Anna Clara POV

— Esse sorvete é uma delícia! Sério, nem se compara com os que eu já comi.

— Falei que você ia gostar — Fez cara de vitorioso.

— Hm, isso é por você me fazer correr que nem uma maluca — Passei sorvete no nariz dele.

Niall ria muito. E como era bom ouvir a risada dele. Sem contar que a risada dele contagia qualquer um. Isso estava tão incrível. Eu queria ele do meu lado pra sempre. "Hmmm", esse meio termo ecoou na minha cabeça. Ninico estava vermelho, que fofo!

— Cara, você é muito boba — Rimos — Agora é minha vez... Isso é por eu não ter te conhecido antes.

Ele passou sorvete no meu nariz. Eu fiquei mais vermelha que sei lá o que! Foi muito bom ouvir isso dele. Eu estava sorrindo de orelha a orelha, como uma boba realmente.

Terminamos nossos sorvetes, nos limpamos e fomos embora.

Ele disse que me levaria à um lugar especial. Mesmo sabendo que estava tarde, aceitei. Era o Niall Horan, ele não me levaria a um lugar ruim, pensei.

— Aqui estamos — Ele colocou as mãos no bolso.

— Deus, o Tâmisa é lindo! Nossa. Que cenário... — Me calei. Se eu falasse "romântico" ia parecer uma indireta. Ou não? Sei lá!

— Romântico? — Ele me encarou.

— É... — Falei mais pra mim do que pra ele.

— Hm, concordo — Rimos. 

— Tenho vontade de fazer uma coisa!

Lembrei de um filme em que o casal passeava por alí e a menina girava em volta de um "poste".

— O que? — Niall quis saber.

— Isso — Comecei a girar. — Bobo né? Mas sei lá, sempre quis fazer isso.

Ele riu e me encarou. E por segundos — que no fundo pareceram horas, pelo menos pra mim — eu fiquei olhando para ele. Aquele olhar, aquele sorriso, ele... Ele mexia comigo.

Acordei pra vida! me lancei do poste, e corri.

— Ei, onde você vai? — Niall estava correndo em minha direção.

— Não sei — Sorri e continuei.

— Anna! — Ele me puxou pra perto dele — Boba.

Estávamos muito próximos. Ele fez carinho no meu rosto. E com a outra mão, segurou a minha. Meu corpo estava arrepiado, e toda essa sensação era nova. Eu transbordava felicidade. Minha respiração estava totalmente fora do rítimo. E a respiração dele estava calma. Meu olhar se direcionava da boca dele para os olhos e vice versa. Quando percebi, nossos lábios estavam selados. Ele pediu passagem com a língua, e essa logo foi dada. O beijo era gostoso, demorado, no rítimo certo. E como eu já disse, repleto de uma sensação nova. Tudo alí era muito bom. A mão dele se encontrava em minha cintura, me puxando pra perto dele cada vez mais. Encerramos (infelizmente! mas a gente precisva respirar né) com um selinho.

Ele me olhava bem de perto e sorria. Eu fazia o mesmo. E eu torcia para que isso fosse longe... Não me perguntem por quê.

— Acho que... Preciso ir — Não, eu não quero ir!

— Ahhhh não — Ele me puxou para um beijo denovo.

Empurrei ele com delicadeza e intercalei palavras com selinhos dizendo:

— Preciso ir sim, meu anjo.

— Tudo bem, minha linda. Mas eu quero te ver amanhã, e depois, e depois, e depois, e por aí vai.

— Tá, eu te aguento por mais um tempo.

— Aé? Então senhorita Anna Clara, vá para casa sozinha!

— Awn meu amor. Eu estou brincando. Quero te ver sempre!

— Mesmo? — Me deu um beijo.

— Mesmo — Retribuí o beijo.

— Minha linda. Tá, eu te levo em casa — Deu língua.

— Run — Rimos e saímos de mãos dadas.

SIM, de mãos dadas! Isso me emocionava até. Eu sei, isso é meio ridículo.

Em poucos minutos chegamos na minha casa. Lucas estava sentado na calçada, e assim que me viu, entrou. Que coisa estranha.

— Chegamos.

— É, infelizmente — Nini olhou pro chão.

— Awn — Nos beijamos novamente.

Parecia que a cada beijo, a sensação nova da qual eu já falei, só aumentava. Estranho e incrível. Confuso também, é. Nos despedimos (com muito sacrifício!).

Entrei em casa exalando felicidade.

