Sex, Universe, And Rock N Roll escrita por Jonathan Bemol, Roli Cruz


Capítulo 29
De pressão


Notas iniciais do capítulo

Yeah, mais um capítulo (:
Este foi feito com muuuuuuuito amor... kk
Espero que gostem, até lá em baixo ;)
Boa leitura.



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O plano era um tanto perfeito. Marvin era um robô, e robôs eram programados para fazer coisas perfeitamente, e não cometer erros – nem falar erros.

                Pleo Dito disse que Démeter já havia ouvido falar dos robôs, mas nunca tivera contato pessoal com nenhum. Ela achava que robôs eram chatos, arrogantes, e falavam muitos erros. Por isso nunca se interessou por eles, e não os usava em suas plantações.

                Com a ajuda de Pleo Dito, os humanos junto com Marvin conseguiram entrar no palácio. Não havia sido muito difícil, naquele dia o palácio estava uma bagunça por conta dos exames que Démeter estava fazendo. Pessoas andavam pra lá e pra cá, e os guardas não ligavam para isso.

                Entraram na fila do exame, e o plano era esse: colocariam Marvin para conversar com Démeter, e convenceriam a deusa de que Marvin e os humanos a levariam para um planeta cheio de robôs que trabalhavam em plantações e não falavam erros de português. Aquela história era um tanto idiota, mas achavam que Démeter ia acreditar.

                O robô estava frente a frente com a deusa. Ela estava de pé, assustada, pois nunca tinha visto um robô de perto. Perséfone também estava meio confusa, nunca tinha visto também.

                - Como você conseguiu chegar ao meu planeta? – ela disse, apontando o cajado para Marvin.

                - Eu vim junto com os humanos aqui – ele apontou para a fila de empregados, e os três humanos saíram dela. James estava absolutamente nervoso, tremendo, suando frio. Tentou sorrir para Démeter. Caroline não estava muito diferente, mas um tanto mais calma. Douglas como sempre, não se exaltou com nada.

                - Humanos?! – Démeter se impressionou mais ainda, e deu uma grande risada – Os últimos que estiveram aqui foram assassinados após a segunda frase.

                - Ah sim interessante – Marvin disse extremamente desanimado. Em seguida se virou para os humanos e perguntou baixinho – preciso fazer isto mesmo?

                Douglas ficou com vontade de dar uma surra em Marvin. Fez um gesto com as mãos para ele que provavelmente queria significar “vai, vai, continue!”.

                - Então... – Marvin virou-se para Démeter e continuou a falar desanimado – Eu e esses humanos aqui viemos para levar a senhora para um maravilhoso passeio em um lote das Indústrias Cibernéticas de Sirius, e...

                - Não, eu não vou a lugar algum – interrompeu Démeter – não saio deste planeta de jeito nenhum!

                - Não? A senhora não gostaria de ver os robôs agricultores? – disse Marvin.

                - Robôs agricultores?! – ela disse e deu uma grande risada – Eu detesto robôs, são feitos de metais que poluem as plantações, falam muitos erros de português, e se são agricultores, não devem trabalhar bem.

                “Quanta bobagem, essa velha não se convence logo” resmungou Marvin. Os humanos não iriam ajudá-lo de jeito nenhum, e melhor que não ajudassem mesmo. Era melhor que não se arriscassem a falar alguma coisa e serem mortos ali.

                - A senhora já ouviu falar da Revolução Industrial?

                - Não, e não estou interessada nisso – ela disse, sentando-se em seu trono e cruzando os braços.

                - Pois bem, depois de muitos séculos trabalhando com seu próprio suor – ia contando Marvin. Não queria fazer aquilo, não sabia o porquê de estar ajudando aqueles humanos. Estava cansado. Se fosse humano, daria um bocejo – as pessoas construíram robôs. E depois de muitos éons, sabe como os robôs ficaram senhora Démeter?

