Chegamos no hotel rapidinho, e até de lá dava-se para ouvir os gritos que vinham do outro hotel em que nos hospedamos, que ficava a um quarteirão do Pirâmide.

—Com licença, temos uma reserva em nome de Jhon Rezend. - Disse Naten para a recepcionista.

—Oh sim, Senhor Smith. Já esta tudo pronto. - Depois ela pegou uma chave embaixo da bancada.- Apartamento 1003 , 15º andar . Precisa de mais alguma coisa, senhor?– Perguntou em tom perfeitamente profissional.

—Não, esta tudo bem. Muito obrigado.

—Pois não.

Entramos no elevador e Naten me abraçou, dando-me um beijo no alto da cabeça. Eu já estava mais calma. Naten me dava a sensação de ter tudo sob controle.

—Você e Tom, pensaram em tudo mesmo não é? - Falei com a cabeça enconstada no peito dele.

—Prática leva à perfeição.

—Então você ja fugiu muito.

—Isso. Mas essa foi a melhor. Foi com você. - Dei um sorriso. - E sua cara que estava muito engraçada.

—Ridículo! - Falei sem deixar de rir.

Saímos do elevador e Naten foi abrir a porta do quarto. Depois fez menção para que eu entrasse primeiro.

O quarto era bem grande e aconchegante. Assim que entramos havia um sofá enorme, televisão na parede, home teather e uma bancada com frutas e chocolates. Tinha cores que iam do branco ao marrom e se harmonizavam perfeitamente, e entrando mais na sala dava para se ver a cama e o banheiro no lado esquerdo do quarto. Naten fechara a porta e ja estava atacando os chocolates.

—Morrendo de fome. Quer um?

—Acho que eu quero uma fruta... - Falei enquanto pegava uma maçã. Naten me fitava. - O que foi?

Ele apenas balançou a cabeça em negativa, a linha de um sorriso sempre em seu rosto, sem tirar os olhos de mim.

—Não vai olhar o quarto? Tem várias coisas legais aqui.– Descontrai ja meio encabulada.

—Eu sei. To olhando a mais interessante.

—Porque você adora me deixar envergonhada quando estamos sozinhos ? - Ainda não conseguia me acostumar com o olhar penetrante dele. Alguma coisa queima dentro de mim...

—Porque gosto de ver você sem graça. É atraente.

—Desde quando desajeitada virou sinônimo de atraente?

—Desde quando te conheci...

Naten chegava mais perto a cada resposta. Em alguns passos ele ja estava com a testa encostada na minha. Nesse momento me lembrei de quando ele foi em minha cidade e me encontrou na praia, e da expressão em seu rosto quando ele se recordara do que acontecera quando eu sumi. "...você não voltou mais, e então foi ruim pra mim..." . As palavras ecoaram na minha cabeça, como se ele as tivesse pronunciado no mesmo instante que lembrei daquele momento. De repente me dei conta de que nunca mais queria ver aquela expressão de novo.

Encostei minha cabeça em seu ombro. Definitivamente a sensação mais aliviante que eu pudesse ter: A sensação de estar em seus braços.

Por não querer estragar aquele momento, apenas fiquei ali. Dei um pesado e demorado suspiro. Um suspiro que significa todas as palavras inexistentes capazes de definir o que eu estava sentindo. Um suspiro capaz de expressar o que ainda não foi escrito ou decifrado. Suspiro esse, que revela o mais profundo e sincero sentimento que já existiu. O que eu sentia por ele.

—Ali?

—Hm?

—Você é o que eu tenho de mais especial em todo mundo.

Levantei minha cabeça para que eu pudesse beijá-lo. Seus braços apertavam mais e mais minha cintura.

—Promete que vai ficar ficar comigo pra sempre? Que nunca vai me deixar só? - Perguntou ele.

Balancei a cabeça, olhando em seus olhos.

—Nunca.

Naten me apertou ainda mais contra ele, puxando meu pescoço para me beijar. Então começou a esquentar demais. Senti meus pés saindo do chão e meu corpo ser carregado, mas não tinha noção de pra qual lado. Na verdade estava sem noção de nada, apenas da boca dele e de suas mãos me segurando. Meus pés encostaram no chão outra vez e no mesmo instante meu corpo foi deitado em algum lugar fofo, sem desencostar do dele. Acho que era o sofá, mas poderia ser a cama, não tinha idéia de quanto tempo fui carregada. Nem importava. As mãos dele deslizaram de minha cintura pra minha coxa e de volta pra minha cintura, e depois ele beijou meu pescoço. O ar faltava cada vez mais. Eu não conseguia pensar. Uma parte da minha blusa foi levantada e senti sua pele contra a minha. O calor quase queimava, mas eu não queria que esfriasse. Cada segundo que se passava sua pele se envolvia com a minha com mais intensidade. Naten agarrou a pele da minha cintura e parou de beijar meu pescoço para voltar à minha boca, até que alguma coisa começou a tocar longe.

O toque foi aumentando mais à medida que eu voltava à realidade. Minha consciência voltou e eu percebi que era meu celular.

—Naten...- Tentei falar ofegante. - Naten, meu celular.

Ele soltou um ruído de descontentamento. Um ruído bem descontente mesmo.

—Eu tenho que atender. -Tentei outra vez, ja que ele não queria se mover.

—Eu sei ... - Falou ele, desapontado. - Tomara que seja importante. - Incrível como ele se revolta quando atrapalham os planos dele...

—Vamos ver.- Respondi me levantando. Tive a sensação de que meu cabelo estava uma bucha não sei porque ... - Alô? - Falei ajeitando a bucha.

—Lua onde você ta?!! Ta uma loucura aqui no hotel uma multidão louca não da nem pra passar na porta! - Mel falava sem nem respirar .

—Mel? Eu to no hotel Pirâmide com o Naten. Onde você ta?

—To no carro do Rodrigo ainda. Resolvi ligar pra você antes de descer aqui por que, meu Deus do céu isso não é normal ... Ei! Porque você ta em outro hotel?

—O Rodrigo deve saber onde fica. Alguém te viu?

—Não. Não desci do carro. Nem ele.

—Então pede pra ele te deixar aqui. Depois te explico tudo ok?

—Ook honey. Até mais.

—Quem era? - Perguntou Naten sentado no sofá quando desliguei.

—A mel. Disse que não tava conseguindo entrar no hotel. Mandei ela vir pra cá.

—PORQUE? Acabou a felicidade... -Falou ele com bico. - Você devia nem ter atendido, não era importante.

—Naten! - Falei rindo. - Deixa disso. A gente ainda vai ter muito tempo só pra nós, não precisa de pressa. - Me sentei ao lado dele.

—Nenhum tempo vai ser suficiente. - Naten puxou meu rosto e me deu um selinho. - Vou tomar um banho. Sobreviva sem mim.

—Vou tentar.