Um Desconhecido escrita por Daijo


Capítulo 10
Capítulo 10


Notas iniciais do capítulo

Este capítulo contêm uma cena implícita de sexo. Na verdade são frases que dão a entender o ato.



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Meu marido chegou para o jantar. A comida estava excelente; apesar de que com as minhas preocupações, eu não pude aproveitá-la devidamente.

Quando a refeição terminou, eu acompanhei Henrique até o escritório. Ele precisava arrumar e analisar alguns papéis. Entramos; eu me adiantei e peguei o livro que começara a ler. Sentei-me em uma poltrona a um canto. Henrique apenas olhou meus movimentos; quando sentei, ele sentou-se, também, atrás da escrivaninha.

De vez em quando eu tirava os olhos do livro para observá-lo. O lindo rosto de meu marido estava escondido atrás de uma máscara de preocupação. A cada novo papel que ele analisava, ficava mais tenso.

Após algumas horas, ele terminou o trabalho. Calmamente foi até minha poltrona e sentou-se no braço dela.

- Malditos problemas. – sussurrou ele, enquanto passava a mão no topo de minha cabeça.

Fiquei um pouco aborrecida; aquele toque me parecia ser dispensado apenas para crianças. Acho que ele me considerava ainda uma menina.

- Você está tão distante. – comentou ele, segurando o meu queixo. – Algum problema?

- Não é nada. – respondi neutra. Fechei o livro, para encarar Henrique.

Ele sorriu. Um sorriso melancólico.

Será que aqueles papéis eram tão desagradáveis assim?

- Vamos para o quarto? – indagou ele.

Eu assenti e levantei, deixando o livro para trás. Subimos as escadas lentamente.

- A França é realmente encantadora. – sussurrou ele, enquanto caminhávamos para o quarto.

Fiquei confusa com seu comentário, mas não perguntei nada.

Chegamos ao cômodo. Eu procurei minha mala e não a encontrei.

- Inês já deve ter arrumado no armário. – disse ele, percebendo minha preocupação.

- Ah, que bom. – respondi inexpressiva. No outro dia me certificaria se estava faltando algo.

Andei em direção ao armário, mas Henrique me segurou no meio do caminho.

- Preciso dizer algo. – falou, enquanto segurava meus braços. Não respondi nada, apenas fiquei na expectativa. – É que... Eu não sei como dizer, você vai ficar... – Por que ele estava receoso?

A cabeça dele pendeu, mostrando-o derrotado.

Eu acaricie seus cabelos, demonstrando meu apoio e tentando transferir um pouco de coragem. Acho que minha tentativa deu certo, pois ele ergueu a cabeça lentamente.Mesmo acostumada com aqueles olhos oceânicos, minhas pernas bambearam com olhar intenso com qual ele me encarou. Deu-me um suave beijo.

Ele afastou seu rosto para me olhar novamente. Ainda fitando-me, começou a despir seu terno. Logo seu tórax estava à amostra. Ruborizei-me de leve, mas não desviei o olhar.

Henrique puxou-me mais uma vez para um beijo; mas nada suave, estava mais para selvagem. Suas mãos passeavam pelo meu corpo, aumentando o calor daquele quarto. Os beijos que ele distribuía pelo meu pescoço, deixavam-me ofegante. Na minha inocência de menina, por assim dizer, eu não sabia como atuar. Deixei, então, que ele me guiasse.

Com todo o cuidado ele desabotoou meu vestido, e este caiu no chão lentamente. Confesso que me senti bastante constrangida, sob o olhar de Henrique. Mas não havia como, e eu também não queria voltar atrás.

Corpos em cima da cama, roupas jogadas pelo chão, gemidos e suor. Movimentos harmônicos que nos satisfazem plenamente; movimentos que transformam duas pessoas em uma.

Depois de tanto tempo de lamentações, eu podia dizer que finalmente estava feliz.

Logo Henrique dormiu. Eu ainda fiquei um tempo acordada, com um sorriso bobo no rosto. Mas também não demorei muito para pegar no sono. Num sono tranqüilo.

 


Na manhã seguinte acordei extremamente bem, era como se eu tivesse tirado um peso das costas. Henrique não estava mais na cama, já devia ter acordado.

Levantei enrolada no lençol, pois havia dormido sem a minha camisola. Andei até o armário para pegar um vestido. Olhei para o chão, e vi minhas roupas e as de Henrique que voaram na noite anterior; sorri. Reparei então em duas malas no chão. Deviam ser de meu marido, mas por que estavam ali?

Fui até elas e abri a primeira. As roupas de Henrique estavam ali, rigorosamente arrumadas. Franzi meu cenho, confusa. Será que era o que eu estava pensando?

Antes que eu pudesse concluir algo, Henrique saiu da casa de banho.

- Já acordou meu amor? – indagou, indo até mim. – Bom dia. – Seus braços rodearam a minha cintura. Demos um cálido beijo.

Eu esqueci por instantes as malas ao meu lado. Mas quando ele me soltou, voltei à realidade.

- Que malas são essas, Henrique? – perguntei, apontando os objetos. Ele começou a passar a mão no cabelo, constrangido. Franzi meu cenho novamente, temendo a reposta dele.

- Bom, é que a empresa teve alguns problemas...

- Não precisa continuar. – disse começando a ficar alterada. – Vai viajar novamente para a França. – Ele apenas assentiu com a cabeça, desanimado.

Eu comecei a andar de um lado para o outro, irritada. Se não fosse a educação que recebi naquele maldito colégio interno, eu juro que já teria chutado aquelas malas.

- Acredite que o que eu mais queria era ficar aqui com você. – explicou ele, quebrando o silêncio pesaroso que se instalara no ambiente. – Mas se eu não viajar, corro o risco de perder meu negócio.

- Só me responda uma coisa. – Eu parei de andar, para encará-lo. – Se você só tem tempo para seus negócios, por que decidiu se casar? E por que droga no mundo eu tinha que ser a noiva? – vociferei.

- Eu amo você. – Em outra ocasião aquela frase teria me abalado. Mas naquele momento não. Ocorreu-me algo.

- Então foi por isso que aconteceu! – Henrique ficou confuso. – Você queria me agradar, para depois me dar essa notícia. Como eu sou idiota!

- Não, eu realmente queria isso. – disse ele, entendendo que eu me referia a nossa noite juntos. – Eu precisava de você.

Eu não respondi nada. Minha respiração continuou falha, pela agitação.

- Eu estava certo quando disse que você era geniosa. – falou ele, se aproximando de mim com um sorriso sedutor.

- Não gostou do negócio? Então o desfaça. - ironizei, batendo levemente o pé direito no chão. – Garanto que todos sairiam felizes.

- Nunca. – Henrique me abraçou fortemente.

Não tive reação alguma. Apesar de brava, queria aproveitar o último contato que teria antes da viagem.

Dei o suspiro mais longo de minha vida.

 


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