Can we whisper? escrita por Meggs B Haloway


Capítulo 9
Capítulo 08 — Atordoada.


Notas iniciais do capítulo

Bom, espero que gostem porque eu lembro que na época que eu estava escrevendo, eu adorei escrever esse capítulo. E é isso. Beijos.



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Tudo bem, eu não entendi a principio que tinha acontecido, mas pouco a pouco foi se encaixando. Minha cabeça latejou enquanto eu os deixava passarem, eu estava tão entontecida que não percebia o quanto eu estava sendo mal educada por não dar “oi” para Sue — mãe de Riley. Sorri para eles, tentando parecer amistosa.

Bom, Sue era… uma pessoa que eu nunca imaginaria para o meu pai. Ela era uma amiga da família, não a namorada/amante de meu pai. Riley falou alguma coisa para mim, mas eu não entendi. Concentrei-me em fazer a dor de minha cabeça ser ignorada, mas não funcionou. Ela só latejou mais.

Bufei, com raiva, e me forcei a me concentrar.

— Eu sei. — A primeira coisa que eu escutei Riley falar, em um tom baixo para mim. — Eu também fiquei tão pasmo quanto você.

Perguntei-me quanto tempo eles estavam juntos, e quase me soquei por não ser forte o bastante para não chorar de raiva enquanto pensava na resposta. Esta mesma não era tão atraente a mim mesma. Mas eu não falaria isso a Charlie, eu mostraria condescendência diante sua escolha, assim como ele havia feito a minha.

Suspirei. Claro que não era a mesma coisa, eu não era casada quando conheci Edward, e não estava adulterando também. Uma merda isso era, uma grande merda. E meu pai sempre foi… ele não me parecia o tipo de pessoa que um dia aprontaria isso e me deixaria em uma situação constrangedora.

Eu não concordava e nem perdoava traição. Isso significava que eu teria que aprender a fazer isso.

Charlie nos apresentou, mesmo eu já a conhecendo. Oi, Bells, essa é minha amante, mas agora eu posso dizer que ela é minha namorada. Ela não é um doce, querida? E o melhor de tudo é que vocês se conhecem! Não vai ser tão difícil conviver com ela. — Seria mais honesto se ele me dissesse isso, e quem sabe eu não poderia o perdoar mais fácil.

Todos mentem Isabella! — Lembrei-me duramente.

Edward deve ter percebido o quanto eu estava tensa e raivosa, pois veio para o meu lado, apertando sua mão com a minha sem que ninguém estivesse vendo. Eu lhe olhei por alguns segundos, o agradecendo.

Comemos rapidamente, e eu continuei calada, respondendo perguntas que eram feitas a mim, tentando parecer descontraída ao fazer isso. Tive medo de ser muito idiota e Charlie reclamar comigo depois. Não que eu tivesse medo dele, eu só… bom, não gostava de quando gritavam comigo, eu me sentia um lixo, mesmo não sendo.

Riley tentou afastar o clima tenso, puxando assunto comigo de um modo educado. Não foi o suficiente, eu logo encerrei o assunto com meu tédio e desconforto expostos para que todo mundo percebesse. Charlie me mandava olhares reprovadores, no entanto eu estava pouco me importando com os mesmo.

Assim que essa… pessoa estivesse fora do meu apartamento, eu me trancaria dentro de meu quarto e choraria a noite toda, baixinho, claro. E se nas piores das possibilidades, ela ficasse, eu provavelmente pediria para ir com Edward para sua casa, afinal não queria ter que agüentá-la também pela manhã. Eu não fingia muito bem e todo mundo sabia.

Pra piorar minha dor de cabeça ou o meu estresse, Charlie sugeriu que eles ficassem para assistir um filme.

— Sinto muito, mas minha cabeça está explodindo. Acho que vou me deitar agora. — Murmurei, para eles. Tentei sorrir timidamente para mostrar simpatia, e como eu previa não funcionou. — Tchau Riley, Sue… você pode vim aqui um momento? — Indaguei olhando para Edward.

Ele sorriu de lado e me seguiu.

