Os Jogos Dos Semideuses escrita por Ana Paula Costa


Capítulo 59
Capítulo 59-O pequeno Tifão Jr.


Notas iniciais do capítulo

Capítulo MARAVILHOSO.
Bem irônico o título,mas no final tudo fará sentido.
Preciso de recomendações para a história,quebrariam esse galho para mim?
Thanks.
Boa leitura.



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Annabeth:



O lugar era quente,como se uma enorme fogueira acessa pairasse em suas fortes chamas incandescentes. Por minha nuca,até minhas costas,o suor escorria forte como uma torneira aberta.Minha testa encharcada e de minha cabeça brotava água como uma bica.

Os outros não estavam diferentes,principalmente por causa dos suéteres.Primeiro sofremos pela queda de temperatura,mas agora o calor que esperávamos não era bem esse.

Na sala haviam alguns objetos sem valor,como cestas de palha e vasouras.Havia um buraco redondo na parede e por toda sua volta,desenhos de pessoas em chamas.

Eu mal podia imaginar o que nos aguardava,tão pouco crer que saíssemos,todos,sem ferimentos graves.Mas era por isso que eu prezava.

Por toda nossa jornada,as coisas não foram muito legais ou favoráveis –principalmente comigo- Mas já era de se imaginar,que,tudo o que os deuses nos metessem,se houvesse Hera,haveria perseguição.Só espero,um dia,que ela dê uma trégua.

Tudo começou na minha casa,onde eu me despedi de minhas companheiras- Bruna e Amanda- que foram viajar para visitar a irmã de uma delas.Depois acordo em um lugar totalmente diferente daquele de onde me deitei.Passamos o maior perrengue durante os jogos,passamos fome,sede,frio e agora calor.A melhor parte,diga-se de passagem,foi o templo de Atena.-Claro,o mais aconchegante e onde nos servia comida de verdade.Mas porém,não era bem o que imaginávamos.Era só para nos tirar tempo.

Isso me custou dias de construção no Olimpo,dias de estudo na escola e eu nem sabia mais que dia estávamos,ou mês estávamos.

–Que lugar esquisito.- murmurou Thalia,baixinho.Em seu braço,o escudo com a caricatura da Medusa já estava no lugar,na outra mão a espada que todos nós ganhamos durante os jogos.

–Já ouvi falar nisso aqui- respondeu Nico,tão baixo quanto Thalia.Ele também empunhava sua espada negra e gélida.

–Desembucha.- sibilou Clarisse.

–Uma vez já ouvi Hades falando nisso.-Nico mantinha sua expressão séria e sem vida,a não ser pelas suas sobrancelhas franzidas.-É uma toca.

–Uma toca?-perguntei.Fazia sentido,mas nada que se chamasse “toca” parecia ser bom.

–Sim,uma toca.-respondeu ele,afirmando.

–Uma toca de que,exatamente?-perguntou Percy.Ele também já estava armado desde o Basilisco.

–Dragão.-respondeu Victoria,sem surpresa.

Ela vacilou,deu alguns passos para trás e disse:

–Silêncio todos.-Ordenou ela.Victoria apontou para o buraco na parede.-Ele dorme dentro do buraco.-Que inclusive,é a nossa saída.

–Nossa?

–Cala a boca,Nico.Deixe ela terminar de falar.-Ordenei.Victoria parecia saber muito bem sobre o que estava falando.Deixei que ela continuasse.

–Pois bem- recomeçou ela- Havia um filho de Atena conosco.Esse já morreu faz algum tempo,mas ele era um grande estudioso de animais místicos.-Victoria desamarrotou sua saia.-Ele morreu tentando fazer o mesmo serviço que nós,agora.Morreu tentando matar o dragão durante seu sono.

Todos se entreolharam como se escolhessem quem faria o serviço.

–Eu voto na Victoria.-disse Thalia,decidida.

–O que?

–Eu também.-concordou Nico.

