Asas Do Destino escrita por Isabelle


Capítulo 7
Asas do Destino - Stargazer


Notas iniciais do capítulo

Acabou!
Essa história foi escrita para minha Comadre e Beta, minha querida Samantha Tiger! Feliz aniversário, meio atrasado, mas saiu!!
NA:música do capítulo Stargazer
http://www.youtube.com/watch?v=TAR-RJ82j_Q&ob=av2e



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Capítulo 7 –

                      Asas do Destino - Stargazer

Aya chegou ao hotel pouco depois da ligação de Shou. Encontrou seu amigo. Ele estava péssimo. Nunca imaginou que o veria tão envelhecido. Ela sentou ao seu lado na cama e ele chorou no seu colo. Aya estava entre os garotos novamente. Depois que chorou todas a suas lágrimas por Keiko, conseguiu falar com a amiga.


– Poderia por favor ficar com minha filha? – Takashi precisava terminar aquela história.


– Sim claro, mas o que vai fazer? – Aya estava preocupada.


– Vou buscar a mãe dela. – disse levantando-se indo em direção ao banheiro.


Pela porta entreaberta Aya percebeu que o amigo acabava de colocar para fora o que não tinha mais no estômago. Ela não entrou. Ele precisava de privacidade. Ela desceu a loja do saguão do hotel e providenciou uma roupa confortável pois não achou a bagagem dele. Ligou também para o escritório e providenciou para que bagagem e objetos pessoais fossem entregues em Tóquio para ela, naquele hotel. Alugou também um helicóptero para que ele pudesse chegar a Sendai. Ligou para o segurança que mandara para Sendai para que o esperasse.


Quando saiu do banheiro, Aya o esperava com uma refeição leve. Ele sabia que não adiantaria argumentar com a garota, apenas olhou para ela e balançou a cabeça. Ela tirava força de onde naquele momento? - ele perguntava a si mesmo. Mas, ele não sabia do que ele era feito no momento. Queria estar com a filha, mas devia isso a Keiko, e a sua Hoshi também.


Ficou surpreso quando Aya lhe passou as coordenadas da sua viagem, em uma hora ela havia organizado sua vida. Entendia porque Keiko havia se encantado com a garota, apesar de não conhecer esse lado prático da amiga. Ele apenas entrou na aeronave e tentou tirar Hoshi e Shou dos seus pensamentos. Precisava se focar em Keiko. Como ele viveria sem ela?


Estava com frio. Colocou a jaqueta de couro que Aya lhe entregara pouco antes dele entrar na aeronave. Ao colocar as mãos no bolso percebeu um envelope. Era a letra Keiko, mas estava escrito “Saga”. Ele se perguntava como ela sabia. Aya não o trairia, e eles estavam bem.


“Meu mais caro amor...

Eu sei que você nunca me amou, mas eu fui muito feliz a seu lado, principalmente nesses últimos tempos.

Eu comecei a conhecer o Saga no dia em que conheci o Shou naquele hospital, descobri aos poucos a história de vocês.

Kami não me fez salvar ele por nada! E você trate de ir atrás dele imediatamente! É uma ordem, ouviu meu “Shi”?

Eu agradeço a você por todas as minhas risadas.

Eu agradeço a você pelas lágrimas.

Eu agradeço a você pelo carinho.

Eu agradeço a você pelo apoio.

Eu agradeço a você pela nossa estrelinha.

Cuide bem dela, cuide bem de você. Eu estarei sempre com vocês.

Com amor Keiko”


Saga derramava lágrimas amargas. Como ela descobriu tudo? E literalmente o mandou para os braços de Shou, ele não entendia. Ou até entendia ela viu nele o que todo mundo via e pensou o que ninguém havia pensado, sua mente dedutiva o decifrou, o desvendou.


Assim que desembarcou o segurança o colocou em um carro e o levou para o centro de controle de pessoas desaparecidas. Keiko ainda não estava entre os corpos encontrados até aquele momento. Então ainda havia esperança pensava o loiro.


Ligou para o número que havia falado mais cedo com Shou. Seria difícil ouvir sua voz novamente.


– Shou...?


– Saga o que deu em você? Hoshi precisa do pai cara! – Shou estava transtornado.


– Pedi a Aya que a buscasse. Não se preocupe.


– Minha mãe está com ela, não se preocupe, kaa-san fez com que comesse, tomou banho e agora dorme no meu quarto. Não se preocupe, ela está segura aqui. – Shou disse com a mesma voz que convencia Saga em outros tempos.


– Obrigado...



oOo



No quarto, Misato ninava a garotinha. Como fazia com Shou. A garotinha se acalmou de pronto quando ouviu a suave canção na voz da gentil senhora.


