Diferentes, Mas Iguais escrita por WinnieCooper, Anny Andrade


Capítulo 7
Não me faça gostar de você




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/208050/chapter/7

Não me faça gostar de você

Olhares e mais olhares, eram tantos que faziam suas bochechas corarem, suas mãos suarem e suas pernas tremerem.

- Está nervosa Rose? – perguntou Alvo Potter ao seu lado divertido.

- Só não gosto de pessoas me encarando e...

Enquanto passava ao lado da mesa da Lufa-Lufa escutou “Soube que a Weasley sem paciência está bem mais calma agora, parece que ela e o certinho estão juntos” isso fez seus pelos da nuca se arrepiarem.

- E? – perguntou Scorpius assim que viu que ela não ia terminar a frase.

- Me julgando.

- A rainha do “não ligo para o que pensam” está preocupada? – Alvo começou a rir.

- E não me importo. – Rose retomou seu ar de superior e de rebelde.

- Então isso tudo é? – Foi Scorpius quem perguntou.

- Vocês Grifinórios são tão inocentes, e burrinhos. Eu tenho pena sabia? – Rose disse utilizando seu tom mais despojado.

- Rose está fugindo de uma pergunta? – Alvo começou a rir. – Isso é raro.

- Ela ficar quieta que é raro. – Scorpius alfinetou com o amigo.

- É simples, mas acho que terei que explicar né? Só não me peçam para desenhar, porque já seria demais. – Rose suspirou profundamente e apontou para aqueles que olhavam para eles, ou seja, todos. – O fato de não me importa com que essas mentes visivelmente menos evoluídas não dá o direito a eles de ficarem observando e cochichando sobre meus atos. Ninguém têm a capacidade ou o direito de julgar os outros.

- Do jeito que você faz? – Scorpius deixou escapar sem intenção.

- É... – Rose olhou para o loiro de um jeito diferente, não era raiva, era confusão. – É diferente.

- E agora que começa o debate. – Alvo suspirou. – Do lado direito Rose Weasley, rebelde sem causa, pertencente à casa Sonserina, até certo ponto bonita. Do lado esquerdo Scorpius Malfoy, engomadinho, sem estilo algum, até certo ponto justo.

- Alvo deveria ser comediante. – Rose disse forçando um sorriso.

- Não vai se livrar do Scorpius. – Alvo deu de ombro. – Só estou deixando as coisas menos monótonas.

- Vamos, pode falar. – Rose se virou para Scorpius de braços cruzados.

- Você julga os outros da mesma maneira que te julgam. Os seres humanos julgam uns aos outros, porque se não julgarem não podem se sentir melhor. Julgam os erros, e os acertos. Julgam as escolhas, os amores, os ódios. Julgam tudo. É isso que faz com que as pessoas mudem, o julgamento errado sobre elas.

- E ponto para Scorpius. – Alvo disse rindo.

- Alvo não estamos em um jogo, e nem em uma batalha. – Scorpius disse ao amigo. – Não estamos brigando.

- O que é estranho.

- Não é estranho. Era o que todos queriam não era? – Rose deu de ombros. – Não deveriam nos julgar agora.

- Rose você é mais teimosa que uma mula. – Scorpius disse bagunçando o cabelo.

- Não, eu não sou. – Ela sorriu e aumentou o tom da sua voz. – E sabe o que também eu não sou? Não sou nada além de colega de escola. Suas pessoas desocupadas e enxeridas. – Ela sorriu e saiu andando na frente dos meninos.

- Essa é nossa amada e doce Rose Weasley.

- Sua prima não muda nunca? – Scorpius disse analisando a garota enquanto ela saia de sua vista.

- É o charme dela. – Alvo disse rindo.

xx

Lily estava sentada esperando que alguma luz caísse sobre ela. O bilhete em suas mãos já estava amassado e as letras começavam a sumir de tanto que ela amassava e desamassava. Um simples pedaço de papel não deveria perturbar alguém daquela maneira. Uma pessoa normal não se abalaria, mas uma pessoa normal não se chama Lily e uma pessoa normal sabe com quem foi seu primeiro beijo.

- Nós deveríamos conversar.

