Amor À Prova escrita por Bell Amamiya


Capítulo 8
Descobertas


Notas iniciais do capítulo

Nota: Os personagens do Kaleido Star não me pertencem, mas queria que o Leon e o Yuri me pertencessem ;P
Tenham uma boa leitura
Meus agradecimentos a Sarah, MissBallerina e Res Chan pelos comentários.



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I.

Era meio dia na cidade de Cape Mary, o horário de visitas havia começado a poucos minutos e a jovem japonesa estava apreensiva no quarto do hospital. O médico ainda não tinha aparecido para lhe dizer se tinha alta ou não. Há algumas horas atrás a jovem tentara sair da cama para ir até o quarto de Leon, mas fora parada por dois enfermeiros que deram ordens bem claras para que ela não saísse do quarto antes que o médico chegasse.

Ficar naquele quarto era angustiante. Não tinha nada para fazer, e a acrobata só sabia pensar em Leon. “Será que ele teve alguma reação? Será que está sentindo a minha falta?” pensava a jovem. Sabia que precisava receber alta o mais rápido possível para poder ir ver Leon, não aguentava de ansiedade. Uma parte da consciência de Sora dizia que nada haveria de ter mudado no estado de Leon, mas a outra parte ainda acreditava que havia esperança e que ele iria voltar a esse mundo.

– Por quanto tempo mais vou ter que ficar aqui? – não estava preocupada com si mesma, mas sim em ver Leon. Não tinha um horário de visitas que ela não havia ido.

– Sora, você tem que esperar o médico aparecer. Lembra que a Kate disse que não estaria de plantão hoje? Então vamos aguardar o doutor.

– Mas o horário de visitas já começou. Ele deve estar sentindo a minha falta...

Sora virou o rosto para o lado direito e olhou fixamente para a janela que estava entreaberta e lágrimas escorreram de seus olhos. Ainda não conseguia acreditar em tudo. Estava se sentindo fraca demais e ansiava que nada daquilo tivesse acontecido e que pudesse voltar no tempo.

Alguns minutos depois a porta se abriu, a acrobata virou o rosto na direção da porta, mas não era o médico e sim uma das enfermeiras que trazia seu almoço. A garota não estava com fome, já fazia um tempo que não comia direito porque nada parava em seu estômago. Havia dito para si mesma que não era nada, seria somente uma consequência das inúmeras emoções que estava vivenciando naqueles últimos meses.

O cheiro do feijão que estava em uma das tigelas que a enfermeira trazia chegou ao olfato de Sora. No mesmo momento, a jovem sentiu seu estômago embrulhar e uma ânsia de vômito se aproximar. Sentia que alguma coisa queria sair de dentro de seu estômago e a sensação não era das melhores.

– Você está bem? – a leonina estava preocupada, a amiga estava pálida e não parecia nada bem.

Não conseguia falar, só sentia que se forçasse a emitir um som sequer tudo que estava em seu estômago seria mandado para fora como um jato. Forçou o máximo que pode para segurar, mas não estava aguentando. A garota levantou da cama e correu em direção ao banheiro, onde pôs para fora tudo que havia comido naquela manhã.

– Ela esta enjoada.

– Deve ter sido o feijão. Algumas mulheres grávidas não podem com o cheiro forte que o feijão tem. – a enfermeira comentou.

Depois de longos minutos dentro do banheiro, a acrobata saiu. Ainda estava pálida e parecia fraca. Mas era de se esperar de quem acabara de colocar tudo para fora.

– Como eu odeio quando isso acontece.

– Acontece com frequência? – a ex acrobata sabia da gravidez de Sora, mas queria saber se ela tinha conhecimento de seu estado.

– De um mês para cá eu costumo sentir enjoo com quase tudo. Nada que eu como para no meu estômago.

– E você imagina o que possa ser?

– Acredito que seja o estresse e as emoções que passei até agora. Já vi reportagens que esse tipo de coisa causa modificações no corpo das pessoas, principalmente psicológicas.