Nayara POV

O QUE?! Eu estava de boca aberta. Indagada. Gente, eu estou vendo demais. Ou não? Caraca! Eu vi, com esses olhos que Deus me deu, a Anna e o Niall se beijando. Se beijando?! OMG! Foi isso mesmo? Cara, eu tenho que ir lá falar com ela. Preciso saber de tu-do! Eu queria muito acordar Samara para contar o que vi...Mas tadinha, ela estava tão cansada. E bom, vou esperar Anna Clara "respirar" em casa, porque né?!

Ouvi um barulho. Fui na janela ver o que era.

Tinha um "casal" se esfregando na calçada em frente. Que nojo. É, estava muito, muito, muito nojento. O barulho que eu ouvi foi da garrafa de vidro que o menino deixou cair no chão. E o menino... Caralho! Eu com certeza bebi. Ou sei lá! Não, aquele não podia ser o...Harry! As lágrimas já desciam pelo meu rosto. Lágrimas grossas e quentes, lágrimas de raiva. E eu não conseguia controlar isso. Eu nem mesmo entendia. Não entendia o porquê de estar sentindo isso. Na esperança que ainda me restava, forcei a vista, pra ver se realmente era ele. O que só me fez mal. Era ele! Agora eu tinha certeza! Eu estava quebrada. Como naquelas cenas de filme que a menina senta no chão, quer dizer, cai práticamente e começa a chorar descontroladamente; era assim que eu me encontrava.

Ainda chorando — não sei como — no silêncio do meu quarto, ouvi alguém bater uma porta. Olhei novamente pela janela. Não gente, não me chamem de fofoqueira, por favor. Vi Lucas e Anna brigando. Os dois estavam chorando. Eu não entendia, denovo.

Assim que Anna entrou, eu desci pra conversar com o Lucas... Que ainda estava do lado  de fora.

Lucas POV

Desde o café eu me sentia encomodado. Eu estava morrendo de ciúmes da Anna. É, eu sempre gostei dela. Nunca coitei isso à ela com medo de que nossa amizade sofresse com isso. Mas agora, eu estava perdendo ela e não podia fazer nada. Inútil, eu sou um inútil!

Quando eu vi ela beijando aquele cara, por quem ela sempre foi apaixonada, meu coração se dissolveu. Eu só sentia ódio! Não dela, quer dizer, eu acho. Mas dele! Por ter aparecido agora. Mas e agora, o que eu poderia fazer?! Nada! Isso dói. E dói muito!

Meu erro foi ter ido criticar o garoto. Eu sei que ela não gosta disso. Mas eu estava irritado! E agora estamos brigados. Ótimo, eu não sou um inútil, eu sou um burro.

Fiquei sentado na calçada. Aí apareceu um casal nojento do outro lado da rua, então eu resolvi entrar. Mas aí a Nayara apareceu. E ela estava com cara de choro.

— Oi, o que aconteceu? — Ela perguntou sentando-se ao meu lado.

Voltei a chorar e a abraçei. Por incrível que pareça, eu me sentia a vontade para abraçar a Nayara.

— Ah Nay... Eu briguei com a Anna.

— Por que?

— Porque... Ah, porque...

— Lucas, eu sei que a gente se conhece há pouco tempo. Mas não precisa mentir pra mim, nem me esconder nada. Pode falar o que quiser, e se quiser, é claro. Mas conta comigo, ok?

— Obrigado, viu. É que — Respirei fundo — Eu gosto da Anna.

— Gosta como?

— Como namorada! Eu a amo desde sempre!

— Nossa, e ela não sabe disso né?

— É...

— Então eu sei o que aconteceu.

— O que?

— Você sabe que vai perder uma coisa que ama, mas que nunca teve, e não pode fazer nada — E terminada a frase, ela começou a chorar.

— É, isso. Mas por que você está assim, meu anjo?

— Sabe aquele "casal" que estava aqui? — Ela ia limpando as lágrimas.

— Sim.

— Eu amo aquele menino que...— Começou a chorar novamente — ... estava com outra mulher.

 Estávamos conversando de igual para igual. Eu entendo a dor que ela sente.

Ficamos alí conversando por um tempo. Ela me abraçou e ficamos assim, em silêncio.

— Nay?

— Oi.

— Não chora, tá? Aquele menino não te merece. Você é tão linda, tem muita gente por aí. Chorar por ele não vale a pena. E, é...Não chora — Rimos fraco.

— Obrigada viu. Não quero você chorando também. Vai ficar tudo bem.

Levantamos e nos abraçamos. 

— Ah, pode dormir lá em cima, se quiser — Parecia uma boa ideia.

— É melhor né?

— Sim. Aí amanhã vocês conversam, porque de cabeça quente ninguém vai à lugar nenhum.

— Verdade. Então, vamos! — Rimos.