Rebirth escrita por S Kivilaakso


Capítulo 3
Reflections Of Me In Your Eye




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            Em algum lugar da Escócia, fevereiro de 1974

 

             Tudo estava extremamente tranquilo e silencioso naquele corredor escuro, seu caminho era iluminado apenas por archotes que pouco auxiliavam a sua visão, seus passos ecoavam nas pedras gélidas e frias das masmorras. Embora fosse uma garota corajosa- não o suficiente para ser considerada uma Griffindor, é claro- aqueles caminhos lúgubres sob o lago sempre a assustavam. Aquele lugar era medonho, ela tinha a sensação de caminhar para o seu juízo final.

            _ Entrando no covil das serpentes, Saintclaire? 

            _ Aiii!_ seu coração deu um salto quando ouviu a voz dele._ Não me assuste mais desse jeito, Malfoy!

            _ Tudo bem, você sabe que por você faço qualquer coisa _ ele disse com aquele sorriso sedutor característico que fazia milhares de garotas suspirarem, até mesmo ela _ O que você está fazendo aqui embaixo?

            _ Procurando meu primo. Preciso de alguém que me ensine História da Magia, tenho avaliação semana que vem._ ela também sabia sorrir daquela maneira.

            _ Sei muito bem que é sobre História da Magia que você quer conversar... _ aquele tom sarcástico dos sonserinos muitas vezes a irritava.

            _ Não estou brincando Malfoy _ ela o olhou de um jeito reprovador _ Sabe onde Severo está?

            _ Salão Comunal e desde já boa sorte, o humor dele não é dos melhores hoje! _ ele deu um beijo na maçã esquerda do rosto de Adèle e caminhou rapidamente, na direção oposta a que estavam seguindo _ A propósito, a senha é "Ofidioglota" _ gritou já de longe.

            _ Muito obrigada, falo com você depois _ Disse acenando discretamente. Ela não era uma menina tola que acreditava que se começasse a namorar Lúcio ele mudaria o seu jeito de ser, sedutor e cafajeste, sim mesmo naquela idade ele já tomava as tendências dos Malfoy’s, sempre era visto com uma garota diferente, todas as sonserinas provavelmente já o namoraram. E com ela não seria diferente, mesmo com todas aquelas declarações dele, palavras vazias para ela, que não se deixava enganar, ele nunca seria íntegro com ela, e mesmo se fosse, ele não possuía o coração dela, mas ele tinha todas as características de 'homem perfeito' isso ela não poderia negar.

            _Ofidioglota _ ela disse para o quadro da bruxa que guardava os salões da Slytherin.

            Adèle avistou seu primo numa mesa repleta de livros, num canto iluminado pela luz da lareira, sempre com aqueles olhos fissurados nas letras dos livros estudando. Caminhou lentamente até o local onde ele se encontrava, como que se quisesse fazer uma surpresa.             

            _ Posso saber o que você está fazendo aqui?_disse sem ao menos levantar os olhos negros do pergaminho no qual agora escrevia.

 

            _ Bom dia para você também. Será que poderíamos conversar?_ ela tinha um sorriso sincero no rosto que por acaso não foi notado.

            _ Estou muito ocupado, não vê?_ respondeu atravessadamente.

            _ Claro, entendi..._ela sentou-se ao lado dele e retirou um livro grosso de uma das pilhas e começou a folheá-lo. "Preparo de poções avançadas..." _ Hum... Interessante... Muito interessante... É bem fácil... É isso que você tanto estuda?

            E o único som que se ouvia no salão da Slytherin era o do movimento das passadas ríspidas das páginas de certo livro...

            _ Diga logo o que quer_ ele desistiu de tentar ignorá-la e olhou fixamente aqueles olhos cintilantes.

            _ Nossa! Não precisa ser tão hostil comigo, ok? Se não quiser ajudar não precisa..._ela disse num tom triste ¹ e levantou-se bruscamente.

Ele segurou o braço esquerdo dela, o que a fez virar-se para si.

 

            _ Me desculpe _ sua habitual máscara de indiferença não estava mais lá. Ele não gostava de deixá-la triste, ela poderia parecer forte, mas ele era o único que entendia sua verdadeira personalidade _ Eu te ajudo, peça o que quiser. Apenas me desculpe está bem? _ ele deu um sorriso ² de incentivo enquanto segurava seus ombros forçando-a a olhá-lo nos olhos.

