Annabeth:

Ficamos na escuridão do buraco por uns vinte minutos,mas quando Thalia,Sofy e Nico chegaram,desejei que eles voltassem.

Estava ótimo ficar sozinha com Percy,nós ficamos juntos até o momento em que os outros três semideuses chegaram para nos buscar,mas eu queria que tivesse demorado mais.Fora muito bom sentir o aconchego de seus braços e ouvir sua respiração silenciosa em meu ouvido.

-Desculpem a demora- Disse Thalia,enquanto voltávamos por uma passagem na parede que deva diretamente para outros tubos.- Há tantas passagens que tivemos que procurar em todas.

-Não faz mal- disse eu- Mas eu tenho que ver como está minha perna- ela ainda latejava,mas menos do que antes.

-Reze para ter aquela arvore do outro lado,isso vai resolver o problema com a aranha- Clarisse trazia um dos potes de fogo grego.

-Estou rezando.

Era muito ruim engatinhar em um lugar apertado e cheio de elevações,mas com a perna dolorida,isso ficava bem pior.

Era muita coincidência a placa ter despencado justamente comigo,se Nike não estivesse do meu lado,eu apostaria todas minhas fichas em Hera.Mas se fosse realmente Hera,não teria  Percy caído comigo,e sim,Thalia.

Deixei isso de lado,não me importava mais.Agora nós tínhamos que sair dos tubos e chegar ao outro lado da montanha em segurança.

O tubo era apertado,e estava ficando quente a medida que nos distanciávamos da passagem do pequeno quarto das sereias.

Eu estava tão presa nos meus pensamentos que nem percebi que eu estava pingando pela testa.

-O que está acontecendo?- perguntou Sofy

-Está quente como uma sauna- comentou Percy,limpando com a manga de seu suéter a testa que também pingava

Tentamos continuar mesmo com a temperatura subindo,mas era impossível. Minhas mãos e joelhos queimavam,já estavam quase ficando em carne viva.Nós tínhamos que resolver o problema antes de virarmos carvão.

-Nós.Temos.Que.Sair.Logo daqui- ofegou Nico,ele ia desmaiar se não tirasse logo aquele traje de aviador.

Empurrei as paredes,desesperada.Eu me sentia como um peru sendo preparado para a ceia de natal,assando no forno em 250°.

-Me ajudem,vamos abrir um buraco!- Empurrei o alumínio embaixo de minhas mãos assadas,ele estalou mais não se abriu.

-Pelos deuses, Nike,onde você está!

“...Você vai saber quando e como usá-lo...”

Seria possível eu ter usado o colar sem ter realmente precisado?E se eu tivesse trocado a espada por informações?Atena ficaria zangada?

Me senti uma completa inútil,se eu estivesse certa,meu pior erro fora ter caído no jogo de Partenópe e trocado uma coisa que eu precisaria mais tarde.

E se morrêssemos?Teria sido por um deslize meu?

As placas de alumínio tremeram,mas não se abriram.Elas estavam se expandindo,era um fator de que quando elevado a temperatura dos componentes metálicos,eles se expandem  e ficam mais vulneráveis.

Rodei Monopira na mão,ela se transformou na bela espada de bronze e com ela eu podia difundir e afunda o metal até que ele cedesse.

-Ei!- chamei,com falta de ar- Me ajudem a difundir o alumínio!

Eles observaram como é que se fazia; primeiro eu colocava a ponta da espada entre os vãos e empurrava até ouvir um estalo.Eles me imitaram.

Quando todas as placas já estavam soltas,disse para que empurrassem-nas para baixo com toda a força.

-Vamos cair cinco metros para o chão,não deixem os potes de fogo grego se quebrarem,ele é mortal.

Eles assentiram e empurraram.

As placas estalaram e tremeluziram mais uma vez,elas se soltaram e o ar tomou conta do tubo.

Mas nós estávamos caindo pelo buraco dentro da montanha,tentei  me posicionar de uma maneira que quando em contato com o chão,eu não me lesionasse.

Bati com os braços e pernas flexionadas no piso de pedra bruta,minha cabeça foi jogada para a frente com a força do impacto,mas voltou sem nenhum machucado ou lesões.

Meus braços doíam,e minhas pernas ainda mais por causa da picada da aranha.

Tentei ficar de pé,mas uma dor tomou conta dos meus dedos do pé esquerdo,me sentei e tirei os sapatos,massageei todos os meus dedos,até chegar ao mindinho.

-Que tipo de sorte é essa?-Berrei- Primeiro a picada,depois os dedos do pé?!

-Annabeth.- chamou uma voz conhecida,era Nico- O que houve?

-Quebrei um dos dedos do pé.- disse de má vontade,fazendo cara feia no escuro- está doendo.

-posso cuidar disso,criança.

Havia um certo brilho rosado nas paredes,no fundo,onde a visão era mais escassa,haviam pequenos flashes,onde se podia ouvir o som de uma harpa e lira.

-Quem disse isso?-Perguntou Sofy

-Eros,não conhece-me,garota apaixonada?-A voz era doce e aveludada,o local era quente,mas o ar tinha cheiro de camomila e alcaçuz.Era possível sentir o gosto só de abrir a boca.

Sofy gemeu

-Aproximem-se –disse a voz,ela era masculina,mas nada intimidadora.

Calcei meus sapatos e me coloquei de pé.Graças a luz rosa e a luz do pote de fogo grego,eu pude me localizar.

Meu pé doía,eu não fazia ideia de como conseguira  quebrar do dedo mindinho,mas de uma coisa eu tinha certeza,Nike andava bem esquecida.

