Os Clichês de Rosemary escrita por Gabriel Campos


Capítulo 24
Não gostou? Manda um vírus


Notas iniciais do capítulo

Gente, perdão por ter deixado vocês esperando por um novo capítulo, mas esse semestre está sendo um desafio pra mim porque estou tendo aulas de anatomia animal (preciso tomar ômega 3 pra poder lembrar de todos aqueles nomes) e me colocaram numa turma de química orgânica do curso de Engenharia química. Enfim, minha situação acadêmica não tá muito legal por outros motivos (os quais já me fizeram pensar em largar o curso) , mas acho que vcs não gostam quando eu desabafo KKKKK
Espero que gostem do capítulo e me perdoem. Bjão!
Ps: Estou respondendo os comentários (perdão por ter demorado a responder)



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O telefone da casa da minha mãe tocou, me acordando. Eu acabei dormindo (lê-se desmaiando) no sofá, depois do baque de emoções que tive no dia anterior.

Mas quem seria ao telefone? Seria Dóris com notícias de Sebastian? Ou seria ela querendo falar com Rubem sobre o casamento?

— Alô?

Uma voz masculina, abafada pela ligação, ecoava do outro lado da linha. Sebastian. Meu coração queria sair do peito de tão acelerado que estava. Ele está bem? Se ele está falando contigo, é óbvio que ele está bem, sua anta!

Rosemary? Sou eu, Sebastian.

— A Dóris me contou o que aconteceu. Onde você está? Você já fez a cirurgia? Eu posso ir aí te fazer companhia...

Impossível, Rose. — disse ele — Eu não estou mais no Brasil. Vim para os Estados Unidos a convite de um oftalmologista famoso daqui. Foi ele quem me ofereceu a cirurgia, um novo método para recuperar minha visão. Se eu fosse esperar pelo hospital público...

Então eu quase larguei o telefone e quase caí no chão, mas me segurei na parede da sala de estar. Que tipo de brincadeira era aquela? Parecia que o mundo todo estava de ponta cabeça e apenas eu não estava participando daquela gozação.

— Como assim, Sebastian? A Dóris não me falou nada sobre isso! Vamos, deixa de brincadeira!

É verdade, Rose. Minha irmã não disse nada porque eu pedi — então eu percebi o porquê de Dóris ter ficado tão perturbada no dia anterior com a minha série de perguntas — Eu queria falar com você... e dar a notícia.

— Mas você vai demorar? — um sopro de voz quase inaudível saindo da minha boca perguntou.

Eu já fiz alguns exames e... — ele deu uma pausa para respirar — A cirurgia começa daqui a algumas horas. Eu só peço que... se acontecer alguma coisa de ruim...

— Não vai acontecer nada de ruim, Sebastian! — eu o impedi de completar. Algumas lágrimas desciam do meu rosto, fruto do meu coração apertado contra meu peito. Aquilo era amar? — Eu só não sei se...

— Se? — ele quis saber o que eu tinha para dizer.

Se eu vou conseguir ficar muito tempo longe de você.

Eu estava sendo precipitada demais em me declarar? Aquilo era uma declaração de amor mesmo? Eu nunca amei, eu nem sequer manjo dos paranauês de amar.

Então eu desliguei o telefone e sai correndo para a minha cama.

👯♡ 👯♡ 👯

(por Sebastian Freitas)

Ela me amava mesmo! Como eu a amava! Era daquela certeza que eu precisava para continuar aquela ideia maluca de ser um ratinho de testes cirúrgico. Papai estava me confortando, dizendo que eu não tivesse medo, pois poderia enxergar o rosto de Rosemary quando voltasse ao Brasil.

— Como ela é, Dóris? — perguntei a minha irmã, ao telefone, quando liguei para casa minutos antes da cirurgia.

Quem?

— A Rosemary, ué.

Como você imagina que ela seja, maninho?

