Safe And Sound escrita por chasseresse b
Notas iniciais do capítulo
Oi, em primeiro lugar queria agradecer à Marcela-neko pelo review. E aqui está o primeiro capítulo, espero que gostem! E avisando, a fic misturará realidade com ficção fantasiosa, então, espero que gostem.
O nome dela era Mellione. Seus cabelos, ruivos. Não ruivos tingidos. Ruivos completamente naturais. Ruivos não; vermelhos. Vermelhos feito fogo.
Vermelhos feito a insanidade.
Vermelhos como o sol, no dia em que a loucura a acometeu.
Lembro-me dela me jogando beijos enquanto entrava no carro de seu ex-namorado. Ela tinha apenas quinze anos. Eu tinha quatorze. Ela era meu exemplo.
A lembrança mais vívida que tive dela sempre fora seus cabelos. Lisos, vermelhos, como tanto já frisei.
Mellione Park, este era seu nome. Mellione Clark, este é o meu. Não temos nada de semelhante, além de nossos nomes. Mas voltando onde parei; aquela foi a última vez em que a vi sã.
Ela adentrou o carro de Peeta, seu ex, um homem de mais ou menos vinte anos. Nunca confiei nele; em minha opinião, ele tinha algo mal em si. Um olhar de maldade, de desconfiança. Louco. Era assim que o caracterizava. Louco. Insano. Desequilibrado.
Havia algo em como o sol aparentava estar mais vermelho e quente que o natural. Mas ela havia me dito que tudo ficaria bem. Ela era minha melhor amiga; Mellione não mentiria para mim. Ou mentiria?
Era mais ou menos vinte horas. O barulho de sirenes invadia meu quarto. A janela pequena dava acesso a um beco escuro, que eu sabia que era palco de muitos crimes.
Ali já haviam acontecidos roubos e estupros. Não me assustava facilmente. Na verdade, pelo barulho de cerca de dez minutos atrás, estava acontecendo algum crime ali. E talvez seja estranho, pois sequer corri para ajudar.
Na verdade, fiz o que sempre fazia. E ainda faço. Liguei para a polícia. Dei o endereço. Aguardei por ser ignorada pela atendente de voz cansada. Não podia culpá-la. Poucos acreditam em uma adolescente de quatorze anos.
Mas sim, aquela noite era diferente. Havia algo estranho no ar. O barulho de uma luta, e um grito. Um soco. Tudo sendo audível do meu quarto pequeno e obscuro.
Olhei pela janela, como sempre faço, e pude sentir o pavor percorrendo meu corpo. Percebi um vulto avermelhado à luz do pôr-do-sol. Cabelos longos, flamejantes. Parecendo fogo vivo na cabeça da garota. E um homem, alto, robusto, com ar de insanidade. Ele atacava a garota, fazendo gestos sexuais. Sabia o que era, e pela primeira vez em minha vida fiquei observando. Não porque quis, mas sim porque o pavor me impediu de sair dali e socorrê-la.
Era Mellione, e ela estava sendo estuprada. Como uma cadela. Como uma qualquer.
Dez minutos se passaram.
Dez minutos de pavor.
Dez minutos em que tudo o que pude fazer era ver minha amiga ser estuprada. Ser violada das mais diversas formas.
Lembro-me de só conseguir me mover após ele deixá-la no beco, caída. Aquele foi o momento em que corri para fora de minha casa, e a encontrei no chão imundo do beco.
Sangue se espalhava pelo seu rosto, suas roupas eram apenas pedaços de pano rasgados pelo chão, pouco cobriam seu corpo.
– Melli? – Ela sussurrou, sangue escorrendo por sua face.
– Desculpe. – Sussurrei. – Não pude ajudá-la. Não consegui fazer nada.
Ela sorriu, um sorriso macabro. O sorriso em vermelho; o sorriso que antes era o mais lindo.
– Vermelho sempre fora minha cor. – Ela murmurou, e pediu para eu chamar por socorro.
Parei a primeira pessoa que passava pela rua, e implorei para que me ajudasse. Em alguns minutos – que pareciam que nunca passavam – o socorro chegou. A colocaram em uma maca, enquanto eu observava, impotente, os enfermeiros a levarem para longe.
E aquela foi a última vez que a vi sã...
•••
Seis anos se passaram. Todas as noites tenho pesadelos e visões com Mellione.
A cada dia que se passava, ela estava pior. Lembro-me perfeitamente do primeiro dia após ela sair do hospital.
#FLASHBACK#
– Melli? – Ela disse assim que o sol bateu em seu rosto. Eu estava lá, esperando que ela saísse do hospital. Mellione tinha cicatrizes profundas. Seu olho esquerdo estava inchado, e eu contei cinco pontos em sua sobrancelha direita.
– Estou aqui. – Falei, sorrindo. Mellione me abraçou, e não pude deixar de reparar em como ela parecia mais fraca.
– Como está você? – Perguntei.
– Melhor. – Ela respondeu, mas percebi que havia algo errado.
#FIM DO FLASHBACK#
Agora eu tenho vinte e um anos, e estudo psiquiatria. Não por vocação ou por qualquer coisa desse tipo, mas sim por me deparar, durante anos, com coisas que eu não poderia explicar. E eu me nego a aceitar explicações sobrenaturais para fenômenos que são facilmente explicados pela psiquiatria.
E hoje era a pior – ou melhor – aula do semestre. Iríamos finalmente entrar na vida de um psiquiatra.
O professor me entregou uma ficha de um paciente que era interno do hospital psiquiátrico local.
Olhei sua ficha, e por momentos perdi a percepção da realidade. Meus ouvidos zumbiram, e me senti zonza e sem ar.
Apoiei minha testa no tampo frio da mesa, deixando a ficha cair por entre meus dedos.
– Você está bem, Srta. Clark? – O professor, Sr. Muñoz, perguntou.
Consegui murmurar um “sim”, me levantando e pegando novamente a ficha.
– Agora – Sr. Muñoz chamou a atenção da turma – deixemos a senhorita Clark respirar. Deve ter sido apenas uma queda de pressão, certo? – Assenti, e me sentei. – Observem suas fichas. – Ele ordenou. Forcei meus olhos a lerem o que tinha no papel.
FICHA PSIQUIÁTRICA.
Identificação.
Paciente: Mellione Park.
Idade: 22 anos.
Pulei parte das informações. Não precisava lê-las. Já a conhecia melhor que muitos médicos.
História da doença atual: A paciente apresenta um quadro de esquizofrenia paranóide. Está internada há quatro anos, e está respondendo bem ao tratamento com a droga Benzamida.
– Se vocês repararem, há pouquíssimas informações. Apenas o básico para iniciar-se o trabalho. – Sr. Muñoz falou, sobressaltando boa parte da turma. – Todos os pacientes estão internados no hospital psiquiátrico local. E, Srta. Clark, permaneça após a aula. Preciso conversar com você sobre sua paciente.
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Gostaram? *-*