Annabeth:

Era como descer por um escorregador fechado,ou um tobogã.Tente descer por eles engatinhando,você vai se sentir inseguro e com medo de cair.Não estava escuro,o pote de fogo grego de Sofy iluminava o caminho do tubo de ventilação feito de placas de alumínio.

Eu estava na frente,seguido por Percy e Thalia.Os outros vinham logo atrás,carregando os outros dois potes de fogo grego.

Ninguém disse que seria fácil,tão pouco confortável.O tubo era apertado e baixo,tínhamos que andar engatinhando e apoiando nas paredes quando a tubulação assumia uma forma de descida virada para baixo.

Esticávamos as pernas para atravessar de um nível para o outro.O ar era pouco,respirávamos devagar e intensamente.

Haviam pequenos insetos e poeira,além de estar sujo de algum tipo de graxa pastosa nos cantos.

–Vocês notaram que Partenópe é uma sereia com pernas?- perguntei,tentando puxar assunto

–Conheço a história- respondeu Thalia- Ela era uma garota muito bonita,ela foi vítima de uma maldição de Afrodite que teve inveja de sua beleza

–Afrodite a transformou em Sereia- acrescentou Percy- Mas depois de fundar Nápole na Itália,ela conheceu incríveis bruxos que encontraram uma condição á Partenópe.

–Dando á ela três horas como humana por dia- conclui

–Então...Partenópe é algum tipo de criatura marinha terrestre?- perguntou Sofy

–Durante três horas,sim.

Depois disso não houve mais conversa.Continuamos engatinhando,e eu só pensava nas coisas que encontraríamos do outro lado.

Já era ruim saber que monstros horríveis existiam na floresta,mas saber que ela era dividida em duas graças a uma montanha era pior.Aquele poderia ser a morada dos piores monstros durante essa edição,e os deuses não sentiriam pena,por que até então,nossa edição fora a única em receber semideuses treinados.

Mas eu teria que contar com a sorte,afinal,se Nike apostava em mim,isso queria dizer que eu chegaria bem até a praia e voltaria para casa.Mas e os outros? Dominic disse á Percy que alguém ficaria para trás... Quando Victoria faleceu eu pensei que esse alguém teria sido ela,mas e se não fosse?Se algum de nós fosse forçado há ficar para trás?Ou pior...se alguém morresse?

Tentei afastar esse pensamento,eu poderia estar enganada,achei melhor pensar dessa forma.Do outro lado só encontraríamos criaturas dispostas há nos ajudar e chegaríamos rapidamente até a praia,onde alguém viria nos buscar e voltaríamos sãos e salvos para casa.

Eu poderia voltar para a construção no Olimpo- que já estava bem atrasada- Reassumir meus estudos e minha rotina.

Estava tudo ótimo antes dos jogos.Meu pai me daria um carro,eu estava pensando em sair do dormitório da escola e comprar um apartamento próximo,juntamente com mais duas amigas do acampamento que Quíron deu sei jeito para fazer elas estudarem comigo,para que eu não dividisse o quarto com mortais.

Como estariam Bruna e Amanda?Aquelas duas não conseguem fazer muita coisa sem mim.E a irmã caçula de Amanda,ela se parecia com Poseidon,mas era óbvio que o senhor dos mares não teve nada haver com isso.A mãe de Amanda era casada,e a garota era filha de seu marido.

Amanda era filha de Hermes e Bruna de Íris.

O tubo de ventilação estalou.

A placa de alumínio sob minhas mãos tremeu.Ela vacilou e estalou mais uma vez.Tentei apressar meus passos,e ao passar por cima da placa,ela despencou.

Bati meus pés na placa e eles arderam.Eu estava caindo pelo interior da montanha.Ela era oca em uma certa parte,para possíveis mais instalações dos deuses cujo quais era muito estranhas para serem colocadas em uma montanha.

Então alguma coisa agarrou meus calcanhares.Os dedos se entrelaçaram,firmes.

Eu estava de cabeça para baixo,fora do tubo de ventilação.Meus cabelos balançavam como roupas no varal em uma ventania.

Fora tudo tão rápido que eu nem tive tempo de gritar.

–Annabeth-disse Percy- Não se mexa.

–Tudo bem.- respondi,eufórica.

Senti o sangue fluindo para minha cabeça.Minha testa ficou quente.

–Me tirem daqui!- gritei

–Estamos tentando- respondeu ele

Senti algo macio andando por minhas pernas,a coisa tinha pelos e era pontudo e fazia cócegas.Não precisava ser nenhum especialista para perceber que se tratava de uma aranha caranguejeira.

