Sex, Universe, And Rock N Roll escrita por Jonathan Bemol, Roli Cruz


Capítulo 18
Panis et Circenses


Notas iniciais do capítulo

Muito obrigado pelos reviews dos últimos caps! E desculpem a demora para postar!
Enfim, esse capítulo faz uma grande e direta referência à música "Panis et Circenses" dos Mutantes.
Espero que gostem, boa leitura!



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E iam viajando pelo espaço. Tinham usado o Motor de Improbabilidade Finita uma vez, já tinham percorrido metade do caminho, e esperavam o motor recarregar para usarem outra vez. James ficava imaginando o que havia na caixa, mas não conseguia decifrar.

                - James, pare de batucar nessa caixa! – disse Caroline.

                - Eu preciso saber o que tem aqui! Estou me mordendo de curiosidade!

                - Morre que passa professor – disse Caroline, mas depois percebeu o que tinha dito – é... desculpa...

                - Não, tudo bem – disse ele meio triste, e continuou analisando a caixa. Por conta daquele comentário, Caroline parou de implicar, e foi falar com Douglas, que estava conversando com Marvin em um canto.

                - Quando vamos chegar ao planeta Douglas?

                - Daqui a uns 5 minutos aciono o Motor de Improbabilidade, e então chegaremos.

                - Aliás, que planeta é?

                - É uma Lua na verdade, uma das 3 luas de um pequeno planeta chamado Equosporcum – disse ele, olhando no papel que Hermes tinha entregado a ele – temos de entregar a caixa para um senhor chamado Retornulum Louviquom.

                - Nossa, que nome estranho não?

                - Já vi piores – disse Marvin.

                - Quais?

                - Você não gostaria de saber.

                Caroline deixou Marvin conversando com Douglas e foi sentar-se em um sofá. Estava cansada daquelas viagens. Já tinha feito coisas bastante estranhas na Terra, mas nem tanto. Nunca, nem em seus sonhos mais loucos ela imaginava que ia fazer viagens como aquelas, conhecer deuses, e tudo mais.

                Douglas conversava com Marvin. Contou para o robô da bomba que havia pegado de Gerion.

                - Então, essa bomba tem capacidade de explodir um planeta inteiro, não importa o seu tamanho!

                - Interessante... e você está pensando em explodir um planeta com ela?

                - Mas é claro! É muito improvável encontrar uma bomba dessas! Mas Marvin... qual planeta vamos explodir?

                - “Vamos?” Não me ponha no meio disso. E tanto faz qual planeta você vai explodir, ainda existem bilhões inteiros por ai.

                Douglas pensou naquilo por alguns minutos, e decidiu guardar a bomba em sua mochila de novo.       

                Depois de um tempo, Douglas acionou o Motor de Improbabilidade, e eles chegaram ao destino. Os três olharam pela janela, e viram um grande planeta de cor marrom. O planeta era fantasticamente grande. Fantasticamente grande no caso, é um planeta do tamanho de 500 Terras aproximadamente. Douglas virou um pouco a nave, e viram a lua em que iriam pousar. Ela era verde, com águas vermelhas.

                Então pousaram. A porta se abriu, e eles sentiram um forte cheiro de pizza, e um pouco de dificuldade para respirar. Colocaram a grande caixa num carrinho de levar caixas, e saíram da nave. Marvin decidiu ficar como sempre.

                O planeta tinha uma névoa muito sinistra e grande. Não dava pra ver quase nada. Parecia mesmo um solo lunar, cheio de crateras de todos os tamanhos. Algumas flores saíam do solo verde, James não sabia como, pois o solo era extremamente duro.

                Havia várias mesas de jantar espalhadas por lá. Cada uma com quatro pessoas, que comiam ou jogavam cartas. Não faziam nada além disso. Os três humanos chegaram perto de uma das mesas. Os ocupantes eram muito velhos. Dois deles jogavam cartas, e outro comia um prato de sopa. O quarto integrante da mesa estava morto.

                - O que aconteceu com ele? – perguntou Caroline, apontando para o velho morto.

                - Está morto, por alguma doença, velhice ou qualquer outra bobagem – respondeu um dos velhos que jogavam cartas.

                - Mas... vocês não vão enterrá-lo, cremar? Vão deixar ele apodrecendo ai?

                - Não – disse ele, jogando uma carta – depois que terminar essa rodada, vou usar o desfibrilador nele, ressuscitá-lo, e ele vai voltar a jogar com a gente, ou comer um prato de sopa.

                - Vocês ficam a vida inteira fazendo isso?

                - Claro, os políticos aqui mandam a gente fazer isso, e obedecemos.

                - Mas... – Caroline ia questionar, então Douglas a puxou para trás e disse:

                - Caroline, uma das coisas que você não pode fazer no Universo, é questionar ou tentar mudar o modo de governo de um povo. Mesmo que pareça absurdo, vamos tentar deixar do jeito que está, certo?

                - C-certo – disse ela, mas ainda brava.

                Continuaram andando pela lua, vendo as mesas em que as pessoas apenas comiam, bebiam, morriam e nasciam de novo. Procuraram o tal de “Retornulum Louviquom” por lá, mas não encontravam. Até que James avistou um guarda, em pé de guarda ao lado de uma mesa. Foram falar com ele.

