JU’S POV

Abri meus olhos devagar, me acostumando com a claridade do quarto. Finalmente eu não sentia mais dor de cabeça. Ô ressaca do capeta que eu fiquei. Também, ninguém mandou ficar misturando tudo quanto é tipo de bebida. Sorri e sentei na cama.

Mas então eu lembrei de uma coisa que me deixou triste. As meninas iam embora no dia seguinte. E eu não sei quando as veria de novo. E seria como a primeira vez que dissemos adeus. Fechei os olhos, espantando as lágrimas.

Nós íamos nos ver de novo. Olhei para o meu pulso, onde ficava a nossa pulseira da amizade. Era uma promessa: nós íamos ficar juntas para sempre.

Levantei da cama e chequei as horas. PUTA QUE PARIU, ONZE HORAS JÁ? Arregalei os olhos. Fui até a sala e peguei o telefone, ligando para a empresa. Pensei em dar a famosa desculpa do “estou doente e não posso ir hoje”, mas não foi necessário. O escritório não ia abrir porque meu chefe não poderia ir para a reunião. TALVEZ ELE TIVESSE IDO PARA AS BAHAMAS.

- Cara rico do caramba. E me dá esse salário de nada. – Reclamei enquanto fazia café.

Voltei pra sala e sentei de novo no sofá, ligando a TV dessa vez. Lembrei que faziam três dias da matéria do programa de fofocas. E lembrei da entrevista de ontem também. “Nós  Até você Louis? Que acabou de sair de um relacionamento e está com outra garota?”. Suspirei.

Não que eu realmente esperasse que alguma coisa séria acontecesse entre nós. Mas eu não queria que eles o julgassem desse jeito. Era uma balada e ele tem o direito de ficar com quem ele quiser. E eu estava bêbada. Ri alto. Mesmo se eu não estivesse, minha resposta teria sido a mesma.

Fui pro quarto e troquei de roupa, colocando um jeans e uma camiseta. QUE TÉDIO É ESSE SENHOR? Peguei um filme na prateleira, mas antes de abrir a caixinha do DVD eu já tinha desistido de assistir. Um livro? Não. Outro filme? Também não. Música?

Logo coloquei Stand Up pra tocar e comecei a cantar. É, acho que essa minha mania não vai passar nunca. Fiquei cantando na colher enquanto dançava pela casa.

- JULIA CARALHO, VOCÊ NÃO TÁ ESCUTANDO?

Arregalei os olhos e abaixei a música.

- ISA? – Gritei de volta.

- NÃO. É A VÓVÓ DA CHAPEUZINHO VERMELHO.

Ri alto e abri a porta.

- Sua surda do caramba. – Bru reclamou enquanto entrava em casa.

- Foi mal. – Me desculpei e quase fechei a porta, mas alguém a segurou.

Franzi a testa e procurei ver quem tinha feito isso. Senti minha boca abrir.

- Posso entrar? – Louis perguntou com um sorriso no rosto.

- C-claro Lou. Entra. – Abri mais a porta.

- Obrigado Ju. – Ele riu.

Encarei as meninas enquanto fechava a porta. Bru sorriu maliciosamente.

- Bom, eu vou comprar alguma coisa pra gente comer. – Ela anunciou.

- E eu vou com você. – May sorriu também.

- E eu quero escolher meu doce lá. – Isa completou, fazendo um gesto displicente com as mãos.

Então, as três passaram por mim e eu as olhei, incrédula. Elas saíram pela porta e fecharam.

- Então... – Louis chamou minha atenção. – Como você tá?

Respirei fundo.

- Bem. – Limpei a garganta. – Tô bem.

Ele sorriu de lado.

- Que bom. Sério.

Mas o que diabos estava acontecendo comigo? Senti meu coração acelerar.

- Quer um café? – Ofereci.

- Não. Obrigado.

- Não precisa ser tão sério.

- Não estou sendo.

- Está sim.

- Não estou.

Ri baixo com a nossa discussão infantil.

- Não quero que as coisas fiquem estranhas entre a gente. – Disse sem pensar.

Louis me encarou.

