Debruçado sobre o balcão daquela taverna, ele tentava manter seus pensamentos distantes daquele local. O barulho da taverna não o impedia de pensar em sua companheira fiel. Pessoas entravam, brigavam, bebiam e festejavam.

            Enquanto ele, apenas permanecia sentado com os braços debruçados e com seus olhos fechados vagando na escuridão de sua mente. Ele não podia acreditar no que acontecia naquele exato momento.

- Não vai beber nada, Dragneel? – O balconista se aproxima do rapaz que nada lhe disse. O homem colocou um copo ao lado do rapaz que arqueou um pouco sua sobrancelha esquerda e viu um liquido escorrer de uma pequena garrafa de encontro ao recipiente de vidro. – Beba pelo menos um pouco rapaz.

            Natsu permaneceu em silencio e não moveu um músculo a direção do copo. O homem não insistiu, apenas deixou o copo ao lado do rapaz que não se interessava por nada.

            Ele não queria beber, apenas queria esquecer que agora a Casa que ele sempre serviu estava festejando a chegada de seu maior rival. Rival este que ele não conhece, nunca viu e não quer nem ver. Este “rival” era o culpado por ela ter se afastado dele. Mas como pudera? Por que fizeram isto com ele e ela? Nenhum deles queria se separar. Não era justo. Pensava o rapaz debruçado.

            Lembrava da ultima conversa que havia dito com seu patrão há quase um mês atrás.

- O que esta dizendo? – Surpreso Natsu não conseguia entender o motivo para tal coisa.

- É isto Dragneel. Minha filha ira se casar. Sei que vocês são únicos... – O senhor estava parado olhando para o horizonte através da imensa janela que havia naquela sala. Jude não fazia o menor esforço para olhar para a face daquele cavaleiro que tanto lhe serviu.

- Ma-Mas eu não entendo! Como podes fazer isto?

- O que está feito, está feito rapaz. Não há uma forma de ir contra isto. O dote oferecido pelo pretendente é alto. – Disse Jude começando a caminhar a direção de Natsu, agora sim o homem olhava a face desesperada do garoto. – Sei que você nutre sentimentos por minha filha. Mas não a nada que você possa fazer, cavaleiro. Apenas esqueça-a.

            Os pensamentos de Natsu se chocavam, ele sabia que havia algo que ele poderia fazer para impedir que isto acontecesse. Mas o que? Como? Dote? Mesmo sendo um dos cavaleiros de alta patente daquela Casa, ele não teria dinheiro o suficiente para ir contra um dote oferecido de um filho de outra Casa.

            Seus olhos trêmulos apenas demonstravam sua aflição por não saber o que fazer quanto aquilo. Perdido a meio de tantos pensamentos, alguém lhe deu uma luz. Este alguém era a tal dama que ele tanto serviu durante este pequeno trecho de tua vida. Se ele realmente nutria sentimentos pela dama, ele deveria fazer algo.

- Quanto?

- O que disse rapaz? – Jude que estava com as mãos sobre os ombros do rapaz se assustou.

- Quanto é o dote? – Ao ver o olhar determinado do rapaz em relação a aquilo, Jude não se conteve.

            Riu cinicamente da determinação de Natsu, que apenas cerrou o punho e repetiu.

- Quanto é o dote? – Num tom mais sério e irritado, fez Jude parar de gargalhar e lhe levar a sério.

            O patrono da Casa disse o valor do dote que assustou Natsu. Já este nada disse a respeito do valor. Apenas estava certo que dentre os próximos meses conseguiria a quantia necessária para fazer Lucy feliz. A bela dama não era uma mulher para ele. Era mais do que isso... Era alguém que ele queria proteger, queria retirar um lindo sorriso, mesmo que para isso, fosse necessário ir contra tudo e todos.

            Ele sabia que fora o primeiro a ser capaz de fazê-la sorrir após a morte de sua querida mãe, e também sabia que ele era o único que dentro daquele imenso casarão e Casa, que era presente e verdadeiro.