Me lembrei das histórias que os campistas do meu chalé contava durante as noites de terça;Passávamos a noite toda contando histórias sobre coisas que já nos aconteceram.Um dos meus irmãos,uma vez contou que enquanto brincava durante a infância,ele encontrou uma aranha como essa.Ele guardou-a num aquário e batizou.Ela se tornou o bichinho de estimação dele,mal sabia que aquela era sua pior inimiga.Ele não sabia sobre deuses e sobre ser filho de Atena,ele foi mordido e o resultado foi duas semanas de cama.

Comecei a gritar,senti as patas da aranha se estreitando e os dentinhos da aranha penetrando em minha perna.

Chutei o ar,desesperada.

–Não se mecha,Annabeth- disse Percy,sua voz falhava

–Tem uma aranha na minha perna!Me tire daqui!

A placa estalou mais uma vez,e eu estava caindo novamente.

Cai de bruços sobre um chão gelado de pedra,tudo num completo lúgubre.

–Annabeth- chamou Percy,ele havia caído também- Está tudo bem?

–Estou bem- tateei o ar,procurando-o- Onde você está?

–Continue falando.

Olhei para o teto,a uns cinco metros de distancia,havia um ponto de luz verde brilhante que refletia numa placa reluzente.

–Thalia!-chamei- Procure uma maneira de vir nos buscar,ficaremos aqui esperando.

Aguardei alguns segundos

–Tudo bem- respondeu ela- Já estamos procurando,não saiam daí!

–OK

Sair,sair pra onde?

–Está tudo bem.-Percy pegou minha mão.No escuro aquilo era bem mais reconfortante.

Assenti.Ele passou os braços entorno dos meus ombros.

Eu estava com frio.

–O que houve?- perguntou ele- Você está fria

Passei a mão por minha perna,havia marca de pequenos dentinhos em minha panturrilha direita.A marca doía como se estivesse pegando fogo,ardendo e algumas gotas de sangue escorreram por ela.

–A aranha,ela mordeu minha perna

–Me mostre onde.

Mesmo no escuro ele parecia preocupado,levei suas mãos até a mordida em minha perna.Ele passou os dedos de leve sobre as pequenas marcas de dentes.

–Quando voltarmos para luz, nós vamos cuidar disso- ele voltou para o meu lado e me abraçou.-Está tudo bem- ele beijou meu rosto.

Me aconcheguei em seu abraço.

Se havia alguma coisa boa em cair de uma altura de cinco metros,era ter caído junto com Percy.

Havia algum tempo que não ficávamos juntos,a TV Hefesto nos mostrava para o mundo todo e isso nos prejudicava.

Não havia como ficarmos juntos sabendo que nossos pais- principalmente Atena- estavam nos assistindo vinte e quatro horas por dia.Mas o pior não era isso,não havia clima para romance com tantos monstros nos rodeando.

–Acha que vamos conseguir sair daqui?- perguntou ele,no pé do meu ouvido

–Esqueceu que Nike está me abençoando?

–Com a sua sorte e meu azar,vamos demorar para sair daqui.

–Não faz mal- me apertei em seu abraço- vou achar ótimo

–Então vamos avisar os outros três para irem dar uma volta.

Meu rosto se abriu num leve sorriso- Caso eles nos chamem,não responda.

Minha perna ainda doía,eu tinha medo de ficar com frio e com uma perna dura,sem poder mexe-la durante duas semanas,mas pensando melhor,nada seria pior do que ter vindo pra os jogos sem Percy.

–Se você pudesse escolher um prêmio por ter ganho os jogos- perguntou ele- O que você escolheria?

Pensei por um momento,haviam tantas coisas que eu poderia pedir... Mas nada que eu realmente precisasse.

–Nada.Já tenho tudo o que preciso.

–Se eu pudesse escolher alguma coisa,eu escolheria poder voltar no tempo.Eu voltaria para o dia que vimos aquele filme de terror,e eu teria,realmente assistido.Ele parecia legal.- Percy me deu uma leve empurrada

–Acha mesmo que lhe deixaria assistir o filme?

–Você nunca deixa.

–Então estou fazendo direito,esse sempre foi meu trabalho.

–Então tenho que lhe dar os parabéns.

Me virei sobre os joelhos,ainda com a perna dolorida,consegui me manter sobre as pernas e ele me apertou em seu abraço.

–Também tenho que lhe dar os parabéns,você tem tido idéias ótimas.

–É o mínimo que podia fazer,afinal,você tem tido todo o crédito.

–E isso é ruim?

–Não mesmo.

Ele me beijou,eu sentia saudade dos seus beijos .Mesmo com dor e no escuro,desejei que esse momento durasse para sempre.

Se eu pudesse escolher um premio por ter ganho os jogos,eu escolheria ficar com ele para sempre.