A estrela do circo não tinha mesmo conhecimento de seu estado. Layla ainda estava indecisa quando a contar ou não para a jovem. Ela precisava saber, afinal a criança estava crescendo dentro dela e de um jeito ou de outro ela descobriria. Não imaginava a amiga descobrindo da pior maneira. E essa criança com certeza era do acrobata de madeixas prateadas, e poderia dar uma força a mais para a recuperação de Leon e para Sora.

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No Kaleido Stage, as meninas estavam ansiosas para a chegada de Sora. Estavam sentadas em volta da mesa do refeitório. Mia havia dado a ideia de fazer um cardápio para quando a amiga chegasse. Todas bem sabiam que quando uma mulher está grávida fica mais sensível emocionalmente e a cheiros muito fortes e há muitos temperos. Ela devia comer comidas mais leves, mas nutritivas tanto para ela quanto para o bebê.

May não estava gostando muito da ideia das garotas. Não que não se preocupasse com a Sora ou com o bebê que estava a caminho, mas bem ela sabia que por mais que todos pensassem que aquele fruto era proveniente do amor de Sora e Leon, ela sabia que não poderia ser. A chinesa não tinha ideia de qual seria a reação da nova amiga quando soubesse que estava esperando um filho... Que além de tudo era de Yuri.

– Meninas?

– Diga May? – Mia estava animada com todas as ideias que surgiam na mente de todas.

– Vocês não acham que é demais não? Eu acredito que a Sora nem saiba do estado que ela se encontra. Não seria melhor não fazer essa farra toda logo de cara? – parou de falar diante dos olhares fixos das garotas. Elas não entendiam aonde May queria chegar. – Quero dizer... Olhem em volta. Leon está em coma por tempo indeterminado e todas nós sabemos do amor que ambos sentem um pelo outro, vocês não acham que essa notícia ao invés de ser maravilhosa possa ser massacrante?

O silêncio reinou no refeitório. Nenhuma delas havia pensado nisso antes. Estavam tão felizes com a notícia da gravidez de Sora que haviam se esquecido que Kate dissera que ela não sabia de nada. E além de não saber, as amigas não sabiam qual podia ser a reação da amiga.

– Você tem razão. Ao invés de ficarmos planejando a chegada de Sora e fazer esse estardalhaço, devíamos nos preocupar em apoiar ela e ajudá-la a superar esses desafios que a vida colocou no caminho dela. – Anna expôs a sua opinião. – Eu bem sei o que é ser criada apenas pela mãe.

– E Sora não foi criada pelos pais. Duvido muito que ela vá se sentir a vontade com toda essa situação. Ela vai se ver no lugar da criança. Sem pai...

II.

No hospital, o médico havia acabado de passar pelo quarto onde estava a acrobata e lhe dado alta. Dissera que a jovem estava bem melhor, mas deveria cuidar bem da saúde para não ter complicações. A jovem não entendeu muito bem, mas concordou com o médico. Precisava se alimentar melhor para estar sempre ao lado de Leon.

O horário de visitas já havia acabado, Sora não tinha ido ver Leon. A moça não queria mais ter que ficar internada e perder os horários de visitas. Prometeu para o médico que comeria muito bem a partir daquele dia para ficar forte e poder cuidar de Leon até que ele se recuperasse.

Layla ligou para Yuri ir buscá-las no hospital. Iriam para o apartamento de Sora. A jovem negara ficar na casa da loira. Já dizia que estava incomodando demais com o fato da ex acrobata ter que sair de sua casa para ir ficar com ela, imagina entrar na casa dela e dar trabalho para todos os empregados? Causar problemas era a última coisa que a japonesa queria fazer.

– Sabe senhorita Layla. Se eu pudesse voltar no tempo, eu mudaria tudo que aconteceu e faria tudo diferente. Talvez assim, Leon estivesse ao meu lado e eu poderia estar formando uma família com ele. – a japonesa disse como quem não quer nada.

Layla olhou para o banco de trás onde a amiga estava sentada e deu a mão para ela segurar. Sabia dos sentimentos de Sora para com Leon e vice versa, e desejava do fundo do coração que ele se recuperasse e com isso o sorriso no rosto de Sora também.

– Você gostaria de ter filhos com ele, Sora?