- Por quê? – Lily perguntou esquecendo-se do bilhete em suas mãos pela primeira vez desde que tinha ido falar com ele.

- Não sei o que está acontecendo, mas quero te ajudar. – Seu sorriso fez com que ela quase sorrisse de volta, teria sorrido se não fosse as palavras seguintes. – Uma das criaturinhas do primeiro ano iam te entregar isso. – Ele estendeu o papel que agora era laranja quase da cor dos seus cabelos. – Mas não disse quem mandou. O que está acontecendo? E qual é a dos bilhetes?

- Como sabe que é um bilhete? – Lily perguntou esperançosa, aquela história de garotinho do primeiro ano era apenas uma mentira. – Hugo, como sabe que é um bilhete?

- Parece meio obvio não é? – Ele disse. – E você esfregou o outro na minha cara, se lembra?

- Me desculpa por aquilo é que...

- Não entendi muito bem o que aconteceu, você estava gritando e sabe que sua voz não é muito boa. – Hugo disse batendo no nariz dela com a ponta do dedo.

- Me dizia que eu seria uma estrela quando éramos crianças, não se lembra disso priminho? – Lily disse mostrando a língua.

- Vai ser uma estrela... – Hugo sorriu. – Mas não uma estrela da música.

- Uma estrela do que então?

- Um dia eu te conto. – Ele entrelaçou seus dedos com o dela. – Então, quer ajuda?

- Ajuda? – Lily perguntou atordoada, sempre que ficavam de mãos juntas parecia que seus sonhos estavam se tornando realidade.

- Com os bilhetes misteriosos. – Hugo disse apontando para o resto do bilhete verde, e para o recém chegado bilhete laranja. – Estranho, suas cores favoritas.

- Não tinha reparado nisso. – Lily pegou os dois bilhetes e os analisou. – Hugo, não foi você mesmo?

- Achei que conhecia minha letra. – Hugo sorriu. – E sabe que eu mandaria desenhos e não palavras.

- Sei... Por que quer me ajudar?

- Porque eu odeio brigar com você. – Hugo disse. – Prometemos ficar juntos para sempre, como vamos fazer isso brigando?

- É. – Lily sorriu e suspirou profundamente. – Deixe-me ler esse novo bilhetinho, só pode ser uma brincadeira de mau gosto.

A ruiva abriu o bilhete cuidadosamente esperando por uma nova provocação, mas as palavras que estavam ali não tinham nada de provocação, eram palavras bonitas e carinhosas de um jeito que fez ela olhar para frente rezando para que fosse do primo. Mas tendo certeza de que não era. Não era a letra dele. E ele não iria mentir para ela. Pelo menos era nisso que acreditava.

“E sinto ainda o doce gosto de um beijo dado entre palavras confusas. Um beijo que agora virou sonho. Que tal termos novamente sete minutos? Ou talvez uma vida inteira?”

- Que ótimo. Isso é definitivamente uma piada. – Lily disse amassando o papel laranja.

- Piada? – Hugo questionou enrugando a testa.

- Uma piada de péssima qualidade. – Lily suspirou. – Sou uma idiota.

- O que?

- Pode dizer Hugo. Diga: Lily você é uma idiota. – Lily segurou as lágrimas. – Uma burra com a imaginação de uma garota de três anos de idade. Diz pra mim.

- Por que está assim?

- Hugo... Príncipes não existem, e nem princesas, e nossos sonhos não viram realidade. Simples assim. – Lily finalmente chorou.

- Como diz isso? Tudo bem que acho esses príncipes sem graça e que você merece alguém melhor que eles. Alguém melhor que Nicholas.

- Nicholas é passado. – Lily disse exasperada.

- É? Hum. Bom. – Hugo sorriu. – E sonhos se realizam Lily somos provas disso.

- Somos? Como?

- Você se livrou do estigma de ser como sua mãe, e eu do estigma de ser como meu pai. Um sonho realizado. – Hugo riu fazendo com que as lágrimas de Lily se transformassem em uma gargalhada.

- Hugo, apesar de tudo obrigada.  É o melhor primo do mundo.

