Music In The Dark escrita por LunaCobain


Capítulo 20
Rachadura


Notas iniciais do capítulo

Pois é. Tô viva. Não tô em um coma induzido, estado vegetativo ou num asilo mental. Tô viva, saudável, esbelta, esquisita (como sempre) e tudo mais. E também estou muito habilidosa para quebrar computadores. Meu note que tinha acabado de sair do conserto já quebrou, de vez. Perdi todos os meus capítulos e acabei perdendo um pouco o ânimo para escrever. Meu vô foi bondoso o bastante para me dar o iMac dele (tô poderosa) e me deu um trabalhinho pra aprender a mexer direito no sistema da Apple, admito.

Agora que meus ânimos voltaram, decidi voltar a escrever. UHUUUL! Porém, devo lembrar que estou improvisando. Passei muito tempo longe dessa história e não me lembro com exatidão de quais eram os meus planos pra ela. Por favor, me perdoem e me avisem sobre qualquer incoerência que eu possa ter cometido nesse capítulo embora eu tenha tentado ler, minuciosamente, todos os capítulos anteriores para não cometer erros desse tipo.

Aproveitem a leitura e me deixem saber o que acharam.



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“-Christine. Eu nunca te amei como amo Anna. O que sinto por ela é muito mais intenso.

'Que estranho ela resolver voltar assim, tão de repente. Alguma coisa deve ter acontecido.' , ele pensou, sabendo que, fosse o que fosse, ela não ia contar tão cedo.

–Não, me escuta. Você é meu, e vai ficar comigo. Não vou deixar aquela pirralha te roubar de mim. Enquanto você estiver com Anna, ela corre sérios riscos. Por que você acha que Phillipe está hesitando em estuprá-la? Eu o estou mantendo nas rédeas, contendo-o para que ela fique segura. Mas, se você não ficar comigo, eu posso simplesmente... - Christine sorriu com malícia - ...Me esquecer de contê-lo.

Tudo bem. Por mais apavorante que essa ideia fosse, Erik sabia que era capaz de conter o Conde, se fosse preciso. Não seria a primeira vez. Ela não poderia forçá-lo a ficar com ela só por causa disso.

–E, bem - ela voltou a falar -, se isso não for motivo o suficiente, acho que você sabe como sou querida por todos os habitantes do Ópera Populaire. E, sabe, a família de Raoul patrocina esse teatro. Posso tirar Anna daqui num piscar de olhos. Raoul me ama. Se eu disser para ele que Anna tem que sair daqui, então ela sairá. Simples assim.

–Mas você disse que não está mais com Raoul, e...-

–Não, não foi o que eu disse. - algo na postura de Christine mudou. Ela não parecia gostar de pensar muito sobre isso. -Eu disse que não nos casamos, e que não sinto mais nada por ele. Claro que, agora que você vai ficar comigo, eu posso terminar as coisas com ele, mas sei que ele ainda vai me fazer qualquer favor.

'Afinal, ele está mesmo me devendo um favor.', Christine pensou, taciturna.

Erik estava tendo dificuldade pra assimilar o que estava acontecendo ali. Ele não podia deixar que Anna fosse embora, mas também não queria ficar com Christine para garantir sua estadia no Ópera Populaire. Mas o que ele podia fazer para impedir? Quer dizer, droga, ele era o Fantasma da Ópera. Isso tinha que servir para alguma coisa. Talvez uma carta para os diretores impedisse que Anna fosse mandada embora. Se bem que, se Raoul ameaçasse cortar o dinheiro, Firmin não hesitaria em desobecer ao todo-poderoso Fantasma. Ele teria de se arriscar para saber. Mas será que valia a pena o esforço, sabendo que as chances de que ele saísse ganhando eram pouquíssimas? Ele tinha uma ideia. Já sabia o que fazer.

–Pois bem, Christine. Você venceu.”

Obviamente, Erik não estava gostando nada da situação em que estava metido. Mas até conseguir pensar em algo para retomar as rédeas de sua vida amorosa, ele teria que satisfazer Christine. Engraçado como as coisas são... Havia muito pouco tempo desde que ele a desejara com todo o fervor que podia conter em seu ser. E de repente, aparecera Anna, e todos os seus sensos pareceram perder o rumo, se extasiando por causa daquela jovenzinha morena.

Talvez Christine estivesse certa. Talvez ele ainda a amasse. “É impossível que você tenha deixado de me amar em tão pouco tempo”, ela afirmava, confiante.

Ela já tinha se instalado na Casa do Lago, com a qual, na verdade, estava mais acostumada que Anna.

Erik não podia deixar de se sentir mal em relação aquelas duas jovens mulheres. A felicidade de uma representava a miséria da outra.

Seu coração se apertava por aquilo que, uma vez, ele levara Christine a crer que ele sentia. Ele a enganara, assim como enganara a si mesmo. Achou, de verdade, que Christine era a mulher de sua vida. Continuava ser sua única convicção na vida. Tudo o que ele sabia, com certeza, e que permanecia igual, sem importar o que acontecesse, era seu amor por ela.