O jovem pintor a ouvir a pergunta começou a suar frio. Layla não ia contar para ela naquele momento, ia? Tanto Sora quanto Yuri sabiam que esse filho não era de Leon. A loira teria tantos outros momentos para contar a amiga japonesa, mas não precisava ser ali no carro. Acelerou mais o carro, ficando a 110 Km/h. Queria chegar o mais rápido possível e também tirar a atenção de Layla do assunto.

– Você não está correndo muito não Yuri? Nós não estamos com pressa de chegar.

– Não se preocupe Layla, eu sei o que estou fazendo. – esboçou um sorriso confiante. Ele sabia bem até onde poderia ir.

– Tá bom então. – encerrou o assunto.

A moça japonesa olhou para os dois ali na frente. Era claro o amor que Layla sentia por Yuri, mas será que continuaria o mesmo se soubesse que ela havia tido uma noite de prazer com seu noivo? Será que um dia a loira iria a perdoar por isso? Essa era uma resposta que só saberia quando contasse a verdade para a amiga.

– Na verdade, sim. Eu adoraria ter o Leon do meu lado e uma criança proveniente do nosso amor. – Não se incomodou com a presença do loiro. Ainda estava muito machucada com o que acontecera, e queria deixar bem claro para ele que ela amava seu parceiro e sempre amaria. Pelo menos ele não tinha a enganado e a levado para a cama sendo noivo de sua melhor amiga.

– Chegamos! – o jovem pintor parou o carro em frente ao pátio onde ficavam os alojamentos do elenco do Kaleido Star.

Layla não disse mais nenhuma palavra, somente deu um beijo em Yuri e ajudou a amiga a sair do carro.

Antes mesmo das duas se afastarem bastante do carro, o loiro deu partida e correu o mais rápido que podia. Precisava chegar a seu apartamento o quanto antes. Tinha que colocar seus pensamentos em ordem, e perto daquelas duas não conseguia se concentrar.

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Já era noite na cidade, e a japonesa estava deitada no sofá da sala com todas as meninas em volta. Ficaram conversando até tarde quando Sora começou a bocejar e as meninas sabiam que estava na hora de deixarem a estrela do circo descansar e elas irem para seus quartos apreciarem uma boa noite de sono.

Apenas a chinesa permaneceu no quarto. Aproveitou-se do momento que Layla saíra do quarto para conversar com as garotas e decidiu ter uma conversa com a japonesa, uma conversa um tanto quanto reveladora.

– Como você está se sentindo?

– Eu estou bem melhor! Apesar de que ainda sinto muito enjoo e não é muita coisa que para no meu estômago.

– Sora... Você sabe o que você tem? – a chinesa não sabia bem como começar aquela conversa, mas tinha que tê-la com a jovem. Precisava sanar a incerteza da paternidade da criança.

– Acredito que seja estresse. O médico não me disse exatamente o que eu tenho. Somente pediu que eu me alimentasse direito e descansasse o máximo que eu pudesse. – fez uma pausa para depois continuar. – E pediu que eu levasse um acompanhante quando fosse ver Leon, pois não posso ter emoções muito fortes.

– E você acredita mesmo que isso tem a ver com estresse?

– Aonde você quer chegar May? Não estou te entendendo.

A jovem de madeixas rosadas estava confusa com aquela conversa de May. Para que ela queria saber se o que a acrobata tinha era estresse ou não? Que diferença isso faria?

– Sora... você não teve nenhum relacionamento com Leon? Ou teve?

– Para quê você precisa saber disso? – esbravejou a japonesa.

– Nada. Foi só uma curiosidade, pois eu sei o quanto vocês se amam.

A garota de madeixas negras deu um beijo na testa da amiga e se retirou do quarto. Com certeza a amiga não era bobinha como muitas vezes parecia. Com essas perguntas ela haveria de ligar os pontos e saber o que na verdade estava acontecendo com si. Não queria que Sora sofresse, mas também não poderia deixá-la se descuidar. Por mais que aquela criança não fosse algo que ela desejasse do fundo de seu coração, era uma vida crescendo e precisava ser cuidada.