Minha cabeça latejou de novo, e eu pus a mão na mesma, odiando estar com aquilo. A dor agora não me era confortável quanto era antes, agora ela chegava a ser agonizante e eu queria tirá-la rapidamente de mim. Perguntei-me se isso possuia seus pontos positivos e negativos equilibrados.

Antes que eu pudesse perceber Edward estava entregando-me um comprimido.

— Sabe, você é perfeito. — Murmurei, de repente, o elogiando. Eu não era muito de elogiar muito uma pessoa, percebi isso quando Edward me fitou surpreso por isso. — Pervertido em horas, carinhoso em outras, engraçado quando se precisa. E preocupado. — Completei. — Obrigada, mesmo.

Meu sorriso torto apareceu em seu rosto enquanto ele enlaçava suas mãos em minha cintura, puxando-me para perto dele em um abraço leve.

— Você age como se eu não estivesse recebendo também tudo isso. Só que tem uma diferença. — Ele disse, com o rosto encostado em meu ombro. — Você é pervertida em todas as horas que eu te beijo. — Corei, mas um riso saiu quando ele riu também. — Eu. Somente. — Destacou.

Eu assenti.

Tínhamos visita e ele não podia ficar tanto tempo dentro do meu quarto porque iria parecer grosseiro de nossa parte. Ignorei isso quando o pedi para ficar ali até quando eu pegasse no sono, e Edward respondeu sem hesitar que ficaria. Eu quase rasguei meu rosto de tanto sorrir, e teria rasgado se isso fosse possível.

Eu tomei banho e vesti minha camisola de sempre, junto com os casacos que eu tinha. Eles serviam exatamente para hora de dormir já que estes mesmos eram velhos e surrados, mas nem pareciam. Minhas bochechas coraram quando percebi que Edward estava me avaliando, vendo milimetricamente os detalhes de minha roupa e de meu cabelo solto, já que nesse dia todo ele estivera preso em um rabo-de-cavalo.

— Shhh, não minta para mim agora. — O interrompi quando ele estava abrindo a boca para falar. — Isso caiu horrivelmente.

Deitei-me na cama, puxando as cobertas para cima de mim, e olhando Edward pela fresta que eu deixava aberta. Ele sorriu para mim, de alguma coisa que eu não sabia o que era.

— Pergunto-me o que eles estão pensando.

— Se ferrem. — Murmurei, revirando meus olhos de raiva.

O sorriso torto habitou seu rosto de novo, enquanto estendia sua mão e acariciava o lado de minha bochecha que estava descoberta.

Eu dormi rapidamente quando me concentrei em ficar olhando para Edward. Ele murmurava alguma coisa que eu não prestei atenção o bastante, e de vez em quando me olhava enquanto falava. Quando acordei, tinha certeza de que o que ele falara era a respeito dos dias que eu passaria sozinha com ele.

Tudo bem. Isso não era uma coisa para a qual eu não estivesse nervosa. Eu podia sobreviver a esse nervosismo, e depois… bom, somente aproveitar.

— Bella? — Charlie chamou-me, assim que desci para preparar meu café-da-manhã.

Franzi meu cenho. Não era para ele já ter saído há muito tempo para o trabalho?

— Oi, pai. Não vai trabalhar hoje? — Indaguei.

— Mais tarde. Eu quero conversar com você.

Merda. Eu tinha certeza que era sobre a noite passada a qual eu fui totalmente displicente com a sua amante de merda. Ele queria o quê, afinal? Que eu distribuísse sorrisos sabendo que esse tempo todo ele estava traindo a mamãe? Não! Eu não conseguia ser tão falsa a ponto de fingir que estava tudo normal. Não estava, e Charlie deveria perceber que também estava sendo difícil para eu considerar o fato de traição.

Eu era orgulhosa quando se tratava de traição. Eu não perdoava.

— Sente-se. — Ele parecia tão tenso quanto eu. Talvez estivesse avaliando minha postura defensiva. — Então… hã, você e Edward namoram, certo?

Não! Por favor, tudo menos essa conversa sobre sexo. Eu já sabia que tinha que me prevenir para não ficar grávida ou qualquer outra coisa. — Eu gritei em desespero em minha mente. Fiz uma careta para Charlie, com as bochechas coradas, e assentindo em concordância. Ele sabia que eu era bastante esperta para saber sobre aquilo, mas não. Meu pai tinha que bancar o tipo perfeito de pai: atencioso.

