Yuki ainda olhava para o local onde Derick estava, com a cara mais confusa do mundo.

-Esqueça TUDO o que você viu aqui, por favor. – digo baixo sem nem olhar para Yuki, indo embora.

-Hanaaa... Er espera. – chama Yuki alcançando meu braço e segurando-o.

-Yuki, por favor...

-Não, Hana. – Yuki se levanta e vai na minha frente – Fica aqui comigo. Sabe, eu gosto de falar com você, me faz bem.

-Yuki. Eu sou um monstro. – falo séria olhando fixamente para ele com as minhas presas ainda à mostra. – Eu sou uma vampira.

-Hana, eu não me importo, ta legal? – diz ele com a mais pura sinceridade estampada em sua face. – Eu gosto de você do jeito que você é.

-Yuki, não, er. Eu posso acabar te machucando sem querer, e...

-Me escuta. – Yuki aumenta o tom de voz e segura meu rosto, olhando em meus olhos – Eu quero ter a vampira Hana ao meu lado. Hoje, aqui nesse lugar, amanhã na escola e para sempre. Não importa se algo acontecer comigo, e...

-Porra Yuki. EU gosto muito de você. Na verdade, eu te amo. Mas sabe, como eu me tornei tão importante para você numa questão de segundos? Sabe Yuki, eu não estou pronta para ser enganada não.

-Hana, eu não to te enganando. Para com isso. As vezes, a gente não precisa de muito tempo para dizer que o outro é especial.

-Mas eu preciso de um tempo para me acostumar com um Yuki que fala comigo, que ta do meu lado.

-Eu te dou o tempo que você quiser para isso.

Sorio de canto ao ouvir essa frase.

-Hana, não é melhor a gente ir para casa? Já são mais de duas da manhã, er.

-Meu Deus! É verdade, vamos. –digo e começo a andar.

Yuki começa a andar ao meu lado e continua:

-Er, tudo bem se amanhã eu ficar contigo no colégio?

Senti meu coração acelerar, minhas palavras falharem, meu estômago revirar- Er, é claro. Mas, e a er, Jenny? – sinto como se um peso tivesse sido jogado sobre mim ao dizer esse nome.

-Eu não tenho nada cin ela. Na verdade, eu nunca tive, era mais fofoca do que sei lá o que. Acho que eu nunca amei de verdade.

-Ah, er... – apenas murmúrios foram minha “grande resposta”.

Continuamos um tempo assim, calados, sentindo o vento gelado da madrugada em nossa pele. Sem pensar muito, quando de repente, eu paro no meio do caminho e fico olhando para o chão.

-Hana? – Yuki me chama e toca meu ombro.

-Yuuuki... – levanto o rosto agora cheio de lágrimas – Posso te abraçar?

-Hana, amor, erm. – Yuki gagueja – É claro que pode, nem precisava perguntar, er. – ele sorri e abre os braços.

Corri de onde eu estava até os braços de Yuki, abracei-o forte, como eu sempre sonhei, e encostei minha cabeça em seu peito. Ele, delicadamente, passava os dedos pelos meus cabelos. Não queria que aquele momento acabasse nunca, me sentia frágil perto dele, e isso era algo bom, já que eu nunca me sentia assim com ninguém.

-Obrigada. – murmurei por fim e soltei-o devagar.

-Você não tem que agradecer por isso. – Yuki sorri e me encara nos olhos.

-Hana, você ta chorando?

-É, mas não é nada. – sorrio e continuo andando.

-Não sabia que as vampiras-princesas-duronas choravam também. – disse ele sorrindo de canto e me olhando.

- E você acha que eu sou uma vampira-princesa-durona? – pergunto e começo a rir.

-É. Você deve ser a princesa do mundo dos vampiros, por isso que aquele doido apareceu hoje. – diz ele com um sorriso de criança no rosto.

-Até parece né seu bobo. –respondo com um sorriso meio assustado por ele ter deduzido tudo tão certinho, mas ele não podia saber isso ainda, não agora. – Mas se você quer saber, as vampiras-princesas-duronas que se apaixonam perdida e incontestavelmente por um humano são as que mais sofrem, pois não conseguem ter uma maneira de serem felizes.

-Sabia que eu tinha acertado. –disse ele e pisca – E esse reles humano frágil pode tentar fazer a vossa alteza feliz, oh linda princesa do submundo? – Yuki sorri e segura minha mão enquanto falava.

-Se você não tiver medo de andar lado a lado com o pior predador da natureza, eu aceito a sua tentativa.

-Ainda bem, já que nada se pode fazer, já que a caça se apaixonou pela caçadora.

-E a caçadora pela caça.

Yuki ouviu isso com um grande sorriso, tocou meu rosto gelado com suas mãos quentes e foi aproximando seu rosto do meu.

-Yuki... Erm, isso é perig... –tento falar mas as palavras são esquecidas pela proximidade das nossas faces e ele diz baixo:

-Eu não tenho medo de você, Hana. – e com a aproximação de apenas alguns poucos centímetros, os lábios de Yuki tocaram os meus. E um beijo simples e delicado nasceu ali, no meio da madrugada, naquelas ruas úmidas.