Depois de alguns minutos a loira voltou para o quarto e trancou a porta. Estava muito cansada. Aquele dia havia sido muito cansativo e desgastante, além do mais passara a noite tentando pregar o olho enquanto tentava se aconchegar numa poltrona nada confortável. Ser acompanhante de um paciente não era das melhores coisas do mundo.

Sora já estava em sua cama dormindo. Bom, pelo menos era o que parecia quando a atriz a viu deitada de lado na cama. Só lembrou de proferir um Boa Noite e depois cair em sono profundo.

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Na manhã seguinte, aproximadamente as 11 horas, a japonesa ainda não havia levantado de sua cama. Na verdade, não havia pregado o olho desde que May fizera aquelas perguntas estranhas, muito estranhas. A jovem sabia que apenas May tinha conhecimento do que acontecera na França com aquele jovem pintor. Não, não de tudo. “May não é boba. E também não faria aquelas perguntas por nada. O que será que ela está escondendo?”.

– Sora? Já é quase meio dia. Não foi você que disse que não queria perder mais nenhum horário de visitas? Ele começa em uma hora e você nem café da manhã tomou. – apreendeu a loira.

– Senhorita Layla. Eu gostaria de conversar com você!

– Sim? – a leonina sentou-se na cama na frente de Sora, e segurou na mão dela. – Pode falar!

– Todo mundo tem me tratado como se eu fosse uma boneca de vidro e pudesse quebrar a qualquer momento. – começou a garota. – Eu, ultimamente, tenho ficado muito enjoada. Ontem a noite, May me fez umas perguntas estranhas sobre eu ter tido relacionamento com Leon.

Layla espantou-se. Se a amiga não sabia que estava esperando um filho, agora ela ligaria os pontos com certeza. Tinha ansiado até aquele momento por essa notícia ser descoberta logo, mas naquele minuto não sabia o que poderia esperar vindo daquela que estava a sua frente.

– Antes de você levantar, eu sai do apartamento e fui a farmácia. – lágrimas começaram a correr pelo rosto angelical da sagitariana. – Todo mundo já sabia né? A senhorita já sabia?

Não tinha palavras para responder aos questionamentos da amiga de madeixas rosadas. E mesmo que soubesse o que responder, como poderia garantir que a resposta não parecesse traíra demais? Afinal, elas eram amigas. E amigas contam tudo uma para as outras. A loira fechou os olhos e respirou fundo.

– Sim. Ficamos sabendo no dia que você desmaiou aqui na cozinha e te levamos para o hospital. Kate nos contou da sua situação, mas disse que você não sabia. A nossa intenção foi das melhores ao não te contar. O próprio médico hoje disse que você não pode sofrer emoções muito fortes e queríamos que você soubesse aos poucos.

Sora olhou para Layla sem acreditar que aquelas palavras saiam de dentro da boca de sua amiga. Mesmo que todo mundo estivesse com boas intenções, ela preferia que tivessem contado logo para ela. Não que fosse sofrer menos, mas talvez tivesse morrido e fugido de tudo aquilo.

– Eu preciso de um tempo! – a japonesa saiu correndo do quarto. Não sabia para onde ia, mas sabia bem que naquele lugar não poderia ficar. Não conseguia encarar a atriz sabendo que carregava o que podia ser a desgraça das duas. Suas infelicidades.

III.

A Sala de Karlos estava movimentada naquela noite. Todos os amigos de Sora estavam lá reunidos. O motivo era de que a japonesa havia saído correndo pouco antes do almoço dizendo que precisava de um tempo para pensar, já eram quase dez da noite e nada dela aparecer. Layla já havia ligado para o departamento de polícia e colocado eles atrás dela, mas até aquele presente momento nada tinham encontrado.

– Eu estou muito preocupada com ela. – a leonina estava sentada em uma poltrona no canto da sala. Sabia que não seria fácil para a amiga receber aquela notícia, mas ocultara dela a verdade e aquilo foi demais para a mente da acrobata. – A culpa é minha! Se eu não tivesse concordado em não contar nada para ela, nessa hora ela poderia não ter fugido.

