Cross Of Mercy escrita por Ike Hojo


Capítulo 6
Ato 5


Notas iniciais do capítulo

Revelações. BWAHAHAHA! :D



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/20824/chapter/6

 

 

 

Ato 5: Identidade

 


 

Será que...? Não, não podia, alguém estava nos matando, um a um, cairíamos, como havia acabado de acontecer. O som do vidro se estilhaçando não fora dos mais agradáveis, e, foi o que eu temia, não era a ordem que era assassinado, e sim, como era morto, isto fazia a peça seguir normalmente. Não poder alterar o roteiro é que fazia “Cross of Mercy” o sucesso que é hoje, uma peça na qual trás mortes, as mortes são ligadas pela forma na qual a pessoa é morta; isto nos torna vulneráveis, não temos defesa, todos podemos ser os culpados, e agora mais uma pessoa foi riscada da lista, mais alguém foi morto. Temos quatro mortos ao todo, Wina havia perdido a cabeça segundo o desenho. Agora, não teria como correr para salvar a vida de alguém, desta vez não, não havia tempo, não havia mais nada...Novamente, senti meu rosto se molhar pelas lágrimas, era isto tudo que eu conseguia fazer quando algo acontecia? Chorar? Como posso ser tão fraca? Todos tentam ajudar e eu somente caio de joelhos e choro.

 

Me levantei do vaso sanitário e abri a porta apontando a lanterna para Viridia e Hei, ela me encaravam com uma cara de preocupação.

 

- O que houve? – Perguntava Viridia.

 

- Caius foi morto. – Disse.

 

- Como?!? Como você sabe?


Não disse nada, somente joguei o livro em suas mãos, segurei a lanterna enquanto ela o olhava, ficou séria, parecia ter chegado ao mesmo consenso que eu. Ela dava o livro para mim e se dirigia a saída, eu e Hei fazíamos o mesmo, ela nada dizia, passou por muita coisa, e provavelmente sabia o que acontecia.

Quando estávamos próximas a porta ouvimos passos que subiam as escadas rapidamente, logo um vulto parou em nossa frente, sua respiração estava acelerada. Apontei a lanterna, era Lary.

 

- O Caius...Está...Morto. – Disse pausadamente, provavelmente pelo susto e pela corrida.

 

- Então aconteceu... – Disse em voz baixa, Lary não ouviu, por sorte.

 

Viridia também não pareceu se surpreender. Lary nos guiou até o local onde o corpo do nerd estava, quando o acompanhamos vimos, exatamente como na imagem. Os outros garotos também estavam lá. A cabeça de Caius estava enfiada no painel de eletricidade, o deixando provavelmente, fora de uso, seu sangue escorria pela parede, aquilo havia sido muita maldade, apesar de não tê-lo torturado, deveria ter sido uma morte rápida, fora eletrocutado. Agora que a escuridão caiu sobre a luz, tudo que poderíamos fazer era tentar enxergar o assassino entre nós.  

 

- Agora, além de mais alguém ter morrido estamos vulneráveis. – Indagava Viridia com pessimismo.

 

- Sim. Agora, não podemos que fazer muita coisa. Vamos voltar para o palco. – Disse, aquele local não era um bom lugar para ficar.

 

Todos saiam e desciam as escadas, antes de sair dei uma olhada no vidro que agora estava quebrado, como aquilo poderia ter acontecido? Uma fuga? Os garotos não estavam no palco? Eles teriam visto o assassino, então, por que disto? Será que eles haviam saído de lá, ido para outro lugar? Será que era por isto que todos pareciam um pouco cansados, não era grande o caminho do palco para a sala em que Caius estava. Eles mentiram.

Todos estávamos sentados no palco em roda, olhando uns para os outros, esperando que alguém começasse, aquilo viraria um jogo de verdade, não o verdade ou desafio, neste seria mais como verdade o mentira, cujo nosso objetivo não era somente saber da verdade, como também reconhecer as mentiras.

 

- Elina, por que você deixou Wina morrer? – Lary perguntava friamente.

 

- Estava com medo, não consegui agir nem pensar direito.

 

Sim, eu fui verdadeira, só não sabia se tinha convencido os outros, mas, nunca se sabe, cada um pode interpretar a verdade de alguma maneira.

