Can we whisper? escrita por Meggs B Haloway


Capítulo 6
Capítulo 05 — Que seja escondido.


Notas iniciais do capítulo

Okay, esse é o capítulo onde a estória verdadeiramente começa, espero que gostem. E se gostarem, por favor, comentem.



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— Eu dirijo meu carro. — Teimei, trincando meus dentes com raiva. Se Edward estivesse mais próximo de mim, eu tinha certeza que estaria lhe esmurrando agora. Tentei manter a calma enquanto mordia meus lábios com força, tentando conter a raiva dentro de mim. — Tudo bem, nós chegaremos a um acordo, okay? Não que eu queira que você vá comigo, nada disso. — Eu tratei de me explicar, corando.

— Estou desapontado com isso. — Disse sarcástico.

Eu tentei manter a pouca calma que restava dentro de mim, e peguei meu casaco preto, colocando-o e pegando a chave para trancar a porta. Edward estava ao meu lado, olhando-me enquanto eu corava e tentava concentrar-me em trancar a porta que parecia estar se mexendo do tanto que era difícil encaixar a chave na fechadura.

— Metade da viagem eu dirijo, metade você dirige, ok? — Tentei, o olhando enquanto descia os degraus baixos que a minha varanda possuia. — Se quiser, pode começar por você. — Odiava o modo como Edward me fazia parecer vulnerável as suas vontades. Eu nunca havia cedido meu carro tão fácil a alguém.

— Parece bom para mim. — Ele deu de ombros, gostando por eu estar colaborando. Afinal quem não colaboraria? — Então…

— Então? — Indaguei ansiosa.

— Sua vó, sabe como é, ela não…

Eu ri de sua complicação, baixando meu rosto e negando.

— Minha vó não é tão chata quanto pensam que é. Na verdade, ela nem é chata, o problema é que a Renée não dá atenção a ela, isso a faz se tornar chata. Se você for aceitável com ela, ela será um amor de pessoa com você. Sabe, troca de favores. E qualquer coisa, você se distraí visitando algum lugar da cidade, afinal ninguém te mandou se intrometer em minha viagem. — Sorri para ele.

— Sua sinceridade me assusta, Bella.

— Você está me falando isso por que eu sou a única garota que teve coragem de falar alguma coisa na sua cara? Ou é por que você não gosta de escutar as coisas de forma sincera e sem nenhum pano para encobrir? — Indaguei, erguendo uma sobrancelha.

Edward riu. Aquele riso tão despreocupado me fez rir também, olhando para o chão e corando, enquanto, mais uma vez, pisava um pé contra o outro, melando minha sapatilha de poeira ou alguma coisa que fosse cinza. Eu era tão… estranha junto de Edward e normalmente eu já teria visto se isso era uma coisa boa ou não. Mas eu não vi.

Eu estava evitando pensar no que estava fazendo, na verdade.

— E então? Você não respondeu minha pergunta. — Assinalei de leve.

Ele olhou para mim, fascinado com a minha insistência em uma coisa tão banal — pra ele. Para mim tinha certa importância.

— Por você ser desaforada demais para falar as coisas na minha cara sem precisar mentir, talvez. — Mandou um sorriso torto para mim. O olhei por alguns segundos, quase em transe por seus olhos verdes estar me fitando com uma intensidade maior do que o normal. — E isso é bom. — Acrescentou presunçosamente.

Respirei fundo, desviando meus olhos.

— Não jogue a culpa para mim por eu ser desaforada. — Em um fio de voz, murmurei.

Eu só percebi que havíamos parado de andar perto da varanda, quando Riley chegou exasperado por trás de mim. Se Edward não estivesse desviado os olhos de mim para alguma coisa que tinha atrás de mim, eu não teria percebido a presença dele do tanto que eu estava presa ao olhar de Edward.

— Podemos conversar por alguns minutos? — Indagou, parecendo estar raivoso.

— Só se passaram 11 dias do um mês que eu te pedi, se você não esqueceu. E eu estava falando sério, não estava brincando como costumava fazer. Riley, sério e, por favor, não… — Suspirei. — Edward, eu já volto, ok? Fique aí, não vai demorar mais que dois minutos. — Sorri tímida para ele, tentando não deixá-lo sem-graça por estar o deixando para falar com Riley.