- Vou te ajudar a desvendar os bilhetes, e no final vai ver que sonhos se realizam, mesmo que príncipes não existam. – O ruivo piscou se levantando do lugar em frente a prima e saindo da sala segundos antes do professor entrar.

Lily ficou amassando e desamassando agora não apenas um, mas dois bilhetes.

xx

- ...Eu estava pensando nisso Lysander, talvez eu finalmente descubra – dizia Hugo sorridente para o amigo num corredor esperando o horário para sua primeira aula.

- Jamais vou entender isso...

- Isso o que? – perguntou Hugo transtornado.

- Isso de amor, e coração batendo acelerado e joguinhos e beijo com saliva – ele fez uma careta por causa da ultima palavra de sua frase.

Hugo começou a rir descontrolado e disse:

- Talvez um dia esse bichinho te pique.

- Sou imune, mamãe disse que sou livre disso... – respondeu o loiro seriamente – tomei uma poção que não me permitirá ser assim.

- Mas isso é totalmente provável, digamos que com esse seu jeito, quem se atreveria a ter...é...bom...

- Oi meninos – Jenny, que até então estava escondida ouvindo a conversa resolveu se pronunciar, pensava que não teria hora mais oportuna.

- Jenny – disse Hugo apavorado – Estava ouvindo a conversa?

Ele sabia que ela era amiga de Lily, se tinha ouvido os últimos diálogos dos dois, poderia supor coisas que arruinariam todos seus planos.

- Oh não Hugo, quem pensa que sou? – se fez de desentendida – Lysander, eu posso conversar com você? – sua mão relou no ombro do garoto.

O loiro arregalou seus olhos claros e sonhadores e encolheu seus braços, postou-se atrás de Hugo e sussurrou algo no ouvido dele.

- Ele pediu para te perguntar se tem hora marcada.

- Hora marcada? – questionou a garota sem entender.

- É naquele negócio que ele chama de escritório, todo preto e que espanta as garotas... – respondeu Hugo calmamente.

- Ah... não – ela respondeu calmamente.

Lysander suspirou aliviado e saiu de trás de Hugo.

- Como faço para marcar hora? – ela perguntou decepcionada – Você não precisa de hora Hugo, porque eu preciso?

- É uma garota – o ruivo respondeu e Lysander concordou com a cabeça rapidamente -  Ai está o cartão que irá responder suas perguntas.

Hugo entregou um papel na cor preto e roxo, com desenhos de aranhas, aboboras e algumas vassouras surradas. Leu as palavras escritas a mão:

“Para serviços espetaculares: problemas com zonzobulos em sua mente? Um ótimo divã. Quer se livrar dos narguilés? Tenho uma ótima poção aprovada pelo ministério. Só não venha me pedir conselhos amorosos. Tenho repugnância a isso”

- Entende porque ele não gosta de garotas? – disse Hugo solidário como se o amigo não estivesse do lado. Jenny tinha os olhos vidrados, tentando entender diversas coisas – A gente vai para a aula.

- Até mais... – foi tudo o que conseguiu respondeu amassando o papelzinho em sua mão.

xx

Aula de poções era torturante, Scorpius sabia disso, jamais admitiria  em voz alta, afinal ele tinha uma imagem a zelar. Essas aulas normalmente lhe traziam brigas com Rose, mais se fosse possível e mais calorosas ainda. Ambos queriam se gabar o tempo inteiro que iam muito bem nessa matéria obrigado.

Assim que o professor pediu para que formassem duplas para fazerem a poção do morto vivo, Scorpius logo virou seu rosto a Alvo, num acordo mudo que ambos fizessem. Mas para sua surpresa Rose o cutucou:

- Ei doninha albina, quer fazer comigo?

- Sabia que esse dia estava estranho – disse Alvo saindo de perto dos dois procurando alguém para formar dupla.

- Não ache isso estranho mais do que as outras pessoas estão achando... – pediu Rose.

- É meio difícil – confessou Scorpius.

- É só que cansei de fazer dupla com pessoas mais burras que eu, onde acabo fazendo-o todo sozinho, carrego pessoas nas costas Hogwarts inteira – ela confessou encarando o caldeirão a sua frente evitando encara-lo.