— E você e Sue? — Retruquei. — Quando aconteceu isso? Foi antes… ou depois?

— Meu casamento deixou de existir faz tempo, Bells. Mas enfim, estamos aqui para conversar sobre você e Edward. E… eu não sei como começar isso. — Admitiu.

— Quer perguntar se já dormimos juntos? — Indaguei, erguendo uma sobrancelha. Charlie pareceu horrorizado com o quanto eu fui direta. Ele deveria saber que eu não gostava de muito enrolamento, apesar de ter vergonha. — Não, nós não…

— Eu sei que você e ele passam muito tempo sozinhos e certamente já poderiam ter… — Ele não encontrava palavras, e me policiei para não rir diante sua vergonha. — Só queria saber se vocês estão se prevenindo.

— Pai, nós ainda não chegamos a essa parte, ok? E eu certamente não vou falar para o senhor quando acontecer. — Lhe sorri, sincera enquanto corava.

Aulas. Era o inferno presente na terra meu novo colégio. Eu não agüentava ficar um segundo dentro do mesmo sem me sentir estranha. Todo mundo era legal, é claro. Mas… tinha muitos meninos idiotas — o que em Londres era uma coisa quase rara e restrita — e estes mesmos tentavam flertar comigo.

O resultado era algo desastroso, mas claro que eu nunca rebati ou retruquei nada. Eu tinha que parecer legal para não ser um alvo do jornal idiota que semanalmente caçoava alguém, ou até mesmo insultava.

Aquele colégio em si era idiota. Todo mundo. Até os professores.

No primeiro dia foi uma merda, um professor inventou de brincar comigo, perguntando-me se eu não estava seguindo o mesmo caminho de minha irmã, das drogas. Ele em um instante parou com a palhaçada quando eu lhe respondi que eu não estava no caminho das drogas, mas ele poderia estar no caminho de ser despedido. Se tiver uma coisa que eu mais odiava em minha vida, era com certeza quando tiravam alguma brincadeira comigo e não conhecia a tal pessoa.

Como eu disse, todos eram idiotas.

Um dia sim e outro não eu ia visitar a mamãe. Era por obrigação, não por vontade, pois sempre que eu chegava lá eu era tratada como um lixo por ela e Rosalie, que sempre arrumava algo novo para reclamar de mim. Renée estava se mostrando mais uma vez uma mãe desprezível e isso eram apenas mais uma das várias coisas cuja eu tinha a meu favor na hora em que fosse provar ao papai que não era mais aceita naquela porcaria de casa.

— E então…? Edward Cullen é bom na cama? — Eu não acreditei estar ouvindo aquilo até a hora que meu olhar se fixou em Jéssica, uma garota que sempre me atazanava para saber sobre Edward.

Eu a ignorei, tratando de prestar atenção na minha aula de Biologia.

— Sabe… ele nunca mostrou interesse por nenhuma garota daqui de Glastonbury, e então você apareceu. — Continuou ela. — Você deve saber que para ele você não passará de uma garota que ele transou quando ele for para Nottingham, não é?

— Jéssica, você pode, por favor, calar a sua boca? — Indaguei, em meu tom supostamente calmo, mas ameaçador em sua maioria. — Você está imaginando coisas demais. Edward e eu só somos amigos. — O plano de esconder o nosso relacionamento de todos ainda estava de pé, mesmo não funcionando tanto.

— Ah claro. — Revirou os olhos. — Aposto que só diz isso para as pessoas não te acharem uma depravada que aceitar ser usada como objeto sexual.

Mantenha a calma, mantenha a calma, Isabella! — Minha mente gritou. Alguns minutos depois eu estava andando para a detenção. Essa era a primeira em minha vida, no entanto eu não estava me preocupando tanto com isso. A discussão não fora desnecessária e quando eu estava prestes a lhe dar um murro, a professora mandou que eu me retirasse da aula.  Aliás, quem Jéssica achava que era para falar daquele jeito comigo? E ainda mais sobre Edward.