– Layla, não adianta se culpar agora. E se existe culpa, ela não é só sua. Todos nós concordamos que assim seria melhor para ela, mas não percebemos que poderia piorar a situação. – Mia aproximou-se da loira e acariciou seus cabelos cor de ouro. – Não adianta imaginar como seria se não tivéssemos ocultado essa informação dela.

Todos mantiveram-se em silêncio. Primeiro, Leon sofrera o acidente de carro e não estava ali entre eles e agora Sora havia desaparecido. Parecia que o mundo estava conspirando contra todos ali na sala presentes. Ou até mesmo conspirando contra aquele casal.

De repente a porta do escritório de Karlos se abriu e Sarah entrou com um brilho diferente nos olhos. Ela haveria de ter encontrado a japonesa? Ou pelo menos tinha alguma notícia boa a respeito do paradeiro dela? Todos queriam saber.

– Conseguiu encontrar ela? Ela está bem? – a chinesa estava muito preocupada. Sabia que também tinha uma grande parcela de culpa, pois fora ela que contara, mesmo que indiretamente, para a amiga o que acontecia a si.

– Sim! Ela já está no quarto. – a voz da cantora aliviou o coração de todos. – Só peço que a deixem descansar.

– Onde a encontraram? – foi a vez de Ken perguntar.

– Eu a encontrei sentada na escada do apartamento de Leon. Simplesmente me veio a cabeça que ela não iria querer ser encontrada. E logo pensou que ninguém a procuraria no apartamento dele.

– Realmente ninguém a procurou lá.

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No outro dia pela manhã, Layla acordou e não encontrou Sora no quarto. Acreditando que a amiga já tinha descido para tomar café da manhã, a loira escolheu qual roupa usaria naquele dia e foi até o banheiro tomar uma ducha. Precisava relaxar um pouco, seu corpo estava enrijecido devido a preocupação que tivera na noite passada.

Terminou de tomar seu banho, trocou de roupa, deu uma ajeitada no cabelo e desceu para o refeitório. Precisava repor as energias tomando um bom café. Ao chegar no refeitório encontrou Anna e Mia, mas nem um sinal de Sora.

– Bom dia Layla! A Sora ainda está dormindo?

– Bom dia meninas! Ela não está no quarto. Pensei que ela já teria descido para tomar café da manhã, por isso nem me preocupei.

May entrou no refeitório e foi em direção as garotas. Estava com muita fome.

– Bom dia meninas! Que caras são essas? Aconteceu alguma coisa?

– Quando eu acordei a Sora não estava no quarto, achei que ela tivesse descido para tomar o café da manhã. Mas como pode ver, ela não está aqui.

– Não se preocupem meninas. Eu sei onde ela está. Antes de sair nós conversamos um pouco.

– E para onde ela foi? – Mia estava preocupada. Não queria que a amiga ficasse fora o dia inteiro novamente.

– Ela ligou para Kate e disse que gostaria de ver Leon agora de manhã. Pois tem dois dias que não visitava ele. E Kate disse que ela poderia ir. – May explicou paras as meninas. Acreditava que Sora tinha muita coisa para poder recolocar em ordem na sua cabeça. Precisava de um tempo com o homem que tanto amava.

– Ela foi sozinha? O médico disse que ela não poderia visitá-lo sem a presença de um acompanhante. – a loira estava mais preocupada ainda. Mesmo sabendo aonde a amiga se encontrava, era um perigo para sua saúde e a da bebê que ela se expusesse a emoções muito fortes.

– Hoje é dia de folga da Kate e ela disse que iria acompanhar Sora. Eu mesma me certifiquei de saber da veracidade dessa informação. Fiquem aliviadas.

– Que bom! – Anna suspirou aliviada. – Agora vamos comer? Porque estou morrendo de fome.

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No hospital de Cape Mary, Kate estava conversando com um médico para poder liberar a entrada de Sora. No meio da conversa, o doutor Paul deixou a doutora ciente do que acontecia com o paciente e o quanto o estado dele havia piorado naqueles últimos dois dias. Ele não acreditava que pudesse ter uma melhora súbita, mas nem uma piora daquele jeito. Ele estava estável, e tudo dizia que iria ficar assim por muito tempo, mas algo havia mudado naqueles dias.

