era pra sua mãe saber, né?” Ela me olhou e assentiu. “Foi mal.”

“Você não tinha como negar. Mas eu nunca vi meu pai agir daquele jeito.”

“Estranho?”

“Não. Interessado. Ele sempre apoia minha mãe de cabeça baixa.”

“Parece o meu pai.” Nos olhamos e rimos. Só aí reparei no quarto dela.

A cama era de casal e tinha uma parede preta onde tinha muitas fotos dela, da irmã e... minhas?

“Como...?” Ela olhou as fotos.

“Tirei quando você não tava olhando.” Ela sorriu envergonhada e eu gostei.

Continuei olhando o quarto. Tinha uma cômoda e não fiquei surpreso em notar que não tinha nada rosa no quarto. Não era o estilo dela. Uma parede era cheia de pôsteres de bandas: Bon Jovi, Earth Wind and Fire, The Rolling Stones e outras. Tinha um baú nos pés da cama e um mini sofá perto da parede.

“É ali que você conversa comigo?” Ela olhou e confirmou.

“É sim. Tem dias que eu esqueço de voltar pra cama e durmo ali.” Rimos. “Então, vamos começar sua aula?” Fiquei ansioso.

“Claro.” Ela levantou e foi até um espaço vazio no meio do quarto.

“Vem cá.” Fui e fiquei de frente pra ela. “Posso começar?”

“Pode.”

“Ok. ‘Karatê’ quer dizer mãos vazias e é uma arte de luta muito antiga. Significa ‘mãos vazias’ por que sua única arma é o corpo. Hoje eu vou te ensinar os primeiros movimentos, se chamam Kihon.”

Aí ela me mandou tirar os sapatos e começou a me ensinar uns movimentos parecidos com os que o Drew fazia, só que ela fazia melhor. Ela me ajudava com as posições corretas, e tinha horas que ela chegava até a me abraçar pra me colocar na posição certa. Aquela parte nem era tão difícil e acho que fiz algum progresso. Ficamos um bom tempo lá, ela me ensinando e eu tentando aprender quando escutamos uma batida na porta.

“Lizzy.”

“Entra, pai.” Ele abriu a porta e colocou a cabeça pra dentro.

“Uma dona Rochelle ligou procurando por você, Chris.” Tomei um susto legal. Olhei o relógio: 18:15h. Affy... Pensei que era mais tarde.

“Acho melhor eu ir, Lizzy, ou minha mãe pira.”

“Tudo bem. Você foi ótimo. Aprende rápido.” Sorri.

“Sério?” Ela assentiu.

“Pai, vou deixar o Chris lá embaixo.”

“Ok. Mas não demore. Quero conversar com você.”

“Obrigado, Sr. Jackson.”

“De nada, garoto.” Ele sorriu. Calçamos os sapatos e descemos.

“O que seu pai quer conversar com você?” Ela deu de ombros, mas pareceu preocupada.

“Não sei. Deve ser alguma coisa sobre a minha mãe.” Quando ela abriu a porta, vi que ela ficou tensa.

“Lizzy. Não deve ser nada.” Ela me olhou e sorriu.

“Obrigada, Chris.”

“Obrigado também, Lizzy. A aula foi muito legal.” Ela riu.

“Você é um ótimo aluno.”

“E você, uma grande professora.” Ela ficou meio sem graça. Abracei ela e em seguida ouvi um grito: CHRIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIISSSSSS!!!!!! Ela se afastou de mim.

“Acho que é sua mãe.” Rimos.

“Melhor eu ir. Vai falar comigo ainda hoje.”

“Vou. Pra te contar a conversa.”

“Ok. Até.”

“Até.” E entramos.

POV. LIZZY

Subi e meus pais me esperavam na sala: meu pai com a calma habitual e um sorriso recém-adquirido, e minha mãe com a cara de sempre.

“O que foi?”

“Sua mãe nos chamou aqui para falar algo.” Olhamos pra ela.

“Bom, eu decidi que vou tirar você da Corleone.” Fiquei branca, azul, bege, preta, verde e não consegui assimilar. Meu pai estava igualmente pasmo.