            Após sair da sala determinado, não pode deixar de reparar a presença dela. Do outro lado do corredor com lagrimas escorrendo pelo rosto e molhando o seu longo vestido rosa que marcava a silhueta de seu corpo delicado. Ao ver a expressão que o rosto avermelhado de Lucy tinha, Natsu sentiu bem no fundo de seu peito que realmente era necessário conseguir a quantia necessária.

            Ainda debruçado cerrou fortemente o punho e faltou pouco para gritar. O desprezo que sentia de se próprio por não ter conseguido o dote até a noite do maldito jantar onde eles irão se conhecer, estava corroendo Natsu.

            Pensava que nada mais poderia ser feito, até porque, hoje era apenas a primeiro encontro dos próximos três meses para o casamento. Mas nem em três meses de trabalho árduo na Casa ele conseguiria a quantia necessária.

- Mas eu não posso desistir. – Sussurrou Natsu com sua voz firme.

            Natsu voltava a seus pensamentos em como conseguiria tal quantia em tão pouco tempo, até que dois homens sentaram-se ao seu lado. Não perceberam a presença de Natsu ali, que parecia ter sido jogado e não queria mais sair.

            Os tais homens começaram a conversar um com o outro e logo o balconista se juntou à conversa. Parecia ser algo interessante, pois a face do balconista se mostrou curioso e assustado. 

- Então é realmente verdade? – O balconista limpava um copo enquanto esperava a resposta.

- Sim, parece que o bando está próximo a cidade. A alguns kilometros na floresta próxima. – Disse um dos homens.

- Será que eles virão para a cidade?

- Muito difícil! O Bando Caudas de fada não são saqueadores. São mercenários é bem diferente.

- Mas e se eles tiverem alguma grande missão aqui?

- Ai! Já não sei.

            Natsu agora prestava atenção na conversa dos homens ao seu lado. Parecia interessante. Bando Caudas de fada, mercenários? Será que era aquilo que ele precisava para conseguir o dote?

            Mas e tudo que ele havia feito na Casa? Seria capaz de abandonar tudo que conseguiu apenas para não se ver longe da bela dama dos cabelos loiros que ele tanto tinha um apreço? Sim, concerteza sim.

            Levantou-se batendo a mão no balcão, pegou sua espada que encostada nos pés da cadeira que ele estava sentado estava, e lançou sua alça ao ombro. Os homens e o balconista perceberam a ação do rapaz que parecia agora um pouco mais calmo.

            Um dos homens percebendo quem era logo gargalhou.

- Vejam só se não, O Matador de Dragão da Casa Heartfilia, Natsu Dragneel! – Dando um gole na sua cerveja o homem ainda abusou. – Fiquei sabendo que aquela vadia da filha do Jude vai se casar... É, parece que tu perdeu ela...

            Natsu que caminhava tranquilamente, parou. Virando-se lentamente para a direção do homem que fechava sua boca. Ele cerrou seu punho com toda a força que havia e lhe desferiu um fraco soco que fora capaz de arrancar alguns dentes e fazer o mesmo cair desacordado no chão.

            Pasmos, todos logo ficaram calados. Natsu apenas virou-se, colocando a mão no bolso e seguiu seu caminho, saindo daquela taverna horrenda e indo a direção à floresta local.

            Longe daquele lugar, num local refinado, iluminado pelas mais luzes mais da cidade, pessoas bailavam ao centro de um enorme salão. Vestidos refinados, pessoas cultas. Uma musica agradável aos ouvidos de todos.

            Ali estavam pessoas da Casa Heartfilia e da Casa de Fitzgerald. Pessoas de famílias diferentes, costumes diferentes. Que estavam ali apenas para unir suas famílias com um acordo militar e econômico.

- Está é minha filha, Lucy Heartifilia. – Jude apresentava sua filha a algumas pessoas. Enquanto a mesma, trajando um longo vestido dourado, com seu cabelo trançado e com um sorriso no rosto, tinha apenas uma coisa em mente.

- Onde está você, Natsu? – Com seu olhar cor de mel, procurava seu melhor amigo ao meio de tantas pessoas naquele salão.

Continua...