Brennan estava organizando algumas caixas no limbo, ossadas que haviam chego para ela identificar, eram soldados de uma guerra. Em cinco horas ela havia identificado a maioria e então resolveu organizar aquelas caixas.

Estava despreocupada, pensando sobre tudo que ocorrera com ela e Booth, até hoje de manhã. Depois que saíram daquela vista belíssima, ela foi para a sua casa tomar um banho e veio para o Jeffersonian. Estava lá desde as seis e meia da manhã, e meio dia Booth iria passar lá para levá-la para almoçar. Era sexta –feira, fim do mês  e não haviam muitas pessoas por lá. Ela havia pedido licença já que brigara com Booth, mas mesmo antes do término do prazo ela estava lá.

Brennan estava na maior paz, fazendo uma coisa que nunca pensava que faria durante o trabalho. Estava cantando, baixinho, Kiss from a Rose.

“There’s a so much a man can tell you, so much he can say... You remain, my Power, my pleasure, my pain, baby...”

_Ah, querida!

Parou de cantar, olhou para trás e viu Angela correndo e lhe abraçando.

_Ah, querida, que ideia maluca foi aquela de tirar férias e nem me avisar? Eu te liguei um monte de vezes mas você não atendeu! O que estava fazendo de tão importante, e Bren... Você está bem? Quer dizer, você nunca canta enquanto está no trabalho, na verdade, você nunca canta!

_Angela, uma coisa de cada vez! Desculpe não retornar seus telefonemas, mas é que acabou a bateria do meu celular, e eu me esqueci de carregá-lo.

_Brenn, realmente aconteceu alguma coisa, você nunca esquece de carregar o celular!

_Foi uma semana agitada, eu precisei de um tempo, mas agora eu estou melhor.

_Por que? O que aconteceu?

_Nada, Angie...

_Brenn, se você não me contar, pode ter certeza, eu vou descobrir. Quer dizer, eu venho pro trabalho um dia e fico sabendo que você tirou licença, depois, chega o Booth aqui com uma cara dos infernos, discute com o Sweets e depois eles saem juntos, quer dizer, ele não gosta do Sweets! No outro dia, eu não ouvi falar de ninguém e hoje eu vejo você aqui, cantando! Foram três dias bem estranhos.

_Angie, não sei sobre essa história com o Seeley, mas só estava cantando por que eu estou de bom humor! – Ela disse, rapidamente, tentando sair dessa.

_Espera aí... Bom humor... Dois dias... Seeley... Você dormiu com o Booth?!

_O que? Não entendi sua linha de raciocínio, Angie.

_Brenn, você nunca está de bom humor a ponto de cantar, menos quando dorme com alguém. Você nunca chamou o Booth de Seeley, quer dizer, não na frente de ninguém, por que eu não sei o que vocês fazem entre quatro paredes. – Ela disse, maliciosa.

_Angela, é só que... Eu me enganei e troquei o nome dele, só isso!

_Quer saber, querida, tudo bem então. Pensando melhor, você está certa, o que eu estava pensando? Você e o Booth... Há, dormindo juntos? É Brenn, vocês dois são muito covardes pra isso acontecer, e outra, o Booth é romântico de mais, não é? Nem deve ser bom transar com ele... Deve ser muito carente na cama. Além do mais, a “performance”dele nem parece ser das melhores.

_Acredite, é bem satisfatória.

_Como você sabe?

_Por que eu... Hã...

_Há! Te peguei! Agora Brennan, admite logo pra sua melhor amiga que você e o Booth dormiram juntos!

_Não, Angie...

_Vocês transaram... – ela começou a cantarolar, numa musiquinha irritante.

_É que...

_Transaram...

_Angie, ouça...

_Transaram... – ela ainda estava cantando.

_Ok, Ok, eu e o Booth transamos! – Ela disse tão alto que a sala fez eco.

“amos, amos, amos, amos”

_Essa sala faz eco, né? – Brennan comentou.

_Wou, e.. Me conta, quando foi isso? Como foi depois que você... Dormiu com o Booth?!

_Bem, foi uma experiência totalmente nova...