“O-o-o quê?” Eu ia ficar longe do Chris e do Greg? Em outro colégio?

“Lizzy, suba por favor. Quero conversar com sua mãe a sós.” Fiquei mais pasma ainda. Meu pai tomando uma atitude? Ok. Subi e só no meu quarto notei as lágrimas descendo. Corri pro mini sofá, me joguei nele e chorei. Demorou uns 20 minutos até eu ouvir uma voz do outro lado.

“Lizzy?”

POV. CHRIS

Minha mãe quase me mata pelos 20 minutos de atraso. ‘Não tem casa mais não, moleque? Esqueceu onde mora?’, esse tipo de coisa. Jantei bem rápido e fui ‘dormir’. Me joguei na cama e consegui ouvir alguém soluçando. A Lizzy chorando? Impossível!

“Lizzy?” Ouvi um soluço mais baixo.

“Chris?”

“Você tá chorando?” Ela fungou.

“To.”

“O que aconteceu?” Tava preocupado. Ela nunca chora.

“Minha mãe vai me tirar da Corleone.” O quê???????????????

“Mas como assim? No meio do ano? Mas e nós? Quer dizer, eu e o Greg?”

“Eu não sei.” E começou a chorar de novo. Droga! Eu tinha que fazer ela se sentir melhor.

“Lizzy. Lizzy. Para de chorar, por favor. Odeio ver você assim.” Ela parou.

“Você nunca me viu assim. Só hoje.”

“É. E descobri que odeio.” Ela riu. Ótimo sinal. “Olha, por mais que você mude de colégio, vai ser sempre minha melhor amiga. Qualquer coisa que acontecer, é só me chamar, não importa a distância.” Ela fungou de novo.

“Obrigada, Chris. Você é o melhor amigo do mundo.” Me senti o máximo.

Ficamos conversando até eu ouvir o Drew subindo as escadas.

“Boa noite, Lizzy. E fica calma. Vai dar tudo certo.”

“Ok. Boa noite.”

No outro dia na escola e tava que nem um maluco treinando meu golpes recém aprendidos no corredor.

“Chris, para com isso. Você tá parecendo um maníaco.” Greg.

“É. O maníaco do soquinho.” Eles rolaram de rir às minhas custas. Deixa pra lá.

“Como estão as aulas?”

“Tão boas. Ele aprende rápido.”

“Hoje tem aula de novo?”

“Tem, mas hoje vai ter que ser na sua casa.” Ela me olhou e eu entendi. Ela não queria provocar.

“Ok.” O Greg olhou sem entender.

“O que aconteceu e eu não to sabendo?” A Lizzy olhou pra ele e contou.

“Minha mãe quer me tirar da Corleone por que descobriu que o Chris estuda aqui.”

“Uau! Muito tenso.”

“Pois é.” O sinal tocou e a gente foi pra aula.

Depois da aula a Lizzy almoçou lá em casa e a gente foi pro quarto ‘estudar’.

“O que vai ser hoje?”

“Hoje você vai praticar Kata.”

“O quê?” Ela riu.

“Lembra dos movimentos de ontem?”

“Claro.”

“Você vai praticar em um adversário invisível.” Revirei os olhos.

“Por quê que a gente sempre acaba lutando com o vento?”

“Por que você é aprendiz. Começa.” Tirei os sapatos e comecei. Até que eu tava indo bem, eu acho. Depois de uma hora ela deixou eu parar. Foi bem na hora que minha mãe abriu a porta. Sorte que tinha um monte de livros abertos na cama.

“Hum. Estudando. Trouxe um lanchinho pra vocês.”

“Obrigada, dona Rochelle.”

“De nada, fofa. Se precisar pode chamar.” E saiu. Suspiramos.

“Essa foi por sorte.”

“Mesmo.” Comemos e eu ia continuar quando ela me interrompeu.

“Olha, você tá indo tão bem que eu vou te avançar um nível.”

“Como assim?” Surpresa pra mim alguém dizer que eu era bom em alguma coisa.

“Vou te passar pro Kumite. A luta mesmo.”

“Sério?”

“Muito. Vai lutar comigo.” Uau! To ferrado.