Ele apenas assentiu, mas algo em sua expressão me dizia que ele não tinha gostado nada. Tive vontade de socar Riley por isso, mas apenas o puxei pelo braço para uma pequena divisão que tinha entre as casas. Um tipo de beco, no entanto com uma pequena luminosidade.

— Pode me dizer o que está fazendo com aquele cara? — Pude escutar o nojo tingido em sua voz, e ele não teve a intenção de esconder isso. A vontade de socá-lo voltou com mais intensidade, por isso pressionei minha mão com força em um punho apertado. — Não tem nada a dizer, Isabella?

— Você é um babaca. — Murmurei, revirando meus olhos. — Por que você não volta para a sua dona, hã? Ela está te chamando.

Ele soltou um riso sarcástico, e como as paredes das casas eram muito coladas, ele colocou os dois braços dos lados da minha cabeça, formando assim uma gaiola que me impossibilitava de sair. Seu rosto estava próximo demais do meu, no entanto eu tinha certeza que ele não ousaria me beijar, sua expressão estava furiosa demais para isso.

— Ela me mandou escolher entre você e ela, os ciúmes eram demais para que Agnes pudesse aguentar. E sabe… eu deixei para responder depois, porque eu não queria perder nenhuma das duas. Mas agora eu tenho certeza de quem eu vou escolher. — Sorriu amargamente. — Ela, é claro.

Antes que eu pudesse controlar meus atos, minha mão já havia batido com força em seu rosto, sem piedade ou intenção de ser fraca.

Eu odeio você. — Sussurrei, o empurrando para que suas mãos caíssem e me deixassem sair.

Passei a mão por meu rosto, respirando fundo e correndo para o começo do beco. Controlei-me mentalmente para todas as lágrimas que tinham em meus olhos não caírem quando eu estivesse perto de Edward e engoli em seco, pondo minha mão na cabeça. Quando eu prendia minhas lágrimas — o que acontecia quase sempre porque ninguém nunca me veria chorar —, minha cabeça doía como se estivessem esmagando meu cérebro.

— Podemos ir agora. — Eu sussurrei, tocando de leve o ombro de Edward que estava de costas para mim.

Ele se virou para mim, analisando meu rosto.

— Você está com os olhos marejados? — Franziu o cenho. Baixei meus olhos, mordendo meus lábios e tentando parar com aquilo. Era besteira, afinal. Amizades se encontravam em qualquer canto. Mas não a de Riley. — Na verdade, nem precisa me responder, você está mesmo com os olhos marejados… Acho melhor irmos outro dia.

— Não. Eu vou hoje, agora. Se você não vai… sinto muito, mas eu vou.

Edward bufou.

— Outro dia nós vamos, Bella.

Eu lhe olhei com raiva e marchei de volta para casa, abrindo a porta com os dedos trêmulos e a fechando atrás de mim. Eu não escutei quando ela bateu fortemente contra a parede, pois Edward estava logo atrás de mim, impedindo que isso acontecesse. Não me importava que ele ficasse aqui, na verdade isso era até bom, mas eu não queria que ele me visse chorando.

Engoli em seco, sem saber o que fazer e completamente atordoada. Por fim, apenas tranquei a porta, sem olhar o rosto de Edward, e sentei-me na mesa da cozinha, baixando meu rosto entre meus braços e tentando me manter firme e não acabar chorando por Riley, afinal… ele não merecia nem meu ressentimento.

— Bella? — Edward me chamou ao mesmo tempo em que escutei a cadeira de madeira a minha frente sendo afastada para que ele se sentasse. — Bella, ele não sabe o que está dizendo. — Tentou, e muito hesitante tocou com seus dedos meu braço, o puxando para que eu levantasse meu rosto.

— Na verdade — Agora era somente minha voz que se encontrava chorosa, meus olhos não possuíam lágrima alguma dentro dos mesmos. —, ele sabe sim o que está dizendo, e Riley está certo. Mas… bom, isso não vem ao caso agora. — Suspirei, olhando para ele. — Acho melhor você ir para sua casa agora, não seria muito legal se…

— Você deveria parar de se preocupar tanto com o que os outros vão pensar. — Interrompeu-me. — Eu vou ficar aqui até quando Charlie chegar, assim como ele mandou, e também acrescentou que era para irmos a alguma lanchonete porque não tinha almoço. — Sorriu levantando-se e me olhando quando eu permaneci sentada.

— Às vezes acho que você está mentindo quando fala que meu pai te mandou fazer tal coisa. Papai nunca… deixaria alguém ficar tanto tempo assim comigo.

