À Procura Da Felicidade escrita por Effy


Capítulo 25
Too Late


Notas iniciais do capítulo

Muito bem, esse já é nosso terceiro bônus, só mais dois e chegamos ao começo do final dessa fic...

Vou fazer vocês chorarem com o primeiro 'pov' do capítulo shuahauaha



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It's too bad, it's stupid...

3 – Too Late - Tarde demais

Anthony levantou seus grandes olhos azuis-esverdeados para o céu e deu um suspiro. Ele estava sentado, sozinho, em seu berço, olhando pela janela para a chuva lá fora. Se estava chovendo, a vovó não o deixaria ir visitar o papai.

Ainda usava seu pijama azul preferido, pois tinha acabado de acordar de sua soneca da tarde. Papai estava no hospital. Papai não poderia ir para casa. E Anthony não podia ir ver o papai porque estava chovendo. E o papai vivia dormindo. Ele estava com saudades do papai. E da mamãe. Mas a nova mamãe estava com o papai. E Tony não podia ficar com papai porque ele era pequeno.

Ele sabia que Angeline e Nathan estavam dormindo também. E ele não queria chorar ou chamar a vovó, porque a vovó estava triste.

Ele tinha perguntado a vovó porque ela estava triste, e ela lhe disse que era porque estava chovendo. Mas Tony não acreditou na vovó, porque a vovó gosta de chuva. Ela brincava na chuva com o Tony e com a Angie.

Papai não estava ali para tirá-lo no berço e brincar de cavalinho com ele. E nem para pegar seu carrinho de corrida encima da cômoda. O papai era grande. E forte. Porque ele conseguia levantar a nova mamãe.

Tony pensava que não tinha uma mamãe, como a mamãe de seus amigos. Mas ele tinha um papai. E o papai de Tony era melhor que os outros pais, porque o papai de Anthony não era velho, como o pai do papai. E agora Anthony tinha um papai, uma nova mamãe, uma irmãzinha...

Ele sorriu, pois gostava disso. Mas papai não estava em casa. Papai estava doente. Papai estava numa cama com grades. Anthony parou de sorrir, e uma lágrima caiu de seu olho. Mesmo que a vovó, o vovô e a tia Alice dissessem que papai estava no hospital. Anthony sabia que ele não estava. Seu coração dizia isso. Papai estava em algum lugar. E Anthony não podia ir atrás do papai, porque estava chovendo. E o papai estava dormindo.

**

Subúrbio de Forks

Um trovão sacudiu a estrutura da casa e fez com que os galhos de uma árvore batessem ruidosamente contra o vidro. Bem, eu pensava que fora uma árvore.

Fazia muito tempo que estava chovendo e muito tempo desde que Victoria tinha saído. Eu gostava quando ela não estava aqui.

Parecia que toda minha energia tinha sido drenada, e a única coisa que sobrara foi a dor. E mais dor. Tanta dor que eu queria gritar e socar as paredes. Mas eu estava imóvel, jogado inutilmente na cama como um boneco maltratado e esquecido. A comida que um dos gêmeos incrivelmente assustadores tinha trazido ainda parava solitária no chão. Eu não a queria. Não tinha fome, estava definhando no mais absoluto silêncio. Meu único companheiro, além da inquietante dor, era Ícaro; o mesmo Ícaro que tinha me ajudado no hospital, o garoto com as asas de cera deformadas e a túnica grega vermelho-sangue. Ele estava sentado no chão, mexendo no sanduíche de frango que o gêmeo 1 – acho que era Jeremy – tinha trazido. Eu sabia que Ícaro era fruto da minha imaginação e que isso significava que eu estava delirando, mas eu gostava da companhia daquele garoto de 14 anos.

– Você deveria comer. Está praticamente definhando na minha frente – falou ele, tinha um sorriso esperto no rosto.

– Não quero. Pode comer ser quiser – murmurei, minha voz estava rouca. Fraca.