                - Como? – ela até que ficou um tanto curiosa.

                - Não conte para ninguém – disse Marvin olhando para os lados, e se aproximando de Démeter. A deusa ficou ainda mais curiosa, chegou a inclinar-se para frente para ouvir melhor – os robôs ficaram mais inteligentes. Aqui no seu planeta a senhora não usa nenhum tipo de máquina não?

                - Não mesmo, só uso o trabalho e o suor dos meus operários – ela disse convencida.

                - Já imaginava – disse Marvin.

                 Douglas então entregou o Guia do Mochileiro das Galáxias para o robô depressivo. Ele encontrou imagens de colheitadeiras, tratores e outras máquinas usadas nas lavouras. Mostrou-as para Démeter, que ficou um tanto confusa. Marvin começou a explicar:

                - Sabe, esses robôs que a senhora está vendo, cada um deles vale por 50 trabalhadores seus. Fazem o serviço muito mais rápido que esses seus... Empregados – Marvin se esforçou muito para não colocar um xingamento no lugar de “empregados – e o melhor de tudo – o robô baixou a voz para criar mais suspense – eles não falam erros de português.

                - O que?! – Démeter se espantou – Mas sempre que eu ouço falar de robôs, ouço que eles falam absolutamente errado.

                - É tudo mentira senhora Démeter. Os robôs vêm programados para serem perfeitos, não falam nenhum erro sequer. Alguns até não falam!

                James estava impressionado. Todos estavam impressionados na verdade. Marvin sabia muito bem conversar e convencer as pessoas.

                - Imagine – continuou o robô – essas máquinas trabalhando aqui no seu planeta, produzindo muito mais, quantidades maiores de alimentos, gerando mais dinheiro, e tudo mais.

                Démeter pareceu gostar da ideia. Encostou-se ao seu trono e ficou pensativa.

                - Então, tem certeza que não quer vir conosco? – disse Marvin – Só dar uma olhadinha nos robôs, e se a senhora quiser, pode trazê-los para aqui também.

                A deusa pensou e pensou. Até que pegou seu cajado, ficou de pé e disse:

                - Tudo bem, eu vou.

                Os humanos ficaram animados. Mentiriam que iriam levar Démeter para ver os robôs, mas na verdade iam levá-la para o Olimpo, e concluiriam a missão. James já ia dar um abraço em Caroline quando Démeter disse:

                - Mas como eu vou saber que isso tudo não é uma armadilha? – ela falou olhando para os humanos – vocês podem muito bem mentir para mim e sequestrarem-me.

                - Impossível senhora Démeter – disse Marvin – Eu sou um robô, robôs são programados para serem perfeitos e não podem mentir. Se eu mentisse para a senhora, provavelmente seria desativado imediatamente.

Nota do Guia: Isto na verdade, era verdadeiramente verdade. A maioria dos robôs das Indústrias Cibernéticas de Sirius eram programados para não contarem mentiras. Mas de algum jeito desconhecido, Marvin conseguiu contornar essa regra e mentir a favor dos humanos.

                - Certo, irei com vocês – ela disse, e em seguida se virou para Perséfone – você minha filha, vai ficar aqui cuidando de tudo. E...

                - NÃO! – James e Caroline gritaram ao mesmo tempo. Tinham de levar Perséfone para Hades, ou ele provavelmente ficaria bravo e os mataria.

                - Concordo senhora Démeter – disse Marvin – Perséfone é sua sucessora, seria interessante ela conhecer melhor esse novo mundo tecnológico, e também pode cuidar da senhora, para que não seja sequestrada...

                - Sim, pensando bem, é melhor assim – ela disse olhando para Perséfone, que ficou um tanto revoltada.

                - Mas mãe, eu não quero ir!

                - Nem mais nem menos, você vai e pronto – disse Démeter, como uma verdadeira mãe.