— Talvez não nas circunstâncias normais. — Ele sorriu torto puxando minha cadeira para trás, forçando-me a levantar ao empurrar ela para frente. Meu olhar ameaçador o fez rir, enquanto novamente puxava meu casaco em direção a sala. — Mas ele se vê sem saída quando a única pessoa que está disponível sou eu. — Completou.

Puxei meu casaco de suas mãos, com uma carranca.

— Não estou com fome. — Murmurei.

Ele olhou para mim, sério dessa vez.

— Você sabe que tem que comer Bella.

Eu assenti e suspirei, sabendo que ele estava certo. O pedi para esperar alguns segundos enquanto eu trocava de roupa, pois aquela que eu estava era desapropriada para algum lugar, até mesmo um fast-food. Minha camisa era velha e minha calça também, por isso ao chegar ao quarto as tirei, apressada enquanto as enrolava bagunçadamente dentro de meu guarda-roupa. Procurei outras, ainda apressada.

Uma calça clara, nova que havia comprado em Londres, mas ainda não havia tido oportunidade de usar, e uma blusa de botões com mangas que chegavam apenas até o começo do ombro. O meu casaco escuro que eu estava antes e uma sapatilha. Claro que quando eu me olhei no espelho não me agradei com a imagem, eu parecia… magra demais.

Suspirei com raiva e soltei meus cabelos, penteando-os com as mãos.

Coloquei dentro de minha bolsa minha carteira, meu celular, o celular extra que eu tinha — o qual só funcionava em caso de emergência — e os malditos remédios cujos eu tinha que tomar de hora em hora. Eu estava mesmo me arrumando para “sair” com Edward Cullen? — Perguntei-me fazendo uma careta.

Não que eu não gostasse da idéia que eu estava saindo com ele, era só que… era errado — e essa idéia não sairia tão fácil da minha cabeça. Desci as escadas discando o numero do papai, e não percebi quando esbarrei em Edward que estava parado no começo da escada feito um idiota.

— Desculpe-me. — Murmurei, apesar de ser ele o errado.

Virou-se para mim, olhando-me de cima a baixo.

— Você está linda. — Elogiou.

Minhas bochechas coraram em um átimo de segundos e eu sorri, olhando para baixo.

— Certamente podemos pular essa parte de elogios, não é?

— Você não lida muito bem com elogios? — Indagou. Eu recuei um passo para trás, ele estava muito perto de mim.

— Na verdade, é porque não acredito muito neles. — O olhei e logo desviei meus olhos para meu celular, terminando de discar o numero do papai. — Não me olhe desse jeito — Ralhei sentindo seu olhar me queimar. — Não é só porque eu não acredito em elogios que eu não gosto de escutá-los.

Dei um fim ao assunto elogios quando coloquei o celular no ouvido e esperei pacientemente Charlie atender o celular — uma coisa que ele demorava séculos para fazer. Ele atendeu quando estava quase a cair na caixa postal, com a voz cansada.

— Oi, pai. Como estão as coisas por ai? — Indaguei, tentando ser gentil.

Não está nada bem, Bells. Mas eu vou tentar levar a Rose para casa hoje. É um infame isso, a filha do chefe de policia ter sido pega com drogas, isso não é uma coisa que seja boa para o meu trabalho. — Admitiu.

— A Rose é mesmo culpada?

Sem duvidas alguma. Você já comeu alguma coisa?

— Não, eu estou saindo agora com… Edward para… comer algo. Você que o mandou fazer isso, pai? — Indaguei o olhando desaforadamente, sorrindo quando ele fez uma careta.

Meu pai suspirou.

Na verdade, eu poderia pedir a Riley, mas… Agnes não pareceu aprovar isso, então Edward foi o único que me restou, e para falar a verdade, ele parece… sentir algo por você. Ninguém iria com tão boa vontade, você entende o que eu estou dizendo?

— O senhor está começando a ficar paranóico, sinceramente. — Minhas bochechas esquentaram e eu baixei meu rosto para Edward não ver isso. — Nenhum pai veria isso com tanta calma como o senhor está vendo.

Você sabe que, apesar de seu pai, nós sempre fomos amigos.

— Mesmo assim. Isso é um absurdo, ok? Não nada.

Veremos. Bom, você tem que se alimentar agora. Tchau e se cuide.