Ele não me usara de objeto sexual. Nós ainda nem tínhamos tido esse contato intimo.

— Olha quem está na detenção. A filha do chefe de policia. — Um garoto loiro murmurou zombador para mim.

Revirei meus olhos e sentei-me em uma cadeira que tinha ao fundo da sala, rabiscando com a minha unha o meu nome, mesmo que obviamente nada aparecesse. O professor estava dormindo e ninguém parecia estar com vontade de acordá-lo de seu sono profundo.

— Oi. — O mesmo garoto loiro murmurou para mim.

Eu lhe olhei na defensiva, com a minha mão fechando-se em punho para caso ele resolvesse zombar mais uma vez de mim. Ele riu, olhando para a minha mão.

— O que você quer? — Indaguei, desconfiada.

Ele deu de ombros.

— Nada.

— O que você está fazendo aqui? Ficou maluco? — Indaguei não me contendo e correndo para onde o carro de Edward estava estacionado. — Pensei que o combinado fosse que você somente me deixasse aqui, não que viesse me buscar também. Está levantando suspeitas.

— Estou? — Um sorriso travesso se formou em seus lábios, e ele pegou meu rosto entre as mãos, beijando-me por apenas segundos antes de eu separar-me, o empurrando levemente. — Talvez agora as suspeitas deles estejam se concretizando, não?

— Eu fui para a detenção por sua causa hoje. — O informei, rindo. — Discussão na aula da professora de biologia. Ela não gostou nem um pouco.

Edward franziu o cenho, olhando para algo atrás de mim. Eu não me virei para olhar, sabendo que quase todo mundo daquela merda de escola estava me fitando e fitando Edward como se estivéssemos matando alguém. Bufei, com raiva, e cruzei meus braços, entrando no carro e o puxando pelo casaco.

Eu nunca tinha puxado o casaco de alguém, mas era legal fazer isso.

— Mas e então… quem era aquele garoto loiro que estava andando com você? — Perguntou assim que entrou no carro, ligando-o.

— Ah é, o garoto da detenção. Eu não sei o nome, mas ele estava em todas as minhas aulas e andou do meu lado nos intervalos. — Disse, despreocupada.

Só então eu percebi as mãos apertadas de Edward no volante. Talvez com ciúmes, eu não sabia.

— Hey, o que há? — Indaguei.

— Não gosto dele. Do garoto da detenção.

Não o perguntei o porquê disso, e ele olhou para mim, franzindo o cenho. Não lhe era normal minha falta de perguntas ou palavras, e nem eu sabia o que estava acontecendo comigo. Talvez a parte insegura estivesse falando mais alto ao lembrar-me propositalmente sobre o que a garota havia me falado.

Você não passará de uma garota que ele transou quando ele for para Nottingham. — A voz dela era clara em minha mente, e as palavras exatas. Isso eu não podia contestar porque as pessoas mudavam ao passar do tempo, nisso eu estava apostando a sorte, e eu não queria pensar que iria significar isso para Edward depois.

Eu não estava acostumada a sentir dor, principalmente aquelas que eu não poderia falar para ninguém, pois ninguém me entenderia.

Passei a língua por meus lábios, percebendo que estes mesmos estavam ressecos pelo fato de eu não ter bebido água o dia todo hoje. Beberia assim que chegasse a casa dos pais de Edward, já que passaria com ele o final de semana e alguns dias da semana. Pareceu perfeito para Charlie que eu tivesse que sair quando Sue estivesse indo passar alguns dias com ele também, então não tivemos problemas com isso.

— O que há Bella? — Indagou, colocando a mão quente em meu pescoço.  

Sorri por causa disso, o olhando e virando-me no banco para ficar sentada de frente para ele, e não para a rua que rapidamente passava-se a minha volta.

— Não há nada, na verdade.

— Faz mais de um mês que eu te conheço, eu sei quando você está mentindo para mim, se quer mesmo saber. Você morde os lábios assim como está fazendo e seu olhar é vago enquanto olha para mim. — Olhei para baixo, envergonhada por ter sido pega em uma mentira. — Conte-me o que está havendo.

Soltei meu lábio de meu dente e suspirei.