– Eu sou um fruto da sua mente, garoto tolo – riu, balançando seus lindos cabelos castanhos.

– Parece-me bastante irritante para ser só a minha imaginação – resmunguei. Outro trovão sacudiu o céu.

– O que foi isso, Edward? – levantou seus lindos olhos cor de mel para mim, parecia assustado.

– Um trovão. Está chovendo – respondi.

Ele largou o sanduíche e levantou-se num salto, caminhando pelo quarto em suas sandálias de couro até a janela.

– A chuva não é um bom sinal. Significa que o sol está triste demais para sair – murmurou, olhando a tempestade lá fora. Eu tremi, meu corpo todo estava gelado.

– Do que está falando?

– O sol. Seu sol. Isabella. Ela está triste – virou-se para mim e levantou uma sobrancelha como se isso fosse óbvio. Decidi não discutir com ele, porque minha mente se recusava a pensar em Isabella... Ou Anthony... Ou minha família. Doía-me o fato de eles estarem sofrendo por mim.

– Ícaro... – chamei, após alguns minutos de silêncio. Ele tinha retornado a sua vigília a chuva. Olhou para mim, inclinando a cabeça para o lado, me observando.

– Sim?

– Por que estou sentindo tanto frio?

Parecia uma coisa ridícula para perguntar, mas como ele parecia saber mais de mim que eu mesmo, era uma pergunta sensata. Pensei que ele riria de mim e me chamaria de ‘garoto tolo’ de novo, mas em vez disso, Ícaro franziu seus lábios, parecia está pensando.

– É o gelo. É a morte. Ela está chamando você.

– Eu não quero morrer – murmurei.

– Então lute – disse, depois voltou seus olhos para longe de mim, para o sol – Nós já chegamos aqui, Edward. É tarde demais para querer desistir.

**

Hospital Nortright – Seattle.

Ariane olhou seu reflexo no espelho do pequeno banheiro de seu quarto de hospital. Usava um bonito vestido vermelho de cetim, com mangas curtas e pequenos detalhes de renda aqui e ali, seu tênis preferido, um converse preto já tão usado que o tecido começava a passar do preto para o desbotado. Ela amava aquela roupa, pois foi a usando que conheceu Louis. Sorriu, enquanto as lembranças ainda frescas invadiam sua mente.

Flash Back On

Um ano atrás...

Ariane

Chutei as pedrinhas do meu caminho com força, fazendo meus pés protestarem, mas eu não me importei, aquela pequena dor incomoda não era nada comparada a dor que eu sentia em meu coração, ele fora ferido, rasgado, dilacerado. Traído. Joseph Kingsley tinha me traído com a minha melhor amiga. Na minha frente.

Deixei que meu corpo dolorido da corrida até aqui afundar-se em um daqueles bancos de parque, o vestido de cetim espalhando-se ao meu redor em um mar de vermelho vivo.

Era dia de Ação de graças e o parque estava deserto, as pessoas estavam em suas casas com seus namorados e suas melhores amigas que não as traiam. Pena que eu não tinha essa sorte. Minha mãe deve esta preocupada comigo, eu tinha dito a ela que iria tomar um pouco de ar no quintal. E bem, faz exatamente duas horas desde que eu tinha pulado a cerca e corrido até aqui.

Abafei um soluço enquanto olhava para minhas mãos; eu não queria voltar para casa, bem, eu poderia morar no parque talvez... Ou pegar minhas coisas e fazer um mochilão pelos Estados Unidos...

– Vai começar a chover, sabia? – uma voz masculina atrapalhou meus pensamentos. Olhei para cima e dei de cara com dos olhos verdes curiosos.

Ok, aquele garoto era realmente muito bonito. Tinha cabelos castanhos bem arrumados em um topete, lindos olhos e usava calça jeans, camiseta branca e um blazer preto.Tinha algumas sacolas de supermercado em uma mão e na outra um copo de café Latte da Starbucks. Meu estomago roncou ao sentir o delicioso cheiro.

