O tempo passa e Larissa agora está com sete meses de gravidez. Ela continua morando na casa dos pais de Bernardo e ainda trabalha como digitadora para o escritório. Ela ajuda nas tarefas da casa e é elogiada sempre pelos pais de Bernardo. Sua avó nunca entrou em contato com ela desde que a expulsou de casa.

Eles já estão de férias na escola e a formatura do terceiro ano de Bernardo está próxima. Ela ao que indica vai parar os estudos e futuramente pretende fazer um supletivo para concluir.

Uma noite quando estão no quarto vendo TV Larissa parece triste. Bernardo então fala com ela e pergunta o que ela tem.

– Não estou me sentindo muito bem.

– Como assim, quer ir ao hospital?

– Não Bê, não é isso, não me sinto bem pelo o que estou fazendo com você.

– Comigo?

– É com você. Acabei com a sua vida.

Bernardo a olha com o semblante sério

– Larissa, você está fazendo o pré-natal certinho não está?

– Estou, mas o que isso tem a ver?

– Lembro que o médico disse que não era pra você tomar bebida alcoólica.

– Mas eu não bebi nada! Nunca bebi e você sabe disso.

– Não é o que parece! De onde você tirou essa conversa que acabou com a minha vida?

– É verdade Bê. Você teve que sair do time de vôlei, estudar a noite, começar a trabalhar assim de uma hora pra outra, fora que acabei com sua privacidade também.

– Não seja boba, claro que muita coisa mudou na minha vida, mas na sua também. Não temos que nos culpar.

– Mas me sinto mal.

– Não tem o porquê disso. Realmente muita coisa mudou, mas e daí? Tinha coisas que queria fazer que agora vou ter que esperar um pouco mais e coisas que eu queria esperar um pouco mais mas vou ter que fazer agora, mas não muda nada, só a ordem cronológica.

– Você não tem raiva de mim? Nem um pouquinho?

– Claro que não. A gente se descuidou é verdade, mas como falei logo no início, a culpa é mais minha que sua. Não esquenta com isso ta? Pensa no nosso filho.

– Pode ser filha. – diz Larissa passando a mão na barriga.

– Eu sei, só não entendo o motivo de você não querer saber o sexo.

– Quero que seja surpresa, por isso só estou comprando cores neutras.

– Ta, mas e o nome? Não existe nome neutro.

– Existe sim, mas não gosto de nenhum. Você pode escolher se for menino e se for menina eu escolho.

– Combinado então. Ainda faltam dois meses pra nascer, temos tempo pra pensar.

– Verdade e logo é sua formatura, está ansioso?

– Normal. Só vou fazer porque a turma insistiu muito. O pessoal da manhã disse que se eu não fizesse formatura não seria a mesma coisa.

– Nisso também concordo. Você merece se formar, sempre teve ótimas notas.

– Você também.

– Pois é, mas a minha vai demorar um pouco mais, mas tudo bem, o que importa é que vai chegar a minha vez também.

Os dias passam e a formatura de Bernardo enfim chega. Larissa se olha no espelho e se acha horrível e teme por não ter o que vestir na formatura do namorado. Enquanto se olha no espelho Bernardo entra.

– Eu to gorda não to? – pergunta se olhando no espelho.

– Não.

– Bernardo, pára vai! To uma baleia, to enorme!

– Não, você está grávida, é diferente.

– Não vejo diferença nenhuma. Não quero ir à sua formatura parecendo a free willy.

– Você está linda. – diz sorrindo.

– Não estou não, olha pra mim, parece que vou explodir.

Bernardo vai ao lado de Larissa, a vira de frente para o espelho e coloca a mão em sua barriga.

– Você não parece uma baleia, você não está gorda e você não vai explodir. Você está grávida, está linda e logo vai estar com o nosso bebe no colo e o melhor de tudo, eu amo você assim, do jeitinho que você está.

– Sério mesmo?

– Claro que é. E você vai estar linda na minha formatura, tenho certeza. Por que você não chama a Alice e vai a uma dessas lojas onde vende roupas pra gestante? Com certeza vai achar algum vestido que goste.

– É mesmo, você tem razão. Vou ligar pra ela agora.

Larissa liga para Alice e elas saem para comprar um vestido. Depois de várias voltas encontram um que Larissa gosta e se sente bem vestida com ele. É um vestido lilás médio que destaca bem a barriga de Larissa, mas não a deixa gorda.

– Está lindo amiga, é esse! – diz Alice elogiando a escolha.

Elas voltam pra casa e Larissa mostra o vestido para Bernardo.

– Não disse que você ia ficar linda? – diz lhe dando um beijo. – Agora é só esperar até a noite e ir pra formatura.

Chegada à noite, Larissa e Bernardo vão com os pais dele. Alice vai com Daniel. Lá eles se sentam e esperam o momento da entrega dos diplomas. Algumas homenagens e discursos depois, a entrega dos diplomas começa. Primeiro serão as oitavas séries dos três períodos e por último a turma de Bernardo, já que ele havia se transferido para a noite. Larissa meio que se mostra impaciente.

– Nossa Lari, calma, parece que é você que vai pegar o diploma. – diz Alice.

– Será que vai demorar muito amiga? Quero ir ao banheiro, mas não quero perder a vez dele.

– Vai demorar um pouquinho mais, pode ficar sossegada. Vem, vou ao banheiro com você.

Elas então vão até o banheiro, mas Larissa não se sente muito bem e Alice percebe.

– Tudo bem Larissa, ta se sentindo mal?

– Estou com dor, mas deve ser algo que comi amiga, ta tudo bem.

– Tem certeza?

– Tenho sim, ainda não é hora de nascer. Vamos voltar.