- Eu ouvi bem isso? Você me chamou de inteligente? – ele sorria de orelha a orelha fazendo Rose bufar nervosa.

- Cala a boca e corta os ingredientes da forma certa!

- Me chamou de doninha albina, me fez prometer que eu sempre te lembraria que havia me prometido que jamais ia voltar a me chamar assim – Scorpius disse displicentemente enquanto cortava as vagens suporíferas.

- Eu te jurei nunca mais te chamar assim, no tom ofensivo, não te ofendi.

- Arranjamos apelidos carinhosos então? – ele riu pelo nariz e a encarou, notando as orelhas da garota vermelhas.

Antes de Rose respondesse ironicamente ou criasse um discurso que fizesse Scorpius pedir desculpas pela piadinha sem graça, o professor se postou na frente de ambos.

- Achei que jamais viveria para ver esse dia – ele exclamou sarcástico.

O senhor Dempsey era conhecido na escola por ser o mais certinho, engomadinho, que levava o nome e a reputação da escola muito a serio. Ele não formava grupinhos com alunos “famosos” como o antigo professor de poções, ao contrario, parecia que cobrava mais desses alunos. E Rose, Alvo e Scorpius eram os mais cobrados devido o sobrenome.   Então, o ouvir dizer uma frase sarcástica aos dois, não era normal.  

- Sabe professor, o problema dessa escola, é que as pessoas gostam de taxar, julgam porque é mais fácil acreditar naquilo que queremos. Mas esquecem que não deveriam julgar ninguém e nenhuma atitude. Porque julgar sem conhecer é a forma mais pura e simples da tão famosa ignorância. – Rose sorriu docemente. – Scorpius corte isso melhor. – Se virou ignorando o professor que tinha ficado completamente sem palavras perante aquilo.

- Sabe, quando você começa a discursar me lembra de uma coisa – Scorpius começou a rir.

- Te lembra do que? – ela perguntou mal humorada – É serio, corta isso direito, a poção vai estragar se...

- Disso Rose, nosso primeiro ano aqui, aula de poções, eu e você...

Foi tudo o que ele disse e mais uma lembrança veio a tona na cabeça da garota. Como um balde de água fria.

- Talvez você uma Weasley, devia fazer dupla com ele, um Malfoy, uma mistura explosiva, essa eu quero ver – dizia o professor que havia pedido que formassem duplas e preparassem a poção “Cura para furúnculos”.

- Se esse país me permite ser livre, teria bem o direito de formar dupla com quem bem entendesse – disse ela em tom mandão, toda emburrada, enquanto tirava uma mexa de seu cabelo pintado dos olhos cheio de lápis preto.

- Não até que um professor apareça.

- Não é porque estamos fazendo a poção juntos que temos que conversar...

- Eu queria entender qual é o problema de vocês? - Scorpius disse começando a separar os materiais.

- Primeiro vocês quem? E segundo problema?

- Vocês "filhos dos heróis de guerra", e o problema é achar que porque seus pais venceram vocês podem tratar as pessoas como bem entendem. - Scorpius suspirou. - Não são melhores que ninguém.

- E você é?

- Não. - Ele respondeu. - E esquece, você não tem nada haver com isso. Quem sabe o problema seja eu.

- Com toda certeza deve ser. - A garota disse puxando os materiais para mais perto dela.

- Eu sei, não precisa jogar na minha cara passado ta legal? – ela pediu sentindo um nó na garganta pela lembrança.

- O que, Rose? Não – Scorpius apressou-se a dizer – Não disse isso para jogar coisas na sua cara. Não me orgulho do meu “eu” do passado, não me orgulho do meu “eu” de dois dias atrás.

- Você não é como eu Scorpius não vê? E jamais vai ser, eu me perdi, tentando me encontrar – ela estava tão abalada que deixou de se preocupar com a poção que faziam.

- Está tentando se encontrar agora, nunca é tarde...

Ele relou seus dedos em seus cabelos, agora penteados e na cor natural, de forma carinhosa, tentando consola-la.

- Não faz isso – ela pediu gentilmente tirando as mãos dele de seus cabelos – Não me faz gostar de você.

Terminou, deixando Scorpius completamente confuso. Ele queria, como deseja entendê-la. Agora mais que nunca.

