Capítulo 08 – Busca

Olhei para todos, rosto a rosto, mas, esperai aí; faltava alguém. Ian não estava conosco. Suei frio, o que havia acontecido, por que ele não estava? Ian, meu melhor amigo, como pude me esquecer dele? Simon já estava me dando raiva, em seu rosto, vi um sorriso, ele sabia que Ian não estava conosco, então, por que não falou? Não tinha tempo para pensar, tinha que agir.

Avancei sobre ele o levanto até a parede, retirei a navalha e a aproximei de seu pescoço, só podia ser ele o assassino, todos se espantaram com minha investida, Simon estava aterrorizado, eu não era tão forte, Simon também não, isto me auxiliou bem, se tivesse sido Arthur ou Lary eu não teria conseguido.

- Elina... – Viridia começava a se aproximar assustada.

- Foi você não foi? – Gritei.

- Do que está falando? – Perguntou tentando se manter calmo.

- Você desapareceu com Ian e matou todos os outros! Eu vi seu sorriso quando notou que notei que Ian havia sumido, outra coisa, você estava acusando Viridia o tempo todo por ser a assassina, queria evitar pistas sobre você. A é, claro que não nos esquecemos do santuário de minha mãe, as escadas dele davam para a sala de figurinos, exatamente onde você foi parar, não foi irônico encontrarmos o corpo de Wina no lugar onde você havia parado? Último ponto, Caius me falou pelo Walk-talk que todos não estavam sendo vistos pelas câmeras, ou seja, você é o assassino, Simon, te peguei!

Todos estavam pasmos, Simon estava horrorizado, parece que realmente havia sido pego, Viridia retirou seu cinto, o usamos para amarrar os braços de Simon, o cinto de Arthur serviu para amarrar as pernas , o jogamos dentro de um Box no banheiro e o deixamos lá, parecia que havia dado xeque-mate. Saímos do banheiro e fechamos sua porta, não havia muito o que fazer.

- Lary, cuide para que ninguém saia. – Disse com frieza, era a melhor escolha, o melhor lutador entre nós.

Ele assentiu com a cabeça, abri um sorriso para ele, era bom ver que este jogo havia finalmente terminado, Viridia estava um pouco aterrorizada pelo fato de seu melhor amigo ser o assassino, e pior, ter tentado jogar a culpa sobre ela. Nós quatro fomos tentar achar Ian, gritamos pelo teatro, mas, nem uma resposta.

- Saco, onde o Ian foi? – Disse mais do que para mim mesma do que para os outros.

- E se ele estiver...? – Arthur começava.

- Aí, para Arthur! O Ian não morreria tão fácil, e eu sei que ele não está morto.

- A próxima página, Elina. – Viridia dizia para mim, ela apontava a lanterna para Hei. Havia dado para ela segurar o livro.

Me ajoelhei e peguei o livro de Hei, comecei a passar página por página até chegar na próxima após a morte de Vitor. Novamente, uma frase para interpretar: “ Vocês pensam que sabem. “ Esta eu passo, não consigo, é realmente, algo que não entendi, as outras eram mais fáceis. Tanto faz, o assassino estava preso.

- Tem um lugar que não olhamos... – Disse sem tirar os olhos do livro.

Subimos as escadas metálicas e chegamos, o corpo de Caius ainda estava lá, naquela escuridão toda ainda dava mais medo. Passamos por ele e chegamos até a janela quebrada, o único jeito de olhar o teatro era assim, apontamos a lanterna para todas as direções, olhamos para baixo e lá estava ele, Ian havia caído, ou melhor, tinha sido empurrado, talvez tivesse caído durante a perseguição, mas, ainda tinha vida em seu corpo, seus olhos estavam abertos, seu corpo se movia um pouco, queria descer para ajudá-lo, mas, não tinha como, precisaríamos de alguém que tivesse as chaves...Mas, quem?

Me ajoelhei no chão, me senti fraca, impotente, incapaz de ajudar meu amigo.

- Simon... – Pronunciei baixo.

- O que foi Elina? Já acabou. – Viridia dizia colocando a mão em meu ombro.

- Não é isto...Simon deve ter as chaves, se não, como ele conseguiu trancar e abrir tudo? – Disse com uma ponta de esperança.

- Chaves? – Hei dizia colocando o dedo indicador ao lado de sua boca. – Hei acha que viu naquela sala estlanha. – Dizia de um jeito fofo.

Me levantei e comecei a correr, Viridia, Hei e Arthur vinham logo atrás de mim, era a única chance de salvar Ian e sairmos daqui, passamos pelos montes de roupas e descemos mais escadas até chegarmos no santuário, não liguei para minha mãe, nem para o corpo de Wina, sabia que para honrá-las teria de sair dali.

- Onde está, Hei? – Perguntei calmamente.

- Estava ali. – Ela apontava para um prego vazio.

A chave...Estava lá, agora, toda esperança de fuga, toda chance que tinha de sair daquele lugar havia acabado, o que aconteceria, seria tão difícil. Mas, se a chave não estava lá, uma coisa havia passado, e agora, minha teoria estava errada, agora tudo se encaixava, peguei a lanterna e comecei a andar escada acima sendo seguida pelos outros.

- O que foi, Elina? – Arthur indagava preocupado.

- Simon não é o assassino.

- Como assim?!? – Viridia estava indignada, então, quem era?