Alguém agarrou minha mão.

-Está tudo bem- disse Percy- Eu vou cuidar de você.

-Visitas cheias de amor,como é belo o som desses corações apaixonados!-O rapaz se colocou de pé ao nos aproximarmos.

Thalia fez cara de azedo

-Desculpe,mas você não é o deus filho de Afrodite?

-O verdadeiro deus do amor,filho de Afrodite e Hefesto.- O deus loiro de belos olhos azuis,sorriu lindamente.

-Mas Afrodite não é a deusa do amor?-perguntou Sofy,confusa

-Como eu e Annabeth lhe explicamos,ela é a deusa de uma outra forma de amar...

-Afrodite,minha querida,é a deusa da beleza e da sexualidade.Sou o filho mais velho da deusa.

Sofy ficou espantada- Eu não tinha entendido direito.

-Agora sabe por que...-olhei para os garotos,os dois prestavam atenção em mim.Apontei para minhas roupas,esperando que ela entendesse.- Você sabe.

Sofy assentiu,sem graça

-O que um deus importante como você faz aqui?- perguntou Percy

-Certa vez,minha mãe desabafou com Métis sobre meu crescimento,eu não crescia,era sempre criança.Métis disse que era porque eu era solitário,eu precisava de um irmão.Logo Anteros nasceu e eu comecei a crescer,tornando-me robusto.Me separei dos olimpianos durante um tempo,estou de férias com minha esposa Psiquê.

Clarisse se abanou- Por que está tão quente?

-Tenho muitas heranças de minha mãe,sabia?- Eros sorriu novamente- Essa é a sensação do amor,ele provoca calor.

-Annabeth querida,deixe-me ajeitar isso- ele apontou para meu pé dolorido.

Assenti.Soltei a mão de Percy,com um aperto no coração.O deus Eros me esperava num divã rosa com almofadas douradas,sorrindo,mas mesmo assim,não me senti tão á vontade como me sentia com Percy.

-Não seja por isso,criança,ele pode vir junto.

-Mas como o senhor...

-Sei dos sentimentos que se originam de mim- Eros bateu palmas e um grande caderno vermelho acetinado caiu em seu colo,com letras douradas e elegantes,lia-se “Livro dos amores”- Muito ante de vocês todos nascerem já sei com quem se casarão e viveram o resto da vida- Eros levantou os olhos para Thalia- Infelizmente alguns não pude evitar,há certas coisas que não posso controlar.-Eros piscou devagar e sorriu de leve- Mas é por isso que existem mais de sete bilhões de pessoas no mundo,se com um não dá certo,você tem mais seis bilhões,novecentos e noventa e nove mil novecentos e noventa e nove opções diferentes!

-Sou uma caçadora,senhor

-VOCÊ escolheu ser caçadora,não eu.

-Não posso me apaixonar

-Quem é que disse?Ártemis?Uma deusa virgem?Assim como minha mãe,desprezo Ártemis por sua falta de senso,há coisa mais maravilhosa no mundo do que o ato de amar?

Thalia não respondeu.

-Muito bem,Annabeth querida,vamos ver o que você tem ai.

Me sentei ao lado do deus do amor,ele pediu que eu tirasse o sapato do pé com o dedo quebrado.Eu o obedeci.

Na verdade eu não sabia como ele poderia ajudar,a menos que além de deus do amor ele fosse curandeiro.

Ele começou a sussurrar palavras doces e apaixonadas,o cheiro de canela que vinha do deus me deixou tonta,nunca tinha cheirado algo melhor.

-Como está?

-Sim?

-Querida,o seu pé,como está?- perguntou ele,sorrindo bobamente.

Apalpei meu dedinho quebrado,ele estava num perfeito estado,firme e sem dor.

-Obrigado,o senhor foi muito gentil.-agradeci

-É sempre bom ajudar uma das minhas escritas.

Corei

-Não há do que se envergonhar,todos vocês estão escritos do livro dos amores.Todos.É como meu filho Hedonê dizia,se temos dois olhos,dois braços,duas pernas... quer dizer que não fomos feitos para ficarmos sozinhos.

Tive que assentir.

-Quer saber como curei seu pé?

-O senhor usou amor.

-Não apenas amor,mas uma antiga técnica de boas harmonias.Vocês podem tentar.

Me levantei,Percy ainda segurava em minha mão.

-Como é que saímos daqui?- perguntou Sofy,seus olhos estavam vermelhos e sua voz engasgada e vacilante.

-Vou mostrar como- o deus se levantou e andou,um brilho rosado o seguiu.E nós também.

Havia uma lareira acessa no fim do cavo,e ao seu lado,uma pequena porta rosa em forma de coração.

-Há varias maneiras de sair da montanha.Há o caminho dos tubos e a porta dos corações,mas há controvérsias.

-E quais são elas?-perguntou Nico,pálido e sem graça como sempre

Eros sorriu- Paixão eterna.

Nada mal,nada que eu não pudesse enfrentar.Até que cair de uma altura de cinco metros e quebrar o dedinho não foi tão ruim.

-Não posso passar- gemeu Thalia- Ártemis me mataria se soubesse

-Dane-se essa deusa sem coração,ela já está vendo pela Tv Hefesto,ela quer que você viva!- exclamou o deus.

Thalia abaixou a cabeça e disse:

-Acho que posso estar ficando maluca,mas não há outra escolha.

Eros abriu a pequena porta e deixou que passássemos,ele parou Sofy na metade do caminho e disse:

-Tenho uma surpresa pra você.