Uma pena que ele tardou a perceber os sintomas de seu amor paternal por ela. Ele a achava linda. Queria estar com ela, fazê-la crescer na vida, desenvolvendo todos os seus talentos e habilidades, queria vê-la dona de toda a fama com que ela sempre sonhou – e que, bem verdade, fama esta que sua linda voz sempre mereceu. Mas não havia desejo ali. Ele gostava de tê-la nos braços para protege-la, e certamente não hesitaria em beijá-la, como forma de mostrar seu afeto. Mas não queria seus corpos juntos, na cama, se fundindo. Não queria criar uma família com ela, ou que ela fosse obrigada a conviver com sua própria presença mascarada todos os dias de sua vida.

Em sua cabeça, Christine era pura demais para ter de ver sua deformidade, para sentir suas carícias mais intimas, para carregar seus filhos. Não, não. Christine não faria isso. Ela era inocente. Pura, pura, pura.

Talvez ele estivesse ficando louco, e começado a adorar a soprano como um Deus, idolatrá-la, como algo divino e intocável.

Enquanto isso, sua paixão por Anna era quente, fumegando como lava. Embora ele não adorasse a ideia de Anna passar o resto de seus dias com ele, enquanto podia estar nos braços de algum nobre rico e incrivelmente bonito, que certamente lhe ofereceria uma vida muito melhor do que ele próprio poderia construir para os dois, Erik não conseguia quebrar as algemas de seu egoísmo para convencê-la a fazer isso. Ela parecia desejá-lo com o mesmo ardor com que ele a desejava. Então, ele deixaria que fosse assim, porque era egoísta demais para deixa-la ir. Queria que seu coração, corpo, mente e alma, pertencessem apenas a si próprio.

Mas não havia meios de conseguir isso naquele preciso momento. Estava fora de cogitação, pelo menos por algum tempo. Ele daria um jeito de avisá-la. Teria que dar.

Anna sentou-se no chão do salão, bem embaixo do camarote de número 5.

Encarava a multidão de cadeiras vermelhas enquanto organizava seus pensamentos.

Não devia ter feito amor com o Fantasma. Não, ela estava terrivelmente errada ao seduzí-lo... Ela o tinha visto declarando seu amor por Christine! Viu os dois se beijando. Anna devia ter percebido que não podia concorrer com ela. Christine era bonita, sabia se comportar e se vestir como uma donzela, era amável com todos, sempre sorrindo e transmitindo uma energia boa.

Mas, na hora, não pode se conter. Erik a salvara. Salvara sua vida mais uma vez, e estava tão gelado. Ela tivera medo de que ele adoecesse, morresse de frio. Simplesmente quis lhe dar uma recompensa por isso. Mas agora, pensando bem, ela sabia que dificilmente ele pensaria nela como algo bom. Todos os seus momentos juntos não haviam passado de uma farsa. Uma farsa tremenda para que ele não se sentisse muito sozinho enquanto não tinha Christine de volta. Erik provavelmente sentira nojo de ter seu corpo grudado ao dela, uma menina que não conhecia nada da vida, a não ser por escuridão, dor e sofrimento. Ela nada sabia sobre as coisas bonitas, sobre gestos doces, sobre amor. Ela não sabia de nada.

A decisão estava tomada. Ela ficaria bem, bem longe do Fantasma. Ficaria tão longe quanto lhe fosse possível.

Anna fechou os olhos, deixando lágrimas rolarem por suas bochechas enquanto, silenciosamente, lamentava por não ter dado ouvidos as sábias palavras de Mme. Giry.

–Anna? Está tudo bem? – Lui perguntou, avistando-a, de cabeça baixa, sentada bem embaixo do camarote no. 5.

Se aproximou devagar, enquanto observava a menina que assentia, vagarosamente, fungando um pouco.

Sentou do lado dela, um pouco receoso. Não queria invadir o espaço dela... Só estava preocupado. Não gostava de vê-la triste. Ele se sentia triste por não conseguir varrer a tristeza pra longe, impedir que ela se machucasse.

–O que foi, Anna? – perguntou num sussurro, suas palavras transbordando preocupação.

–Nada. Tá tudo bem. – ela respondeu, também sussurrando.

–Se estivesse tudo bem, você não estaria chorando. Pode me contar o que aconteceu. Não vou te julgar. Sabe que pode confiar em mim, certo?

A menina assentiu, silenciosa.

–Foi o Fantasma? Ele te machucou?

Lui não era burro. Já tinha escutado Meg e Mme. Giry conversando aos sussurros sobre o assunto e logo percebera os sumiços esporádicos de Anna.

Ela não pareceu surpresa. Apenas assentiu novamente, e nenhum dos dois quis quebrar o silêncio que se seguiu.

Ele apenas olhou para ela, os dois muito quietos e, um pouco hesitante, tocou seu ombro. Sabia que Anna não gostava de ser tocada, mas queria tentar confortá-la. Ela não se afastou... Em vez disso, o olhou diretamente nos olhos, com um sorrisinho tristonho nos lábios, permitindo que Lui a puxasse, gentilmente, para um abraço. Os braços dele a envolveram, a cabeça dela repousando sobre seu peito. Ela fechou os olhos e deixou que os soluços passassem a lhe fazer tremer. Suas lágrimas vinham num fluxo crescente, ensopando a camisa de Lui, que não parecia se importar.