–A favor.-respondeu Clarisse.

–Acho que você vai ter que sujar os joelhos.- Percy riu.

Victoria lhe lançou um sorriso forçado.

–Sabia que sobraria pra mim.-Ela empunhou sua adaga.

Victoria deu longos passos até o buraco na parede e o olhou por baixo,já que ela não alcançava a extremidade.

–Preciso de ajuda.-pediu ela,seus cabelos cor-de-rosa caiam sobre seu rosto manchado de fuligem.

Percy e Clarisse ajudaram-na a subir.Ela ficou ajoelhada de costas para nós,de modo que apenas as solas de seus tênis amarelos ofuscantes ficassem visíveis.

Victoria engatinhou até seus pés desaparecerem de vista,apenas o chacoalhar de sua pulseira indicava que ela ainda andava.

–O cabelo dela é assim mesmo ou é pintado?-perguntou Thalia,de repente,fugindo totalmente do assunto.

Foi bom para variar.

–Não sei,deve ser natural.-respondi

–No nosso mundo esse tipo de anomalia acontece.-Comentou Clarisse,desdenhosa.

–Ei!-gritou Victoria de dentro do buraco.-Ainda posso ouvir!

Então a parede de pedra começou a balançar,como se Percy estivesse fazendo um de seus terremotos.Lascas de pedras se soltaram e algumas ainda inteiras despencavam sobre nós.

Tentávamos nos esquivar como podíamos,o lugar era grande mais ainda assim não era fácil.

Um urro estrondoso cortou a sala e uma luz forte e alaranjada iluminou o buraco na parede.

Victoria gritou de repente.

Corremos para o buraco.-Victoria não era a melhor pessoa do mundo,mas mesmo assim,era errado deixa-la morrer.

Por algum motivo,me lembrei das coisas,que mesmo que fossem falsas,ela já fez por mim.

Victoria não foi obrigada a cuidar do meu pé torcido quando me machuquei,ela podia,simplesmente dizer que podia fazer nada.Mas mesmo assim ela me ajudou.

Os garotos me ajudaram a subir no buraco,onde minha testa voltou a pingar como uma goteira.Tive medo de morrer de desidratação antes mesmo de encontrar o tal dragão.

Engatinhei até os gritos e urros ficarem audíveis novamente.Lancei um olhar sobre o ombro,vi Percy,Thalia e Clarisse atrás de mim,também engatinhando com suas armas nas mãos.

–Onde está o Nico?-perguntei,parando de prontidão.

–Está vendo o que há depois da passagem.-respondeu Clarisse,a última da fileira.

–Está tudo bem- continuou ela- ele virá assim que descobrir.

Com isso,continuei engatinhando,e no meio do caminho uma coisa prateada e metálica brilhou forte me cegando.Era a pulseira de Victoria.Coloquei-a no bolso da calça jeans e continuei.

O buraco era feito de cimento e pedras,uma parte de construção que despencou,provavelmente.Haviam pontas de pedras nas paredes e no chão,o que consequentemente machucava nossas mãos.

A luz no buraco voltou a aparecer,mas dessa vez havia vento e um cheiro podre de churrasco.Meus cabelos voaram para trás e semicerrei os olhos para protegê-los.

Afastei os ossos do caminho.Haviam crânios e ossos largos e grandes pelo chão da passagem na parede.Fiquei aflita em imaginar todos esses semideuses que,um dia,já estiveram em nosso lugar,e hoje suas almas ou jogavam xadrez no Elíseos,ou trabalhavam como escravos nos campos de punições.Me lembrei de meu irmão que Victoria citou.Este poderia ser o crânio dele.

Chegamos ao fim do corredor do buraco,ele dava diretamente para um tipo de masmorra de pedra antiga,daquelas que castelos medievais eram feitos.Haviam correntes e gaiolas,pilhas de ossos e carne enrolada em palha.