— Não está… estou pensando no que a garota disse. Não quero que isso acabe Edward. Quero dizer… não quero que acabe com você pensando que eu fui apenas uma… mais uma.

Ele negou com o rosto, olhando-me como se eu fosse uma anormal por ter tido essa idéia, quando na verdade era normal. Muito, pode-se dizer. Edward era… tão espantosamente maravilhoso que eu não me via sendo o suficiente para que ele ficasse feliz o bastante. Eu poderia ser apenas mais uma de maneira fácil assim que ele fosse para Nottingham.

Minhas roupas estavam na mala dele, e ele mesmo havia falado com Charlie a respeito disso. Não foi nenhum monstro de setecabeças, no entanto também não foi fácil ao extremo, já que meu pai queria saber se os pais dele haviam concordado com isso. Podia ver em seu olhar que era somente uma fresta e ele me proibiria de ir.

Mas não foi muito difícil convencê-lo quando murmurei que queria o deixar à vontade com Sue.

— Bem vinda a sua casa por… cinco dias. — Edward disse quando estacionou o carro de frente a casa de seus pais. — E antes que me pergunte, já que eu não respondi quando você me perguntou antes, meus pais que me deram a idéia de te trazer para cá.

— Ah sim. Eles devem estar sabendo o que estão fazendo.

Eles sim.

— E você não, certo? — Ergui uma sobrancelha ao lhe encarar.

Edward não me respondeu, apenas riu de minha desconfiança. Acabei rindo também, percebendo o quanto eu estava sendo patética e estragando aquilo que estava acontecendo, ou prestes a acontecer, se eu estivesse sorte. O quê? Que merda era que eu estava pensando? — Me indaguei, fazendo uma careta em minha mente.

Estacionou o carro dentro da enorme garagem dos Cullen, e pegou uma chave que estava dentro de uma gaveta que tinha em seu carro. O esperei sair, insegura, para em seguida sair também. Eu nunca tinha estado na casa de um namorado meu, eu nunca tinha havido algum namorado sequer, ou seja, isso justificava um pouco as coisas.

Edward acendeu as luzes assim que entrou em casa, mostrando o quanto seus pais tinham bom gosto e sabiam decorar uma casa. Isso é se eles não houvessem contratado alguém para arrumá-la. De qualquer jeito, prestei atenção em cada mínimo detalhe, movendo-me cautelosamente pela sala, com medo de esbarrar e quebrar qualquer coisa.

— Fique a vontade, Bella. — Ele disse.

Como se isso fosse possível.

— Já que eu vou passar cinco dias aqui, eu certamente tenho um quarto, não é? — Indaguei, erguendo uma sobrancelha.

— Quer que eu o mostre a você? — Perguntou.

Assenti. Apesar de Edward estar com minhas malas, estava mais cansada que ele. O dia na escola não foi um dos melhores ou mais leves, portanto minha cabeça estava explodindo de estresse. Era estranho que eu estivesse assim quando estava aqui, tão perto de Edward, sabendo que haverá mais dias assim, porém eu simplesmente não conseguia.

Era um quarto do lado do dele, de visitas. Era enorme, quase do tamanho do meu na casa de Charlie. Ele olhou para mim, hesitante.

— Está bom?

Eu sorri com sua pergunta, andando até ele e me equilibrando em seus ombros para poder ficar nas pontas dos pés e lhe beijar docemente. Edward me segurou perto dele quando eu separei nossos lábios e abri os olhos, fitando-o, enquanto tocava seu rosto, deslizando minha mão para a sua nuca, e em seguida cabelos.

— Desculpe se estou distante. — Murmurei. — É que… hoje na escola não foi um dos melhores dias. E eu sei, não posso descontá-lo em você. E sim, o quarto está ótimo.

Edward inclinou seu rosto para me beijar de novo, e assim que o fez de maneira rápida tirou seus lábios dos meus, puxando-me pelo casaco.

— O que você quer comer? — Indagou, e riu ao perceber minha careta. — Vai comer sim, Bella, não me venha com essa cara enjoada. Tem… hã, pizza, lasanha e qualquer outra coisa que você queira.