                - Senhor guarda – disse Douglas, e o homem virou para escutar – o senhor conhece alguém chamado Retornulum Louviquom?

                - Infelizmente o senhor Louviquom está, é, trabalhando em seu escritório. Vocês podem ir até lá, mas ele com certeza não vai atendê-los.

                - Pode nos levar até lá? – perguntou James.

                - Claro. Por favor, sigam-me!

                Ele foi andando de um jeito muito estranho, e os três o seguiram. Passaram por várias e várias mesas em que velhos faziam a mesma coisa, até que chegaram perto de uma grande cama.

                A cama era grande mesmo, um tanto maior do que uma de casal. Tinha vários lençóis e cobertores nela, e deitado estava um homem. Ele usava um terno muito elegante, tinha um bigode enorme, e vários telefones perto dele.

                - Senhor Retornulum Louviquom? – perguntou Caroline, aproximando-se.

                - Sim, sim, o que desejam? Por que não estão em suas mesas? – ele tinha uma voz espetacular, e Caroline ficou com vontade de se sentar em uma daquelas mesas, mas continuou falando.

                - Viemos de muito longe, trazendo uma encomenda dos deuses para o senhor.

                - Oh sim, onde está ela?

                Eles entregaram a caixa a ele. Ele deitou a caixa na cama e começou a abri-la. Os três humanos ficaram assistindo, curiosos. Enquanto Retornulum abria a caixa lentamente, Caroline perguntou:

                - Por que as pessoas aqui não fazem nada além de comer e jogar?

                - Ah, sabe minha filha, eu sou encarregado de controlar esse planeta, sou o líder, e tudo mais. Meu dever é dar a população bem estar. E eles estão tendo bem estar não? Tudo o que esses velhos idiotas precisam é de comida e diversão – ele disse, ainda abrindo a caixa.

                - Não! As pessoas precisam de muito mais que isso! Como você faz uma coisa dessas?! E como eles aceitam isso!?

                - São velhos idiotas. Tem medo de mim e dos policiais que aqui vigiam. E ninguém pode questionar minhas ideias, então fique quieta mocinha.

                - O que?! Você faz isso com as pessoas, e elas não fazem nada contra? Eu vou fazer alguma coisa! – ela saiu gritando e pisando duro. Douglas e James ficaram perto da cama, olhando o político terminar de abrir a caixa.

                Dentro dela havia um tipo de aspirador de pó. Com vários tubos a mais, mas nada muito incomum. O político Retornulum Louviquom pegou um papel que veio junto na caixa, e ficou lendo. Douglas então disse:

                - Já fizemos a entrega, então acho que podemos ir...

                - Não! – disse o político de repente – fiquem aqui, preciso que levem uma coisa para os deuses ainda.

                Eles ficaram parados então, olhando ele ler o pequeno papel. Depois que ele terminou, o político deu um grito:

                - Ah não! Não pode ser...

                - O que é? – perguntou James.

                Quando passou o olho pelos humanos, o político parou de reclamar e abriu um sorriso.

                - Bem... vocês conhecem Hércules, dos mitos gregos não? Poisé, uma das 12 missões dele, foi limpar os Estábulos de Aúgias. Aqueles estábulos nunca haviam sido limpos, e tudo mais.

                - Então Hércules desviou um rio, e fez eles ficarem limpos, eu lembro – disse James.

                - Isso mesmo. Mas acontece que os estábulos, bem, ficaram sujos novamente. E com a decadência do Olimpo, nenhum deus mandou algum herói para limpá-lo, e os estábulos aumentaram, e a sujeira também. Tanto que hoje eles ocupam um planeta inteiro...

                - Um planeta inteiro de esterco? – disse James impressionado.

                - Eu sei que parece com a Terra, mas é bem pior! Então, Hermes me enviou esse aspirador para que eu limpe os estábulos. Mas estou com preguiça e...

                 Douglas percebeu o que aquele político ia pedir, então disse “Infelizmente temos de ir!” puxando James para longe. O político gritou:

                - Fiquem onde estão! – vários policiais se aproximaram dos dois humanos – vocês vão limpar os estábulos para mim! Vão acabar com a sujeira!

                - Não! – disse James – a nossa missão era apenas entregar esse negócio, e voltar ao Olimpo!

                - Então está bem. Fujam, e eu ligo para Hermes dizendo que vocês não me entregaram o que ele enviou – todos ficaram em silencio. Retornulum percebeu um olhar irônico de James, e disse – você acha que ele ia acreditar em vocês, meros macacos, e dizer que eu, um político renomado, estou mentindo?

                Eles ficaram em silencio novamente, então James disse:

                - Que planeta é?

                - É esse grande planeta, do qual essa lua pertence.

                Os humanos olharam para cima, para o planeta completamente sujo, do tamanho de 500 Terras, que teriam de limpar completamente.


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Notas finais do capítulo

Gostaram?
Este fez crítica não aos políticos como pareçe, mas sim as pessoas ignorantes, que aceitam o que os políticos falam e fazem.
Até o próximo!