Eu desliguei e suspirei, corando ainda mais quando percebi que Edward me olhava. Andei até onde ele estava pegando a minha bolsa e jogando meu celular dentro da mesma, quase sem olhá-lo tamanha era minha vergonha. Se eu o olhasse agora, eu tinha certeza que explodiria de tanto corar, pois iria me lembrar do absurdo que meu pai havia me falado.

Só havia sido um beijo — o melhor da minha vida, devo acrescentar — e não haveria outro.

— O que é que não há nada? — Indagou Edward, curioso até demais.

— Nada, Edward. — Eu disse paciente.

Quando eu ia abrir a porta, Edward a fechou, pondo uma das mãos do lado de minha cabeça, encurralando-me. Eu não podia tentar sair pelo outro lado porque a parede estava próxima demais de meu rosto. Meu coração pareceu surtar quando ele aproximou seu rosto do meu, a ponto de seu hálito acariciar de leve meu rosto.

— O que não há nada? — Repetiu.

Seus olhos se desviaram para meus lábios e em seguida para meus olhos de novo.

— Não te interessa. E você não vai conseguir arrancar nada de mim tentando me seduzir. — Sorri para ele.

— Não? — Indagou.

Antes que eu pudesse responder ele já havia capturado meus lábios, dessa vez não mais hesitante. Ele estava próximo, por isso foi mais fácil agarrar seus cabelos em minha mão e apertar seu braço com a outra, o puxando para perto de mim. Não foi preciso tanto para que nossos corpos estivessem colados — assim como nossos lábios — toda vez que ele me empurrava contra a porta.

Estremeci quando Edward passou um braço por minha cintura, abraçando-me e tornando o beijo calmo, quase apaixonado — da parte dele e de minha parte, mesmo eu não estando apaixonada por ele, obviamente. Movi minha mão em seu cabelo, fazendo um breve cafuné, quase sorrindo quando ele estremeceu.

Ele tinha cuidado com os seus limites, detendo-se toda vez que a mão que estava em minha nuca, começava a deslizar por meu pescoço, serpenteando até meu colo, detendo-se ali. De qualquer jeito, eu não estava ligando se estava sendo incoerente ao inclinar meu rosto para o seu, buscando seus lábios. Eu sabia que estava desfazendo agora tudo que já havia me dito, no entanto eu pouco me importava.

Edward inclinou o rosto para o meu de novo, mas apenas deixou sua boca colada com a minha.

— No final de tudo eu consegui arrancar algo de você. — Ele disse.

Colou seus lábios de novo nos meus e soltou seu braço de minha cintura.

— Mas foi só isso. — Sussurrei.

Só? — Ele indagou.

Eu dei de ombros, com as bochechas coradas enquanto destrancava a porta, e pegava minha bolsa que havia caído no chão. Odiei perceber que quando Edward saiu da casa ao meu lado, algumas senhoras cochicharam entre si alguma coisa que eu daria tudo para escutar, e em seguida rebater.

Baixei meu rosto, envergonhada e entrei do lado do passageiro no meu carro, deixando a chave em cima do banco em que Edward entraria. Ele também percebeu o cochicho desnecessário das mulheres, no entanto não falou nada, nem me olhou, apenas colocou a chave na ignição e dirigiu sem falar nada.

Eu suspirei, bufei, e pressionei minha mão contra a minha calça. Foi a primeira vez que ele me olhou durante todo o percurso da viagem. Algo dentro de mim gelou diante seu olhar e eu parei de pressionar minhas mãos, relaxando-as enquanto tentava desviar meus olhos de Edward e sua perfeição.

— Você está preocupada? — Ele indagou.

— Estou. — Admiti, suspirando.

— Eu também. — Ele murmurou.

Ele de certo não estava preocupado pelo mesmo motivo que eu. As preocupações dele no máximo eram sobre estar expondo-nos demais, as minhas eram motivadas por algo real e que eu estava com medo de sentir. Eu tinha medo de estar começando a me apaixonar por ele e não poder… não poder ficar com ele por causa dessa cidade antiquada.

Eu, pelo menos, não via problema algum, mas isso não contava para as pessoas fofoqueiras. Elas estavam esperando por um deslize que nos expusessem, e quando esse mesmo ocorresse, iriam acabar com todas as chances de ter uma vida normal em Glastonbury — elas se lembrariam disso para sempre.