“Olha, estamos entrelaçados

A voz do amigo ecoou no coração

Com lágrimas, não se enxerga o caminho

Levante-se agora! Olhamos para o mesmo céu

Não estamos sós

Não precisa carregar tudo

Conta com os outros, acredite agora nos laços

Eles não se desmoronam, não desaparecem”


Era a mesma que sua mãe cantava e uma cansada Hoshi mergulhou em um mundo de sonhos que logo se transformou em pesadelos. Não acordou, estava presa. Shou percebeu e abraçou fortemente a pequena. Ela se acalmou de pronto e voltou a dormir. Mas todas as tentativas de colocá-la de volta na cama foram frustradas. Ele novamente deitou-se na cama com ela sobre si. Ambos dormiram tranqüilos.


Misato acordou ambos no final da tarde. Tinha feito um bolo e o cheiro que vinha da cozinha era delicioso. Misato não tinha perdido o jeito com crianças. A pequena ajudou Shou a por a mesa, e o clima era bem melhor agora.


Aya julgou ser favorável o momento de entregar a carta de Keiko para Shou. Esse parou por um tempo olhando seu nome fora do envelope. Por fim saiu pela porta da cozinha em direção ao quintal.


– Aonde meu “Sho” vai? – perguntou Hoshi já quase em pânico.


– Ele vai ler uma carta. Uma carta muito importante. – explicou Misato tomando a pequena nos braços.


Shou abriu o envelope, pensou que fosse de Saga, enganou-se.


“Olá Shou!

Sou a doutora do gato, lembra-se de mim? Espero que sim.

Um dia alguém cruzou meu caminho pedindo que salvasse seu filho. Eu disse não, mas Kami me fez voltar atrás. Ainda bem.

Quando vi o kanji que você carrega pela primeira vez não imaginei nem de longe, qual seria sua história e em que ponto ela se entrelaçou com a minha.

Mas, Kami é sábia e fez com que eu visse o que todos viram, e pensasse no seu gato, Ryuu te atacava, no exato momento em que cheguei. Depois ri muito da cena, todos aqueles velhos e talentosos médicos queriam me bater isso sim, por conta do Ryuu.

Estou nervosa. Perdoe-me. É que tenho um pedido a fazer... Preciso que cuide de Saga, e da minha estrelinha. Eles não vão sobreviver sozinhos. E em minha opinião vocês já viveram muito tempo separados. Eu não tive coragem de fazer isso antes. Mas Kami deu um jeito.

Shou não voltei naquele dia para hospital exatamente naquela hora por acaso. Então seja feliz com meu querido “Shi” , ele merece ser feliz.

Agradeço a Kami a felicidade de conhecer pessoas tão especiais, Takashi, Hoshi, Aya e você meu querido Shou.

Cuide bem da minha estrelinha. Confio em você.

Keiko.”


A carta caiu no chão. Pela porta entreaberta Misato pode ver o filho chorando. Então resolveu interferir.


– Hoshi meu bem. O seu “Sho” está dodói porque não vai até lá e dá um grande beijo nele, é para sarar logo!


– Sim vovó!


Hoshi correu até onde Shou estava, Misato tinha lágrimas nos olhos Aya a abraçou, a doce senhora nunca imaginou que fosse tão bom ser chamada de vovó. Era como se Hoshi sempre estivera com ela. Olhou para os dois havia mais uma linha ligada a seu filho, essa não estava esticada. Era um emaranhado só. Akai-ito. Ela sorriu, conhecia a lenda, e nunca ouviu falar de uma pessoa com duas. Mas ela podia ver. Sim ela podia ver.



oOo



O corpo de Keiko foi encontrado quatro dias depois. Takashi reconheceu a esposa. Desmoronou naquele momento. Mas quando olhou para traz viu que não estava só. Aya, Nao, Tora, Hiroto, e Kan estavam bem atrás dele. Ele não estava sozinho, não mais.


Os amigos levaram Saga. Aya ficou e providenciou tudo para o funeral que seria feito em Sapporo. Takashi voltou para sua casa. Tudo ali tinha o cheiro dela. A risada dela, tão freqüente nos últimos meses. Sentou na sala e chorou novamente. Nunca imaginou que teria lágrimas depois do que o pai fizera com ele. Mas ele ainda era humano. Ele tinha sim.


Aya chegou dois dias depois. A banda, menos Shou que ficara com Hoshi em Tóquio, ficaram com Takashi o tempo todo. Hoshi falava todos os dias pelo celular com o pai, o coração de Shou falhava uma batida a cada ligação, mas eles precisavam de um tempo para estarem frente a frente depois de tantas luas.