“Só promete não quebrar minhas mãos.” Ela riu.

“Ok. Eu prometo.”

Ela me mostrou a posição que eu tinha que ficar e ficou na dela.

“Começa.” Pra resumir uma vergonhosa derrota, eu perdi feio e não acertei ela uma única vez.

“Não se preocupa, Chris. Você é bom, só precisa treinar mais. Acho que preciso ir. Não quero irritar minha mãe e fazer ela querer se mudar.”

“Tá bom. Te deixo lá embaixo.” Calçamos os sapatos e descemos.

“Já vai, fofa?”

“Já, dona Rochelle.”

“Tá bom. Tchau.”

“Tchau.” Saímos pra rua e ela se despediu e entrou.

“Qualquer coisa me chama.” Ela fez que sim com a cabeça e subiu.

Vi o Drew vindo na minha direção.

“Ei, Chris. É sério que a Lizzy tá te ensinando karatê?”

“É, por que?” Ele riu.

“Uma garota? Fala sério.” Comecei a me irritar.

“Pelo menos ela é uma professora de verdade e não aprendeu com filmes.”

“Os movimentos que aprendi nos filmes são melhores que os seus, eu aposto.” Ok. Me irritou legal.

“Tá. Te desafio pra uma luta agora.” Ele deu de ombros.

“Falô.” Começamos a lutar e eu não conseguia acertar ele. Eu tava aprendendo com um professor de verdade, mas ele praticava há mais tempo. Quando ele me derrubou no chão e começou a rir, eu me revoltei. Me levantei e fui pra cima dele com um golpe que a Lizzy tinha me ensinado. Quando ia finalizar o golpe, escuto um grito: ‘Chris, não’, mas eu finalizei e escutei o grito do Drew. Eu tinha quebrado o braço dele!

Me virei e vi a Lizzy descendo os degraus da calçada correndo.

“Seu maluco, o que você fez?” Ela levantou o Drew que tinha caído no chão. “Vem, Drew. Eu te ajudo.” Me olhou feio e levou o Drew pra dentro.

Quando minha mãe viu o que tinha acontecido,só faltou me dar uma surra na frente de todo mundo.

“Mãe, mas foi sem querer!”

“E onde você aprendeu isso, moleque?” Eu não queria denunciar a Lizzy.

“Na escola.” Foi o primeiro lugar que me veio na cabeça.

“Então se afaste desses moleques encrenqueiros que tem lá? Olha o que você fez! Eu devia te dar uma surra até você ficar branco!” Ela pegou o Drew e levou pro hospital. A Lizzy me olhou e passou por mim em direção à porta, sem falar nada.

“Lizzy.” Ela virou e me olhou.

“O que é?”

“Desculpa. Foi sem querer.”

“Não é a mim que você deve desculpas. Pensei que você estivesse aprendendo pra uso próprio e não pra quebrar o braço do seu irmão.”

“Não foi de propósito. Ele me irritou. Disse que você não era uma professora de verdade.” Ela me olhou surpresa e respirou fundo.

“Fez isso pra me defender?” Olhei pros meus pés.

Foi.” Ela sorriu.

“Ok. Mas peça desculpas ao Drew. Ele é mais criança que você, Chris. Aja como um adulto.” Revirei os olhos.

“Ok.”

“Tenho que ir.” Ela me abraçou e me deu um beijo no rosto. Flutuei um pouquinho. Fazia tempo que ela não fazia isso. “Tchau.” E saiu.

POV. LIZZY

O Chris é um maluco. Quebrou o braço do Drew! Tentei me distrair pensando nisso, mas eu não consegui. Outra coisa ocupava um grande espaço na minha cabeça. Sair da Corleone. Eu não queria sair da Corleone. Eu sei que tem o Caruzo e tudo mais, mas eu me sinto bem com o Chris e o Greg. São meus melhores amigos e minha mãe queria me tirar isso. Era revoltante! Me joguei na cama pensando nisso. Umas horas depois ouvi uma batida na porta e presumi ser da minha mãe.

“Vai embora!” Uma voz mais grave respondeu.

“Sou eu, Liz.” Pai?