Elas voltam e esperam Bernardo ser chamado, o que não demora muito. Assim que o chamam todos se levantam para aplaudir, inclusive Larissa. Nessa hora ela se apavora.

– Meu Deus, não pode ser!

– O que foi Lari?- pergunta Alice ao ver a cara de susto da amiga.

Ela olha pra baixo e vê o vestido todo molhado e uma poça de água logo abaixo.

– Minha bolsa estourou Alice, o neném vai nascer!

– Mas você disse que ainda não era hora! – diz Alice assustada.

– E não é o médico disse pra daqui uns 15 dias.

– Meu Deus, vamos pro hospital!

Alice avisa a mãe de Bernardo que está tirando fotos do filho. Ela pede para Daniel levar Larissa juntamente com Alice, que ela , o marido e Bernardo vão em seguida. Bernardo vê que estão agindo estranho e pergunta o que foi. Ao ver Larissa sendo levada por Alice, ele pega o canudo com o diploma e joga pra cima, deixando cair em cima de um dos professores que não entende nada.

– Desculpa professor, mas meu filho vai nascer! – diz ao sair correndo atrás de Alice e pegando Larissa no colo.

Os demais formandos aplaudem a Bernardo que nem vê.

– Não era pra daqui duas semanas? – pergunta pra Larissa.

– Foi o que o médico disse, mas acho que ele se enganou.

Daniel leva os dois ao hospital e fica esperando lá com Bernardo que está andando de um lado para o outro. Todos olham pra ele, pois está com a beca da formatura que nem teve tempo de tirar.

– A Alice ligou, ela está vindo pra cá com seus pais. – diz Daniel. – Senta Bernardo, vai fazer um buraco no chão.

– Não consigo cara, to nervoso.

Cerca de meia hora depois Alice chega com os pais de Bernardo.

– E aí, nada ainda? – pergunta ela.

– Nada Li já to ficando preocupado.

– Fica calmo meu filho, no primeiro parto é normal adiantar e demorar um pouco pra nascer, foi assim comigo também. – diz a mãe de Bernardo tentando acalma-lo.

– Mas ta demorando demais mãe!

Pouco depois sai o médico e vai até Bernardo.

– Ela disse que o pai era o formando, deve ser você.

– Sou eu mesmo doutor, já nasceu?

– Já sim, é uma menina, ela e a sua esposa estão bem, vocês vão poder vê-las daqui a pouco.

– É menina Alice, eu sou pai de uma menina! – diz Bernardo girando a amiga.

– Eu ouvi Bê. Que bom, fico feliz por vocês.

Bernardo não cabe em si de alegria como todos os presentes, mas não vê a hora de ver Larissa e a filha. Pouco depois a enfermeira diz que eles podem ir, mas não todos de uma vez. Primeiro vão Bernardo, Alice e Daniel, os avós dizem que vão depois. Querem que os amigos aproveitem mais aquele momento juntos.

Ao entrarem no quarto Bernardo pergunta se pode segurar a filha.

– Não precisa nem pedir, mas pega com cuidado. – diz Larissa lhe entregando a menina.

– Olha Alice, Daniel, ela não é linda? – diz mostrando o pequeno embrulho aos amigos.

– É linda sim Bê. Que nome vão dar? – pergunta Alice.

– Não sei se fosse menina tínhamos decidido que a Lari ia escolher. A propósito, já escolheu um nome? – pergunta Bernardo.

– Já sim, Amanda. – diz Larissa sorridente.

– Eu lembro que quando éramos pequenas você dizia que quando tivesse uma filha ela ia ter esse nome. – diz Alice.

– Não preciso nem dizer que você e o Daniel vão ser os padrinhos dela né?

– Isso mesmo, nem tentem mudar de assunto. – diz Bernardo com Amanda ainda no colo.

– Bom, por mim tudo bem, claro, vou adorar, mas é bom ser padrinho assim quando o casal é casado, dá mais certeza pros pais da criança, sei lá. – diz Alice sem jeito.

– Se for por isso não tem problema moranguinho. A gente vai casar.

– Daniel, é sério.

– Eu também to falando sério Alice. Eu ia pedir na sua formatura, mas acabei me empolgando com tudo o que aconteceu.

– Daniel, ta me deixando sem graça. – diz ficando vermelha.

– É sério moranguinho. Quer casar comigo?

Alice não consegue dizer nada, está vermelha como um pimentão.

– Te peguei de surpresa, desculpa. Mas não é algo assim pra amanhã. Primeiro a gente fica noivo e durante a faculdade vamos juntando dinheiro. Eu me formo antes de você, vou ter um ano a mais pra juntar. Quando você se formar a gente casa. Ou você não quer?

– Claro que eu quero, claro! – diz beijando Daniel.

– Hei mais calma vocês dois, tem uma criança vendo isso! – diz Bernardo virando Amanda no colo fazendo todos darem risada.

– Pois é, nós três tivemos um final feliz. – diz Larissa

– E o melhor, sempre juntos. – diz Alice

– Sem vocês duas acho que a minha vida não seria a mesma coisa. – diz Bernardo. – Agora vocês quatro, porque tem minha filha e o Daniel claro.

– Somos o quarteto fantástico. – brinca Daniel

– Quinteto, e a Amandinha? – diz Larissa.

–Ela vai ser da nova geração – diz Alice rindo.

A enfermeira entra no quarto e diz que tem que levar Amanda. Antes de ela sair Bernardo pega o celular e pede para que bata uma foto dele com os amigos e a filha. Ela bate a foto e mostra para eles que gostam.

– A primeira de muitas de nosso quarteto. – diz Bernardo.

– Com certeza! – dizem todos juntos dando um grande abraço apertado.