Acabamos comendo pizza no final de tudo, e depois fui tomar banho porque íamos sair para algum lugar que eu não sabia nem muito menos tinha idéia de onde era. Edward se recusava a dizer, assim como eu me recusava a parar de perguntar, só para irritá-lo, afinal se tinha uma coisa que era boa de verdade era ver Edward me fitar daquele jeito.

Eu ria toda vez que ele o fazia, parecendo e sendo realmente boba.

Edward parecia mais lindo do que nunca e eu fiquei o olhando por mais tempo do que era convencional. A camisa que ele estava caia sem colar em seu corpo, porém destacava de maneira perfeita o seu peitoral, mostrando os músculos discretos que ele possuía. Depois de pegar seu casaco, Edward sorriu para mim, caminhando até onde eu estava.

 — É exatamente essa sua expressão que me faz ter vontade de arrancar suas roupas. — Ele nunca havia sido tão direto quanto estava sendo agora, no entanto eu gostei daquilo, apesar de ter corado ao mesmo tempo em que sorria. — Pare de sorrir assim para mim se quer mesmo sair. — Sussurrou em meu ouvido.

— Eu estou sorrindo normal. — Retruquei murchando meu sorriso.

— Você sabe que não.

O sol estava se pondo e o céu adquiria as cores azul, cinza das nuvens e amarelo. Era o máximo que podíamos ter perto do calor ou o que quer que aquilo se chame ou fosse. Pelo menos, eu deveria agradecer por não estar chovendo. Edward me surpreendeu ao falar que não iríamos de carro, e mais uma vez perguntei-me se aquilo não iria nos expor demais.

Ele me olhou, esperando notar em minha expressão se eu concordava com aquilo ou não. Mas eu não deixei escapar nada por minha expressão.

— Eu estou cansado de esconder, Bella. — Ele admitiu. — E também, isso tem que mudar um dia, não… podemos esconder para sempre, eu não quero esconder isso para sempre. — Ele levantou nossas mãos que estavam entrelaçadas e as abaixou quando eu as olhei. — Não podemos sair a algum lugar, não podemos sair juntos, não podemos ficar muito tempo na casa um do outro. Estou cansado.

— Você tem razão. — Finalmente declarei. — Estamos no século 21 não 16. E aposto que se tivéssemos isso não seriam nada demais, afinal crianças de treze anos se casavam com velhos de 50 anos.

Edward riu.

— Que nojo. — Ele disse.

— É.

A rua estava quase vazia — assim como era a maioria das ruas de Glastonbury —, mas as poucas pessoas que passavam nos olhavam com um olhar repulsivo, quase hediondo. Tentei ignorar aquilo, para tentar não o fazer notar o quanto eu estava com raiva daquilo, e o quanto eu queria evitar.

Suspirei, mas não demoramos muito a chegar até onde nós tínhamos que chegar. Era um abrigo para idosos, e eu olhei para Edward, o indagando o que estávamos fazendo aqui. Ele nunca tinha me dito nada a respeito de uma avó ou qualquer outra coisa.

— Desculpe-me — Murmurou quando eu o perguntei. — Eu me esqueci, na verdade.

— Como é o nome dela? — O indaguei.

— Stella… ela é a mãe de Esme, e preferiu vir para cá a ficar na casa da filha, já que ninguém lhe dava atenção. Todo dia vem alguém aqui para ficar com ela, mas esses dias… não tivemos tempo para isso, então… eu estou vindo agora. Espero que não se importe com isso.

— O quê? Claro que não me importo Edward. — Eu lhe disse, revirando meus olhos.

— Ela também tem Alzheimer. — Acrescentou.

Eu assenti, sem saber o que falar.

Era uma tarde de sexta-feira, mas o abrigo não estava cheio. Tinha apenas alguns familiares, no entanto estes mesmos já estavam indo embora, já que não eles ficavam muito tempo lá. A recepcionista conhecia Edward, e piscou para ele, mandando-o entrar. Eu fiquei sem palavras diante minha raiva, e não falei ou comentei nada.

Ele percebeu o quanto eu estava raivosa, passando um braço por minha cintura. Vi a recepcionista que estava ao nosso lado, murchar a expressão e me olhar com raiva. Que culpabilidade eu tinha se ele não a queria? Ora essa, a vida é assim. Às vezes somos escolhidos e às vezes não.