            _ Tudo bem_ ela sorriu discretamente, com a franja negra tapando um de seus olhos claros_ Só preciso que me ensine História da Magia _ disse baixinho, com receio da resposta que receberia.

            _ Que dia seria melhor para você? _ ele levantou o rosto dela.

            _ Vai me ajudar mesmo? _ ela o olhava com aqueles olhos grandes e profundos, como uma criança pedindo doce.

             _ Não consigo resistir aos seus pedidos, priminha _ aquilo soou muito irônico, mas não deixava de ser verdade _ Sábado após o almoço está bem?

            Ela assentiu com um sorriso alvo de canto a canto. A única coisa que Adèle conseguiu fazer foi abraçar Severo fortemente, como quando eram menores. Eles sempre ficavam juntos quando Tobias e Eileen brigavam. Severo sempre foi calado e perspicaz, mas Adèle de alguma forma sempre sabia como vencer essas barreiras que ele construía ao redor de si. Desde os oito anos eles eram inseparáveis, Adèle queria a todo custo fazer todos que amava felizes, e a pessoa que mais amava era a mais infeliz de todas.

 

 

 

                                                    oOoOooOoOoOOoOoOOoOoOoOoO

 

 

 

            _ Severo, vamos embora!_ ela levantou da mesa de madeira segurando o pulso do seu primo com uma mão e vários livros na outra.

            Eles estavam estudando na biblioteca quando o "Quarteto Fantástico" que se auto intitulavam “Marotos” chegaram para zombar da amizade de Adèle e Severo. Ela não gostava daquilo, não entendia o que sua amiga Jennifer via naqueles garotos. Eles eram tão... imaturos, se bem que qualquer pessoa comparada a Adèle era considerada imatura, mas aquilo era o cúmulo. 

            Eles caminhavam conversando, como se o tempo nada mais importasse, ele gostava da presença dela, era acolhedora e tudo tinha mais significado quando ela sorria. O de ajeitar o cabelo, o olhar, tudo nela era diferente, mais especial. Eles sentaram na sombra de uma das árvores, à beira do lago negro. O dia estava calmo, eles até conseguiam ouvir o som dos pássaros longe do Castelo, era um dos finais de semana que os alunos tinham direito de visitar o povoado de Hogsmeade e a maioria dos alunos não se encontrava na escola.

            _ Eu não entendo como as pessoas conseguem pensar assim!_ ela estava com a cabeça apoiada no colo dele _ Me diga Sev, como as pessoas conseguem prender-se tanto ao passado? História... o nome já diz tudo, é passado, ninguém deveria ligar para o que já passou!

            _ Mas você deveria pensar mais a respeito, isso nos faz refletir antes de cometer os mesmos erros que outros.

            _ Mas todos continuam errando do mesmo jeito..._ suspirou ela.

            _ Nem todos... 

            _ Você comente o mesmo erro sempre _ ela levantou-se do colo dele e sentou-se sobre as pernas, olhando fixamente para ele _ sempre afasta todos de si.

            _ Eu não afasto você!_ ele olhou-a com aqueles olhos negros profundos.

            _ Severo... _ ela inclinou o rosto pequeno na direção dele, que manteve o olhar naqueles lábios carnudos e, sem hesitar, tomou-lhes, pressionando-os contra os seus. E depois lhes cortou com sua língua, percorrendo cada centímetro da boca dela.

            Quando Adèle afastou-se, encarou-o e viu a emoção que aqueles olhos passavam. Espanto. Ela levantou-se desajeitadamente e correu de volta ao castelo. Ela não tinha consciência do que fazia, entrou numa sala que estava aberta, no primeiro andar e sentou-se no chão, com as suas costas apoiadas na parede.

            "O que eu fiz?"; "Isso não é certo, ele é meu primo!”; “Mas eu gosto tanto dele”; “Meu primeiro beijo foi com o meu primo”; “O que a tia Eileen vai pensar quando souber?"

            Esses eram os pensamentos dela, confusos e desconexos, em sua opinião era errado beijar alguém que fosse de sua família, principalmente um primo de primeiro grau, mas ela não poderia convencer-se de quem não sentia nada em relação a ele, podia achar que era errado, mas as lembranças daquele momento faziam um grande bem à sua alma.

 

 

          


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Notas finais do capítulo

¹ Bom, nessa fase, a Adèle está num momento ‘emocional’ da sua vida. XD
² Ele pode sorrir sem mostrar os dentes, só para constar.



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