O garoto mascarado estava curioso para saber o que acontecera para deixar sua melhor amiga e, em boa verdade, a garota por quem ele estava devotamente apaixonado, daquele jeito. Mas sabia que fazê-la tentar explicar provavelmente a deixaria mais estressada e traria ainda mais lágrimas á tona. Então, simplesmente se contentou em puxá-la para o seu colo, segurando-a nos braços e tentando lhe oferecer o máximo de conforto que lhe era possível. Apoiou o queixo no topo da cabeça de Anna, sentindo seu cheiro doce e deixou escapar um suspiro.

Anna estava muito grata por poder contar com um amigo naquele momento. Lui estava, e sempre estaria – ao menos era o que ela desejava – ao seu lado. Ela estava agradecida por ele não ter feito mais perguntas do que era estritamente necessário, e por ser capaz de confortá-la. Não se sentia incomodada por estar tão perto dele. Podia sentir o calor que emanava do corpo de Lui, seu cheiro amadeirado, era capaz de ouvir as batidas de seu coração. Talvez ela pudesse realmente confiar nele. Confiar tudo nele. Claro, estava óbvio, naquele ponto, que ele era melhor que Erik. Nunca faria com que ela se sentisse.. Indesejada. Talvez não fosse capaz de lhe proteger, como Erik já fizera outras vezes, mas também não seria capaz de lhe machucar.

Não, ele nunca seria capaz de lhe machucar, porque ela não era apaixonada por ele. Sentia um afeto de amigos ou irmãos, mas não era nada se comparado a paixão avassaladora que tomava conta dela quando o Fantasma estava por perto. Mas talvez assim fosse mais seguro. Estar num relacionamento agradável com Lui, seu melhor amigo, que a salvaria do abandono. E ela gostava dele, então não seria errado, certo? Não seria como se ela o estivesse usando. Seria bom para ambas as partes, e talvez, com sorte, ela conseguisse esquecer de Erik e até terminasse por se apaixonar por Lui.

Mas antes de Anna começar a pensar desse jeito, ela primeiro precisava ter certeza de que ele gostava dela. Não estava certa quanto a isso. Talvez ele só gostasse dela como uma amiga.

Só havia um jeito de saber.

Ela se afastou um pouco dele, para olhá-lo nos olhos.

–Lui... – sua voz saiu num sussurro falho – Você gosta de mim?

–Mas é claro que eu gosto de você, Anna! – ele respondeu, suavemente.

–Como amiga...?

–Por que você tem que perguntar isso?

Os dois hesitaram por um instante.

–Porque...Er... – Anna estava insegura, mas tinha que deixa-lo saber o que se passava em sua cabeça. –Talvez eu queira ser mais do que amiga. – completou, a voz sumindo ao terminar da frase, os olhos grudados ao chão.

–É sério, Anna? – os dedos dele tocaram seu queixo, fazendo com que ela voltasse a olhar para seu rosto parcialmente escondido.

Ela apenas assentiu, deixando que sua mão acariciasse sue rosto afetuosamente.

–Eu também quero ser mais do que amigo.

Seu rosto se aproximou, vagarosamente, olho no olho, e em pouco tempo ela já era capaz de sentir a respiração quente dele em seu rosto. Anna teve de respirar fundo.

“É isso o que eu quero. É isso o que eu quero.”, pensou, usando a frase como um mantra.

Seus lábios se tocaram, suavemente, o contato emanando calor. Com gentileza, calma. Ele desceu as mãos que repousavam, até então nos ombros dela, deslizando-as até a cintura da morena em seu colo, e puxou-a mais pra perto, colando seus corpos.

Eles passaram a explorar os lábios um do outro e não demorou muito para que o beijo se aprofundasse, línguas se encontrando e dançando com fervor.

Quando tiveram que recobrar o fôlego, Lui afastou-se um pouco, olhando para ela com um carinho quase tangível. Os olhos tão ternos, tão sinceros. Como ela não percebera antes que ele era a opção mais segura para o que ainda existia de sua auto estima?

Ele segurou o rosto de Anna entre as mãos, os polegares traçando círculos invisíveis em suas têmporas, e sorriu de uma felicidade tão pura que chegou a emocionar a pobre menina. Então, ela tomou iniciativa e puxou Lui para um abraço apertado, enlaçando os braços em volta de seu pescoço e as pernas em volta de seus quadris.

Mesmo que ele não fosse Erik... Ela conseguiria ser feliz com ele. Só precisaria pensar positivo e se esforçar.


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Notas finais do capítulo

Por favor, me deixem saber se meu esforço valeu a pena, ou se foi em vão. Não vou escrever para fantasmas, ok? Hahah, obrigada por serem tão fiéis e estarem sempre elogiando e cobrando por mais capítulos. São vocês que me motivam.

Bjos, Luna :*



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