O funeral fora marcado e a cerimônia seria simples. Misato achou conveniente levar Hoshi, apesar da pouca idade. Ela havia conversado com a pequena. E a menina parecia entender melhor que muito adulto. Sua mãe dera a vida por ela. Se ela tivesse agarrado a mão de Shou naquele momento ela teria matado os três. Essa era a verdade.


No cemitério Hoshi correu para o pai. Estava com saudade. Misato e Shou se aproximavam devagar. No colo do pai Hoshi percebeu Shou cabisbaixo e o chamou, fez com que o moreno ficasse ao lado do pai, pegou sua mão e não o soltou. Misato finalmente pode ver que as linhas não estavam mais esticadas mas envolviam os três.


Aya tomou a palavra.


– Minha amiga, me ensinou muitas coisas. Mas o mais importante foi sobre o amor e a amizade.


"Dizem que se leva um minuto para conhecer

uma pessoa especial, uma hora para apreciá-la,

um dia para dela gostar e até mesmo amá-la,

mas mais do que uma vida inteira para esquecê-la."


Aya limpou uma lágrima teimosa. Colocou sobre o caixão uma rosa branca, flores que a amiga tanto gostava. E se retirou. Todos fizeram o mesmo. Misato estendeu os braços para Hoshi e essa saiu do colo do pai prontamente. Saga sorriu leve. Ele sabia bem o poder que aquele anjo tinha. Ele mesmo muitas vezes fez de conta que ela era sua mãe.


Shou não sabia o que dizer. Então abraçou Saga com carinho. Sabia que estava doendo. E que ia doer por um tempo. Mas ele estaria ali de plantão no corredor até ele ser aceito novamente. Levou o amigo para casa. O colocou na cama. O belo rosto de Saga denunciava que a muito não dormia decentemente. Apagou a luz e saiu.


– Fique... Pode ficar? Não quero ficar sozinho... – sua voz não era mais que um sussurro.


Shou não disse nada. Deitou-se a seu lado. Saga aninhou-se a ele. Shou estremeceu. Não imaginava que poderia sentir o calor do seu amor novamente. Dormiram tão rapidamente que nem perceberam os primeiros raios da manhã e Hoshi que havia entrado no quarto e se aninhado sobre Shou. O rapaz estava tão acostumado ao peso morno da pequena que nem se importou. Acordou todo duro, não mudara de posição, tinha pai e filha em seus braços. Apenas pensou “Kami, você é louco!”


Misato e Aya acharam melhor irem todos para Tóquio. Estar naquela casa era complicado. Muitas lembranças. E em casa ela podia dar colo aos filhos e a neta. Saga deixou-se levar, principalmente ao ver a filha tão agarrada a Shou. Sentiu uma pontinha de ciúmes. Mas se Hoshi estava feliz, ele também estava.


Saga estava recluso. Um dia sumiu, desligou o celular e todos entraram em pânico. Shou depois de se desesperar saiu pela porta, era primavera. Parou ao lado da cerejeira e ficou olhando Saga sentado no banco, com um desenho na mão. Aquele que Hoshi havia desenhado, falando do moço que sempre aparecia em seu sonho. Seu “Sho”, ele estava exatamente onde a garota havia desenhado, só faltava claro as crianças e a professora.


– Foi aqui que você me roubou meu primeiro beijo... – Saga fala sem olhar para trás, conhecia sua presença e seu perfume.


– E foi aqui que quase te perdi, naquele noite de inverno. – Shou respondeu saindo de onde estava e tomando o desenho de sua mão. – Hoshi?


– Sim. Ela sonhava com a morte da mãe nos últimos meses. E com você a salvando, sim era você, ela não poderia saber dessa roda de leitura, nunca contei a ninguém. Esse descabelado preto aqui é você. – apontou no desenho. – E esse de cabelo amarelo certinho sou eu.


– Incrível...! Ainda posso fazer da minha vida o que bem entender?


– Sério mesmo? Você não cresceu não? Em público? – Saga devolveu divertido.


– Posso ou não? – Shou insiste.


– Contando que isso inclua a mim e nossa estrelinha...


A tarde desvanecia no parque e todos que passaram por ali puderam ver o beijo mais lindo que o amor já produziu.


Uma história que ultrapassou a barreira da intolerância e do preconceito.


Uma história que ultrapassou o tempo para voltar ao mesmo ponto...


Nas asas do destino...






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Notas finais do capítulo

Agradeço a todos que leram, que curtiram, que quiseram me matar, que me pediram para continuar, aos que ainda vão ler e se emocionar também!!!
Jinhos da Belle



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