Após a conversa a médica levou Sora para a ala da UTI. Antes de entrar, sentou-se em um banco que havia na ala das enfermeiras e conversou com Sora sobre o estado de Leon. Mas não mencionou a parte que ele havia piorado. Aquilo não era relevante para Sora naquela situação, só a desesperaria mais. Depois, entrou com ela no quarto.

A acrobata foi em direção a cama onde estava Leon. Ele continuava pálido como sempre e não parecia ter tido nenhum sinal de melhora. Mas uma coisa estava diferente, ele tinha mais aparelhos ligados a si.

– Ele piorou não foi? A vez passada que eu estive aqui ele não tinha todos esses aparelhos ligados a ele.

– Bom... A saúde dele tá debilitada e ele deu uma recaída, mas nada que devemos nos preocupar demais.

– Mas há preocupação não é?

– Sim...

A médica não sabia bem o que dizer para Sora. Ela era muito esperta e observadora e tentar enganá-la agora era muito difícil. Passara a não acreditar em muita coisa.

– Eu poderia ficar um momento a sós com ele? Coisa de uns dez minutos e prometo que eu depois te chamo.

– Você tem certeza?

– Por favor!

– Tá bom, qualquer coisa eu estou aqui fora com as enfermeiras.

Quando Kate saiu do quarto, Sora virou-se em direção a cama para ver Leon e lágrimas escorreram de seus olhos. Não queria saber se não podia sentir emoções fortes por causa daquela criança. Aliás, ela nem queria aquilo. Porque aquela criança teria que ser concebida e ainda mais daquele que naquele momento ela repudiava. O mundo realmente era muito cruel e não estava a seu favor.

– Ei meu amor! – acariciou o rosto do jovem de madeixas prateadas enquanto grossas lágrimas escorriam. Não conseguia conter a tristeza que sentia dentro de si e para não bastar o peso do mundo parecia ter caído em cima de si. – Me perdoe não ter vindo te ver nos dois dias que se passaram.

– Eu realmente espero que me perdoe. A minha vida tá uma bagunça tremenda. Preciso tanto de você, queria você aqui comigo para me dizer que tudo vai ficar bem. – soluçava alto enquanto as palavras saiam de sua boca. – Queria que você estivesse comigo para que assim eu pudesse te falar que amo você.

– Sim! Eu amo você. – chorava compulsivamente. – Perdoe-me por ser tão fraca e não ter tido isso antes para você. Mas estou dizendo isso agora, será que não tem valor nenhum?

Encostou-se à parede ao lado da cama e foi escorregando até sentar-se no chão e chorar freneticamente. Soluçava alto e não conseguia parar. Ela bem sabia que quando estamos tristes acabamos passando para a pessoa que está em coma sentimentos ruins, mas não conseguia evitar. Precisava dele mais do que já precisara de alguém um dia. Nem quando perdera seus pais havia se sentido tão sozinha como estava sentindo naquele momento.

Tinha amigos sim. E devia ficar feliz com isso, mas parecia que não era o bastante. Precisava de muito mais que apenas amigos dispostos a ajudá-la. Era aquele sentimento de solidão estando rodada de pessoas queridas. Ela sentia falta de apenas uma pessoa e esta fazia toda a diferença.

– Volta pra mim...; - As palavras saíram como um sussurro, mas esperava que ele pudesse ouvir e voltar para ela.

Enxugou as lagrimas, levantou-se do chão e voltou a aproximar-se da cama. Ficou olhando fixamente para o rosto do jovem acrobata e depois num impulso a garota cobriu os lábios de Leon com os dela e lhe deu um beijo que a muito queria dar-lhe, porém, não recebeu retorno e chorou mais ainda.

Alguns minutos depois a jovem foi em direção a janela que estava aberta e ficou a olhar para o céu que naquele dia estava de um azul tão límpido. O mundo estava alheio a toda a dor que ela estava sentindo, e aquilo pareceu-lhe tão injusto.

