Sex, Universe, And Rock N Roll escrita por Jonathan Bemol, Roli Cruz


Capítulo 28
E.P.V.T.E.F.C.A.L.I.P.D.D.P.D.


Notas iniciais do capítulo

Desculpem pelo título.
Mas enfim, apareçeu a famosa e falada deusa Démeter! (Depois me falem o que acharam dela :3 kkk)
Espero que gostem desse capítulo, desculpem a demora -.-'
Para os mochileiros/nerds de plantão, feliz dia da toalha!
Boa Leitura ;)



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– Porque isso? Porque não falar erros de português? – Caroline disse, lidando como se aquilo fosse um absurdo.

Pleo Dito se assustou, e correu tampar a boca de Caroline.

- Cale a boca! Você quer uma matança aqui dentro?!

O alienígena roxo soltou Caroline, e os três humanos ficaram olhando para ele assustados. Não haviam entendido que história era aquela de não falar erros de português (nem qual foi o erro da frase de Caroline). Então, Pleo Dito acalmou-se e serviu um chá que estava ali a um bom tempo.

- Quando Démeter chegou aqui – ele ia dizendo, enquanto dava as xícaras de chá para os humanos – estava tudo uma bagunça. As plantações eram todas misturadas, os fazendeiros não se comunicavam entre si, era um caos.

Ele ofereceu cadeiras para os humanos sentarem, e eles o fizeram. Pleo Dito sentou em seu banquinho.

“Então a deusa resolveu organizar tudo, para produzir muito mais, etc. E instituiu que todos os fazendeiros, trabalhadores, agricultores, todos que trabalhavam antes e iriam trabalhar nesse planeta, deveriam falar corretamente o português. Porque as pessoas têm certo preconceito contra quem trabalha no campo, pensam que são todos caipiras que falam tudo errado. Démeter decidiu exterminar esse preconceito, e obrigar todos a falarem corretamente.”

- Ah – Douglas disse bem alto – não deve ser tão difícil assim!

- Shh! – disse Pleo Dito, baixinho – não gritem alto desse jeito! Aqui nesse planeta, Démeter ouve praticamente tudo. E é bem mais difícil do que parece senhores!

Os humanos recuperaram a atenção.

- Démeter simplesmente acaba, destrói, assassina quem falar algum erro perto dela, não importa quão pequeno seja. E também tem histórias dos trabalhadores que falavam erros quando ela estava longe. Assim que falavam algo errado, eles desapareciam uns 2 ou 3 dias depois, nunca mais eram vistos...

- Mas você fala muitos pleonasmos senhor – disse Caroline, baixinho – como ainda está aqui vivo?

- Pleonasmo não é erro de português, é vicio de linguagem. Mas tomem cuidado! Démeter não suporta três vícios de linguagem: pleonasmo, metonímia e catacrese.

- O que? Agora eu boiei... – disse James.

- Pleonasmo é quando você fala a mesma coisa duas vezes. “Subir pra cima”, por exemplo – explicava Caroline – metonímia é quando você substitui um termo por outro. “Comi dois pratos de arroz”. Você não come o prato, e sim o arroz. Catacrese é quando você usa alguma palavra que não descreve exatamente o que quer dizer. “Pé da cadeira”, “asa da xícara”... Xícara não tem asa!

- Exato! Muito bem senhorita Caroline! – disse Pleo Dito, com um sorriso.

- Mas isso não explica como você está vivo ainda – disse James.

- É porque mesmo Démeter odiando, esses termos fazem parte do português, e eles tinham de ficar em algum lugar. Ou seja, só tem três pessoas neste planeta, contando comigo, que podem falar esses termos.

“E uma última coisa: Démeter tem uma visão especial. Quando você fala alguma frase, a deusa vê em cima de sua cabeça a frase que você falou. Ela vê como você escreveria essa frase, então vocês têm de acertar na grafia também!”

- Tá, eu desisto – disse James – isso é uma missão suicida! Não existe ninguém que fale tudo corretamente assim!

Os humanos pensaram um pouco, e perceberam que aquilo era tudo muito difícil. Como iriam conseguir resgatar a deusa com todas aquelas regras? De repente, Douglas disse:

- Mas é claro que existe alguém que não fala erros de português! – ele falou, e em seguia correu, saiu para fora da casinha.

***

No meio de todas as espetaculares plantações do planeta Demetriures, havia um grande palácio. Um palácio majestoso, de vários metros de altura e largura.

Era cinza, com belíssimos detalhes nas paredes, janelas, portas, em tudo. Mas nem dava para ver a cor cinza, porque ele era coberto de plantas. Parreiras para ser mais exato. O formato era parecido com a maravilha “Jardins Suspensos da Babilônia”, mas existiam pequenas diferenças.

Dentro havia centenas de cômodos com diferentes atividades em cada um deles. O mais majestoso e belo era a Sala do Trono. Lá ficava a deusa Démeter e recebia os fazendeiros e agricultores. Ela dava instruções e ordens para cada um dos trabalhadores, e os mesmos faziam tudo direitinho, como ela queria.

Era o dia 589 do calendário Demetriurense. Nesse dia, estava sendo realizado o EPVTEFCALIPDDPD, ou desabreviando: Exame-Para-Verificar-se-os-Trabalhadores-Estão-Falando-Corretamente-A-Lingua-Imposta-Pela-Deusa-Démeter-no-Planeta-Demetriures. Neste dia, a deusa fazia com que todos os trabalhadores fossem ao seu palácio, para que ela verificasse se eles estavam falando corretamente o português.