- Só corta essa vagem direito – ordenou em seu velho tom mandão.

xx

- Quem é? – perguntou Lily desesperada a amiga Jenny a prensando na parede depois que todos suas aulas do dia haviam terminado e as duvidas gritavam em sua mente, encontrar Jenny no corredor havia sido sorte. Lily nem tinha reparado nos olhos lotados de água da amiga.

- O que? – Jenny perguntou tristemente.

- O cara que eu beijei naquele estupido armário dos sete minutos no céu – respondeu também tristemente.

- Como assim? Você não sabe? – perguntou Jenny abalada.

- Eu não sei – sua voz estava esganiçada – Ele não deixou que eu tirasse a faixa, ele só disse uma frase e eu estupida pensei que tinha escutado a voz de certo alguém, mas foi ilusão de minha mente, então eu, eu, eu não sei, não sei quem... com quem foi meu primeiro beijo. Sabe o quanto a minha vida é trágica? Tem noção disso? Pois eu tenho e to sofrendo. Minha conselheira amorosa é uma fantasma para ter noção do meu drama tá? – ela dizia muito rápido, Jenny apesar dos últimos acontecimentos, só conseguiu rir – E, agora existe isso!

Ela esfregou na cara da amiga os bilhetes que havia recebido de seu admirador secreto.

- E eu achei que fosse piadinha no começo, mas ate que ele foi gentil, nas palavras que escreveu – explicou Lily enquanto via a amiga ler as palavras de seu bilhete.

- Meu Merlin! Essa letra! – a amiga gritou sem se conter.

- O que tem ela? Você sabe de quem é essa letra? Me diga criatura! Me diga! Eu faço tudo para você dizer de quem é essa letra! Eu dou meu sangue para me dizer de quem é essa letra, eu até vendo minha alma numa encruzilhada! – dizia desesperada enquanto sacudia a amiga.

- É a mesma que essa – disse Jenny sussurrando, como se fosse um segredo de vida ou morte.

- É o cartão do escritório esquisito do Lysander – disse Lily com a testa franzida enquanto lia as informações do cartão – E a letra...

- O Lysander está apaixonado por você – concluiu Jenny abraçando Lily chorosa.

- Oh Meu Deus! Eu beijei o Lysander – Lily a abraçou fortemente e começou a chorar.

- O que? – perguntou Jenny saindo do abraço transtornada – Você não o beijou, sei bem quem te beijou, eu vi quem entrou no armário com você.

- QUEM!? – Lily gritava como se a amiga a sua frente fosse surda.

- Não posso dizer, sabe bem disso, assinamos aquele contrato macabro na entrada, que se dedurássemos o que aconteceria ali, nasceria furúnculos em nosso rosto. Eu gosto bastante do meu rosto para te contar quem foi.

- Mas não foi o Lysander? – perguntou seriamente mais calma.

- Não, ele odeia contato com meninas pelo que descobri.

- Mas a letra no cartão é dele... – prosseguiu Lily seu raciocínio – Isso tudo é uma armação.

- De quem?

- É isso que nós, as detetives que sofrem por amores idiotas, vamos descobrir. Venha! – a puxou Lily pelos corredores – Precisamos de um plano.

- Ei! Eu não concordei com nada disso... – disse a amiga sabendo que era em vão.

xx

Papai, me desculpe, fui uma má menina, papai eu só queria ser sua garotinha inocente desse mundo para sempre, mas as pessoas são más papai. Me desculpe? Papai, você se lembra como nós éramos? Se lembra papai? Você me contava histórias antes de dormir, suas histórias eram muito mais legais do que as da mamãe, nunca conte isso para ela. Me segredava coisas que sabia, que mesmo com minha idade, compreenderia. Eu te amo tanto papai, não queria ter mudado. Mas as pessoas são más papai, elas nos julgam, por um sobrenome. Por uma casa de Hogwarts:

- Sonserina!

Me desculpe papai.

Ela acordou se debatendo e suando frio, tinha chorado em seu pesadelo sabia disso por conta da fronha de seu travesseiro molhada. Resolveu andar, e esquecer, talvez ir até a cozinha conversar com os Elfos, lhe faria bem. Esquecer momentaneamente lhe faria bem.