— Ah, sei lá... ela deve ser bonita. Pelo menos eu sei que, por dentro ela é. A Rose deve ter os olhos profundos, encantadores. A pele dela é macia, os cabelos têm um cheiro bom. Um cheiro de xampu misturado com cheiro de menina. Ah, Dóris... se tem uma coisa que vai valer a pena depois de passar por isso vai ser poder enxergar a Rose. E dizer a ela que eu a amo, olhando nos olhos dela.

E então havia chegado a hora. Eu estava deitado naquele leito, o frio do ar-condicionado da sala de cirurgia penetrava nos meus ossos e me fazia tremer nas bases. Pensar positivo me reconfortava.

Eu ouvia vozes, vozes falando em inglês por todo o lugar. Eram enfermeiros, médicos e residentes, eu tinha certeza. Eu era como uma cobaia para eles, mas se eles tinham certeza de que aquele novo método era eficaz para eu ter minha visão de volta, o que me restava era confiar naquela única chance.

👯♡ 👯♡ 👯

— Sebastian me ligou e me explicou o que aconteceu. — falei à Dóris que, empolgada com aquele casamento de fachada com Rubem, caminhava pelos corredores “proibidos” da Folk Basfond a procura de, acreditem ou não, um lingerie para a noite de núpcias com o meu irmão.

— Espero que você não tenha ficado chateada comigo, cunhadinha. — proferiu ela, remexendo os cabides. Ela se virou e olhou para mim — Sebastian ficou muito mal em ter de viajar daquela maneira justo no dia da sua formatura, mesmo sendo para uma cirurgia.

— O Sebastian espera por isso a vida toda, Dóris. — falei de maneira compreensiva — Eu sei que vai dar tudo certo.

Continuamos nossas compras. Dóris estava tão feliz, parecia até que ela não sabia que aquele casamento era de mentirinha e que Rubem queria usá-la apenas para conseguir a herança de papai.

— Dóris... você sabe que esse casamento é de mentirinha, não sabe? — questionei, singelamente.

A irmã de Sebastian ficou em silêncio por alguns instantes, dizendo em seguida:

— Lembra quando você me perguntou se eu gostava de alguém, Rose? E eu respondi que era impossível eu ter alguma coisa com essa pessoa?

Eu afirmei com a cabeça, respondendo que sim, eu me lembrava. E...

— Não, espera! Você gosta mesmo do Rubem? Dóris, amiga, você sabe que ele é...

— Sim, eu sei! — ela não deixou que eu completasse — E isso sempre impediu que eu me aproximasse dele, dessa maneira. Mas eu sinto que essa pode ser uma oportunidade boa. — ela abria um sorriso de orelha a orelha enquanto falava, como se “converter” o meu irmão fosse a coisa mais fácil do mundo.

— Impossível, Dóris. Ele está se casando com você só pelo dinheiro. E, venhamos e convenhamos, eu sou irmã do Rubem. Ele dá pinta desde que eu me entendo por gente.

— Confie no meu taco, amiga. — ela deu uma piscadinha, retirando da arara um cabide com um lingerie vermelho e superhipermega sensual — Se seu irmão quer terminar essa história com o dinheiro... — ela deu um beijinho por cima do ombro — ... eu quero ele como recompensa.

Aquilo iria dar uma treta maligna. O que me restava era assistir de camarote. E com direito a pipoca e refrigerante.

👯♡ 👯♡ 👯

A mansão do meu pai estava em festa. Rubem deu a notícia a Zeferino e a Marjorie sobre o casamento. Papai, por sua vez, além de oferecer o dinheiro da herança adiantado, ainda pagaria o buffet, os preparativos da igreja e a lua de mel em qualquer lugar da Europa. O que eles fariam na lua de mel, pelo amor de Deus?!

— Por falar em herança, o resultado do vestibular ainda não saiu, meu amor? — meu pai perguntou, sentado à mesa, enquanto jantávamos uma daquelas especiarias que Marjorie não gostava de comer, mas adorava servir só porque era chique.

— É pra sair essa semana, papai. — engoli a seco.