- A questão é: As chaves sumiram após prendermos ele, nós encontramos ele logo, não tinha como ele vir para cá e pegá-las. E, outra coisa, este assassino é muito inteligente, deve ter um QI de no mínimo 201, se formos notar a frase do livro, “Vocês pensam que sabem.” Ele sabia que suspeitaríamos de alguém e o prenderíamos, mataríamos, ou deixaríamos isolados, e ele sabia que seria a pessoa errada, ou seja, Simon é o próximo...

- Elina...

- Me desculpem. – Parei de andar. – Não queria ser responsável por isto. – Lágrimas correram por minha face. – Não pensei que alguém fosse morrer por minha causa.

Hei se aproximou de mim e bateu em minha cintura me forçando a olhar para ela, ela estava sorrindo, parecia saber o que dizer.

- Meu papai sempre dizia: “ Não desista do jogo só porque não esta a seu favor, continue jogando os dados, você pode virar este jogo. “ – Disse com um sorriso forçado, isto devia ter machucado, ela teve de se lembrar de seu pai. – Elina, você consegue, você é uma boa pessoa.

- Hei tem razão, Elina. – Viridia começava. – Eu pensava que você fosse uma patricinha burra que só se importava com cabelo e compras, vejo que estava errada a seu respeito, se tem alguém entre nós que é capaz de enfrentar o assassino de igual para igual é você. Acho que todos se orgulham de você, mesmo você tendo cometido um erro, você fez isto para nos proteger, e eu admiro isto, conseguiu meu respeito.

- Concordo com as duas. Elina, você foi nossa guia, graças a você descobrimos tudo, as ligações, as cartas, deciframos tudo, você está fazendo seu máximo, nós vemos, e se você não salvou Simon, foi para um bem maior, agora estamos lutando para salvar Ian e Simon, você é uma mulher forte, Elina, isto mesmo, você é uma mulher, você passou por tanta coisa esta noite, você agüentou firme, não caiu, ficou sempre de pé.

Sorri ao ouvir os comentários de meus amigos, eu não acreditava que fosse possível eu fazer algo bom, mas agora minha auto-estima estava enorme, consegui me ver com outros olhos, os olhos de meus amigos, eles confiavam em mim, não iria decepcioná-los.

Sorri para eles, quando ia começar a andar sentia a mão firme de Arthur segurar em meu pulso e me puxar para trás, me virei para ele e meus lábios se tocaram com os dele, não foi um beijo demorado, foi rápido, levando em conta a situação na qual nos encontrávamos, mas, foi um beijo na qual não me esqueceria.

- Caso não consigamos sair daqui, uma prova do que sinto por você. – Disse seriamente, senti meu coração bater mais rápido.

Não era hora para isto, me virei e comecei a correr, era mais rápida que eles, assumi a dianteira, tinha que chegar o mais rápido possível, tinha que salvar Simon, senti que tinha de fazê-lo. Lary não entendeu quando cheguei correndo abrindo a porta com força.

- Elina, o que...

O ignorei e abri a cabine em que Simon se encontrava, quando abri tanto eu quanto Lary tomamos um susto, Arthu, Viridia e Hei também tomaram quando entraram, não sabia como Hei era tão forte, mas, ela era a garotinha mais forte que conheci, ver isto devia ser muito traumatizante.

No banheiro devia ter algum tipo de passagem, alguém entrou por ela e assassinou Simon, estava com a garganta cortada, sobre sua cabeça, nos azulejos estava escrito. “ Não deveriam ter deixado Ian sozinho.”

Aquilo foi o suficiente para me fazer disparar para a janela na qual tinha como ver Ian, os outros não tiveram tempo, não queria chegar tarde demais corri, corri e corri, via Ian em minha cabeça, agora minha prioridade era salvá-lo, não gostaria de perder mais um amigo.

- Olá, você deve ser Elina, a patricinha que todos falam. – Ian dizia sorrindo.

- É, e você o drogado. – Respondi seca.

- Que apelança. – Disse fazendo drama.

- A me desculpe se fui grossa, acho que exagerei, não foi? – Disse com ironia.

- Garota besta.

- Menino estúpido.

Nos viramos um de costas para o outro, havíamos atraído a atenção de uma pequena multidão em nosso redor, me virei novamente, ele havia feito o mesmo, meus olhos estavam lacrimejando.

- O que foi, garota? – Ele dizia preocupado.

- Nada, acho que sou mesmo uma patricinha ridícula que todos odeiam. – Dizia entre soluços.

- Não, veja, eu mesmo te acho gostosa, peituda, bunduda...

Ele tomou um tapa, fazendo com que a multidão aumentasse, assim que ele voltou o rosto olhamos para as pessoas que estavam ao nosso redor e olhamos um para o outro, não conseguimos segurar, caímos na gargalhada, treinar encenação com o Ian era muito divertido, principalmente fazer nossos amigos de otários com nossos draminhas.

Cheguei e apontei a lanterna para onde Ian estava, ainda estava lá deitado, não havia nem um sinal de alguém ao redor dele, estava salvo, pelo menos por enquanto, me aproximei da janela e sorri para ele.

- Elina...Atrás de você... – Ele dizia com voz fraca, mas audível para mim.

Senti que havia algo ou alguém vindo de trás de mim, comecei a suar, medo, era esta a dose que corria por minha veias, não pensei nada além de me virar e atacar, o que aconteceria se não estivesse paralisada de medo, medo que me congelava por dentro.

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Eu gostei bastante deste capítulo, achei legal as pessoas mostrando para Elina que ela era basicamente a líder, isto foi importante para ela.

Obrigado meus leitores, agradeço a todos os reviews. \o