– O que eu faço? O que devo fazer em relação a essa criança? Como posso tê-la sabendo que não é sua meu amor? – A jovem fechou os olhos e deixou-se levar pelos seus pensamentos. De repente começou a ouvir uma voz conhecida bem longe. “Não culpe alguém que nada sabe. Muitas vezes, a vida nos permite errar para que aprendamos algo, ou consigamos suportar certos momentos.” Ficou alguns segundos em silêncio e depois a voz voltou: “Ame aquilo que carregas, mesmo que não seja o fruto que a árvore queria dar.”

A jovem voltou a consciência sem entender o que fora aquilo que ouvira? Seria sua mente querendo lhe pregar peças? Mas a voz parecia conhecida... Na verdade, era conhecida. Balançou a cabeça para os lados tentando dispersar os pensamentos e foi em direção a porta do quarto. Mas antes deu uma olhada em Leon para saber se ele ainda estava do mesmo jeito. A voz em sua cabeça parecia muito com a dele.

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No outro lado da cidade, um jovem não conseguia dormir já fazia dois dias. Como deixara aquilo acontecer? Nunca tinha sido descuidado como fora naquele dia. Além de deixar Sora com muita raiva dele ainda fez essa raiva aumentar com a burrice cometida naquele dia. Ele bem sabia que aquela criança no ventre da acrobata era filha dele. Mas será que poderia ter uma possibilidade de não ser? De ele poder se livrar desse problema? Como ficaria Layla nessa história? Perderia uma amiga e o amor de sua vida?

Yuri andava de um lado para o outro em seu apartamento. Parecia que tinha levado uma surra, seu corpo todo doía. Andou até o frigobar e pegou uma garrafa de uísque e despejou o líquido no copo que estava próximo. A bebida era a única que não o abandonava e nem nunca abandonaria. Sua vida estaria arruinada quando a notícia da paternidade da criança viesse à tona. O jovem pintor sabia que até aquele dia em que Sora caiu na cozinha, a acrobata não tinha o porquê contar para a loira sobre o que acontecera. Mas será que uma criança era motivo suficiente para contar?

Bebeu um gole grande daquele líquido cor de âmbar e sentiu descer rasgando em sua garganta. Mas não era tão amargo quanto o que estava sentindo. Seria aquele sentimento, medo? Aquele que não se arrependia das coisas que fazia estaria com medo pela primeira vez? Medo de perder seu amor?

Aquela vida tranquila que a tempos o jovem estava vivenciando estava chegando ao fim. Mas que fim mais cruel. Mas como seu pai dizia antes de morrer: “A vida costuma ser cruel, meu filho. E um tanto quanto sádica.” Sábias eram as palavras de seu pai. Agora Yuri podia entender com clareza o que elas queriam dizer.

Foi até seu quarto e pegou o celular que estava em cima da cama. Começou a procurar por um nome na agenda telefônica. Queria poder ligar para Layla e lhe explicar tudo e saber que tinha feito a coisa certa. Mas como poderia saber se ela o perdoaria por aquilo? Momentos de fraquezas acontecem com qualquer um. Basta estar vivo que você pode ser tentado. Mas cometer o erro de engravidar a melhor amiga de sua noiva não poderia ser chamado de fraqueza, não é? Ele também acreditava que não. E se estivesse no lugar da loira também não perdoaria.

Estava inquieto pela primeira vez. Desde que seu pai morrera sentia que podia controlar a tudo e a todos. Sua mente sempre tinha uma saída para tudo. Conseguia se passar por vítima em todos os seus planos fracassados. Tinha feito Leon perdoá-lo pelo que acontecera com sua irmã. Havia conseguido que Karlos e Layla o perdoassem por ter tomado o Kaleido Star e feito ambos, mesmo que de forma diferente, sofrerem.

Sempre acreditou que todos deveriam pagar pelos erros cometidos. E agora seria a vez dele? Com ele não poderia ser diferente.

CONTINUA...



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Notas finais do capítulo

Ei galerinha!
Desculpem pelo atraso desse capítulo, mas prometo que não tardarei em postar o próximo capítulo. Mas a faculdade consome todo o meu tempo...
Bom, espero que gostem desse capítulos. A coisa tá começando a esquentar.. o que será que vai acontecer?
Veremos nos próximos capítulos.
Até o próximo capítulo ;*



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