Para aumentar a raiva dela, sorri amarelo em sua direção, mas ainda com o olhar ameaçador. Ela bufou, virando-se na direção oposta em que estávamos indo.

— Pessoas estranhas. — Murmurou Edward ao perceber sua reação. Ele não tomara conhecimento de nada que aconteceu e eu achava melhor assim, apesar de estar me divertindo por dentro com a cara da loira azeda.

— Completamente. — Concordei.

A avó dele já tinha os cabelos brancos, e era de uma magreza saudável. Seu olhar estava vago enquanto ela tocava com os dedos enrugados a janela que estava fechada, e suspirava. Eu hesitei. Não sabia como agir e eu era fraca quando se tratava de algo que fosse muito triste, tinha certeza que logo estaria chorando.

Se controle, Isabella! Chorar só vai deixar tudo pior.

— Oi, vó. — Edward murmurou calmo ao arrastar duas cadeiras, posicionando uma do lado da outra.

— Eu me lembro de você. — Ela diz. — Você é o garoto da limpeza, não é? Olhe, tem um vaso caído no chão… lá fora, por que não vai lá? Com certeza isso não dá um aspecto bom para o abrigo. — A voz dela é baixa, quase sussurrante e fraca.

Baixei meus olhos, mordendo meus lábios.

— Não, não, eu sou seu neto. — Disse, com a voz passiva.

Ela se recostou na cadeira e o olhou por alguns segundos, antes de sorrir ternamente, estendendo seus braços para abraçá-lo. Seu abraço dura somente alguns meros dois minutos antes de se separarem, avaliando mutuamente o rosto um dos outros.

— Desculpe-me — Eu consigo escutar sua voz, mesmo sendo sussurrada. — Eu… não sou mais tão boa quanto era antes. E então? Quem é essa? — Ela aponta para mim e eu sorrio timidamente, mordendo meus lábios.

— Essa é… Bella — Edward coloca um braço sobre meu ombro. — Minha namorada. — Ele completa.

As duas horas que passamos lá são leves, passa a ser até divertido com as histórias que Stella contava sobre a infância de Edward, Alice e Emmett — mesmo eu não sabendo quem era Emmett ― mais tarde descobri que é o irmão de Edward que está na Alemanha, a trabalho. Eles eram estranhos quando ambos estavam juntos — eu percebi ao ouvir sua vó contar-me que um dia eles conseguiram comer, em um dia, cada um, um pacote inteiro de chiclete.

Algumas coisas, ela dizia, não tinha como esquecer porque foram marcantes demais.

Foi divertido e foi bom. Eu voltei para casa de bom-humor e eu pude perceber que Edward também estava mais tranqüilo ao andar pela rua, com a mão entrelaçada com a minha. O incrível é que antigamente, quando ainda era uma criança, achava andar de mãos dadas a coisa mais idiota do mundo — como se estivessem demarcando território —, mas agora essa idéia não me era presente na mente.

Eu passei na casa da minha mãe, não me demorando muito lá.

— O que você está assistindo? — Indaguei entrando pela porta da frente na casa de Edward. Joguei-me ao seu lado, passando os braços ao redor de seu pescoço e sentando em seu colo e notando que tinha esfriado, já que a noite chegara.

— Não sei. — Ele admitiu, rindo.

— Como assim não sabe?

— Quando eu liguei já estava passando.

Eu fui dormir cedo naquela noite, desapontada por ter que dormir sozinha naquele quarto escuro, enorme e assustador. Tudo bem, eu não poderia escapar para o quarto de Edward com essa desculpa, por isso apenas me encolhi na cama, e apertei a manta ao meu redor, com mais frio do que o normal. O aquecedor estava ligado, mas a porcaria da janela estava aberta.

Gemi em desgosto, querendo que nesse momento pudesse ter superes poderes e fechar aquela janela com a força de meu pensamento. Esse havia sido o pensamento mais idiota que eu já havia tido em toda a minha vida, no entanto eu não prestei muita atenção nisso, levantando-me e fechando a janela rapidamente, trancando-a.

