Percy:

Levei-os até o rio onde eu lutara com Arges.Ao meu ver demorara cinco minutos até chegarmos ao local.Annabeth disse que foram três virgula setenta e quatro,mas isso não é importante.Clarisse olhava a devastação de meus terremotos causaram e seu queixo caia de hora em hora.Nico pareceu não ligar,ele saltava por cima dos troncos como se fosse a coisa mais normal do mundo.

-A deuses!Como está fria!-resmungou Annabeth,enchendo as mãos em forma de concha para beber água.

-Você esperava que ela estivesse quente?-perguntou Clarisse com maldade.A ponta de seus dedos estavam roxas por causa da temperatura da água.

Annabeth fez cara feia.

Nico estava sentado á margem se limpando,o que me lembrou que eu também devia fazer o mesmo.

Limpei minhas mãos na água gelada do rio,mergulhei o rosto mais uma vez e limpei os braços com a água que trazia com a mão.Os arranhões foram sumindo,eu continuava sujo -mas menos sujo do que antes –por que apenas água não bastava para tirar sujeira,mas minha pela estava sem feridas ou arranhões.

-Vocês tem muitos arranhões ou machucados?-perguntei

-Não.-respondeu Nico.Ele agora estava de olhos fechados e costas muito eretas.Ele respirava fundo o ar gelado do rio.Era verdade,examinei seus braços e rosto e não encontrei nenhum arranhão ou algum outro tipo de ferimento.

-Tenho alguns nos braços.Foi difícil caçar aqueles javalis.-Respondeu Clarisse.Ela me observou depois disso,e por um momento,pude perceber,ela não era casca grossa quando queria.

-Venha aqui,por favor,quero fazer uma coisa.

Ela levantou sem pestanejar,sentou-se ao meu lado e me fitou com seus olhos cor de amêndoas.

-Mergulhe seus braços na água.

Ela pareceu hesitar com a ideia de molhar os braços na água gelada,mas eu disse que ficaria tudo bem e os arranhões iriam sumir,então ela aceitou.

Ela colocou os braços dentro da água,ela lutava contra si mesma para não retira-los.Coloquei as mãos uma em cada braço de Clarisse e a água começou a subir por eles,seus músculos foram relaxando e os arranhões se fechando,sumindo.

-Isso foi...obrigado,Percy- Clarisse me abriu um belo sorriso.Não sabia que ela era capaz daquilo.

-Disponha- respondi sem graça.-E você?-Annabeth se virou instantaneamente.-Não tem nada ai que eu possa curar pra você?

-Só se você tiver uma blusa sobrando.

Ri abafado,um riso breve.

-Não faço milagres,mas posso dar um jeito no seu supercírio.

Annabeth se levantou e sentou-se ao meu outro lado,pois um Clarisse já ocupara.

Ela estendeu seus braços e mãos manchadas e eu as mergulhei na água.Ela não fez cara feia,como Clarisse fizera quanto seus membros tocaram o gelo da água.Ela nem mesmo hesitou em tirar.

A água escorria por seus braços e os limpava,os arranhões fecharam-se, mais ainda havia outro trabalho,dessa vez em seu rosto.

Enchi as mãos de água em forma de concha e deixei que escorressem por seu rosto.Pousei a mão sobre seu supercírio avermelhado e ele automaticamente assumira a cor de sua pele normal.Também haviam os pequenos cortes que Arges lhe causara.Passei as mãos sobre eles também,os curando.Fiquei feliz ao lembrar que eu já acabara com aquele desgraçado.

Seu rosto já estava livre de ferimentos,mas não pude soltá-lo.Fiquei a olhando com cara de bobo.

-Já terminou?-perguntou ela,franzindo a testa.

-ah...ah,já sim,desculpe.

-Tudo bem.-disse ela,corando.

-Esta tudo bem com você Nico?-perguntou Clarisse,suas sobrancelhas erguidas num arco.

-Es...está.

-Está tudo bem,ele só está agindo estranho.-disse Annabeth pondo-se de pé e recolhendo o montinho de amoras que fizera.

Eu,Clarisse e seguido por um “vamos Nico” seguimos Annabeth.

Nós quatro fizemos o caminho de volta ao “X” e o próximo passo seria voltar para Thalia.

Andamos “Três minutos virgula setenta e quatro” até chegarmos ao “X”.Daqui continuamos a andar seguindo o bom senso de direção de Annabeth.Passamos por uma arvore baixa com folhas amarelas e em seu nó havia uma floração de pequenas floresinhas brancas.Arranquei um tucho delas enquanto passávamos.