Mas na metade do caminho, apertando seu robe de dormir, quase conseguia ver os olhos decepcionados dele em sua direção, apertando seu coração, fazendo lágrimas rolarem.

As palavras ecoavam em sua mente, como se fossem cacos de vidro lhe cortando e machucando fisicamente:

- Hermione, eu não entendo o que Rose está fazendo.

- Rony ela é apenas uma garotinha - Hermione disse tentando abraçar o marido.

- Ela era uma garotinha, minha garotinha. Minha princesinha, mas agora eu não sei quem ela é. - Rony aceitou o abraço que Hermione tentava lhe dar, mas nem conseguiu aproveitá-lo. A voz de Rose estava muito alta e as lágrimas escorriam pelo rosto da menina.

- QUER SABER QUEM EU SOU? EU POSSO DIZER QUE NÃO SOU A MAMÃE! EU NUNCA VOU SER COMO ELA. PARE DE VE-LA EM MIM.

- Rose... - Ele tentou chamá-la, mas a garota disparou de volta para o quarto batendo a porta com força e se jogando de volta ao colchão. Ele não a julgaria. Ele não faria com que ela se sentisse péssima. Seu pai é que deveria ser como ele.

- Rony, deixe que converso com ela amanhã. - Hermione disse calmamente.

- Está vendo? Ela não é nossa Rose, não a garotinha que era. Nunca quis que ela fosse como você Hermione, por isso ensinei a ela coisas diferentes. Para que ela escolhesse quem ser. – Rose ainda podia ouvi-los do quarto, mesmo tampando as orelhas fortemente com o travesseiro.

- Talvez ela esteja sendo. - Hermione suspirou.

- Ela não é. Aqui uma coisa, e na escola outra? Nós deveríamos fazer alguma coisa. Eu sinto orgulho dela, por, por, ter mudado a saga Weasley. Mas não sinto orgulho das mentiras e farsas.

Então as vozes somem, as ultimas palavras brilham em sua frente “mentiras e farsas”. Isso era tudo o que ela era. Chorar parece fácil, ela já não tem mais força de ficar em pé e se entrega as lágrimas sentando no corredor e se encolhendo feito criança. Esperando seu pai a pegar no colo e dizer que vai ficar tudo bem.

- Papai me desculpe? – sussurrou para si mesma – Sinto falta da gente, papai me desculpe?

Scorpius não era de andar nos corredores de noite, ainda mais sabendo que era proibido, ainda mais sabendo que era monitor e devia dar exemplos. Mas estava com insônia por conta das intensas mudanças em sua vida nos últimos dias e sua barriga estava roncando. Cozinha era uma opção razoável. Sua surpresa, no entanto, foi encontra-la, lá, sentada no chão, chorando copiosamente, como se estivesse num pesadelo sem volta.

Queria toca-la, dizer que tudo ficaria bem, queria secar suas lágrimas e embala-la até dormir. Será que era permitido?

Ela parecia nem tê-lo notado ainda, parecia presa em um pesadelo que a atormentava acordada. Deixando seus receios de lado, cedeu a seus impulsos e a abraçou, como resposta imediata ela passou os braços em volta de seu pescoço e permitiu ser embalada por aquele estranho.

“Ei, menina mal criada, quais são seus pesadelos? Me conte o que faz seu coração sangrar”. Dizia por pensamento, sentindo a garota parando de chorar aos poucos.

E quando os minutos passaram e Rose parou de chorar, permitiu-se abrir os olhos e o encarar pela primeira vez. Os olhos cinzas a observavam preocupados, sentiu seus dedos em seu rosto secando suas lágrimas.

Ela queria dizer obrigada, mas a única frase que formou de sua boca foi:

- Eu disse para não me fazer gostar de você.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Eu gosto bastante desse capítulo... principalmente por conta dos dilemas da Rose...
Acho que está dando para conhecer bastante a personagem principal agora não?
Será que ela irá deixar que Scorpius cuide dela? Hum...
Comentários aqui nos fazem tão feliz, sabiam disso?
Obrigada pelo carinho de todos...
Juro que vou responder todos os reviews....