Bufei, cruzando meus braços. Por que Edward era tão difícil de não se apaixonar?

Eu sentei-me em uma das últimas mesas que tinha dentro da lanchonete, era quase impossível ver o escutar o que falávamos ali. Um garçom nos olhou hesitante antes de vir nos atender, fitando eu e Edward de uma maneira discreta, mas ainda sim notável. Eu engoli em seco, o fuzilando com o olhar.

— Devíamos ter ficado em casa. — Eu murmurei azeda.

— Na verdade, não, não deveríamos. Qual o problema de sairmos? Eu não vejo nenhum. — Ele disse.

— Eles estão olhando.

— Deixe que olhe. Relaxe e abstraia isso, um dia eles vão ter que se acostumar com a normalidade.

Eu assenti, mesmo não abstraindo nada. Eu percebia todas as pessoas que se inclinavam para olhar para trás e cruzavam seu olhar com o meu. O olhar não era o mais legal possível, era quase… como se eu os tivesse afrontando estando sentada àquela mesa com Edward. E eu ainda perguntava a mim mesma: qual era o problema?

Eu suspirei, e baixei meus olhos.

— Eu quero ficar com você, Bella. — Ele me surpreendeu ao sussurrar aquilo, enquanto pegava em uma das minhas mãos que estavam em cima da mesa.

Um choque percorreu todo o meu rosto e eu levantei meus olhos para fitá-lo, atordoada. O fitei por alguns segundos, com o coração pulando dentro de meu peito. Eu arfei, sorrindo enquanto baixava meus olhos e corava fortemente. Eu não sabia se ficava envergonhada ou se sorria, decidi fazer os dois ao mesmo tempo.

— Ainda é muito cedo para saber sobre isso. — Eu disse.

— Pare de colocar defeito em tudo. Por que não pode só dizer que também quer ficar comigo e fim? Porque eu sei que você quer, não é? — Edward sorriu torto, fazendo-me baixar os olhos e morder os lábios, envergonhada ao extremo.

Eu não estava acostumada a falar sobre meus sentimentos assim, como se fosse uma coisa simples, quando na verdade eles não eram, e eram complicados até a mim. Tudo bem, eu sabia o que sentia por Edward, mas não queria falar a ele, eu não queria… dar certezas quando eu não às tinha. E não queria também que ninguém me oferecesse certezas — não queria me magoar no final de tudo

— Está muito cedo. — Tentei de novo, depois de um tempo. — Não que eu não goste de você, é… tem muitos motivos, na verdade.

— Ah é, quais são? — Indagou petulante.

O garçom chegou com nossas bebidas, as colocando e nos fitando como se estivesse esperando para escutar a minha resposta que custava a sair. Eu o olhei, e ele logo recuou abobado enquanto se distanciava.

— Como você consegue colocar medo em uma pessoa sendo tão miúda assim, Bella? — Indagou Edward, se divertindo com a raiva excruciante que eu estava dentro de mim. — Esse seu olhar é pior do que um murro, com certeza.

— Você está fugindo do assunto. — O informei, tentando ser delicada.

Pelo visto funcionou, pois ele sorriu fascinado com a minha delicadeza anormal.

— Me diga os muitos motivos que você tem.

Eu sorri, baixando meus olhos para reagrupar meus pensamentos.

— O óbvio. Não podemos, nós não temos certeza, e você está indo rápido demais.

Caramba, Bella, você tem quantos anos? 40?

— Só estou falando o que me é óbvio, oras. — Apertei a minha mão que ainda estava entrelaçada com a sua e suspirei. — Você me diz para abstrair, mas eu não consigo Edward. Isso não vai dar certo, sempre vão estar nos observando, cochichando, e julgando, e eu não quero que seja assim. Eu não consigo.

Edward sorriu, divertidamente.

— Que seja escondido então.

— Deixe-me pensar por algumas horas se isso é sensato ou não. Aliás, isso não é sensato, isso é uma loucura que pessoas de 17 anos fazem. Isso é loucura, Edward. Vão descobrir de um jeito ou de outro.

— Só se você contar a alguém.

Eu engoli em seco, baixando meus olhos.

— Por que…? — Eu me parei, mordendo os lábios.

— Por que o quê?

— Nada, esqueça. — Suspirei.