Então avistei o dragão;ele era escuro como a noite- e coincidentemente haviam estrelas em sua pele,elas mudavam de posições e piscavam,alguns cometas-ou- como são chamados pelos desentendidos,estrelas cadentes. Riscavam seu lombo escamosos e liso.

Ele tinha longos e aperolados chifres em sua testa,seus dentes eram amarelados e sujos.O mal halito era tanto que o cheiro escapava por suas narinas.

O cheiro de mofo e dos restos mortais que ainda sobravam na masmorra, faziam meus olhos arderem,como se eu estivesse picando cebola- ou ainda pior.

Victoria subira em uma gaiola pendente ao teto,ela agachou estranhamente e nos observava atenta,com seus olhos violetas suplicantes.

O dragão era alto,provavelmente uns cinco metros de altura,e em seu pescoço havia uma coleira vermelha com caveirinhas negras,um pingente na frente dizia:

TIFÃO JR.

Era engraçado ver um dragão com uma coleira de identificação,feito um cachorrinho de madame.Ele deveria ser de estimação.

–Tifão.-exclamou uma voz ao meu lado,ele parecia maravilhado com o que via.

Pulei para trás,meu coração veio á boca.Nico chegara rápido e parara bem ao meu lado sem que eu percebesse.

–Ele pertence há Hades.-disse ele,explicando.

–Então você pode controla-lo- supôs Thalia,esperançosa.

Estávamos todos de pé,de fronte a masmorra e de costas para o buraco de onde saímos.

–Infelizmente não.Só Hades pode cuidar dele no Submundo.Tifão insiste em tentar matar até as almas que lá existem.

–Ferros.-brincou Clarisse.

–Indomável.-Corrigi

O dragão abriu as assas e escalou as encostas das caixas de madeira e das gaiolas no chão.Suas assas eram feitas de pele roxa e fina,as veias aparentes iluminavam-se como se seu sangue fosse feito de fogo.

–Vão ficar ai assistindo?-gritou Victoria, desesperada.O dragão que escalara os caixotes de madeira e as gaiolas,agora batia com suas garrafas afiadas na jaula onde Victoria subira para se proteger.

Clarisse correu há frente,quando ficou há mais ou menos três metros de distância do Dragão, ela lançou sua lança elétrica no monstro.

A eletricidade subiu pelas costas do dragão,mas a única coisa que ela nos trouxe,foi a atenção e ira do dragão.

Ele nos fuzilou com os olhos,eles eram vermelhos sangue com um brilho insaciável de poder.Seus braços não eram longos,mas suas garras eram grandes e afiadas como navalhas.

Ele se jogou para trás,Clarisse deu uma cambalhota no chão,e quando o dragão atingiu o chão,a cabeça da filha de Ares estava a centímetros de suas patas dianteiras.

Corremos para ajuda-las –finalmente- Thalia, embora estivesse com um ódio inimaginável por Victoria,correu para ajuda-la.

Ela se lançou contra as caixas de madeira- cada uma com dois metros de altura- e as escalou com excelência.Ao atingir o topo,ela se pendurou na gaiola que Victoria parara e ajudou-a a descer.

Enquanto isso,Percy estava em um canto,sozinho,com os pés estreitos.Eu sabia que ele tentaria os terremotos mais uma vez,mas a julgar pela expressão de desanimo nele, as coisas não iam muito bem.

Ele esticou as mãos para frente há altura do quadril,da mesma forma que fazia no acampamento quando tentava conjurar água.

Ele estreitou os olhos para as paredes de pedras antigas.Parecia não passar encanamentos pelas paredes,ou por elas serem resistentes demais para rachar e a água escapar num jorro.

Nico estava ao lado das pilhas de ossos,de olhos fechados e recitando o de deveria ser um envocamento.Não olhei muito,aquilo dava arrepios.

A minha parte era a mais difícil.Corri os olhos,rápidos,pela masmorra.Ela tinha o teto alto e as paredes formavam um retângulo largo e espaçoso.