-Pra você- entreguei a Annabeth,ela sorriu gentilmente,e disse:

-Obrigada,elas são lindas.Mas é uma pena que isso possa me matar.

Não respondi,apenas a observei com uma interrogação crescente na testa.

-Elas se chamam Cicuta,Percy.São venenosas.São as flores mais perigosas da America do norte e elas causam náuseas, vômitos, dores abdominais, tremores e confusão. E a morte geralmente é causada por insuficiência respiratória ou fibrilação ventricular e pode ocorrer poucas horas depois de entrar em contado com seu veneno.

-Então isso é...-Ela colocou as flores em seu cabelo- Jogue isso fora.

-Mas eu não vou comer as flores,isso só acontece quando alguém as ingere.

Não respondi,o fato dela ser mais inteligente do que eu as vezes era constrangedor.

-Não fique triste,você ainda vai poder me dar muitas flores....

-AH!ACHEI QUE TIVESSEM MORRIDO!-Berrou Thalia quando chegamos até ela e os sete unicórnios.Ela se levantou e correu até nós.Os unicórnios fizeram cara feia.

-Thalia,fomos procurar alguma coisa para comermos...E não esquecemos de você!-Annabeth estendeu a ponta de sua blusa para Thalia.

Thalia não quis ver o que tinha dentro,tão pouco ouvir a amiga.

-Vocês me deixam aqui,desmaiada,com fome e frio...e agora estou com sede!Trouxeram água?

-Não- respondi

-Ah!Que legal!Sabe esses unicórnios?-Thalia apontou para trás com o polegar.-Elas relinchavam uma para as outras e eu não sabia que estavam falando de mim!-Thalia começou a gritar.Ela perdera completamente a paciência e empurrara  a mão de Annabeth,fazendo com que ela soltasse a ponta de sua blusa e derrubasse as amoras no chão.

Annabeth olhou para o chão,sem ânimo,e depois olhou fixamente nos olhos azuis elétricos de Thalia.

Então Annabeth pisoteou as amoras do chão sem tirar os olhos dos de Thalia.Então ela disse:

-Fui burra em me preocupar com você,agora,por favor,morra de fome.

Ela saiu batendo os pés,chateada.Thalia ficou sem ação,virou-se nos calcanhares e observou Annabeth se esconder atrás de Lilá.

-Muito bom,Thalia- disse Clarisse.Ela não fazia menção de deboche ou de que iria rir.Na verdade ela manteve o tom e fora educada.

-Cala essa Boca,sua idiota!-Berrou Thalia cheia de raiva.

Eu nunca a vira desse jeito,tão descontrolada por causa de uma coisa tão insignificante.Eu e Nico não sabíamos o que fazer,e pelo visto,dizer alguma coisa era a coisa mais errada no momento.

Nico me empurrou para o lado,deixando Clarisse e Thalia se encarando,travando uma luta sem palavras.

-Cara,o que foi isso?-perguntou ele,boquiaberto.

-Eu é que sei?Ainda estou me recuperando do trauma!

-Trauma deve estar a Annabeth,disse tanto para que guardássemos alguma coisa para Thalia e quando voltamos ela faz isso?eu não perdoaria.

Demorei para responder.Não havia palavras agora.A cinco minutos éramos uma equipe agindo junta para suprir nossas necessidades.Agora éramos um bando de desconhecidos.

-Prometa que nunca vai gritar assim comigo.-disse eu.

-Não sou de usar a voz alta,eu uso os punhos....é coisa de homem.

-Coisa de homem.-repeti- É,só quando quiser levar uma surra.

Nico não respondeu.Ele semicerrou os olhos e disse:

-Tudo beeeem...-ele alongou a palavra “bem” como se me chamasse pra briga.-Vamos ver Annabeth.

Fomos até onde o bando se encostara.Algumas dormiam,outras ficaram acordadas,mas ambas pareciam cansadas de esperar.

“Devem ter feito um banquete”

“Foram caçar aonde?No Colorado?”

“Que ousadia nos fazer esperar por tanto tempo...”

“Deixe eu matar eles,soberana?”

“Quando eu disse ‘vão comer’ eu quis dizer procurar algo,não mandar fazer!”

 Elas falavam juntas em minha cabeça.Ela começara a doer por causa do excesso de barulho.

-Chega!Fomos atacados está bem?Annabeth desmaiou por causa de um golpe,e ainda tivemos que procurar por comida.Se tiverem mais alguma reclamação as façam para Poseidon.

Elas se calaram a menção do nome de meu pai.

Annabeth estava encostada na lateral da barriga de Lilá,ela brincava com as penas longas e brancas de suas assas,e a outra mão ela amassava uma folha.Se folhas sangrassem,essa teria hemorragia.