 

- Elina, como é a próxima morte? – Viridia me perguntava. Tinha me esquecido, abri o livro enquanto ela explicava aos outros sobre o que se passava.

 

- Não tem desenho...É uma charada: “Corra! Eles virão, pegarão, e, devorarão.”

 

- O que isto quer dizer? – Victor dizia.

 

- Não sei...Provavelmente algum animal. – Ian dizia calmamente.

 

O clima ficava pesado, não somente pela frase, mas os olhares que todos trocavam entre si, se olhavam, tentando achar um único defeito, algo que entregasse o próximo. Todos pareciam tão sérios, tão corajosos, e ao mesmos tempo, vítimas, somente tentando demonstrar segurança, parecer não ter medo; na verdade, todos tremiam por dentro, esperando sua hora chegar.

 

- Qualquer um de nós pode ser o assassino... – Começou Arthur. – Temos quatro mortos, agora...O que podemos fazer?

 

- Elina, você já olhou na última folha do livro? – Simon disse algo interessante.

 

Fiz o que ele me disse, mas, não havia nada, somente um borrão, ou seja, a identidade do assassino era revelada, mas, e se esta história fosse algo que se repetisse, sempre com o mesmo assassino? Após a terceira morte havia uma folha rasgada que eu vi enquanto as luzes estavam acesas, alguma coisa foi tirada.

 

- Só há um borrão, e uma página foi arrancada...

 

- Eu e Ian achamos uma folha com um desenho na bib... – Victor parava ao ver que falava demais.

 

- Era um desenho. – Ian pegava em seu bolso e me entregava. – Uma garota chorando abaixada. Nós não mostramos antes porque quando íamos mostrar, vocês haviam encontrado a Hei; achamos irônico demais.

 

- Então é isto... – Havia sacado o que acontecia.

 

- Hã? – Alguns pareciam um pouco curiosos, sem Caius para ser o inteligente.

 

- Bem... Penso que, este livro conta tudo que acontece na ordem do teatro, primeiro, as mortes, alguém enforcado, Mick. Alguém morta na cruz, Tânia. Alguém que é levado pelo assassino e depois perde a cabeça, Wina. Uma criança aparece do nada chorando, Hei. Depois, alguém morre acabando com as luzes, Caius. Agora...Nesta outra é somente uma frase...Não temos como saber como a pessoa morrerá, mas, teremos que deduzir. Outra coisa, tudo que acontece na primeira peça acontece desde hoje e continua a acontecer, ou seja, o assassino é o mesmo.

 

Todos se assustaram com o que eu falei, sim, o assassino era o mesmo, não havia como mudá-lo, afinal, não seria a mesma peça.

 

- O livro prova isto. E o assassino está entre nós. Ou pelo menos neste teatro. Nunca se sabe.

 

- Então, temos vários suspeitos...Difícil confiar em alguém. – Simon lançava um olhar para Viridia.

 

-Vou contar o que sabia sobre a peça. – Viridia dizia hesitante. – Era uma antiga lenda francesa, ou seja, somente uma pessoa que já esteve lá poderia continuar sendo a assassina...

 

- Viridia, acho que a maioria de nós já foi para lá. Eu já fui com minha mãe, e Wina com seu pai. Caius vivia falando que adorava a França e ia no final do ano visitar seus parentes. Pelo que soube, Simon já morou lá. Ian foi uma vez com sua mãe...

 

-Eu fui com meu pai. – Viridia terminava.

 

Victor, Lary e Arthur apenas afirmavam com a cabeça, o assassino havia nos superado, escolheu somente pessoas que já foram para a França, foi o que ele fez, basicamente, manipulou o diretor para colocar estas pessoas na peça para conseguir colocá-las junto neste teatro, para assim se acusarem até somente sobrar uma. A pessoa era mais esperta que o esperado.

 

-Por que temos que fazer isto? Por que nós? – Viridia começava a indagar, seria drama, ou ela estava realmente assustada?

 

- Desde quando você é tão inteligente, Elina? – Lary praticamente gritava.

 

- Nunca fui das mais inteligentes. Sou boa em deduções, e bastante observadora. Sempre sei quando um cara está afim, ou quando só quer sexo; acho que saber a respeito destas coisas ajuda bastante, não é mesmo, Lary? Ou você somente está com medo e quer acusar qualquer um? Não seria algo que o assassino faria?