— Eu estou tão feliz! — exclamou Rubem, cheio de cinismo — O amor da minha vida estava o tempo todo do meu lado e eu não percebi, como pode? Que bom que eu decidi me declarar a tempo.

Dóris roubou um selinho de Rubem e ele ficou com cara de nojo. Marjorie percebeu.

— Ah, o amor... — suspirou meu pai, tentando tirar a carne do escargort de dentro da concha. — Eu sabia que logo, logo Rubem iria arrumar um rabo de saia. — ele deu um tapão nas costas do meu irmão, acho que deslocou alguns ossos — Os Maldonado sempre foram “cabras macho”.

— Eu vou ao toalete. — anunciou meu irmão, se levantando.

— Não demore, vou ficar com saudades, meu amor. — Dóris falou, em tom zombeteiro. Percebi daí que ela havia entrado na jogada.

Papai encarou meu irmão. Alguns casais, principalmente aqueles que estão no início da relação, costumam se beijar quando se ausentam, nem que se seja quando um vai ao banheiro. Comecei a cantarolar na minha mente: “Beija! Beija! Beija!”

Rubem deu um beijo na testa da irmã de Sebastian, pediu licença e saiu. Marjorie também se ausentou, dizendo que ia até a cozinha para pedir a empregada trazer a sobremesa. Nada entraria no meu estômago depois daquele prato principal nojento, nem mesmo sorvete.

Ficamos apenas papai, Dóris e eu à mesa.

— Ansiosa para o casamento, Dóris? — Zeferino perguntou. Dóris chutou minha perna, sob a mesa. Acho que ela estava nervosa.

— Claro, sogrinho! Rubem e eu queremos nos casar o mais rápido possível. — as mãos trêmulas de Dóris levaram o cálice de vinho até a boca, dando um generoso gole em seguida — Nós já perdemos muito, muito tempo e não queremos perder mais.

— Vocês são novos e têm muita coisa para viver juntos. Mas, se não for pedir muito, eu bem que queria um netinho.

Dóris se engasgou com o vinho e começou a tossir, e tossia forte. Dei uma tapa nas costas dela que quase fez com que ela desse de testa com a mesa. Desengasgou.

👯♡ 👯♡ 👯

(por Rubem Maldonado)

Eu não sabia quanto tempo mais poderia aguentar. Eu não queria levar Dóris junto para o buraco comigo, mas era a única alternativa que eu tinha.

Também não entendia o porquê de Dóris ter aceitado a ideia do casamento tão instantaneamente.

Lavei meu rosto rapidamente e o enxuguei com a toalha. Já estava pronto para voltar a sala de jantar da mansão de papai quando aquela criatura dos infernos – vulgo minha madrasta – me assustou, entrando no banheiro e fechando a porta.

— Olá, Rubem. — disse ela, levantando seu tomara que caia com estampa de oncinha. Nervoso, tentei evitá-la, mas Marjorie impediu que eu chegasse até a porta.

— Criatura, dá pra sair do meio? Minha noiva está esperando lá fora!

“Minha noiva” — ela zoou — Eu sei que você e aquela pilantra estão de armação pra cima do meu marido. Mas saiba, frutinha, que eu não vou deixar que vocês se deem bem com esse plano chinfrim. O Zeferino vai saber que você...

— Que eu o quê, hein, Marjorie? Te enxerga, periguete! Eu sei que a fila do golpe do baú tá grande e você é a primeira, mas antes de ele ser seu marido, Zeferino é meu pai.

— Olha aqui, seu... — ela apontou o dedo indicador pra cima do meu rosto e eu o segurei, apertando para trás — Ai! — Marjorie gritou muito alto, mas ninguém escutou porque a porta abafou o barulho.

— Colega, eu só não dou nessa tua cara porque não sou açougueiro para amaciar carne de vaca. — falei; ela saiu da frente da porta e eu pude passar. — Obrigadinho.

Marjorie não sabia com quem estava se metendo.

Infelizmente, eu também não sabia com quem estava me metendo.


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Notas finais do capítulo

Que babado! :o