Brennan deu um sorriso e depois começou a contar a história desde o início, deixando Angela boquiaberta com a história. Desde a noite na casa dele, a licença, a quase viagem, o pedido, o mal entendido, a conversa, a dança, o lugar especial, até o noivado mais recente. Contou até todas as músicas que ele gravou pra ela. Quando terminou de contar, Angela começou a pular e a dar gritinhos agudos, depois correu para os braços da amiga e a abraçou fortemente.

_Ahhhhh, parabéns, Brenn! Você... Tá noiva! Eu nem acredito! Com o Booth!

_Angela, fale baixo, ninguém sabe ainda e não pretendemos contar tão cedo.

_Ai Brenn, é tão romântico da parte dele! Eu nem acredito!

_É... Eu senti uma algo que nunca havia sentido antes.. Era como, se fosse a minha primeira vez, mesmo sendo a minha milésima.

_Hum.. Então sua noite com o Booth foi tipo... Like a Virgin!!- e cantou um pedaço da música da Madonna.

_Angela!! Fale baixo! – e riu junto com ela – Sentimentalmente falando, foi... E agora ele tá vindo aqui me buscar...

_Oh, me desculpe, já vou indo, não quero estragar o almoço do casal 20.

_Eu não sei o que isso significa.

_Esqueça. Bem, já vou indo. Depois quero o relatório completo do almoço ok?

_Ok.

Angela saiu ainda em estado leve de choque e quando avistou Booth no corredor, ao longe, começou a cantarolar com um sorriso malicioso no rosto para provocá-lo.

_And I... Will Love you, baby, always...

Booth olhou pra ela com um olhar um tanto de medo e constrangimento por ela possivelmente saber.

_Ah, oi Booth, tudo bem?

_Tudo Angie, e você?

_Também. O que fez de bom nesses últimos dois dias que eu não te vi?

_Nada de interessante... – Ele afrouxou a gravata.

_Sabe, tem uma música que não me sai da cabeça... Essa Always, conhece? – Ela estava dando indiretas.

_Não sei, acho que já ouvi...

_O que eu faço para tirá-la da cabeça?

_Ah, pense em outra música.

_Tem alguma dica? O seu repertório de músicas deve ser bem variado...

_Não, ultimamente não tenho ouvido muita música...

_Hum... Que pena... Ah, já sei. O que acha daquela música I’ll Stand by you? É bem bonita não é?

_Não conheço. – Mentiu descaradamente.

_Hum... Que pena... Bem, a Brennan está lá no limbo.

_Ok, obrigada. – e continuou andando, quando percebeu uma coisa, e se virou para Angie para perguntar. – Como você sabia que eu estava procurando ela?

_Intuição... – Ela falou, se virou de volta e seguiu o grande corredor, cantando. – I’ll Stand by You! I’ll Stand By you! Take me into to your darkest hours...

Booth adentrou a sala e se deparou com Brennan arrumando as caixas.

_Oi Bones...

_Oi Booth... Já estou pronta, só vou tirar o jaleco.

_Viu, Bones, contou sobre nós pra Angela?

_Por que? – Ela fez cara de desentendida.

_Não... Por nada...

_Vamos? Estou pronta.

Ela se aproximou dele e ele foi dar um beijo nela.

_Melhor não Booth, alguém pode chegar e nos ver aqui.

_Ah, qual é, Bones, é só um beijo, vai... Tá com medo de passar dos limites? – Ele olhou e sorriu charmosamente desafiador.

Ela só de raiva se aproximou dele e lhe dispensou um daqueles beijos que Angela chamaria de cinematográficos.

_Não, Booth, não tenho medo. Agora vamos que eu estou com fome.

_Quer ir ao Dinner ou ao Founding Fathers?

_No seu apartamento está bom.

_Ué, mas você não tava com fome?

_E quem disse que era de comida? – Ela lhe sorriu maliciosamente, ao qual Booth retribuiu com o mesmo sorriso, então ele lhe estendeu o braço e andaram juntos, pelo corredor até quase chegar a porta.

_Sabe Booth, aquela música, Kiss from a Rose, ela é bonita, não?

_É...

_Eu também adoro! – ouviram a voz de uma Angela sorridente passar por eles mais rapidamente e atravessar a porta, saindo antes.

Brennan e Booth se olharam e riram, cúmplices, como em tudo que faziam.