                Depois de uma pequena discussão com Perséfone, a deusa da agricultura desceu para cumprimentar os humanos. Marvin explicou que eles geralmente falavam erros de português, mas que Démeter teria de aguentá-los. Ela cumprimentou um por um, e enfim disse com um sorrisinho no rosto:

                - Será um prazer viajar com vocês.

***

                Démeter disse que iria arrumar suas coisas, e deixou os humanos e Marvin em uma sala aconchegante com sofás de couro e muitas outras coisas chiques. Perséfone ficou lá com eles, meio que “tomando conta”. Pleo Dito voltou a fazer o seu trabalho junto com todos os outros empregados, pois os exames foram suspensos.

                Estavam esperando Démeter naquela salinha. Tinha uma lareira aconchegante, janelas que mostravam as milhares de plantações lá fora, e um forte cheiro de cereais. Tocava até música no fundo, James podia jurar que era “Funiculi Funicula”. Enquanto escutavam aquela música baixinha, todos estavam em silêncio. James estava sentado num sofá ao lado de Caroline, Douglas olhava pela janela e Marvin estava em um canto. Perséfone estava na porta da sala.

                - Vocês são da Terra é? – ela perguntou encostada na parede desanimada.

                - Sim, somos – disse James, tentando esboçar um sorriso.

                Perséfone olhava fixamente para James. De uma hora para outra, ela disse:

                - Senhor...

                - James, James Brandini – ele disse, concluindo que Perséfone havia esquecido seu nome.

                - Ah sim, James... Acompanhe-me por alguns instantes aqui.

                Ela o levou para o corredor. James não fazia ideia do que ela queria, mas pela primeira vez reparou bem nela. Tinha cabelos negros, rosto absolutamente lindo e jovem, olhos verdes absolutamente escuros. Usava um vestido negro e muito apropriado para ela.

                Rapidamente, ela pegou James e com violência o colocou contra a parede. Deixou seu corpo e rosto muito próximos do dele, sendo que o professor sentiu a lenta respiração de Perséfone e o perfume dela. O perfume... Tinha um cheiro estonteante, James ficou com uma grande vontade de beijá-la. Com isso em mente, olhou para os lábios dela. Eram carnudos e muito lindos.

Nota do Guia: James ficou absolutamente excitado e com vontade de beijar Perséfone nesse momento, e nem se passou pela cabeça dele que na verdade ele gostava de Caroline. Ele simplesmente se esqueceu de Caroline, tanto que foi criada uma nota para mencionar isto.

                Perséfone aproximou mais o seu rosto, olhou no fundo dos olhos de James, e disse: 

                - O que vocês estão planejando?

                James foi pego de surpresa. Achou que ela ia dizer algo sensual, mas não. E porque ela estava desconfiando deles?

                - Nós? N-não planejamos n-nada... – ele disse gaguejando.

                - Não? – ela disse, ainda olhando fundo nos olhos de James. O professor também olhou fundo nos dela. Conseguiu ver um jardim dentro deles. Um jardim escuro, cheio de flores murchas. Ela se afastou só um pouquinho, e enquanto passava as mãos pelo ombro de James, ia dizendo – Professor James, minha mãe pode até ter ficado maluca por estar muito tempo fechada aqui neste planeta... Mas eu não. Sei que vocês estão planejando alguma coisa, alguma armadilha...

                “Ela sabe!” foi a única coisa que ele conseguiu pensar. O que ela faria se descobrisse tudo realmente? Não, melhor não pensar naquilo. Olhou de novo para a boca carnuda dela. Perséfone aproximou os lábios dela aos dele, mas não o beijou. Afastou-se dele de uma hora para outra e foi para a sala, deixando o professor muito frustrado.


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Notas finais do capítulo

Que tal o James não é? Quaaaaaaaaaaaaaase pegou ela kkkkk
Então, gostaram? Odiaram? Certo...
(E hey... alguém ai está sentindo um cheirinho leve de 'reta final'?)
Até o próximo ;*