Aquele dia era chato para Démeter. Mas tinha de conferir se estavam falando corretamente, não podia deixar que voltassem a falar que o seu planeta só tinha caipiras idiotas que não sabiam nem ao menos conjugar um verbo corretamente.

Ela estava sentada em seu lindo trono encomendado direto das Indústrias Cibernéticas de Sirius. Aquele trono era de ouro puro, e muito confortável pra falar a verdade. Gostava muito daquele trono.

Os trabalhadores se aproximavam um de cada vez. Havia uma fila enorme no começo da sala, dois guardas cuidando da mesma. Do lado do trono da deusa, estava sentada sua filha, Perséfone. Ela não queria estar ali, mas anunciava quem iria ser o próximo trabalhador a ser avaliado.

- Descartado Renêncio – disse ela, olhando no papel em sua mão – trabalha plantando trigo e outros cereais.

- Aproxime-se! – disse a deusa.

O senhor Descartado Renêncio se aproximou um pouco do trono. Démeter estranhava aqueles trabalhadores, todos tinham nomes absolutamente esquisitos. Mas essa era uma das coisas que não podia mudar lá, senão tudo ficaria muito confuso. Descartado Renêncio. era um homem alto e muito magro, tinha uma longa barba, vestes extremamente simples, e parecia estar muito nervoso. Ele fez uma grande inclinação e depois voltou a ficar ereto.

- Então senhor Renêncio – disse a deusa, olhando-o com certo preconceito – você trabalha nas plantações de trigo?

- Sim, trabalho...

Démeter deu uma risadinha. Os empregados sempre evitavam ao máximo possível falar naquele dia. Tinham medo que ela achasse algum erro no que falavam.

- Me fale um pouco sobre sua rotina senhor Renêncio – ela disse, já com seu cajado na mão.

- É... Bem... – a deusa podia notar que aquele empregado estava extremamente nervoso – eu... Ah sim, eu acordo! E depois de acordar, eu...

“Assim vou ficar o dia inteiro aqui” pensou ela. Então decidiu fazer um teste padrão.

- Certo Renêncio – ela disse, interrompendo-o, e com o seu cajado mágico, fez com que uma cadeira que estava em um canto da sala levita-se até o seu lado – vamos a um simples teste, para apressarmos as coisas. Diga-me cinco nomes para este objeto – ela olhou para a cadeira que estava fazendo levitar.

- Cinco? Certo... – ele ainda estava nervoso, suando frio, com as mãos em sua barba – Cadeira... Mobília...

Enquanto ele falava, Démeter via em cima da cabeça de Descartado Renêncio tudo o que ele falava. Como ele escreveria o que estava dizendo.

- É... – ele continuou – Hum... “Objeto-Para-Sentar”... – Démeter ficou em dúvida se aquilo era certo ou errado, mas deixou passar – já foram três... Então... Acento...

- Vish – resmungou Perséfone.

Naquele momento, a cadeira parou de levitar, e quebrou caindo no chão.

- Acento!? – gritou Démeter, que ficou extremamente nervosa de uma hora para outra. Levantou-se da cadeira e apontou seu cajado para Renêncio – Se escreve “assento” imbecil!

- Desculpe! Desculpe! – ele dizia, cobrindo o rosto com as mãos.

Uma luz saiu do cajado e atingiu o pobre trabalhador. Em menos de cinco segundos, ele virou pedra e despedaçou-se, deixando apenas farelos que foram varridos pela princesa Perséfone.

- Menos um maldito ignorante – a deusa disse, sentando-se novamente, enquanto Perséfone varria o chão.

- Por que ser tão cruel mãe? – ela perguntou.

- Não sou cruel, sou firme – a deusa respondeu.

Assim que se sentou, escutou alguém gritar naquela fila de empregados do fundo do salão.

- Esse palácio é um lugar de morte, assassinatos!

Démeter ficou brava. Não por causa do comentário que o palácio era maligno (pois realmente era), mas sim pelo erro contido na frase. Ela se levantou e gritou:

- Se estamos dentro do palácio, se fala “este” e não “esse”! – pegou o cajado e apontou para os trabalhadores – quem disse isso?!

Houve vários segundos de silêncio. Ninguém ousou responder. Até que uma voz diferente, uma voz um tanto rouca respondeu lá no fundo:

- Eu! – e alguém começou a abrir caminho no meio dos empregados.

Démeter não tinha visto ainda quem era, mas não tinha sido aquela pessoa. A voz era muito diferente.

- Tenho certeza que não foi você! – disse ela, enquanto a criatura se aproximava – sua voz é absolutamente...

Mas ela não conseguiu completar a frase. Ficou chocada quando viu quem falou. Nunca imaginaria que “aquilo” conseguiria em alguma hipótese chegar a seu planeta. Ficou um bom tempo olhando para o robô branco de olhos verdes e cabeça grande.

- Meu nome é Marvin, fui eu quem falou. Agora fique a vontade para me matar.


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Notas finais do capítulo

Ooooohh o que será que o Marvin está fazendo lá???
Aguardem, o próximo capítulo está imperdível!
Mereço reviews?
Muito obrigado, até o próximo!