Ele não insistiu e eu fiquei agradecida por isso. Continuei olhando para baixo até o que havíamos pedido chegar. Era muita coisa para eu comer sozinha, por isso deixei metade do hambúrguer e metade da batata frita, sendo forçada por Edward a tomar os 500 ml de coca-cola sozinha. Mesmo sem bulimia, eu não comia tanto assim, tinha certeza.

— Hoje foi um dia proveitoso. — Ele disse, sorrindo para mim quando eu empurrei a bandeja de plástico vermelho para longe de mim, sem agüentar mais.

— Sim, talvez.

Edward não me deixou pagar o que eu comi, e por uma parte fiquei com uma breve raiva disso, entretanto esta mesmo passou quando ele sorriu torto para mim, puxando meu casaco até a saída. Senti os olhares queimando minhas costas, mas não me virei para trás. Estava ocupada demais tentando não me emborrachar no chão.

— Sabia que eu odeio quando você faz isso? — Soltei sua mão de meu casaco, lançando uma carranca para ele. — Não faça mais agora que sabe.

— Você acha que eu vou te obedecer? — Indagou incrédulo.

Eu assenti, destrancando a porta de meu carro e entrando no meu lugar, o banco do motorista. Edward não falou nada durante o percurso de volta inteiro e aquilo estava chegando a quase me deixar desconfortável, tendo em vista que eu não ficava muito cômoda ao silêncio.

— Edward? — O chamei assim que estacionei o meu carro de frente a minha casa.

Ele se virou para mim, com os olhos parecendo me fitar por dentro.

— Você vai aceitar? — Ele indagou. — Termos “algo” escondido?

Sorri, baixando meu rosto e colocando uma mecha de meu cabelo atrás da orelha quando a mesma caiu sob meus olhos. Mordi meus lábios com força, tentando fazer parar o riso que queria sair de meus lábios. No entanto eu não pude contê-lo quando voltei meus olhos para o Edward e ele estava com aquele sorriso torto dele que me derretia.

Gargalhei, parecendo e sendo realmente boba. Ele esperou que eu parasse de sorrir, observando minha breve crise de risos por alguns minutos. Eu estava nervosa, esperava que ele soubesse disso e que isso o explicasse o porquê de eu ter explodido em uma gargalhada, sendo que não tinha nada engraçado acontecendo.

— Desculpe. — Murmurei assim que estava controlada. — Hã, eu estou prestes a fazer uma loucura ao aceitar isso, mas…

— Mas? — Indagou ansioso.

— Peça de novo. — Ordenei, sorrindo maliciosamente.

Edward sorriu.

— Tenha algo escondido comigo, Bella? — Indagou, sorrindo enquanto se inclinava e deixava nossos rostos pertos.

— Uhum. — Eu assenti, sorrindo.

Eram umas sete horas da noite, mas nem meu pai, nem ninguém ainda haviam aparecido por aqui. Isso me agoniava — por uma parte, no entanto eu estava quase agradecida a eles por não terem chegado a um de vários momentos que eu estava beijando Edward, quase não conseguindo desgrudar dele. Talvez eu estivesse caindo de cabeça em uma coisa que exigia controle mental para não se machucar no final, mas isso não era uma coisa que eu estava pensando com muita freqüência.

— Edward? — O chamei hesitante.

— Sim? — Desceu seus olhos para os meus, acariciando meu rosto, para em seguida deslizar sua mão por meu braço. Eu sorri e estremeci por isso, quase envergonhada ao perguntar aquilo. Ele ergueu meu queixo, reivindicando que eu o olhasse.

— Como funciona isso? Você… deve-me fidelidade, certo?

Ele sorriu, fazendo-me sorrir também ao olhar para baixo.

— Sim, e você também, senhorita Swan.

Eu não tenho problemas com isso, se quer mesmo saber. Você certamente deve ter mais, um monte de mulheres atiradas e vadias se jogando para cima de você, não deve ser muito… agradável, para mim, é claro.

Edward sorriu, olhando-me de um modo tão intenso que nos primeiros segundos daquele olhar minhas bochechas coraram. Era ridículo o quanto eu me via envergonhada quando Edward me olhava, me beijava ou tocava-me, mas era involuntário de minha parte, eu não queria parecer tão envergonhada e — assim como ele dizia — miúda e frágil.

— De que adianta ter tantas mulheres atiradas em cima de mim quando a única que eu quero é você? — Indagou. — Eu mesmo respondo essa: nada, não adianta de nada.



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Notas finais do capítulo

Espero que gostem. Comentem, por favor.