Weasley e eu saímos daquele lugar, assim que tomei o controle devido de minhas pernas. Minha coordenação motora ficou bem afetada depois daquele maldito feitiço. Fiquei me sentindo uma criança, aprendendo a dar os primeiros passos. Apoiei-me o tempo todo em Ron, o que sinceramente não foi assim tão ruim.

Mas não tínhamos era tempo pra ficar de romance. Precisávamos encontrar Harry e Hermione. O problema era que nem fazíamos idéia de como fazer isso. O plano de Rony foi voltarmos para a casa de seus pais, e esperar que eles acreditassem em mim.

Bem, isso seria mais difícil do que parece, já que eu fui uma das primeiras a abandonar Hogwarts quando as coisas começaram a dar errado. Durante a guerra entre os alunos e professores da escola, contra Voldemort, enquanto Harry e os outros lutavam para proteger a escola, e o próprio Harry.

Sempre me senti uma covarde por não ter ficado e lutado junto deles. Mas as conseqüências me levaram a fugir. Essa era a parte sobre mim, que Rony assim como os outros não sabiam. E por enquanto continuariam sem saber...

Quando chegamos à casa dos Weasley, como era de se esperar, fui recebida com certa rispidez. Principalmente por Gina:

-O que ela faz aqui? –ela perguntou-

-Harry e Hermione sumiram... –diz Rony franzindo a testa-

-O que? –ela se indigna- Justo quando ela aparece? Isso não é uma grande coincidência?

-Eu tentei avisar... –respondi-

-O que aconteceu Ron? –perguntou sua mãe preocupada-

-Nos pegaram em uma emboscada... Não sabemos quem foi.

-Ela ta metida nisso. Tenho certeza... –continuou Gina me insultando-

-Fica quieta Gina... –diz Rony fazendo valer sua autoridade de irmão mais velho-

-Gina vá chamar seu pai... –diz a senhora Weasley-

Ela sai bufando porta a fora enquanto mantém os olhos em mim, como se quisesse me expulsar a ponta pés dali. Sentei-me em um dos sofás velhos da casa, ainda sentindo dor nas pernas que começaram a formigar.

-O que ouve com ela? –pergunta Molly-

-Um feitiço Petrificus Totalys, de um tipo que não conhecemos...

-Me deixa dar uma olhada nisso... –Molly se abaixa e leva as mãos ate meus joelhos- Hm... –ela analisa- Precisa de um pouco de ervas e água quente! Fique aqui, vou providenciar...

Gentilmente, ela se retira da sala, deixando Rony sozinho comigo. Com as mãos na cintura ele caminha de um lado para o outro enquanto pensa. Olhei para ele e disse:

-Vai me deixar tonta assim...

-Não posso ficar aqui parado enquanto o Harry e a Hermione estão sabe lá nas mãos de quem...

-Ficar andado feito uma barata tonta não vai ajudar. Alem do mais, sua mãe apenas ficara mais nervosa...

-Que saco... –ele chuta o pé de uma cadeira inocente-

-Olha a língua garoto. –repreende o senhor Weasley-

-Senhor Weasley?! –digo querendo levantar-me em respeito-

-Fique sentada minha jovem... –ele diz sério, mas gentil- Não há necessidade de formalidades...

-Prontinho. Aqui está! –diz Molly voltando para a sala com uma bacia com água e ervas em seu interior- Vamos Rony conte a seu pai o que aconteceu...

Rony começa a contar tudo que sabia, enquanto sua mãe tratava de minhas pernas com as ervas medicinais que plantava em seu próprio pomar. Provavelmente ervas mágicas, para lidar com a magia usada naquele feitiço.

-Por que alguém faria isso? –pergunta Arthur intrigado- Após a morte de Voldemort não restaram inimigos de Harry Potter.

-Talvez seja alguém que seguia o Lord... -diz Molly-

 -Mas quem?

-Pergunta pra ela... –diz Gina do canto da sala-

-Ah não... –Rony revira os olhos- Para com isso Gina. Já estamos com problemas demais...

-Não. –disse eu- Ela tem razão... Não deveriam confiar em mim...

-Quando teve oportunidade de provar de que lado estava ela fugiu. Como um rato. –continua a ruiva furiosa-

-Gina Weasley, onde estão seus modos? –diz a senhora Weasley franzindo a testa-

-Eu sinto muito. –eu disse me levantando- Não deveria ter vindo...

Caminhei mesmo com dificuldade, mas já sentindo o efeito das ervas em minhas pernas. Dei alguns passos ate a porta percebendo que ninguém fez questão de impedir que eu fosse embora. Era obvio que mesmo com as gentilezas eles não me queriam ali. O único que se propôs a ir atrás de mim, foi Rony. Que me parou assim que me pus a descer os degraus do lado de fora da modesta casa.

-Espera aonde voce vai? –pergunta ele olhando para meus movimentos difíceis-

-Procurar Harry e Hermione... –digo séria-

-Sozinha voce não vai... –ele afirma-

-Ta na cara que ninguém me quer aqui Ron. E eu não sou besta de ficar em um lugar onde não sou bem vinda.

-Eles são meus amigos, então se voce vai procurar por eles eu também irei...

-Meus amigos também Rony, meus amigos também... –me virei e desci a escada-

Afastei-me da humilde residência dos Weasley começando a sentir minhas pernas voltando ao normal. Agradeci mentalmente a senhora Weasley, e deixei Rony ali. Talvez não tivesse sido uma boa idéia voltar a procurar por eles. Mas como eu ajudaria o Harry, senão voltasse. Eu tinha uma divida com ele. Com todos eles... Não podia deixar de pagar.

Porem era mais provável que meu dever fosse fazer isso sozinha. Longe daquelas pessoas, que guardavam profundas magoas de mim. Por mais gentis e doces que fossem. Eles não me queriam por perto, e como uma boa aluna da Sonserina eu conhecia meu lugar.