Haviam correntes grossas e em bom estado penduradas no teto e elas caiam formando a letra “U” até a metade das paredes.Haviam várias delas.

Enquanto isso acontecia,eu pulara e arrastara Clarisse para o lado,impedindo-a de ser esmagada por um golpe da pata de Tifão Jr.

–Obrigada- agradeceu Clarisse.Ela olhou por cima dos meus ombros e arregalou os olhos.Ela rolou por cima de mim,de modo que,no lugar onde estávamos agora,fora atingido pelo dragão.

No lugar onde estávamos,agora era preto como carvão,com muita fuligem.O dragão tentara dar uma baforada em nós,e por sorte,escapamos.

Ele fungou o ar e respirou fundo,enchendo os pulmões.

Empurrei Clarisse para o lado e me esforcei para dar uma cambalhota para trás.Minhas costas doeram,mas consegui parar sobre os calcanhares e me levantar antes do próximo golpe.

O dragão era uma espécie de animal lúcido e calculista.Ele tentava me acertar com golpes de Box.Seus braços eram curtos,mas as garras eram tão grandes que poderiam muito bem me deixar com uma cicatriz como a de Luke.

Achei cômico o modo que ele lutava,parecia até ter sido treinado para tal proeza.Ele lutava feito um iniciante de Box,os quais só sabiam socar,mas os golpes e técnicas aprenderiam depois.

O ar que o dragão guardara nos pulmões,logo foram usados.Ele estreitou sua grande boca e inspirou em meu rosto.Meus ombros foram forçados,brutalmente para baixo,me senti sendo puxada por uma espécie de ima.O calor do fogo queimou o couro de minha cabeça,tive medo de apalpar meus cabelos.

–Mais atenção,Annabeth.-Advertiu Percy.Ele parecia decepcionado.

–Sem água?-supus.

Ele me olhou incrédulo.Levantamos e corremos para trás das altas caixas de madeira.Elas tinham um horrível cheiro de carne vencida.

–Ei!-gritou Nico.-Quer participar da festa?

Ele tinha vários esqueletos ao seu redor, e em sua cabeça uma coroa de ossos.

–Original.-bufou Percy.

Os esqueletos avançaram, e enquanto isso,empurrei Percy para mais atrás da caixa.

–Há encanamentos.-respondeu ele,a minha antiga pergunta.-Mas as paredes de pedra são tão grossas que ela não consegue sair.-choramingou Percy.

Haviam rachaduras nas paredes,mas eram finas e sem chance alguma de água brotar delas.

–Tudo bem.Temos um plano?-tentei ser o mais otimista possível.

Ele me olhou com sua cara de estrabismo.

–Achei que você já tivesse bolado algum.

BUM

Alguma coisa caíra sobre as caixas.O peso fora quebrando uma por uma,até que só restasse a que eu e Percy nos escondíamos e a que cobria nosso rosto.

Eu e Percy nos rastejamos para ver quem causara o estrago.

A baixo da gaiola,onde no inicio Victoria subira,haviam os destroços das caixas e uma garota de cabelos negros aos ombros,seus olhos azuis elétricos observavam o movimento sem foco.

–Thalia?-chamou Percy,olhando por cima dela.

–Victoria te empurrou?

–N-não.- resmungou ela,devagar.-Não foi a Victoria,eu apenas escor-re-re-guei- gaguejou Thalia.Seus olhos tomaram foco e ela levantou a cabeça.Seus cabelos estavam cheios de palha e ela cheirava podre.As caixas onde ela caíra,estavam lotadas de carne- comida para o dragão.

Thalia apontou para o buraco na parede.Eu e Percy olhamos,curiosos.Depois nos encaramos,sem acreditar no que estávamos vendo.




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Notas finais do capítulo

*Estrabismo- Doença da paralisia dos olhos.Olhos fixos em algumam coisa.
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