“Entra.” Ele entrou e sentou na ponta da cama. “A mamãe vai mesmo me tirar da escola?”

“Não. Eu conversei com ela e ela desistiu.” Ah? Por que ela fez isso?

“Como assim desistiu?” Ele sorriu.

“Lizzy, há muito tempo eu tenho feito tudo o que sua mãe diz sem questionar. Mas eu cansei disso. Pode ser que você nunca tenha notado, mas eu gosto de você.” WHAAAAAAAAAT??? “Eu venho agindo como um pai distante por causa da sua mãe, mas eu decidi que já chega. Mesmo que eu não seja o seu pai de verdade, você é minha filha. E eu gostaria de saber se você tem algum ressentimento por mim?” Pisquei várias vezes pra ver se não era um sonho. Não, não era. Ele tava ali dizendo que gostava de mim. Me sentei.

“Não tenho raiva de você, se foi essa a pergunta. Mas você esteve distante tanto tempo que não sei se consigo te enxergar como pai.” Ele pegou minha mão.

“Pois eu gostaria que tentasse. Eu sei que você é muito chegada à Cibele e a amizade de vocês me mostrou que alimentar preconceitos não leva a nada. Espero que um dia sua mãe veja isso. Eu tentarei ser um pai melhor de agora em diante. Posso pedir que você tente gostar de mim?” Sorri pra ele.

“Ok. Eu vou tentar.” Ele sorriu e me abraçou. Era o primeiro abraço que ele me dava e eu me senti segura. Era bom. Ele me soltou e me olhou.

“Vai descer pra jantar?”

“To sem fome. Eu desço e como qualquer coisa depois.”

“Tudo bem. Boa noite, filha.”

“Boa noite, pai.” Ele sorriu e saiu.

Me deitei de novo olhando pro teto e pensei. Meu pai mudou. Pelo menos foi pra melhor. Acho que seria bom ter outra pessoa que cuide de mim. Vou me esforçar também. Ele foi muito legal fazendo a mãe desistir de me tirar da Corleone. Por falar nisso... Levantei correndo e me deitei no mini sofá.

“Chris? Você tá aí?” Ouvi um barulho e a voz dele.

“Sortuda. Ainda bem que era eu entrando.”

“Foi mal. Mas tenho que contar uma coisa. Minha mãe desistiu de me tirar da Corleone.”

“Como assim? Por quê? Ela não pode ter começado a gostar de mim.” Eu ri.

“Não, bobão.” Contei pra ele o que meu pai tinha me dito e ele ficou pasmo.

“Sério? Que legal.”

“E ele gostou de você.” Ele ficou em silêncio um pouco.

“Impossível.”

“É sério.”

“Ele falou isso?”

“Não, mas eu sei que sim. E aí? Pediu desculpas pro Drew?” Ele suspirou.

“Pedi, Vossa Justiça.” Eu riu.

“E ele?”

“Disse que a coisa mais legal da vida dele é ter eu como irmão mais velho. Ele disse um monte de coisas que eu faço que ele gostaria de fazer, tipo: ir na escola fora do bairro, ficar no comando quando nossos pais saem e outras. Eu nunca pensei que ele me via desse jeito.”

“Eu imaginava. Todo irmão mais novo quer ser como o mais velho. Eu queria ser como a Cibele.”

“Acho que sei disso agora. E tem mais uma coisa.”

“O que?”

“Ele pediu pra eu ensinar o golpe que usei nele.”

“E?”

“E ele aprendeu rápido. Sabe qual vai ser meu castigo?”

“Qual?”

“Vou ter que cuidar dele e fazer tudo o que ele quiser até ele tirar o gesso.” Eu ri.

“Bem feito, Sr. Quebra ossos.” Nós rimos e eu bocejei. “Acho que vou dormir. O sono me atacou cedo hoje.”

“Tá bom. Te vejo amanhã.”

“Tá. Boa noite.”

“Boa noite, Lizzy.” Acabei dormindo no mini sofá mesmo.

...

Por: LivyBennet



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Notas finais do capítulo

Comentem pra eu saber que vocês ainda leem......
Pleasyyyyyyyyyyyy