- É que eu ainda não est-

- Não foi isso que eu quis dizer. Não estou pensando em nada sério. Somos só bons amigos. – Falei e só depois percebi que tinha repetido o que ele disse na entrevista.

Louis começou a se aproximar de mim e eu fui dando passos para trás, até que senti minhas costas tocarem na parede. Louis sorriu maliciosamente.

- Só isso. Você tem certeza? – Ele perguntou.

Assenti. Se eu falasse, minha voz ia falhar, eu sabia.

- Certeza mesmo Julia?

Desviei meu olhar do dele, tentando manter o foco. “Vamos Julia, foco. Você consegue.”

- S-sim. – Minha voz tremeu como eu previ.

- Você não parece muito confiante. – Louis sussurrou no meu ouvido.

MEU DEUS, O QUE ACONTECEU COM AQUELE GAROTO? ELE QUERIA ME MATAR.

Ele colocou uma das mãos na parede, me impedindo de fugir. E então aproximou seu rosto do meu, encostando nossos lábios.

Foi como da primeira vez. Como se uma corrente elétrica passasse pelo meu corpo, despertando todos os meus sentidos. Eu podia sentir seu perfume inebriante. Ou sentir seu coração batendo sob a minha mão que estava no seu peito. Louis era com quem eu queria estar, mas eu não podia falar isso pra ele agora. Eu tinha que esperar a hora certa, quando ele já estivesse esquecido da Eleanor. Quando o que ele sentisse por mim fosse mais do que uma atração física.

Louis mordeu meu lábio inferior. Sorri em meio ao beijo.

-Nós não somos apenas amigos Ju. – Ele disse, simplesmente.

- Mas não somos nada além disso. – Discordei.

Louis suspirou e se encostou na mesa de jantar, cruzando os braços.

- Eu não quero ficar sem te ver, mas...

- Mas você ainda não tá pronto pra ter outro relacionamento agora. – Completei.

Ele sorriu de lado.

- Não sei como você entende tão bem.

Senti minhas bochechas esquentarem.

- Eu só te conheço Lou. – Dei de ombros. – Sei que a Eleanor era importante pra você.

Me arrependi assim que as palavras saíram. Não queria ter falado da Eleanor; não era da minha conta. MERDA, POR QUE EU SEMPRE FALAVA O QUE EU PENSAVA?

- Ela é passado. – Louis não pareceu se importar. – Não que eu vá esquecer um dia, mas não me importo mais.

Fiquei em silêncio, sem saber o que falar.

- Só me promete que nós vamos continuar nos vendo. – Ele pediu.

- Você vai voltar pra turnê daqui a dois dias.

- Ju, você não quer me ver? – Louis me encarou com um sorriso no rosto.

Ele me olhava com tanta intensidade que eu não conseguia pensar direito. Era como se os seus olhos verdes me prendessem. E que sorriso era aquele? Meu Deus!

- Fala que você não quer me ver. – Louis se desencostou da mesa e começou a se aproximar novamente. Respirei fundo.

- Você sabe que eu quero Louis. – Soltei o ar.

Ele me deu um selinho.

- Então nós vamos continuar nos vendo. – Louis me abraçou.

Eu o abracei de volta, respirando seu perfume o máximo que meu pulmão permitia.

- Te ligo antes de ir embora. – Louis falou antes de me soltar.

- A gente vai se ver amanhã. – Lembrei. – As meninas vão embora.

Meus olhos encheram de lágrimas e eu pra cima, tentando evitar que elas caíssem.

- Eu sinto muito por isso. De verdade. – Com o polegar, Louis limpou uma lágrima que ousou cair.

- Está tudo bem. – Limpei o rosto. – Eu tô legal.

Louis riu.

- Você sempre fala isso né?

- É. Fazer o que. – Ri também.

- Acho melhor eu ir agora. – Louis colocou uma mecha do meu cabelo atrás da minha orelha.

Andei com ele até a porta.

- A gente se fala tá?

Louis encostou de novo seus lábios nos meus e eu automaticamente coloquei minha mão na sua nuca, aproximando nossos corpos. Ele sorriu.

- Tchau Ju. – Disse e deu as costas.

- Tchau Lou. – Falei e fechei a porta. – Ainda vai acontecer muita coisa entre a gente.