 

- Cala a boca!

 

- Não, uma pessoa só manda a outra calar a boca desta maneira quando sabe que o que a outra diz é verdade!

 

- Parem vocês dois! – Ian também se estressava. – Lary, o que deu em você? Acusando a Elina sem motivos? Querendo fugir de algo?

 

Lary abaixou sua cabeça, estava confuso, respeitava isto, mas não deveria acusar os outros sem ter ao menos algum argumento convincente. Não era o certo, nem o lógico. Era algo idiota que somente atrairia suspeitas para si.

 

- Er...Elina, posso falar com você? – Arthur dizia apontando para o canto do palco.

 

Não respondi ao certo, somente me levantei e o acompanhei até o canto, ele se aproximou de meu ouvido e começou a sussurrar algumas coisas.

 

-Elina, eu e os garotos não ficamos no palco o tempo todo. Nós fomos para a biblioteca e achamos algo que mostra a identidade do verdadeiro assassino...Ou melhor dizendo, assassina. – Ele dizia friamente, sentia seu hálito quente bem próximo de minha orelha.

 

- Quem?

 

- Viridia...Achamos em um artigo de jornal. “Garota prodígio”, era ela. Filha de um ilusionista, ela foi internada algumas vezes por confundir a mente humana, isto a levou em psicólogos, tentando não deixá-la usar este dom para aqueles fins. Fazer as pessoas verem coisas invisíveis, confundir os sentidos das pessoas. Ela quase matou uma pessoa...Achamos que é ela, Simon disse que os pais dele a acolheram, ela denunciou o pai dela para a polícia e acabou ficando sem ninguém, já que a mãe dela havia fugido. É difícil acreditar, mas ela é a principal suspeita.

 

- Nossa. – Aquilo havia me feito pensar. Mas ela não teria tempo para matar Caius, ou teria, seria alguma técnica de ilusionismo? – Não dá para confiar em ninguém...Não podemos descartar ninguém.

 

Ele me olhou com um olhar estranho, eu mesma não consegui decifrar o modo no qual ele me olhava. Ele simplesmente andou voltando para a roda, me abaixei e peguei algo que Arthur não havia notado, um caco de vidro, estávamos em cima do lugar onde o assassino provavelmente pousou. O caco de vidro poderia ser útil, mas ninguém notaria, afinal, poucos deviam ter notado o vidro quebrado na sala.

Quando eu e Arthur retornamos os outros conversavam.

 

-Eu? Acham mesmo que eu sou a assassina? – Viridia estava praticamente esperneando no local.

 

- Sim. Só você poderia ter feito tud... – Lary novamente atacava.

 

- O que? Só eu seria capaz de matar Mick e Tânia? Caius? Wina? Mick e Tânia eram meus amigos, eu não os mataria, não sejam burros!

 

- Lary, basta! – Simon e Ian diziam ao mesmo tempo.

 

- Gente, chega de briga...Tô cansada dissu. – Hei dizia com voz chorosa. – Vocês são migos, não briguem... Achu que a genti devia ficar unido para conseguir sair daqui...

 

Mesmo as palavras vindas de uma criança, foi o suficiente para os outros se tocarem que as brigas não ajudavam em nada, deveríamos ter feito isto bem antes, nos ajudado ao invés de acusarmos uns aos outros.

 

- Acha mesmo certo deixar o corpo de Tânia aqui? – Victor dizia.

 

- Eu e Ian podemos levar para a sala com roupas. – Simon dizia.

 

- É perigoso.

 

- Eu sei, garoto. Mas, é melhor que ficarmos olhando para ela. – Dizia apontando para a lanterna.

 

Quando a lanterna era apontada para a cruz o corpo de Tânia havia sumido, a cruz estava vazia, nem sangue, nem nada, isto somente me fez pensar mais ainda na ideia de Viridia ser a assassina, mas, isto seria justo?

 

 

Não. Mas, não teríamos muito tempo para pensar, afinal, parecia que a próxima cena estava chegando, passos desciam as escadas correndo, todos ficamos assustados, somente observando a porta aberta, a escuridão consumia as criaturas que se aproximavam, deixando um ponto de interrogação em nossos “adversários”.

 

 


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!