– Eu sei – resmunguei, em resposta – mas não quero ir pra casa.

– Por que? Briga de família ou algo assim? Você não parece muito bem. – ele avaliou minha expressão, inclinando a cabeça para o lado.

– Meu namorado me traiu com minha melhor amiga – sussurrei. Eu sabia que era estranho está falando de algo tão pessoal para um garoto que eu nem conhecia. Mas eu aposto que a essa altura todo mundo da minha escola deveria está sabendo.

– Hm. Que chato. – disse, ele parecia está sendo sincero.

Ficamos alguns minutos olhando um para o outro, em silêncio.

– Como você se chama?

– Louis. Louis Thomas – apresentou-se – eu apertaria sua mão, mas elas estão meio ocupadas.

– Ariane Thompson – falei, dando um sorriso de lado.

– Então, Ariane, eu acho que vai realmente começar a chover forte. E se você ficar aqui, provavelmente irá ficar doente. Quer uma carona? Eu estou de carro.

– Não é muito confiável aceitar carona de um estranho, certo? Quer dizer, você pode se um assassino, ou algo pior que isso – levantei uma sobrancelha para ele. Louis riu.

– Você tem razão. Não é muito confiável.

– Eu aceito – sussurrei – mas não quero ir pra casa agora.

– Você quer ir a minha casa? Minha mãe está fazendo um jantar de Ação de Graças.

– Como você é rápido, Sr. Thomas. Mal me conhece e já está me convidando para a sua casa – ri, ele me acompanhou. A risada dele era legal.

– Estou tendo a melhor das intenções, Srta. Thompson. Venha, você não pode dizer que viveu até comer a torta de maçã da minha mãe – ele me deu um sorriso tímido, apontando com a cabeça para a rua.Me levantei, ajeitando o vestido e segui aquele completo estranho para a rua.

**

O carro de Louis era limpo, seco e agradável. Ele deixou que eu ligasse o rádio e cantou comigo o refrão de ‘Too Close’ de Alan Clare. Cerca de 10 minutos depois, ele parou o carro.

– Essa é minha casa – ele apontou pelo vidro. Era uma casa grande e pintada de um azul quase branco, tinha um estilo antigo, parecia aquele tipo de casa em que você vê em filmes, onde se espera vê crianças brincando no jardim com um labrador e adultos conversando na varanda.

E era exatamente essa cena que eu via agora.

– É muito bonita – sussurrei encantada. Era a minha casa dos sonhos, em que eu gostaria de crescer, mas em vez disso eu fui criada num apartamento no décimo andar.

Louis desceu o carro e eu estava quase fazendo o mesmo quando ele a abriu para mim, sorrindo.

– Muito educado, Louis – eu ri.

– Madame – ele se inclinou em uma reverência e eu bufei.

Uma das crianças correu até nós, de braços abertos para Louis. Ela era pequena e tinha cabelos ruivos presos em duas marias-chiquinhas, usava um casaco rosa estufado e um vestido rosa bebê, a garotinha agarrou a perna de Louis em um abraço.

– Quem é? – perguntou olhando para mim, seus olhos cor de avelã brilhando com curiosidade.

– Noelle, essa é Ariane. Ariane, minha irmãzinha, Noelle – apresentou, rindo.

– Você é bonita – ela sorriu para mim.

– Você também. Muito bonita – falei, sorrindo para ela.

– E você tem sardas! – apontou, maravilhada para meu nariz onde eu sabia que tinham pequeninos pontos castanho claro – como eu! Você viu as sardas dela, Lou?!

– Eu vi sim, Elle – Louis riu, lançando um sorriso afetuoso para a garotinha animada ainda pendurada no seu pé.

– Noelle – chamou um dos meninos, que passava a mão pelo do cachorro. Noelle soltou-se do pé de Louis e correu até eles, gritando de felicidade.

– Ela é um amor – falei, dando um sorriso tímido.

– É não é? Agora, vamos, minha mãe está esperando.

