Um Desconhecido escrita por Daijo
Eu me levantei e corri para Thomas. Abracei-o pelas costas fortemente. Ali desabei.
- Por favor, Thomas... Não faça isso. – suplicava, com a voz embargada. A cada instante eu sentia que a camisa dele ficava mais molhada. – Eu te imploro, não faça isso.
Ele parecia inflexível, mas ao menos eu ganhara alguns segundos. Eu não largaria dele até que desistisse de seu plano.
- Atire em mim, mas não o mate. Ver Henrique morto será o mesmo que a minha própria morte. – Meus braços comprimiam fortemente o corpo de Thomas com aflição. – Não posso viver sem ele!
O motorista mantinha-se em silêncio. Eu fungava insistentemente, deixando a camisa dele úmida.
- Pare com isso Ana. – pediu a voz fraca de Henrique. – Deixe esse idiota fazer o que deseja. – Era notável a amargura em sua voz. – Talvez assim eu tenha um pouco de paz.
- Henrique...
Senti o braço de Thomas mexer levemente; ele ia atirar.
- Pare! – gritei com todas as minhas forças. – Eu vou com você para onde quiser! – disse, rezando para que isso fosse o suficiente para ele desistir. – Serei sua mulher!
Os músculos de Thomas relaxaram instantaneamente. Eu afrouxei o abraço logo em seguida. As mãos dele penderam a cada lado do corpo molemente; estava rendido.
Eu o soltei e ele se adiantou.
Henrique grunhiu ao receber um forte chute, de Thomas, no estômago.
- Henrique!
- Você tem muita sorte, maldito. – comentou o motorista, cheio de ódio. – Você deve sua vida a Ana. Se não fosse por ela, já estaria fazendo companhia a Inês.
Meu marido apenas mandou um olhar mortal para Thomas. Logo depois, este saiu pela porta.
- Nós ainda não acertamos a contas Henrique. – disse, já do lado de fora. – Ainda quero minha vingança!
Eu fiquei um tempo imóvel observando o meu marido estirado no chão. Lembrei-me então da promessa que acabara de fazer.
Agachei-me ao lado dele, deixando algumas lágrimas escaparem em cima de seu rosto.
- Adeus Henrique. – disse beijando-o. Ele retribuiu meu carinho.
- Não vá, por favor. – disse tentando se levantar, mas eu o impedi. – Eu prefiro morrer, a saber, que você estará com outro. E logo com esse desequilibrado.
- Não se preocupe. – respondi docemente. – Eu tenho poder sobre Thomas, sei como acalmá-lo.
- Infeliz!– vociferou Henrique, e eu me arrependi do que acabara de falar.
Levantei-me.
- Adeus Henrique.
Sai apressada, não dando ouvidos aos gritos dele.
Do lado de fora encontrei Thomas, dando a partida no carro.
- Me espere! – pedi, correndo ao seu encontro. – Você me obriga a ir com você, e nem ao menos me espera. Quer que eu vá a pé? – indaguei já encostada no carro, do lado do motorista.
- Eu não te obriguei a nada. – disse, seco. – Pode ficar ai com seu maridinho.
- Mas... – Eu não estava entendendo. Pensei que ele não matara Henrique, porque eu tinha dito que me tornaria sua mulher.
- Eu não quero que você viva comigo por obrigação. – respondeu olhando fundo nos meus olhos. Seus olhos transmitiam sinceridade. – Eu te amo. Não quero viver com uma mulher apaixonada por outro.
Eu escutava atentamente, apenas suspirando.
- Eu realmente não quero ter você na minha cama, clamando o nome de outro. – Nesse momento fiquei vermelha. – Não o nome desse maldito.
- Thomas...
- Eu espero que você seja feliz. – disse ele, mirando a paisagem à frente. – Desculpe pelo sofrimento que te fiz passar. No começo você era apenas um corpo bem feito para mim, e uma ótima arma para atingir Henrique. Mas depois se tornou a mulher de minha total admiração.
Ele fez uma pausa e deu um longo suspiro.
- Adeus Ana.
Eu ergui-me nas pontas dos pés e agarrei o rosto dele, virando-o para mim. Selei os lábios de Thomas carinhosamente. Ele afagou meus cabelos. Separamo-nos e ele sustentava um sorriso; não lascivo, mas sim terno.
- Obrigada. – agradeci, ainda segurando seu rosto.
Os olhos pretos encaravam os violetas intensamente; eu tentava encontrar no fundo daqueles orbes as respostas para todas as minhas dúvidas.
Ele afastou, delicadamente, minhas mãos de seu rosto. Eu então me distanciei do carro.
- Adeus. – disse, e logo depois o carro saiu andando.
Depois que Thomas desapareceu de vista, lembrei-me do meu marido. Voltei para o casebre e encontrei Henrique, ainda deitado, as lágrimas.
- Henrique. – chamei-o emocionada. Ele se virou para mim surpreso.
- Ana! Você não foi com ele? – Henrique apoiou as mãos no chão e levantou com dificuldade. Corri para ampará-lo.
- Thomas não me deixou ir com ele. – respondi e ele ficou confuso. – Disse que não queria ver a mulher que amava suspirando por outro.
Henrique ficou pensativo por instantes, depois deu um sorriso de lado.
- Só uma mulher como você para despertar amor num demente daqueles. – ponderou, acariciando minha face. – Você é realmente especial, Ana. Muito.
Ele beijou-me, e eu fiquei feliz por sentir aqueles lábios novamente. Eu estava radiante, finalmente o pesadelo acabara.
Mas ainda faltava algo para que eu realmente ficasse nas nuvens.
- Diga-me Henrique, você matou seu irmão? – indaguei, quando nos separamos.
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Tá acabando... Penúltimo capítulo T.T