Voltei para a cama, e me encolhi, agarrando minhas pernas.

Bufei com raiva e saí da cama, molhando meu rosto. Talvez isso me impedisse de passar a noite toda acordada, fantasiando formas no escuro. Em sua maioria eu gostava de filmes de terror, mas iria começar a odiar. Eu tinha medo do escuro e como minha mente era paranóica ao extremo, começava a imaginar coisas naquele intenso breu.  

Meu medo parou de ser motivação a partir do momento em que vi Edward sentado no sofá, mexendo em seus cabelos de um modo… que ele sabia que me enlouquecia sem precisar de muitas coisas.

Eu desci às escadas devagar, e como eu estava acostumada com a escada do apartamento do meu pai que tinha poucos degraus, não percebi que ainda tinha mais 10 e acabei caindo. Edward ainda estava na sala, assistindo um jornal qualquer, e sua reação só foi virar o rosto para me olhar.

Eu estava sentada com o rosto queimando quando ele se levantou e entre risadas, ofereceu-me uma mão para que eu me levantasse.

— O que… aconteceu? — Ele falou pausadamente, por causa das risadas.

Dei uma tapa em sua mão estendida e me levantei sozinha, cambaleando por causa de meu pé que doía. Ele me ajudou a ir até o sofá, e sentou-me no mesmo, abaixando-se onde eu estava — mesmo ainda rindo, sem conseguir formar uma frase concreta. Suas mãos geladas alcançaram delicadamente e o massageou de leve.

Ótimo, era mesmo minha vontade passar-me por idiota quando eu tinha que seduzi-lo.  

Eu iria lhe dar um pontapé com raiva se ele não tivesse sorrindo torto para mim.

— Aquele quarto… eu não volto para ele. — Consegui botar para fora, depois de controlar meu coração acelerado. — Você dorme no sofá e eu durmo no seu quarto.

Edward riu.

— É escuro demais. Não ria!

Ele explodiu em gargalhadas assim que eu falei sobre a Samara, parando sua mão em meu pé dolorido. Olhei para o relógio tentando evitar a tentação de lhe dar um pontapé no queixo, mas ele chamou minha atenção passando a mão por meu rosto, limpando o resto de água que ainda estava lá.

— Seu pé está melhor? — Indagou, com um sorriso mínimo em seus lábios.

Eu assenti, corando.  

— Você tem que chamar um exorcista para aquele quarto, sinceramente. Se eu não tivesse corrido, certamente estaria… sei lá, estaria possuída. — Eu disse, e em seguida rio de minha besteira. — Você dorme no sofá. — Lembrei-lhe.

— Por que não dormimos juntos?

Eu sorri maliciosamente, fechando minha mão em seu cabelo.

— Só se for desse jeito.

Nossos lábios se encontraram e eu precisei de alguns segundos para reencontrar minha coragem e meu cinismo. Eu não sabia de onde tinha tirado tanta ousadia, mas de qualquer jeito, tinha funcionado. Edward inclinou seu rosto para o meu e prensou seus lábios fortemente contra os meus.

Eu quase sorri de extrema felicidade por isso, mas somente o puxei para onde eu estava derrubando seu corpo em cima do meu. Ele me manteve sentada, só que dessa vez em seu colo e não me parou quando meus lábios se tornaram apressados. Ele sabia o que eu queria, Edward sabia que não dava para evitar isso por muito mais tempo.

Estava na hora. Eu me sentia pronta e o queria — com tudo isso, nada mais importava.

Sua língua encontrou com a minha e a explosão dentro de mim foi tão intensa que um pequeno gemido saiu de meus lábios, hesitante e cauteloso. Isso pareceu acender algo em Edward, pois em segundos ele retirou sua camisa, voltando seus lábios para os meus e apertando minhas costas.

Quando ele pôs sua mão em meu ombro e deslizou a alça de minha camisola para baixo, soube que isso era tudo que eu queria. Tudo que eu precisava por agora. E somente com ele. Com Edward Cullen. 


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Notas finais do capítulo

Esse capítulo ficou enorme, não foi? pens/ espero que tenham gostado, e me digam se preferem que eu narre a cena de sexo ou não.