Nós entramos na casa, não antes de Louis me apresentar a todos os adultos que estavam na varanda. Assim que ele abriu a porta, um delicioso cheiro de torta veio até nós. Não apenas de torta; também peru, batata-doce, milho e outros tantos aromas que fizeram meu estomago rugir.

Ele me guiou até a cozinha, onde haviam varias pessoas, a maioria de mulheres, andando de um lado para o outro com tigelas e bandejas.

– Lou! Você trouxe, querido? – perguntou uma mulher vindo em nossa direção. Ela segurava uma travessa cheia de macarrão, seus cabelos pretos estavam presos em um coque, devia ter pelo menos uns quarenta e poucos anos, olhos afetuosos negros e uma linda pele cor de café, era um pouco cheinha mas nada que tirasse seu charme. Ela parecia ser uma daquelas mães saídas diretamente dos comerciais sobre famílias felizes no dia de Ação de Graças – Ah e você trouxe uma amiga! Como vai querida? – ela me lançou um enorme sorriso caloroso.

– Mamãe, essa é Ariane Thompson. Ariane, minha mãe, Lucinda Thomas.

– Sra. Thomas – cumprimentei devolvendo seu sorriso. Estava tão claro quanto água que aquela era a mãe adotiva de Louis e Noelle. Comecei a pensar se aquele garoto tão alegre teria sofrido antes de vim para cá e para sua mãe.

– Ah, me chame de Lucinda, querida. Venha, pode arrumar um lugar à mesa, o jantar logo será servido.

**

– Você quer mais pão, querida? – perguntou-me Lucinda, passando-me a tigela de pão caseiro.

– Oh não, acho que já tem comida suficiente no meu prato – sorri para ela.

– Você precisa comer, Louis. Está tão magrinho, querido – exclamou a avó de Louis, Abigail, do outro lado da mesa. A mesa de jantar estava entupida de pessoas. Eram tantas, que a mesa em si era duas grandes mesas juntas e as cadeiras eram diferentes. A mesa estava entupida de comida; palitos de cenoura, azeitonas em tigelas, coquetel de camarão, molho de chanberry, vasilhas e mais vasilha de espinafre e purê de batata, milho refolgado, pães e no centro os dois pratos principais: o enorme e gordo peru ( que agora eram só ossos ) e o melhor macarrão com queijo que eu já havia comido na minha vida, o jantar era acompanhado de vinho tinto barato e muito refrigerante.

A maioria da família de Louis era de afrodescendentes, mas também havia Amie, que era claramente japonesa, a tia de Louis e mulher do irmão de sua mãe, Harris, um engraçado senhor que não parava de contar piadas e é claro, a pequena e agora totalmente melada de sopa, Noelle.

– Ela está comendo vovó – falou Louis, sentado ao meu lado.

– Louis finalmente trouxe uma namorada para casa, vovó. Não o envergonhe – riu Liam, o irmão mais velho dele, um garoto moreno com cabelos castanhos arrepiados e um enorme sorriso, ele estudava em Stanford e tinha vindo a Seattle para o feriado.

– Cale a boca, Liam – resmungou Louie, eu ri.

– Acho que não aguento mais nada – disse, enquanto comia o último pedaço de peru do meu prato.

– Ah, meu bem, eu espero que tenha sobrado espaço para a sobremesa – riu Lucinda – não deixo você sair daqui até comer um pedaço de torta.

–Você não viveu até comer da torta de maçã da mamãe, Ariane – exclamou Liam. Eu ri, aquele parecia ser o lema da família Thomas.

– Está gostando? – perguntou Louis, baixinho só para que eu pudesse ouvir.

– Esse é o melhor dia da minha vida – falei, dando um enorme sorriso que eu tenho certeza que partiu meu rosto em dois – Obrigada, Louis. Por tudo.


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Notas finais do capítulo

Uma coisa: Noelle se pronuncia Noell
Louis fala Louie
Ariane pronuncia-se Ariêinne ( mais ou menos assim)